segunda-feira, dezembro 15, 2008
Afinal o verdadeiro inimigo encontra-se dentro de mim.
Amanhã prometo que falo da tentativa de sapatada ao Bush... os acontecimentos ainda estão muito frescos e considero não estar, neste momento, em condições de os analisar. Até porque cada vez que olho para a merda do video desato a rir que nem um perdido, caraças!!!!
Hoje é outro o assunto que coloco neste verdadeiro espaço de opinião pública que é o Peter of Pan. Um assunto pessoal que quase me faz ter vergonha de mim próprio. Quase...
Começo pelo princípio. Podia também começar pelo fim. Ou pelo meio. Ou a 3/4. Ou mesmo a (3456*42)/234563. Mas não, vou mesmo começar do princípio. E no princípio é isto: todos os leitores deste blogue sabem - ou deviam saber - que "I am the antichrist, I am an anarchist", como canta a lendária Anarchy in the U.K., dos Sex Pistols. Nunca escondi a minha ideologia anarquista e de extremíssima esquerda, desde que isso não sirva para me confundir com os pseudo-anarcas totós do género dos manifestantes gregos nem com a malta meio bloquista de que já falei aqui! Porque, afinal, anarquia não é andar com piercings, dreadlocks, tatuagens e o caralho a quatro e partir merdas e provocar distúrbios. Anarquia é emancipação face a qualquer autoridade à qual não se dá o consentimento e ter liberdade para fazer o que se deve, não o que se quer (são duas coisas diferentes, meus bandalhos!). Anarquia é libertarianismo, não libertinismo, caralho!!!!
Mas pronto, deixo-me agora de moralismos ideológicos e vou passar a falar de coisas sérias. Portanto, sou anarquista, já perceberam. O que faz de mim um opositor fervoroso do capitalismo selvagem e das atitudes burguesas, geradoras da opressão do homem pelo homem, foda-se! O problema é que, de quando em vez, eu próprio sofro uns desvios burgueses e transformo-se em algo que odeio e abomino. Foi o caso de ontem. Por via de ter um teste escrito esta semana, encontro-me a estudar matéria de Teoria das Organizações. Isso implica deparar-me com merdas do tipo gestão & marketing, cash-flow, valor-cliente, valor acrescentado para o accionista, EVA, MVA, e conceitos semelhantes, puta que os pariu a todos.
Ora, a dada altura, enquanto eu lia estas tretas, deu-se um curto-circuito qualquer no meu anárquico cérebro e sofri uma metamorfose. Em resumo, passou-se isto: larguei os livros. Dirigi-me ao quarto. Peguei no robe. Fui até à sala. Sentei-me no sofá. Cruzei os braços. Chamei a escrav... a minha companheira. Ordenei-lhe "vai buscar-me um uísque com duas pedras de gelo, caralho" e espetei-lhe uma palmada no rabo. Liguei a t.v. no canal Bloomberg. A escrav... a minha companheira trouxe-me o copo. Comecei a sorver o uísque. Soltei um "ahhhhhhhhh" de satisfação. E deixei-me levar por este momento burguês, saboreando-o e enleando-me nele.
Até tomar juízo e despertar do meu sono aburguesado! Demorou mais de 10 minutos, mas finalmente recuperei a consciência! Que estava eu a fazer, foda-se? Estava a negar-me a mim próprio! A contradizer os meus pensamentos, as minhas atitudes, as minhas emoções! Estava a tornar-me exactamente o contrário do que sou! Soltei um "ahhhhhhhhh" de raiva! Bebi o resto do uísque de penálti. Fui buscar a garrafa. Bebi o conteúdo de penálti. Atirei copo e garrafa contra a parede, onde se estilhaçaram. Corri para a minha igual. Espetei-lhe um beijozorro e fizémos amor ali mesmo, no chão da cozinha. E depois voltei à sala de estudo. Joguei livros e papéis na rua, saí também e depois urinei em cima daquele lixo todo. Era a vingança, caralho! O anarca em mim renascia! E foi belo, foi muito, muito belo!!!! Voltei para casa, desliguei a t.v., meti o primeiro cd punk que vi na minha colecção e vá de abanar a cabeça e pontapear tudo o que estivesse no meu caminho (não, não foi por estar bêbado... eu sou assim mesmo!).
Foi duro lutar comigo próprio. É difícil uma pessoa manter-se coerente. Mas sobrevivi. Os laivos de burguesia que de mim se apoderaram ontem foram expulsos. Corridos. Enxovalhados. Enfrentei uma batalha e saí vencedor. Pronto para continuar denegrir o capitalismo selvagem e a autoridade. Pronto para mandar à merda as forças da direita e, também, as que se dizem de esquerda (foda-se, se aquela merda que se deu ontem na Aula Magna, o suposto "Encontro das Esquerdas" é representativa da esquerda portuguesa, então eu sou o único gajo verdadeiramente de esquerda neste país! E isto também exclui os comunas, pá! Anarca que é anarca também não grama os comunas).
E foi isto, porra. O inimigo capitalista e burguês, às vezes, está em nós...
Etiquetas:
escritos filosóficos,
o Sporting é mesmo o maior,
revisão
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
3 comentários:
E o homem, por fim, revela-se!
Revela-se nada, já voltei ao normal!
Ahahahahahahahahaha! Só me posso rir depois disto!!!!! Tu bem tentas mas não consegues e de vez em qdo tb tens momentos de burguesia!
Mas isso de me chamar escrav... não foi nda de burguês e hj á noite qdo eu chegar a casa tás lixado!!! Ouviste?
Enviar um comentário