sexta-feira, junho 26, 2015

Esta é só para vos lixar a cabeça durante o fim-de-semana


Centrado
 Descentrado

Funny, isn't it?

segunda-feira, junho 22, 2015

A ética dos ciclistas

Variados são os enigmas deste mundo. Por exemplo, nunca conseguirei, nem eu nem ninguém, perceber como pode o Sporting formar dois Bolas de Ouro, ganhar títulos em todos os escalões da formação mas, quando se chega à equipa de seniores, os títulos escasseiam mais do que neurónios na cabeça do Cavaco.

Outro enigma intrigante com'ó caraças é este: sempre, mas SEMPRE que dois ciclistas se cruzam, cumprimentam-se, mesmo que não se conheçam. Tenho assistido a isto em pessoa todas as vezes que pedalo: do outro lado da estrada, há sempre um bandalho de bicicleta que me dá o bom dia ou a boa tarde. A este comportamento dou o nome de ética dos ciclistas, e é uma particularidade que não consigo encontrar em nenhuma outra actividade desportiva amadora.

Por exemplo, eu quando jogo à bola não costumo cumprimentar ninguém, e chamarei de louco o primeiro gajo a dizer que dá os bons dias ou as boas tardes a seguir a mandar o adversário ao chão com um carrinho ou a quebrar-lhe os rins à conta de uma finta perfeita. Eu, quando parto os rins a alguém, atiro-lhe é um "toooooma, cabrão", quando faço um tackle que deita o opositor por terra, dou-lhe um "mama, filho da puta". Se eu dissesse "bom dia", estaria apenas a ser estúpido.

Também no jogging não há cumprimentos. E não apenas porque os corredores que se cruzam estão demasiado sem fôlego para proferir qualquer coisa sem ser o habitual ruído de respiração ofegante (pelo menos é o que acontece comigo): devido a ser muito comum correr ao som de música debitada através de headphones, nós podemos dizer o que quer que seja ("bom dia", "comi a tua mãe ontem", "os teus calções são maricas", "tens cara de preservativo furado", etc.) que o provável é a outra parte não ouvir a mais pequena letra.

Da mesma forma, quando faço amor com a gaja (outro tipo de actividade desportiva amadora), não lhe dou os bons dias, as boas tardes ou as boas noites, conforme à hora do dia em que aquilo esteja a ter lugar. Não! Cumprimentar alguém durante o acto sexual não faz sentido nenhum.

Então por que é que faz sentido os ciclistas cumprimentarem-se?! Por que é este um comportamento assumido por todos os praticantes desta modalidade? Não faço a mínima ideia. Não sei quando nem quem começou esta mania. Só sei que é algo instalado, e de tal forma que não devolver o cumprimento é sinal de má educação, podendo mesmo ocorrer retaliações (já vi um grupo de ciclistas agredirem com correntes de bicicleta um pobre coitado tudo porque este, ingenuamente, não correspondeu ao "bom dia" que lhe foi lançado por um dos outros - isto faz-me lembrar aquela história do Pai Mei no 2º Kill Bill, em que ele encontra um monge shaolin e o cumprimenta, e o cumprimento não é devolvido, e então o Pai Mei comete um massacre no tempo shaolin, e então a Uma Thurman faz não sei o quê e o David Carradine enquanto conta esta história comete asfixia auto-erótica e acho que já me estou a baralhar).

Pode ser estranha, mas é assim a ética dos ciclistas. Daria o meu desviador traseiro para perceber como este comportamento se tornou tradição.

segunda-feira, junho 01, 2015

"O que nos sai do coração vem a ferver" (Luís Miguel Nava)

Só para mostrar como sou um gajo refinado, enfiei no título um verso de um poema do Luís Miguel Nava (e só para mostrar como sou muita culto e hipster, escolho o Nava e não um gajo mais batido, como o zarolho do Camões ou o esquizofrénico do Pessoa).

Mas vem este título, "o que nos sai do coração vem a ferver" a propósito do que acabou de me acontecer durante o tempo de almoço. Fui a um restaurantezito, pedi o meu hamburguer vegetariano e relaxei com a comida à frente, uma garrafa de água e o televisor do sítio estrategicamente sintonizado na SportTV, que também estrategicamente exibia a reposição daquela magistral final da taça de Portugal ocorrida ontem, 31 de Maio.

E o que aconteceu? Pá, quando o Slimani marca aquele golo aos 84 minutos, eu esqueci-me de que o jogo tinha sido ontem, de que ganhámos a taça, de que fizemos a festa e, caramba, saltei da minha cadeira e gritei, com pedaços de rúcula e cogumelos ainda mal mastigados na boca, gritei com toda a força que tinha "GOLOOOOO, CARALHO!!!! VAMOS LÁ GANHAR A PUTA DA TAÇA, CHUPA BRAGA!!!!!!" Só me faltou o cachecol verde e branco...

As outras pessoas que estavam no restaurante, contudo, parece que não levaram lá muito a bem esta minha reacção e puseram-se a olhar para mim como se eu fosse algum doido.

Juro que não percebo porquê...

(o que nos sai do coração vem MESMO a ferver)