Ontem, além de um dia de crime lesa-futebol (como foi possível o Inter eliminar o Barça?!? E como consegue o ego do Mourinho inchar ainda mais?!?!), foi também o Dia Nacional de Prevenção e Segurança no Trabalho. E como sempre ocorre nestas efemérides, as televisões chamaram "especialistas" para falar sobre este tema.
Já não sei em que canal foi, e muito menos recordo o nome do senhor, mas houve um cromo qualquer, pertencente a uma tal Associação para a Prevenção, ou algo que o valha, isto é, uma das várias associações inúteis deste país (para quando uma Associação das Pessoas que Limpam o Rabo ao Papel sem Sujar as Mãos, ou uma Plataforma para a Sobrevivência num País cujos Governantes Têm Síndrome de Down, hum?), que disse mais ou menos isto: "as grandes ameaças para os trabalhadores de todo o mundo nas próximas décadas serão o stress e o assédio moral!". (isto tem mesmo de vir a bold, uma pérola destas merece destaque)
Pessoalmente, não tenho dúvidas nenhumas sobre o flagelo que o stress constitui para o proletariado. Agora, que raios é o assédio moral e como pode isso ameaçar o desempenho de cada indivíduo? A única forma que eu tenho de perceber o assédio moral é compará-lo com outro tipo de assédio, o sexual. Um funcionário ou, mais normalmente, uma funcionária, é sexualmente assediado(a) quando alguém lhe faz propostas de cariz badalhoco. Pode ser algo como um patrão virar-se para a sua secretária e mandar-lhe um "ó filha, se queres ter uma promoção, vem cá abafar a palhinha ao paizinho", ou um colega virar-se para outro e "pá, 'tás a ver o meu teclado sem fios? Eu deixo-te tocá-lo se me tocares aqui no bicho". O assédio moral é isto, mas em vez de conotações sexuais, terá conotações... bem, morais! Do tipo "ó Susana, queres ter um aumento no final do ano? Então ajuda-me aqui a levar alimentos para os sem-abrigo das traseiras!", ou tipo "ó Castro, que merda vem a ser esta, pá? Então esqueceste-te de entregar o processo A à empresa que veio cá fazer a auditoria? Não te admito esse género de falhas! Vais já ali consolar a Michela, que coitadinha acabou de perder o pai. E não te quero ouvir dizer que ela é gorda, percebeste?"
E como serão os processos em tribunal? Processos por assédio sexual já toda a gente sabe como se desenvolvem, não é? Mas e um processo por assédio moral? Será algo deste género:
Juiz: Então, dona Antónia, diga lá o que o seu chefe a obrigou a fazer.
Antónia: Pois... (chora)... o que se passou foi... (chora)... desculpe, senhor Juiz.
Juiz: Vá, vá, desabafe, nós estamos aqui para ouvir e resolver o seu caso!
Antónia: Então, eu... eu... (chora) eu estava quase na minha hora de saída, quando... (interrompe para recuperar o fôlego)
Juiz: Sim?
Antónia: Quando o meu patrão, o dr. Santos... (chora)
Juiz: Sim?
Antónia: Ele... ele... (chora), desculpe sr. Juiz, custa tanto falar disto...
Juiz: Vá, dona Antónia, está a ir muito bem, força!
Antónia: O dr. Santos obrigou-me a ir à rua para ajudar uma velhinha a atravessar a passadeira!!!! Bu-uhhhhhh (chora copiosamente).
Deve ser mais ou menos isto, não deve?!?
Até amanhã...
quinta-feira, abril 29, 2010
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