Não quero vir para aqui armar-me em intelectual, mas gosto de ler. Ler, contudo, e ao contrário do que as pessoas comuns pensam, é uma actividade que não casa lá muito bem com as temperaturas mais altas. É verdade que costuma ser no Verão que as pessoas prometem "pôr as leituras em dia", e isso, mas eu, quando as temperaturas sobem, leio menos. Para mim, ler é uma actividade sobretudo invernosa, adequada aos dias chuvosos e mais frios, nos quais um tipo só está bem é em casa, refastelado no sofá, a passar os olhos por páginas e mais páginas.
Na realidade, a actividade que mais aprecio fazer na época estival é, sem sombra de dúvida, esta: imaginar que sou uma peça de tetris e tentar enfiar-me, todo nu, no frigorífico. Aconselho-vos, se forem adeptos de desportos radicais, a experimentarem. É decididamente divertido e refrescante, oferecendo-nos também uma sensação de paz e bem-estar... considerando que se retiraram previamente os pepinos e as cenouras! Ou então, não: afinal, cada um sabe aquilo com que gosta de sentir arrepios...
Pelo contrário, ler não é nada refrescante. Quando, em dias de maior estucha, tento ler umas linhas, acabo invariavelmente por derreter-me. E, aqui, "derreter-me" é para ser interpretado no seu sentido literal: a leitura é uma actividade que consome muitos dos meus recursos energéticos, e ao fazê-lo provoca um sobreaquecimento do meu sistema central, e se vocês nunca tiveram tal experiência, posso afirmar que é extremamente desagradável, e javardo, estar a ler um livro do Julio Cortázar e a cada meio segundo cair, sobre a mancha textual, suor às cataratas. Ao fim de meros 5 minutos de leitura, tenho necessariamente de ir tomar um duche... e o livro também. Por motivos de leis físicas que agora me escapam, eu quando saio do banho venho renovado; já o livro fica pronto para uma viagem grátis até ao balde do lixo.
Ler, portanto, é algo que não recomendo no Verão. E agora tchau aí, vou ver se me consigo enfiar meia-hora num frigorífico.
terça-feira, julho 06, 2010
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