Mais uma vez, peço desculpa por faltar à minha palavra. Voltei a esquecer-me de passar as fotografias do fim-de-semana para o computador, e isso impede-me de executar a reportagem que tenho preparada. Enfim...
Em substituição, venho falar de um tema quiçá polémico, talvez insensível, decerto tosco: os trambolhos. Começo por circunscrever o tema: o que é um trambolho?! Ora, eu entendo por trambolho, e creio que, latu sensu, todos concordarão comigo, uma gaja muita gorda, mas gorda daquelas supergordas, tipo elefanta, à qual se acrescenta a feiúra (não estou a dizer que todas as gordas são feias, até porque há gordas bonitas. A Kate Winslet, por exemplo, quando era gorda era bonita. O mesmo vale para a René Zelwegger. Mas os trambolhos associam a gordura extrema à feiúra imensa) e, por fim, uma locomoção muito particular: um trambolho não se movimenta da mesma forma que os seres humanos, mais parece uma foca caso estas pudessem andar sobre duas pernas.
É, portanto, sobre estas pessoas que me debruço aqui. Os trambolhos. Podem alegar que estou a ser um sacana sem coração, que os trambolhos também têm sentimentos, que eu próprio não devo ter moral para falar do aspecto físico dos outros, etc. Vamos lá a ter calma e observemos uma coisa de cada vez.
Primeira, à acusação de que eu não posso falar sobre o físico dos outros, eu respondo: porquê, carvalho?!? Desde muito cedo, mais ou menos por volta dos 3-4 anos, idade em que descobri os espelhos, que me considero um homem horrível. Daqueles de meter quase tanto medo quanto o texto do Plano de Estabilidade e Crescimento. Porém, há algo que me caracteriza para além do meu aspecto: há muito tempo que aprendi a viver com ele, ao ponto de não me importar com o facto de ser feio. E isto - adiante explicarei - é o que faz a diferença entre mim e os trambolhos.
Segunda, à defesa de que os trambolhos também têm sentimentos, eu contra-argumento que os sentimentos que as megagordas feias e todas tortas têm são maus. Mais uma vez, explicarei isto à frente.
Por último, se vêm com a história de que sou um sacana sem coração, está bem, eu até concedo. Mas em compensação, tenho um pâncreas maravilhosamente belo.
Voltemos aos trambolhos, então. O que se passa com eles? Isto: os trambolhos são trambolhos mas não gostam de ser trambolhos; no entanto, não querem fazer nada para deixarem de ser trambolhos, o que eles querem é que a sua trambolhice desapareça como num golpe de magia, por obra e graça do Espírito Santo. É por esta razão que eu tenho moral para gozar com os trambolhos. Sim, sou feio. Sim, o meu aspecto assusta qualquer petiz que ainda acredite em monstros. Contudo, estou-me a cagar para tal. A minha feiúra está perfeitamente interiorizada e não me incomoda absolutamente nada. Mas a feiúra dos trambolhos incomoda-me, e não me refiro à feiúra propriamente física e sim à espiritual. Porque o verdadeiro problema dos trambolhos não está em serem gordas. Não está em serem feias. Não está em se movimentarem como um pinguim. Está na sua irredutível estupidez.
Duvidam? Então peguem num trambolho qualquer que conheçam. Uma rapariga gorda, feia e toda torta. Vá, é fácil de encontrar, há muitas por aí. Agora, digam-me lá: quantas delas é que vivem no choradinho? Quantas delas detestam ser trambolhos? Quantas delas passam a vida a ler livros de auto-ajuda, a consultar sites do tipo "Fique mais bonita em apenas 2 horas", como se fosse possível alterar uma aberração assim por dá cá aquela palha? Quantas delas querem deixar de ser trambolhos mas, paradoxalmente, quantas delas vão à luta?! Porque o que caracteriza verdadeiramente os trambolhos é eles lamentarem-se continuamente sem aprenderem a viver com a sua trambolhice ou, em alternativa, fazer algo a sério para se tornarem menos trambolhos (por exemplo, encetar uma dieta rigorosa, com exercício físico à mistura, em lugar de, quando chegam a casa, se enfiarem 10 horas seguidas no sofá a enfardar chispes e entremeadas). O trambolho, no fundo, é mais um trambolho mental do que um trambolho físico: sonha com o príncipe encantado e com o próximo conselho da Oprah ou do Dr. Phil, e continua a viver trambolhisticamente a sua vida, entristada com o facto de ser um trambolho mas simultaneamente crente de que a trambolhice se resolve com um estalar de dedos. Os trambolhos estalam os dedos, sim, mas é só para mandar vir a próxima dose de leitão no restaurante...
Acham este retrato demasiado cruel?! Isso é porque não apanham com os trambolhos que eu apanho no comboio. Umas lêem aquelas coisas do You (aconselhado, claro está, pela Oprah); outras falam ao telemóvel com as mãezinhas que, coitadas, têm de apanhar com o discurso trambolho ("Uhhhh, estou tão gorda que já nem caibo na tenda que o pai me ofereceu pelo Natal"), outras folheiam revistas como a Happy, pensando que quando acabarem de ler aquelas páginas, automaticamente se transformarão em elegantes esqueletos e estarão aptas a conquistar o George Clooney.
Assim são os trambolhos... quem é que tem a lata de me contradizer?!
quarta-feira, março 17, 2010
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