terça-feira, maio 04, 2010

Papá Wrestling: o Portugal como deve ser!

No último post, aflorei que não é necessário, para sermos bem sucedidos, grandes parafernálias de meios. Citando-me a mim próprio, "em época de crise, é preciso termos a consciência de que não são precisos mundos e fundos para nos safarmos bem. Basta termos um bocadinho de cabecinha."

Ora, cabecinha é o que não falta aos tresloucados autores por detrás desta pérolazinha em forma de curta-metragem que dá pelo nome de Papá Wrestling. Vou dar-vos 9 minutos de descanso, que é o tempo que precisam para assistir à peça, e depois vejam lá se não concordam comigo (isto se forem capazes de ver tudo até ao fim sem vomitar)...



O que mais surpreende nesta película? O brutamontes arrancar a genitália ao puto e obrigá-lo a engoli-la, sim, mas principalmente a constatação de que é possível fazer um trabalho consistente e bem feito com poupança de meios. Papá Wrestling é o espelho do que deveria ser este país: com um pouco de trabalho e criatividade, com ideias simples mas bem construídas, podemos realizar coisas grandes. Papá Wrestling pega nas mundividências trashy e gore, junta-lhes o desenrascanço típico dos estúdios de série B como a Troma (empresa responsável por alguns dos filmes mais estúpidos da história do cinema), mistura tudo aquilo com ironia e humor à portuguesa e pimba, sai isto, e isto é um diamante em bruto! Não foram precisos nem a Industrial Light & Magic, nem efeitos chroma key, nem 3d e o tassalho a mil: com aquilo que tinham à disposição, construíram algo que cumpre plenamente os objectivos, que é entreter e divertir.

E Portugal deveria ser isto porquê? Não estou a dizer que nós deveríamos ser todos como o mastodonte do filme. Não me passa pela cabeça arrancar as tripas a um puto para enforcar, com elas, outro puto. Mesmo que esse puto me grite aos ouvidos que gosta muito do Paulo Portas. O que eu quero dizer é que, numa época de crise, devemos fazer como os lunáticos que criaram o Papá Wrestling e ir, como dizem os anglo-saxónicos, back to the basics. Porque a felicidade, no fundo, está nas pequenas coisas. Nas pequenas coisas e em ver cabeças esmigalhadas com um golpe de piledriver...

Obrigado, Papá Wrestling!

Amanhã, o mesmo assunto mas com futebol!

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