Pois é, pá, um dos benefícios de estar de férias é poder ir dar voltinhas que, nos dias normais, são impossíveis. Assim, se num dia normal eu acordaria cedinho para ir trabalhar, no passado sábado acordei cedinho para ir até Monsanto, povoação pitoresca edificada em pedra. E posso dizer que andar por aquelas terras secas e quentes quando faz um calor de 40º à sombra é toda uma experiência! Fazer caminhadas com temperatura amena é para meninos: os homens verdadeiramente machos sobem encostas de 800 metros com o Sol a bater de chapa e ainda batem no peito como quem diz "é só isto que tens para dar, é?!". Depois, e este é mais um ponto bastante positivo de visitar terreolas quando a temperatura do ar se assemelha ao interior de um forno de cozer pão, é que não só há menos pessoas a fazer o mesmo percurso como as que o fazem não resistem muito tempo, sobretudo se forem de etnia não-mediterrânica, o que significa que, após meros 5 minutos de exposição ao solinho, têm a pelezinha a apresentar belíssimas erupções, tudo acompanhado de uma ruborização que nos faz pensar se eles não terão genes de lagosta.
Antes ainda de vos mostrar algumas imagens que valem a pena, ou não tivessem sido elas tiradas por mim, um comentário significativo: os autóctones são verdadeiros clones do Diácono Remédios! Aqui, não me refiro, claro está, ao bigode, embora tivesse visto muitas pessoas cujos bigodes eram muito mais farfalhudos do que o daquela personagem interpretada pelo Herman José, e por pessoas refiro-me naturalmente a mulheres, porque não tenho por hábito olhar para homens, daí não saber se os bigodes destes fazem ou não jus aos das suas companheiras.
Refiro-me, isso sim, à oralidade: aquelas gentes falam "mejmo ashim", o que torna mais difícil do que os 12 trabalhos de Hércules tentar dialogar com essas pessoas sem me rir à gargalhada. A sério, é muito complicado engolir o riso quanto uma senhora de 80 anos se chega junto a mim e me diz "Ó menino, não shabe que não pode ujar echa iágua?! Isho faj mali!..." Acho giro, pronto...Bom, fiquem então com as iconografias, legendadas por moi-même, em português de Lisboa.
Ora, parece-me que este pessoal de Monsanto é um bocado armado ao pingarelho. Ele é "a aldeia mais portuguesa de Portugal", ele é o "Café mais português"... alguém diga a esta gente que ser português não é propriamente motivo de orgulho. Pode ser que assim eles percam a mania. E o que é, exactamente, o ser mais português?! É ter mais bigode, mais pança, mais unhas grandes no mindinho, e mais garrafões de tintol que os outros portugueses?!?! É isso?!
A entrada para uma gruta. Enchi-me de coragem e fui lá dentro. Curiosamente, aquilo não cheirava muito a mijo, e isso faz-me duvidar de Monsanto ser realmente "a aldeia mais portuguesa de Portugal". Se Monsanto fosse mesmo mesmo portuguesa, este espaço tresandaria a ácido úrico. É tudo marketing, pá!...
Isto é aquilo que eu chamo de um grande calhau. Gosto muito destes calhaus que, pela sua dimensão e estilo, se distinguem dos demais. Aliás, este calhau emite tanta individualidade que seria até adequado dar-lhe um nome. Proponho desde já que se abra uma votação para decidir que nome se há-de atribuir a este grandioso calhau. Eu tenho já uma simpática sugestão: José Sócrates. Não sei, parece-me um nome que assenta tão bem ao calhau quanto o calhau assenta bem ao nome. Que tal?
Aqui está a prova de que a construção civil portuguesa era, noutros tempos, muito criativa. Antigamente, faziam-se casas com calhaus, e em cima de calhaus, para as pessoas irem lá morar. Hoje, são calhaus que fazem casas para que outros calhaus lá possam residir.
Dentro do castelo de Monsanto. A aldeia, em boa verdade, foi erigida como posto fronteiriço, no propósito de defender estas terras das ameaças de castelhanos, mouros e benfiquistas. Já no século XIX, serviria igualmente como tentativa de estancar as invasões francesas. Enfim, como se sabe essa missão não foi exactamente bem sucedida: os franceses invadiram Portugal, castelhanos e mouros é o que se sabe, pois basta caminharmos por Lisboa em Agosto para sentirmos o cheiro dessas duas comunidades, e penso que não é preciso falar muito dessa autêntica praga que é a lampiã, que supostamente atinge números da ordem dos 6 milhões de pessoas (e aqui uso "pessoas" num sentido muito lato) no nosso país.
Monsanto vista de cima, mais propriamente do seu altaneiro castelo. Trata-se, de facto, de uma povoação muito bonita. Aliás, eu até sou da opinião de que, no seu todo, Portugal é belíssimo quando visto de cima. O problema é quando a nossa perspectiva se torna mais próxima...
Para o olhar mais destreinado, isto é apenas um amontoado de calhaus. Uma observação mais atenta e avisada, contudo, destrinça o que está nesta imagem: trata-se, afinal, da homenagem de Monsanto ao acto de mostragem de um cartão amarelo. Note-se o desenho do rectângulo e, no canto inferior esquerdo, calhaus como dedos que seguram o dito rectângulo. É como se Monsanto estivesse a dizer aos inimigos castelhanos: "Vocês são feios. E espanhóis. Tomem lá um cartão amarelo, voltem para trás e, por favor, não tenham filhos". Infelizmente, os espanhóis não fizeram caso deste conselho. E o universo só ficou a perder com isso...
Por aqui passaram portugueses. Mas não foram muitos, porque o lixo no chão não era assim tanto. Mais uma vez: "a aldeia mais portuguesa de Portugal"?!?! Yeah, right...
E pronto, cheguei ao fim daquilo que vos queria mostrar. Havia mais, mas não tenho tempo, pois afinal estou de férias e daqui a pouco tenho de ir dormir. Amanhã, se me apetecer, faço uma reportagem igual para Penha Garcia. E nunca se esqueçam: Monsanto é um espanto!
segunda-feira, agosto 09, 2010
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5 comentários:
Muito calhau vimos nós!!! E olha que tava um calor de derreter calhaus, eu que o diga!
Monsanto é muito bonito e os calhaus também devem ser os calhaus mais portugueses de Portugal...não?
Belo passeio! E ainda por lá deixaste umas fãs octagenárias..
*octogenárias
Gostei da reportagem, pá.
(Penha Garcia terá alguma coisa a ver comigo?)
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