Agora que os campeonatos nacionais, a Liga dos Campeões e até o Euro 2008 acabaram, entrou-se naquilo a que se costuma chamar defeso, ou seja, aquela altura em que os vários clubes se reforçam e reorganizam tendo em vista a próxima temporada futebolística. É verdade que, pelo meio, ainda há os Jogos Olímpicos, mas estes são jogos um bocado abichanados (foram inventados pelos gregos, que os praticavam todos nus! É preciso dizer mais alguma coisa?!) e o futebol aí praticado nada tem a ver com a alta competição a que estamos habituados. Ademais, os futebolistas portugueses falharam a participação nos Jogos, e isso é uma pena, porque assim nem posso gozar com as prestações lusas, nem com as opiniões pós-encontros dos comentadores desportivos, essas agudas inteligências que só descobrem que Portugal não tem pontas-de-lança nem guarda-redes de jeito 5 anos depois de os comuns adeptos afirmarem isso.
Uma das coisas que me atrai na época do defeso é, claro, a dança das contratações. Todos - mas mesmo todos! - os dias sai nos jornais, nas televisões, nos sites, nos blogues e nas rádios uma catadupa variada de notícias que garantem a contratação do jogador a, b ou c por parte de um clube, em particular um dos chamados três grandes do nosso futebol. Por vezes, o número de supostas aquisições pelo mesmo emblema é tal que julgamos ter esse clube contraído a política de formar 3 ou 4 plantéis em simultâneo. Só na última 3ª feira, por exemplo, fiquei a saber por um blogue que o Porto havia contratado 5 laterais-direitos; num jornal, falava-se que 14 jogadores africanos tinham assinado pelo clube das Antas; na rádio, escutei eu o Pinto da Costa afirmar que se havia deslocado ao Brasil no sentido de trazer de lá mais 9 craques e umas 15 a 20 prostitutas brasileiras.
Enfim, o rol de nomes a rodar durante a época do defeso é tal que desconfio do seguinte pormenor: os jornalistas desportivos metem em papelinhos os nomes de todos os jogadores do mundo e enfiam-nos numa tômbola; noutra, colocam 3 bolas de pingue-pongue gravadas com "Sporting", "Benfica" e "Porto"; depois fazem-nas girar, abrem a dos papelinhos, retiram um, lêem-no, abrem a das bolinhas, retiram uma, lêem-na e depois publicam a combinação nos jornais e restantes órgãos de comunicação. E os adeptos ficam contentes ou tristes, isto dependendo da qualidade dos nomes em questão. Por exemplo, se na lotaria calha um "Ronaldinho Gaúcho [papelinho] no Benfica [bolinha]", facto que é depois publicado, os adeptos lampiões ficam excitados e os dirigentes encarnados também; se calha um "Petit [papelinho] no Benfica [bolinha]", os adeptos do clube da luz ficam macambúzios, e os dirigentes também, até descobrirem que afinal o Petit já é benfiquista, altura em que dão um tiro na cabeça (deles próprios, infelizmente não na do Petit...).
E, deste modo, o defeso passa-se de uma maneira agradável e divertida. Até começar o campeonato e se chegar à conclusão que talvez tivesse sido melhor os jornalistas noticiarem qual clube comprou qual árbitro...
quinta-feira, julho 03, 2008
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