Anteontem, uma rapariga veio ter comigo a pedir-me aconselhamento. Queria ela que lhe indicasse quais livros deveria ler sobre o Heidegger. Separei uns quatro e mostrei-lhos. Ela aponta para o primeiro e pergunta do que se trata. Respondo-lhe: “Ah, é uma colectânea que discorre sobre o pensamento político do Heidegger e a sua famosa associação ao nazismo.” Ela colocou, desinteressada, a obra de lado e passou à próxima. “E este?”, solicitou. Disse-lhe que era um conjunto de artigos, da responsabilidade de especialistas portugueses, versando sobre vários assuntos, mas com enfoque especial na ontologia heideggeriana. “Fixe”, lançou ela, “vou levar” e passou ao terceiro do monte. Informei-a que basicamente este terceiro era a mesma coisa que o segundo, mas agora o tema principal era a ligação de Heidegger à poesia e demais fantochadas. A moça também gostou e guardou-o, pedindo-me de seguida que expusesse algo sobre o último volume. Foi aqui que lixei tudo. Eis a resposta que dei (e destaco-a do corpo do texto para uma melhor compreensão):
“Ah, este é uma monografia que percorre toda a filosofia do Heidegger, mas trata sobretudo da ontologia e do problema do ser. É muito bom!”
O que há de errado aqui? Os mais lúcidos e atentos certamente já deram conta: utilizei “Heidegger” e “muito bom” na mesma frase! Ou seja, aconselhei um livro sobre Heidegger e ainda o adjectivei e, pior, adjectivei-o positivamente! Não sei o que me passou pela cabeça (a rapariga era gira, mas isso não serve de desculpa!), pois para mim um livro bom sobre aquele filósofo alemão era, até ao momento, um livro que falasse mal dele e da sua filosofia de trazer por casa (a casa do ser?!?!). O que me terá levado a dizer bem de uma obra que comenta e presta vassalagem à ontologia heideggeriana? Estarei doente? Estarei maluco? Estarei com os pés para a cova? Não sei, não sei mesmo… olhem, se me virem na rua, espetem-me um carolo nos cornos, pode ser que eu tome juízo! Onde é que isto já se viu?!...
“Ah, este é uma monografia que percorre toda a filosofia do Heidegger, mas trata sobretudo da ontologia e do problema do ser. É muito bom!”
O que há de errado aqui? Os mais lúcidos e atentos certamente já deram conta: utilizei “Heidegger” e “muito bom” na mesma frase! Ou seja, aconselhei um livro sobre Heidegger e ainda o adjectivei e, pior, adjectivei-o positivamente! Não sei o que me passou pela cabeça (a rapariga era gira, mas isso não serve de desculpa!), pois para mim um livro bom sobre aquele filósofo alemão era, até ao momento, um livro que falasse mal dele e da sua filosofia de trazer por casa (a casa do ser?!?!). O que me terá levado a dizer bem de uma obra que comenta e presta vassalagem à ontologia heideggeriana? Estarei doente? Estarei maluco? Estarei com os pés para a cova? Não sei, não sei mesmo… olhem, se me virem na rua, espetem-me um carolo nos cornos, pode ser que eu tome juízo! Onde é que isto já se viu?!...
Tanis
7 comentários:
Qualquer dia, ainda andas por aí a dizer que os americanos até são boa gente...
Mau! Calma lá, ainda não fiquei sem cérebro!
Ainda...!!
:)
:D
tendo em conta que se trata de uma monografia, na boa. Se tivesses dito isso de uma obra DO Heidegger então a história era outra.
AHAHAH, os ares da Nova já te estão a infectar o julgamento. Qualquer dia escreves tu monografias sobre as três ordens do tédio Hedeggeriano. Ainda te vou ver do nosso laddo
Mau! Calma lá, ainda sou hetero!
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