quarta-feira, fevereiro 24, 2010
Falar sobre coisas sérias: alcoolismo
Sou comummente chamado de alcoólico por amigos, colegas de trabalho e até pela minha própria companheira. Se eu me chamasse José Sócrates, reputaria tal acusação de ignomínia, infâmia e e arranjaria uma teoria da conspiração para escapar com o rabo à seringa. Mas não, eu não sou o primeiro-ministro e tão-pouco gosto de fugir ao debate. A verdade verdadinha é que eu não sou alcoólico. Eu apenas gosto do sabor da bebida, o que é algo completamente diferente. Uma coisa é gostar de beber, outra é ser dependente da bebida.
Se querem uma comparação para melhor entender a distinção, ei-la: há pessoas que gostam de crianças, e há pessoas que são pedófilas. As pessoas que gostam de crianças são normais; as pessoas pedófilas são padres. Portanto, nada de confusões!
Um tipo, como eu, que gosta de beber só com muita má fé pode ser taxado de alcoólico. Porque não sou, de maneira nenhuma, dependente do álcool. Eu consigo até ficar duas horas seguidas sem beber uma pinga! Na minha visão (que por vezes consegue ser um bocado turva), um alcoólico é alguém que não larga por nada deste mundo a sua garrafa de líquido. Ora, eu consigo muitas vezes estar longe da garrafa, desde que esteja perto de uma lata, de um garrafão, de um barril ou de um alambique. Se classificam de alcoólico alguém assim, então têm de chamar aqueles que bebem água todos os dias de H2Ólicos.
Admito que já passei por algumas bebedeiras. Sim, eu também já fui adolescente, que pensam? Contudo, ao contrário daquilo que muitos ébrios narram - perda de consciência, falta de memória, delírios, etc. - eu quando ficava bêbado mantinha a minha lucidez, pelo que nunca fazia figuras tristes. Ia várias vezes ao grego, ai pois ia, mas nunca vomitei pevides pelo nariz, ao contrário de certas pessoas que eu cá conheço; nunca me deu vontade de mijar contra um poste, nem vieram ideias de me despir no meio da rua em pleno Inverno, como fez o meu amigo (!!!) Richa; cheguei a dormir debaixo de uma varanda (e sabia que estava a fazê-lo!), mas nunca me deitei só em cuecas ao lado do Paulito na cama de casal dos pais deste, como fez o meu outro amigo (!!!) Joca. O mais ultrajante que fiz foi bater às portas de um Convento e gritar "Quero freiras, quero freiras", mas não tinha bebido mais do que duas cervejas nessa noite...
Mesmo estes episódios de sereno desvario desapareceram quando entrei na idade adulta, o que pelas minhas contas ocorreu há cerca de três meses atrás. Agora, o máximo a que chego quando estou em momentos de boa disposição etílica é dizer coisas como "O Sporting vai ganhar a Liga dos Campeões na próxima época, vão ver", ou "Se enfiassem um saco preto na cabeça da Manuela Ferreira Leite, ela até se tornaria numa mulher por quem valeria a pena um homem apaixonar-se", ou ainda "Pá, camandro, estou a ver recuperações económicas à minha frente". Alguma vez isto são comportamentos típicos de um alcoólico?! Não acho...
E agora despeço-me porque tenho ali uma garrafinha de vinho branco à minha espera. Até amanhã e bebam quanto baste.
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