Ontem, contei a história da repartição de finanças que efectivamente funcionava. Hoje, aconteceu-me algo quase tão inacreditável: vi uma cena de quase pancadaria na estação do comboio e não me fui meter ao barulho!
Para perceberem melhor esta inaudita conduta, narro-vos três singelos episódios retirados da minha biografia.
Episódio 1. Algures nos anos 90 do século XX. Um campo de futebol. Duas equipas jogam uma contra a outra. Eu pertenço a uma das equipas. Há uma jogada mais ríspida entre um meu companheiro de equipa e um jogador adversário e, quais Brunos Alves dos subúrbios, começam à batatada um com ou outro. Eu resolvo meter-me na bagunça para separar as águas, mas enquanto separo os dois contendores e grito "Acalmem-se, c"#$lho, vamos jogar à bola", espeto uma pêra em cada um.
Episódio 2. Também algures nos anos 90 do século XX. A estação de metro do Campo Grande. Um homem discute rispidamente com a mulher (pelo menos, eu acho que era a mulher...). A discussão evoluí depressa para o sopapo. A mulher grita. Não há nenhum segurança por perto. Eu resolvo intervir e chego-me junto do marmanjo. Olho de alto para baixo (é a vantagem de ter mais de 1,80m) e digo, com voz grossa: "Ó meu filho da puta, levantas outra vez a mão e eu f*do-te a boca toda à biqueirada". O gajo ainda responde qualquer coisa, mas não consegue aguentar a ameaça e lá se acalma. Ele e a mulher apanham o metro (curiosamente, o mesmo que eu iria apanhar) e lá fazem a viagem normalmente.
Episódio 3. 1 de Janeiro de 1998. Uma praia qualquer na Ericeira. Estou a comemorar a passagem de ano com um grupo de amigos. Deslocamo-nos da praia para um bar qualquer. Eu tenho um atacador desapertado e paro para atá-lo. Os meus amigos continuam a marcha. Nisto, vejo vir contra mim uma nuvem com uns 6 ou 7 tipos à pêra uns com os outros. Aquilo mais parece uma manada à solta. Já estão em cima de mim quando acabo de atar o raio do ténis. Impossibilitado de fugir, só tenho uma solução: envolver-me na refrega. A nuvem arrasta-me e ainda acerto em cheio na fronha de um gajo; depois aquilo muda de direcção e eu fico para trás. Retomo a marcha interrompida e dirijo-me para o meu grupo de amigos, onde duas ou três pessoas assistiram à minha prestação e me perguntam o porquê de eu ter dado um soco num desconhecido. Ainda hoje não sei responder...
Estes três episódios são bem demonstrativos de que eu não deixava passar uma oportunidade para molhar o biscoito, embora sempre me tenha considerado um pacifista. Mas hoje, ao assistir a uns empurrões entre um gajo muita gordo e outro gajo menos gordo, não fiz qualquer comentário, muito menos espetei um rotativo em cada um, nem sequer proferi ameaças de punho fechado. Não fiz nicles e deixei aquilo tal como estava para me concentrar apenas em apanhar o comboio. Quando já me encontrava na carruagem, ainda lancei um olhar para a estação, onde os dois gordalhufos continuavam aos empurrões (maricas... empurrõezinhos é para meninas!), agora acompanhados de um segurança também anafado. Desviei o olhar, abri um sorriso, disse para comigo "Ena, estou a ficar adulto. Já não me meto nestas coisas", meti os fones e apreciei a viagem.
Ora isto, tendo em conta a minha heteróclita personalidade, é quase tão absurdo quanto demorar menos de 10 minutos numa repartição pública...
Bom fim-de-semana e agridam-se uns aos outros, que eu agora já não intervenho.
sexta-feira, fevereiro 19, 2010
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
3 comentários:
Estás a ficar velho, é o que é!
PS: eu presenciei o episódio 3 e posso confirmar que é verdade!
Nem vou comentar... pq senão ainda digo alguma coisa que não devo, afinal (tal como a sra. de cima) eu não presenciei nenhum dos episódios. É assim a vida...
Lembro-me de alguns episódios 1 no grande ringue (???) de futebol das Patameiras.
Pouco espaço+montes de equipas à espera para jogar=porrada da boa!
Anos 90 do século XX... Pareces o José Hermano Saraiva!buh
Enviar um comentário