De tempos a tempos, chateio-me de ver filmes porno e de espreitar catálogos de modelos em lingerie e vou cultivar-me um bocadinho. Leio, vejo cinema europeu, vou ao teatro ou a uma vernissage, enfim, essas coisas. De momento, estou a assistir, de empreitada, aos 12 episódios da série produzida pela RTP e que já foi exibida no segundo canal da TV pública, e que em boa hora gravei: Grandes Livros (detalhes aqui). O propósito é tão simples quanto eficaz: em cerca de três quartos de hora, explanar uma obra de um autor fundamental da literatura portuguesa.
Ainda só vi quatro dos doze programas (conto ver o resto por estes dias) mas o balanço é muito, muito positivo. Mesmo a narração feita pelo Diogo Infante não faz o conjunto perder pontos e lá está, ele só narra, não mostra a cara, portanto um espectador consegue perfeitamente ver a série sem estar a vomitar de cinco em cinco minutos.
Como é óbvio, nem todos os episódios mantêm a mesma fasquia qualitativa. Pessoalmente, achei o primeiro, dedicado a Os Maias do Eça de Queirós, o mais fraquinho até agora, muito talvez por culpa das personalidades entrevistadas, em sua grande maioria académicos bolorentos e empoeirados, com destaque particular para o palhaço metido a especialista queirosiano, e grande paladino do Acordo Ortográfico, Carlos Reis, a quem desde já peço o favor de ir ortograficamente tomar na bundinha. Os outros três episódios que vi, contudo, vão do bom (Amor de Perdição) ao excelente (Peregrinação - talvez o melhor até agora -, O Delfim), são entusiasmantes, informativos e deixam sequioso quem ainda não leu as obras, o que confesso ser o meu caso para os livros do Fernão Mendes Pinto e do José Cardoso Pires. [Sim, eu sei, é um atentado não ter lido ainda isto, mas lembrem-se de que eu preciso de ocupar muito do meu tempo livre com mamas. Com mamas, pá! As leituras ficam, assim, para segundo ou terceiro ou quarto ou sei lá planos...]
Aconselho, portanto, esta série a todos os que não a viram quando passou na RTP2 mas gostam de boa literatura portuguesa (ui, devem ser muitos, devem...). A segunda série, aliás, que conta com 11 episódios, creio estar a ser exibida aos domingos à tarde. Mas vejam as coisas como manda a cronologia: a primeira primeiro, a segunda segundo. Porquê? Porque sim e porque eu quero, ora bem! Mas também porque, assim por alto, a primeira série dos Grandes Livros tem mais pesos pesados do que a segunda. É como comparar a equipa do Barcelona com a do Braga: é claro que o Braga tem bons jogadores, alguns eu gostaria mesmo de ver no Sporting, mas o Barça é o Barça. De facto, sem desprimor para o Saramago (que eu adoro), para o Torga (idem) ou para o Gil Vicente (ibidem), aos quais são dedicados programas da segunda série, não é possível combater com a selecção que os produtores fizeram para a primeira. Além dos já referidos Eça, Mendes Pinto, Cardoso Pires e Camilo, há episódios sobre Os Lusíadas, O Livro do Desassossego, e o sétimo deles é dedicado àquele que é, para mim, o melhor romance em língua portuguesa, ou seja, o Messi da nossa literatura que é nenhum outro senão a Aparição do Vergílio Ferreira, pois claro, e quem não concorda que vá ler o texto da moção de censura do Bloco de Esquerda.
Vá, sigam o meu conselho e cultivem-se um poucochinho. E depois, voltem lá a ver as badalhoquices do costume...
Ainda só vi quatro dos doze programas (conto ver o resto por estes dias) mas o balanço é muito, muito positivo. Mesmo a narração feita pelo Diogo Infante não faz o conjunto perder pontos e lá está, ele só narra, não mostra a cara, portanto um espectador consegue perfeitamente ver a série sem estar a vomitar de cinco em cinco minutos.
Como é óbvio, nem todos os episódios mantêm a mesma fasquia qualitativa. Pessoalmente, achei o primeiro, dedicado a Os Maias do Eça de Queirós, o mais fraquinho até agora, muito talvez por culpa das personalidades entrevistadas, em sua grande maioria académicos bolorentos e empoeirados, com destaque particular para o palhaço metido a especialista queirosiano, e grande paladino do Acordo Ortográfico, Carlos Reis, a quem desde já peço o favor de ir ortograficamente tomar na bundinha. Os outros três episódios que vi, contudo, vão do bom (Amor de Perdição) ao excelente (Peregrinação - talvez o melhor até agora -, O Delfim), são entusiasmantes, informativos e deixam sequioso quem ainda não leu as obras, o que confesso ser o meu caso para os livros do Fernão Mendes Pinto e do José Cardoso Pires. [Sim, eu sei, é um atentado não ter lido ainda isto, mas lembrem-se de que eu preciso de ocupar muito do meu tempo livre com mamas. Com mamas, pá! As leituras ficam, assim, para segundo ou terceiro ou quarto ou sei lá planos...]
Aconselho, portanto, esta série a todos os que não a viram quando passou na RTP2 mas gostam de boa literatura portuguesa (ui, devem ser muitos, devem...). A segunda série, aliás, que conta com 11 episódios, creio estar a ser exibida aos domingos à tarde. Mas vejam as coisas como manda a cronologia: a primeira primeiro, a segunda segundo. Porquê? Porque sim e porque eu quero, ora bem! Mas também porque, assim por alto, a primeira série dos Grandes Livros tem mais pesos pesados do que a segunda. É como comparar a equipa do Barcelona com a do Braga: é claro que o Braga tem bons jogadores, alguns eu gostaria mesmo de ver no Sporting, mas o Barça é o Barça. De facto, sem desprimor para o Saramago (que eu adoro), para o Torga (idem) ou para o Gil Vicente (ibidem), aos quais são dedicados programas da segunda série, não é possível combater com a selecção que os produtores fizeram para a primeira. Além dos já referidos Eça, Mendes Pinto, Cardoso Pires e Camilo, há episódios sobre Os Lusíadas, O Livro do Desassossego, e o sétimo deles é dedicado àquele que é, para mim, o melhor romance em língua portuguesa, ou seja, o Messi da nossa literatura que é nenhum outro senão a Aparição do Vergílio Ferreira, pois claro, e quem não concorda que vá ler o texto da moção de censura do Bloco de Esquerda.
Vá, sigam o meu conselho e cultivem-se um poucochinho. E depois, voltem lá a ver as badalhoquices do costume...
1 comentário:
A RTP2 vai fazendo umas coisas interessantes. Gostei de um programa que passa na Discovery Civilizations sobre "Grandes Livros". O que eu vi era sobre Steinbeck "As vinhas da ira". Muito bom. Ainda não apanhei os da RTP.
Recomendo o programa diário "Ler+ Ler melhor" que passa na RTPN por volta da 19h/20h. É de cerca de 10m, livros actuais e escritores e muito bem apresentado pela Teresa Sampaio.
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