Portanto, isto foi o caso clássico de desdenhar primeiro para aderir depois. Se eu torci inicialmente o nariz aos lençóis térmicos, agora já sou adepto ferrenho. Tudo graças à gaja.
Ora, este episódio fez-me pensar. E quando eu penso, os leitores desde blogue estão
Passo a explicar: nós pirilaus, quando somos mais pequeninos e temos os pirilaus também mais pequeninos, não queremos saber das miúdas para nada. Aliás, nós definimo-nos por contraposição a elas. Que rapaz, durante os seus, vá lá, 6-12 anos, brincava com raparigas? O mais provável era formar grupos de rapazes, grupos esses em que, como se costumava dizer "menina não entra". As nossas diversões eram brincar à porrada, aos soldadinhos, subir às árvores, andar à porrada, jogar à bola, rachar cabeças aos putos de outros bairros, descer aos rios à procura de sapos, envolver-se em tareias e todas essas actividades que enrijecem o corpo e a alma. Quem, nesta fase, quer saber de gajedo?! Nós preferimos andar no meio da lama do que falar com a Gudelónia, achamos muito mais interessante caçar moscas do que olhar para o aspecto da Suculina, a não ser que ela tenha uma verruga no meio da testa, circunstância em que não só olhamos, como a azucrinamos terrivelmente.
Contudo, há uma dada altura em que tudo muda. Há um momento em que a nossa aversão pelo sexo feminino se transforma, inexplicavelmente, em incontrolável atracção. Não se percebe muito bem como, mas um belo dia estamos nós a socar, qual Sá Pinto, a tromba do Paulito e, ao vermos passar a Brufénia, não conseguimos mais desviar o olhar. Depois, claro, o cabrão do Paulito aproveita essa distracção e espeta-nos um pontapé nos tomates...
As coisas passam a ser diferentes para nós, pirilaus. Deixa de nos apetecer ir fazer desenhos na lama - só queremos olhar para as pernas da Irujulinda. Não queremos mais caminhar quilómetros para nos digladiarmos com os palhaços da aldeia vizinha - não quando podemos estar a olhar para as mamocas da mãe da Catuzinda enquanto ela estende a roupa no varal da marquise. E nem queremos já ficar meio dia a jogar à bola - o que desejamos é levantar a saia da Miquifilita e puxar o soutien da Patruriana. A isto, nós pirilaus chamamos "crescer", o que aliás desde logo se verifica pelo próprio crescimento dos nossos pirilaus: aquelas coisinhas que só serviam para fazer concursos de "vamos ver quem consegue mijar até mais longe", agora têm o aspecto de altivas espadas, e começamos a pensar o tipo de destruição que estas armas cortantes podem fazer dentro das cuecas da Estrofuriália.
A partir desta fase, nós só pensamos em gajas. E futebol, claro. Mas mais gajas. Deixamos de poder viver sem pensar nelas. E em futebol, é preciso relembrar. Mas mais nelas. E ironicamente, os poucos putos que andavam com raparigas enquanto nós pertencíamos a grupos de pirilaus e andávamos à porrada com outros grupos de pirilaus, serão no futuro aqueles que, em lugar de andarem atrás dos grelinhos, só desejam é... andar à porrada com pirilaus, daqueles grossos, e enfiá-los no
Em resumo, há coisas cujo valor e importância não conseguimos perceber à primeira. É preciso algum tempo, algum marinar, para que possamos ver as coisas com outros olhos. Comigo, isto passou-se com os recém-adquiridos lençóis térmicos, e passou-se com grande parte dos pirilaus em relação ao gajedo. A vida, por vezes, é assim.
E agora desculpem lá, mas vou ali enrolar-me mais a gaja nos lençóis térmicos!!!! Adieu!
3 comentários:
Que raio de nomes foste tu arranjar para gajas!!!
Ao menos nós tiramos as medidas logo desde pequenas.
eu também fiquei fã dos térmicos. com estes invernos assim frios é uma delícia.
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