domingo, fevereiro 26, 2006

Francis Picabia


"Notre tête est ronde pour permettre la pensée de changer de direction." - Francis Picabia

sexta-feira, fevereiro 24, 2006

Virgin Megastore

terça-feira, fevereiro 21, 2006

Meta-anedota


Correndo o risco de já fartar com o Kripke, aqui vai mais uma.

He had a tendency to rock to and fro all the time and was a notoriously messy eater, a dispenser of crumbs to his neighbors at the table. There are many anedoctes about Kripke's eccentricities, but the one I like the best goes as follows. At a conference a group of philosophers were playing guitars and singing folk songs after the formal sessions were over. They asked Kripke to join in and he replied, "If anyone else did, that would be the end of it, but if I do, it will be just another Kripke anedocte." (This is what we philosophers call technically a "meta anecdote.")
in Colin McGinn, "The Making of a Philosopher"
Já agora, recomendo o livro do McGinn. É uma espécie de introdução à filosofia no formato de autobiografia intelectual. Gosto do livro sobretudo pela sua última característica. McGinn apresenta-se como um gajo normal que é filósofo, algo que não é muito normal entre filósofos. Não o serem gajos normais, mas o apresentarem-se como tal.
Cão

segunda-feira, fevereiro 20, 2006

Transformers

Lembram-se dos Transformers?

domingo, fevereiro 19, 2006

Para quem quiser ir experimentando, para ver se fica bem


Eis uma ferramenta útil.

O humor é uma coisa muito séria...


Nietzsche dizia: "Não acredito num Deus que não saiba dançar!" Já eu digo: "Recuso pertencer a uma religião que não tem sentido de humor!"
Um aviso aos dirigentes e terroristas islâmicos: Pá, vão chatear os americanos e deixem a bonecada em paz. Excepto o Bush, claro!

(Qualquer acto de violência cometido contra este blogue será da exclusiva responsabilidade do Jyllendes-Posten)

Eterno Entorno

domingo, fevereiro 12, 2006

A solução

Primeiro enviamos a caixa com um cadeado. A outra pessoa recebe a caixa e coloca-lhe mais um cadeado. Reenvia a caixa para nós e quando a recebemos tiramos o primeiro cadeado. Voltamos a enviar à outra pessoa, agora só com o cadeado que ela lhe colocou. Quando esta recebe a caixa pela segunda vez, só tem de abrir esse cadeado. E pronto: é garantido que mais ninguém consegue abrir a caixa, o que possibilita enviar o conteúdo em segurança. Engenhoso, não? Confesso que não consegui resolvê-lo sozinho e tive esperar que alguém me explicásse a solução. Ao que parece foi usando este mesmo princípio que se começaram a fazer transferências de dados importantes pela net.

sábado, fevereiro 11, 2006

Uma pista

Se é que alguém continua a ler este blog depois do Eterno Retorno ter deixado de aqui escrever com regularidade, e se é que alguém está a tentar resolver o quebra-cabeças, aqui vai uma pista: a solução passa por utilizar mais do que um cadeado na mesma caixa. Ou será que já toda a gente conhece a solução?

Cão

sexta-feira, fevereiro 10, 2006

Um quebra cabeças

Imaginem que querem enviar um objecto a alguém e que para garantir que ninguém o rouba durante o envio, vocês colocam o objecto numa caixa fechada a cadeado. Quando a outra pessoa recebe a caixa com o objecto lá dentro, como é que ela a pode abrir? Suponham que tanto a caixa como o cadeado são invioláveis e que só existe uma chave para o cadeado, a qual está posse de quem envia. Notem que não é possível abrir a caixa à força, nem enviar a chave (pois alguém a podia roubar).

quinta-feira, fevereiro 09, 2006


Maurizio Cattelan
La Nona Ora
1999
wax, clothing, polyester resin with metallic powder, volcanic rock, carpet, glassat

terça-feira, fevereiro 07, 2006

Douglas Hofstadter, no prefácio a "Gödel's Proof" de Ernest Nagel e James R. Newman


When Nagel and Newman were composing Gödel's Proof, the goal of getting computers to think like people - in other words, artificial intelligence - was very new and its potential was unclear. The main thrust in those early days used computers as mechanical instantiations of axiomatic systems, and as such, they did nothing but churn out proofs of theorems. Now admittedly, if this approach represented the full scope of how computers might ever in principle be used to model cognition, then, indeed, Nagel and Newman would be wholly justified in arguing, based on Gödel's discoveries, that computers, no matter how rapid their calculations or how capacious their memories, are necessarilly less flexible and insightful than the human mind.
But theorem-proving is among the least subtle of ways of trying to get computers to think. Consider the program "AM," written in the mid - 1970s by Douglas Lenat. Instead of mathematical statements, AM dealt with concepts; its goal was to seek "interesting" ones, using a rudimentary model of esthetics and simplicity. Starting from scratch, AM discovered many concepts of number theory. Rather than logically proving theorems, AM wandered around the world of numbers, following its primitive esthetic nose, sniffing out patterns, and making guesses about them. As with a bright human, most of AM's guesses were right, some were wrong, and, for a few, the jury is still out.
For another way of modeling mental processes computationally, take neural nets - as far from the theorem-proving paradigm as one could imagine. Since the cells of the brain are wired together in certain patterns, and since one can imitate any such pattern in software - that is, in a "fixed set of directives" - a calculating engine's power can be harnessed to imitate microscopic brain circuitry and its behavior. Such models have been studied now for many years by cognitive scientists, who have found that many patterns of human learning, including error making as an automatic by-product, are faithfully replicated.
The point of these two examples (and I could give many more) is that human thinking in all its flexible and fallible glory can in principle be modeled by a "fixed set of directives," provided one is liberated from the preconception that computers, built on arithmetical operations, can do nothing but slavishly produce truth, the whole truth and nothing but the truth. That idea, admittedly, lies at the core of formal axiomatic reasoning systems, but today no one takes such systems seriously as a model of what the human mind does, even when it is at its most logical. We now understand that the human mind is fundamentally not a logic engine but an analogy engine, a learning engine, a guessing engine, an esthetics-driven engine, a self correcting engine. And having profoundly understood this lesson, we are perfectly able to make "fixed sets of directives" that have some of these qualities.
To be sure, we have not yet come close to producing a computer program that has anything remotely resembling the flexibility of the human mind, and in this sense Ernest Nagel and James Newman were exaclty on the mark in declaring, in their poetic fashion, that Gödel's theorem "is an occasion, not for the dejection, but for a renewed appreciation of the powers of creative reason." It could not be said better.

sexta-feira, fevereiro 03, 2006

Ai tu és isso? Então toma lá:

Uma vez que o nosso colega Cão (ASSINA OS TEUS POSTS, CARAGO!!!!!!) tem feito o favor de nos agraciar com excertos de Jerusálem, do escritor português contemporâneo Gonçalo M. Tavares, achei por bem compartilhar convosco uma amostra da obra deste autor desconhecido mas igualmente de qualidade:

"Ao subir a rua, não pude desviar o olhar daquelas nalgas que se meneavam bem na minha frente. Um traseiro irrepreensível, pensei para com os meus botões. A dona daquela parcela de carne assemelhava-se a uma deusa grega que descera à terra para conviver com os meros mortais. Não que eu alguma vez tivesse visto uma deusa grega, mas dá um efeito literário interessante escrever isto. Está bem, podia usar no seu lugar uma deusa hindú, ou nipónica, ou até nórdica, mas achei melhor uma grega. Bom, adiante. Adiante também caminhava ela, e eu atrás. Sempre atrás. Eternamente atrás. Oh, o que não daria para estar dentro daquelas calças! Aqueles movimentos provocavam-me dores no baixo-ventre... Seriam dores boas, dores más?!?! Não sei, nunca estudei muito as teorias relativistas da pós-modernidade, de modos que vou abster-me de tomar partidos axiológicos.
E, de repente, a divindade parou. Estaquei também, mais por mimetismo do que por desejo consciente. Ela voltou-se para mim. Eu, que já estava virado para ela, não me voltei. Seria estúpido da minha parte fazê-lo. Ela olhou-me nos olhos. Digo eu, embora isso são seja seguro, uma vez que a minha vista estava pregada ao seu peito. E se o traseiro era bom, o que dizer daqueles seios!... Começou a caminhar para mim. A dor no meu baixo-ventre intensificou-se... lembrei-me daquela vez em que, num jogo de futebol, levei com o esférico bem no meio dos colh... quer dizer, nas partes baixas. Estava mais perto. Mais perto ainda. Tão perto que quase sentia a sua respiração quente. E a minha dor não parava de aumentar. E ela a aproximar-se. E eu sofrendo tão profundamente que só pensava em chamar uma ambulância. Até que, finalmente, ficámos cara-a-cara. E aí a donzela exclamou: "Parvalhão", deu meia-volta e foi-se embora. Abandonado naquele passeio de calcário, fiquei com uma cara de idiota que nem queiram saber. E não vão saber mesmo porque também não vou contar!"

in Eterno Entorno, Vila Nova de Poiares
Eterno Entorno, em mais outro desvio por este blog

Mais do mesmo... virtudes das analogias

O secretário da Defesa norte-americano, Donald Rumsfeld, comparou quinta-feira o Presidente venezuelano, Hugo Chavez, a Adolf Hitler, sublinhando que tinham os dois sido eleitos legalmente.

Fonte: Diário Digital

Acrescento mais alguns nomes passíveis de sofrer a mesma comparação: Cavaco Silva, Jacques Chirac, Lula da Silva, Tarja Halonen, Heinz Fischer, Vaclav Klaus, Maria de Lurdes Modesto, Manuel Luís Goucha, Luís Filipe Vieira, o cozinheiro sueco dos Marretas, Pikachu, Soror Mariana Alcoforado (1) e uma longuíssima lista de personalidades que se estende pelos cinco continentes ou até mais, se considerarmos o arquipélago da Madeira como um território à parte.

Já quanto a George W. Bush, duvido que tenha lugar neste rol. Afinal, quem pode garantir a legalidade da sua eleição? É melhor perguntar ao Rumsfeld, a luminária das comparações. Já agora, peço também ao Donald que nos ilustre acerca das semelhanças entre a defesa do Benfica no último derby e a Administração Bush.
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(1) Pronto, está bem... admito que alguns destes nomes não passam de puro disparate. Ninguém acredita que Luís Filipe Vieira tenha sido eleito legalmente...

Eterno Entorno, num pequeno desvio por este blog.

quinta-feira, fevereiro 02, 2006

quarta-feira, fevereiro 01, 2006

Jerusalém 2

"No entanto, Mylia começou a sentir algo no estômago. A princípio este aviso deixou-a perplexa: não era a sua dor, era outra coisa, mas igualmente forte, mais forte ainda.
Que ridículo, apeteceu-lhe dar uma gragalhada. Estou com fome, murmurou, há horas que não como. Estou aqui de noite, sozinha, mas o meu estômago veio; estou acompanhada.
O motivo de troça foi, logo de imediato, motivo de reflexão e de um certo temor, pouco explicável. Aquela dor no estômago, que manifestava a vontade de comer, essa dor era ainda mais forte que a outra: a dor constante da doença, a dor que lhe traria rapidamente aquilo que todos os grandes e pequenos medos fogem. Como é possível, perguntou-se Mylia, que a dor provocada pela vontade de comer pão seja mais forte? Porque os médicos já o garantiram: vou morrer da dor que agora não consigo ouvir.
Ela percebeu, claramente, que ali, junto à igreja, estavam em competição duas dores grandes: a dor que a ia matar, a dor má, assim ela a designou, e, do outro lado, a dor boa, a dor do apetite, dor de vontade de comer, dor que significava estar viva, a dor da existência, diria ela, como se o estômago fosse, naquele momento, ainda em plena noite, a evidente manifestação da humanidade, mas também das suas relações ambíguas com os mistérios de que nada se sabe. Estava viva, e nessa circunstância doía mais, naquele momento, de um modo objectivo e material, do que a dor de que ia morrer, agora secundária. Como se naquele momento fosse mais importante comer um pão do que ser imortal."
Gonçalo M. Tavares, Jerusalém