Tenho uma vizinha que fala depressa, mas mesmo depressa. É como se fosse um espanhol a quem tivessem dado 20 chávenas de café. Se uma frase daquela senhora entrasse numa corrida de 100 metros com o Usain Bolt, a frase ficava em 1º lugar, voltava atrás, recomeçava a corrida, ficava em 2º lugar, voltava atrás, recomeçava outra vez, ficava em 3º lugar, e ainda tinha tempo para disputar a 4ª posição lá com o jamaicano a jacto!
Sempre que a dita senhora se me dirige, eu não consigo compreender senão as primeiras palavras. Tudo o resto fica completamente críptico. E não sou capaz senão de responder com monossílabos, realizando pelo meio um portentoso esforço de hermenêutica que deve, na realidade, mais à adivinhação do que a qualquer faculdade do entendimento. Por exemplo, quando a vizinha se chega e me diz:
- Então, berelébereléberelébereléberelétrecolarecotrecolareco?
eu limito-me a imaginar que está a perguntar-me se gostei da vitória do Sporting e respondo com um lacónico
- Sim
e pisgo-me das imediações, não vá ela dirigir-me mais uma frase incompreensível. Quando a coisa começa com um
- Bom dia, trecolarecotrecolarecobereléberelébereléberelé?
suponho que está a tentar saber se lá por casa está tudo bem e se eu penso que as investigações do A. J. Ayer são revolucionárias para a compreensão epistemológica da verdade, conduzindo a uma resposta elaboradíssima, do género
- Pois
e novamente raspo-me antes que seja apanhado na teia de uma nova frase que não impossível de captar.
A senhora, confrontada com estas minhas reacções, deve ficar a pensar que sou um tipo bastante antipático, que não quer conversa nem que a conversa apareça em lingerie sexy. Mas não é isso, de todo. Eu não consigo é compreender nada do que a mulher diz! Teria mais sucesso eu entrar em diálogo com um chinês (cuja língua não percebo nada), com uma avestruz (cujos grasnares eu não entendo) ou com um militante do CDS/PP (cujo Q.I. de 0,5% reduz significativamente qualquer tentativa de comunicação séria, a não ser que lhe mostremos dinheiro, a única coisa que um militante daquele partido compreende) do que com essa minha vizinha que fala português injectado de esteróides.
Se esta mulher fosse falar para a autoestrada, apanhava com cada multa... Chiça!
Sempre que a dita senhora se me dirige, eu não consigo compreender senão as primeiras palavras. Tudo o resto fica completamente críptico. E não sou capaz senão de responder com monossílabos, realizando pelo meio um portentoso esforço de hermenêutica que deve, na realidade, mais à adivinhação do que a qualquer faculdade do entendimento. Por exemplo, quando a vizinha se chega e me diz:
- Então, berelébereléberelébereléberelétrecolarecotrecolareco?
eu limito-me a imaginar que está a perguntar-me se gostei da vitória do Sporting e respondo com um lacónico
- Sim
e pisgo-me das imediações, não vá ela dirigir-me mais uma frase incompreensível. Quando a coisa começa com um
- Bom dia, trecolarecotrecolarecobereléberelébereléberelé?
suponho que está a tentar saber se lá por casa está tudo bem e se eu penso que as investigações do A. J. Ayer são revolucionárias para a compreensão epistemológica da verdade, conduzindo a uma resposta elaboradíssima, do género
- Pois
e novamente raspo-me antes que seja apanhado na teia de uma nova frase que não impossível de captar.
A senhora, confrontada com estas minhas reacções, deve ficar a pensar que sou um tipo bastante antipático, que não quer conversa nem que a conversa apareça em lingerie sexy. Mas não é isso, de todo. Eu não consigo é compreender nada do que a mulher diz! Teria mais sucesso eu entrar em diálogo com um chinês (cuja língua não percebo nada), com uma avestruz (cujos grasnares eu não entendo) ou com um militante do CDS/PP (cujo Q.I. de 0,5% reduz significativamente qualquer tentativa de comunicação séria, a não ser que lhe mostremos dinheiro, a única coisa que um militante daquele partido compreende) do que com essa minha vizinha que fala português injectado de esteróides.
Se esta mulher fosse falar para a autoestrada, apanhava com cada multa... Chiça!
2 comentários:
É uma questão de pratica, eu no inicio tb n percebia nada do que a dita dizia, agora pelo menos já precebo o sim, o não e assim umas coisitas dessas!
Vou demorar anos para acompanhar a pedalada...
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