quinta-feira, março 28, 2013

Gosto da minha capacidade de me maravilhar. Mas ao mesmo tempo não gosto, que isto de um homem se "maravilhar" é um bocado roto...

Embora já não seja criança (Nota do Editor: como não?! E daquela vez que te despiste e barraste o corpo com açúcar para bateres o recorde de maior número de formigas em cima de um ser humano? - Schiu, cala-te, isso foi há muito tempo atrás! - Nota do Editor: Peter of Pan, foi na semana passada... - Olha, vai à merda, editor d'um raio! - Nota do Editor: Peter, não olhes agora, mas o editor deste estabelecimento és tu próprio... - Olha, merda!) mantenho a capacidade de me espantar com as pequenas e singelas coisas que a vida, a natureza e as esporádicas vitórias do Sporting oferecem.

Esta manhã, deu-se um desses momentos. Dirigia-me para apanhar o habitual transporte público, que na realidade é privado, mas não vou perder tempo a explicar essas esquisitices agora, quando senti um vento agradável e fresco de encontro a mim. Essa brisa, como que me beijando a cara, levou-me a fechar os olhos, a estacar em plena rua e a apreciar o acontecimento. Senti-me devolvido à minha infância, aos meus jogos de futebol com os amigos, às corridas no meio da estrada, às fugas depois de tocar às campainhas dos vizinhos. Foi um doce episódio, que pode ter parecido estranho a quem se cruzou comigo, mas valeu a pena pelas sensações que me despertou.

Serei gay?!

Bom fim-de-semana prolongado.

terça-feira, março 26, 2013

Resumo dos últimos presidentes do SCP

Bruno de Carvalho: beto.
Godinho Lopes: capitalista trafulha.
José Eduardo Bettencourt: capitalista beto.
Filipe Soares Franco: capitalista beto.
Dias da Cunha: capitalista.
José Roquette: ultra-capitalista beto.
Pedro Santana Lopes: político beto.
Sousa Cintra: pseudo-capitalista saloio.

Eu olho para esta lista e fico triste. Triste porque, enquanto sportinguista e esquerdista, sinto-me isolado. Falta alguém que me represente. Tirando o Sousa Cintra, não iria com ninguém para o tasco mamar umas bejecas, porque é tudo gente que não deve gramar muito tascos. Nem bejecas. E o próprio Sousa Cintra, mesmo que mamasse umas bejecas comigo, era gajo para ao fim da terceira ou quarta jola se armar em parvo e começar a dizer que se devem despedir treinadores quando vão na liderança do campeonato.

O que o Sporting precisa é que um gajo com eles no sítio (logo, nunca pode ser um beto), com desprezo pelo dinheiro e pelo capitalismo em geral, pegue naquela merda. Um gajo com quem se pudesse ir ao Bairro Alto e ter conversas sinceras e abertas, sobre futebol e sobre a vida em geral ("Ihhh, o cabrão do Moutinho era empalá-lo, não era?! E aquela loira ali encostada ao bar está mesmo a pedi-las, se eu tivesse dinheiro alugava um quarto e metia lá a tipa"). Mas não, continuamos a escolher pessoas que estão afastadas da humanidade real. Bardamerda para isto tudo...

P.S.: Embora o Bruno de Carvalho seja beto, não deixo de lhe reconhecer algumas qualidades. Por exemplo, a mulher/companheira/namorada/amiga/prima afastada/não faço ideia de quem é aquele avião dele parece ser bastante boa. Se aquilo vai ser a primeira dama do Sporting, é caso para dizer que nem tudo é mau. Aguardemos...

 

quinta-feira, março 21, 2013

Criar monstros: a gaja que não gostava nada do Walking Dead e agora está viciada no Walking Dead

Gosto muito do Walking Dead. No geral, gosto muito de toda a ficção relacionada com zombies, por razões que já tive oportunidade de exprimir aqui. Porém, eu era a excepção lá por casa. A gaja não gostava nada deste género de histórias. Tremia só de pensar em zombies. Achava tudo grotesco. Não queria ver o Walking Dead porque aquilo era só mortos, sangue e violência. Ainda a quis chamar à atenção, dizendo-lhe que "não, a série não é só coisas boas. Também tem uma componente emotiva muito forte e explora as relações entre as principais personagens". Ela não acreditou.

Mas lá foi vendo um ou outro episódio. Virando a cara aqui e ali nas cenas mais gore, conseguia aguentar até ao final. E assim, como quem não quer a coisa, viu quase a segunda temporada toda. E quando começou a terceira, lá estava ela, a meu lado no sofá, à espera que o episódio arrancasse. Se o puto chorava no meio, ela ia lá, de dedo em riste, e lançava um "CHIU! Cala-te que eu estou a ver o Walking Dead". E regressava, rápida, para o seu lugar em frente ao televisor.

E hoje em dia, não quer outra coisa. Ela abdica das telenovelas da SIC e da TVI para ver o Walking Dead. Ela já vai à minha frente no acompanhamento da série, pois fiquei impossibilitado de ver os últimos dois episódios. Episódios que ela já viu! Ontem, no final da emissão, ficou chateada. "Oh, já acabou", disse ela. "Quero mais. Já!". Está tão agarrada áquilo... duvido que um agarrado do Casal Ventoso, na época de ouro desta localidade enquanto paraíso do agarradismo lisboeta, exibisse a quantidade de sinais de privação que exibe a minha gaja quando um episódio do Walking Dead chega ao seu término.

É isto que eu não percebo. Como pode uma pessoa que abominava um certo estado de coisas passar a sacralizar esse mesmo estado de coisas em tão pouco tempo? A gaja, que tão maldizia os zombies, agora parece um zombie a olhar para os zombies. Eu não quero nem pensar no que vai ocorrer daqui a duas semanas, quando der o último episódio desta terceira temporada e a série entrar em pausa. Temo pela saúde dela. E, sobretudo, pela minha.

Conclusão: criei um monstro. A aluna já supera o professor. Grão a grão, enche a galinha o papo. Ah, este último dito não tem nada a ver para o caso. Bem, não interessa. Vocês percebem-me. Nunca mais digo a ninguém para ver o Walking Dead...

quarta-feira, março 20, 2013

Papa Francisco vs. Justin Bieber

Vendo com atenção as imagens do concerto do Justin Bieber na passada semana em Portugal e comparando com as imagens do Vaticano desde que o Francisco foi entronizado Papa, tenho a dizer que:

  1. Os fãs do Justin Bieber são mais bem comportados do que os fãs do Francisco.
  2. Os fãs do Justin Bieber são menos barulhentos do que os fãs do Francisco.
  3. Os fãs do Justin Bieber têm uma argumentação mais racional do que os fãs do Francisco.
  4. Entre os fãs do Justin Bieber, há menos betos do que entre os fãs do Francisco.
  5. Tanto os pais dos fãs do Justin Bieber como os pais dos fãs do Francisco não têm medo de expor os filhos àqueles espectáculos degradantes.
  6. Os fãs do Justin Bieber correm menos riscos do que os fãs do Francisco, sobretudo se forem muito novinhos.
  7. O Justin Bieber canta melhor do que o Francisco. E é melhor compositor também. Só isto, a título de exemplo:

    Bieber:

    And I was like baby, baby, baby, oh
    Like baby, baby, baby, no
    Like baby, baby, baby, oh
    I thought you'd always be mine, mine

    Baby, baby, baby, oh
    Like baby, baby, baby, no
    Like baby, baby, baby, oh
    I thought you'd always be mine, mine


    Francisco:

    A vocação de custódia (...) é guardar a criação inteira, a beleza da criação, como vem no Livro do Génesis e como mostrou São Francisco de Assis é ter respeito por cada criatura de Deus e pelo ambiente em que vivemos. É guardar as pessoas, é ter atenção a todos, a cada pessoa, com amor, especialmente às crianças, aos velhos, aos que são mais frágeis e tantas vezes estão na periferia do nosso coração. (...) Não devemos ter medo da bondade nem da ternura

    Quer dizer, que raio de letra é esta?!? Isto, além de ser difícil de cantar num concerto, nem sequer obedece às regras da métrica...

terça-feira, março 19, 2013

Doem-me os ouvidos!

Estamos mal. Apanhei uma otite. E à conta disso, já são dois dias seguidos que passo sem ouvir música, e por música quero dizer a barbaridade de barulho a que se dá o nome de heavy metal, mais os seus subgéneros barbaramente barulhentos: black metal. Death metal. Thrash metal. Doom metal. Blackdeaththrashspeedgrindprogressivesludgepaganvikingbrutalavantgarde metal. Enfim, qualquer coisa do género. Dois dias seguidos, porra!!!! Estou a ficar louco. Louco! Se esta privação dura mais tempo, ainda cometo algum acto daqueles mesmo estúpidos. Vejo os filmes todos da saga Crepúsculo! Monto uma editora e peço ao Marcelo Rebelo de Sousa para escrever um livro baseado nos seus comentários para a TVI e publico-o! Converto-me à Cientologia! Tiro uma fotografia ao meu rabo e crio-lhe uma página no Facebook! Convoco uma manifestação de apoio ao Vítor Gaspar! Ponho salsa no leite matinal! Vou ao Vaticano e forro os frescos da Capela Sistina com papel de parede, e ainda ponho uma figura de cartão em tamanho real da Maya em cima do trono papal! Faço isto tudo e muito mais!!!!

Quero os meus ouvidos de volta...

sexta-feira, março 15, 2013

Mas o que é isto?! Piranhaconda?!?!

Há informação inútil que vem ter connosco de forma inesperada. Via televisão, jornais, amigos ou internet, coisas que nós não sabíamos existir e nas quais dificilmente pensaríamos deparam-se-nos com a força pungente da realidade. Um exemplo? Este: fiquei a conhecer que algum produtor maluco, uma espécie de génio maligno de Hollywood, achou que seria muito boa ideia investir num projecto chamado Piranhaconda...

E do que se trata? De um grupo de pessoas que é atacada por um animal metade búfalo e metade Miguel Relvas?! Não. Também não é assim tão terrível: o animal é metade piranha e metade anaconda. A película conta com a presença de Michael Madsen, um dos grandes canastrões do cinema, que só vai bem nos filmes do Tarantino, e de Rachel Hunter, ex-mulher de um dos grandes canastrões da indústria musica, que não ia bem em lado nenhum, Rod Stewart. A coisa tem aspecto de ser filme de série B, daqueles muita rascanhóves, e eu vou passar ao lado daquilo tal como o Manuel Luís Goucha passa ao lado de ser um apresentador sério, inteligente e heterossexual. Mas fica a referência: há um filme chamado Piranhaconda. Eu desconhecia-o até saber disso (duh!). E posso dizer que a minha vida não tornou a ser a mesma.

Já agora, aproveitando o filão, sugiro aos produtores do Piranhaconda filmes que joguem com conceitos como:

Uma equipa de antropólogos vai numa pesquisa a África e é atacada por um ser metade gorila, metade girafa. Filme? Girila!

Jogadores do Sporting vão de estágio até à Índia e são atacados não pelo Sunnil Chetri mas por um animal que é metade tigre e metade chamuça. Filme? Timuça!

Uma turma de adolescentes de 17 anos está muito bem num acampamento de verão quando de repente surge a ameaça de um bicho que é metade Sílvio Berlusconi e metade Justin Bieber. Filme? Biebeconi!

Enfim, as possibilidades são infinitas. Bom fim-de-semana e evitem ser atacados(as) por um Emplaco, um animal que é metade Emplastro e metade Cavaco. Olha, isto até dava para mais um filme...

quinta-feira, março 14, 2013

Sobre a eleição de um Papa argentino

o Mourinho já veio dizer que prefere o D. José Policarpo, porque é melhor e mais completo.

terça-feira, março 12, 2013

As primeiras palavras do meu filho

"Mamã", "papá", "cão", "oiá".

Portanto, não foi, apesar de tantas insistências da minha parte, "Wolfswinkel".

Estarei a falhar enquanto pai?!?!

segunda-feira, março 11, 2013

Receitas do Peter of Pan: Tofu e ovos mexidos

Mais uma receita publicada neste blogue, porque é meu e porque me apetece.

Tofu e ovos mexidos

Ingredientes:
Tofu (claro! Já se viu uma receita intitulada "Tofu e ovos mexidos" não ter tofu?!)
2 ovos (ver o item anterior)
1 ou 2 dentes de alho (dependendo do quão horrível querem ter o vosso hálito)
½ ou 1 cebola (ver o item anterior)
Azeitonas

1 Tomate
Salsa
Cogumelos
Milho
Sal
Pimenta
Azeite
Gotas de limão

Número de pessoas:
2

Preparação:

Com um garfo, esfarelar o tofu e deitar numa tigela. Mas esfarelar bem, não estejam cá com paneleirices. Dêem no tofu com força. Espatifem-no! Ele até gosta. Juntar sal, pimenta e umas gotas de limão. Reservar. Partir dois ovos para outra tigela. Mexer bem até a clara e a gema ficarem indistintamente misturadas. Reservar. Picar um dente de alho, uma cebola e um tomate. Atenção, não é dar uma ou duas facadas e pensar que isto equivale a picar. É picar mesmo, a sério. Estás a ler isto, Relvas? É que o comentário é sobretudo para ti.... Juntar esta treta toda à tigela do tofu. Envolver. Pegar em 5 ou 6 azeitonas, tirar os caroços e cortar finamente. Cortar finamente também os cogumelos. Picar salsa a gosto, como quem picasse o Godinho Lopes, e juntar tudo ao tofu. Acrescentar ainda milho. Envolver tudo outra vez. Se já estão fartos de envolver, o problema é vosso. Pior é ter de assistir às vitórias do Benfica e do Porto, enquanto o meu Sporting não fode nem sai de cima.
De seguida, untar uma frigideira com azeite. Levar ao lume. Quando a frigideira estiver quente, deitar o conteúdo da tigela do tofu. Ir mexendo. Adicionar os dois ovos. Envolver. Ir sempre mexendo até a coisa ficar com um aspecto mais ou menos comestível. Aqui chegado, é altura de empratar.
Pode servir-se com umas fatias de pão torrado.

E pronto, aqui ficou uma receita vegetariana, fácil e rápida de fazer, com diversidade quanto baste e amplamente saborosa. Lá em casa, todos gostaram, até o petiz.
 

sábado, março 09, 2013

Olha que afinal isto da religião se calhar é verdade

O conclave dos cardeais tem o seu início marcado para 12 de março, a próxima terça-feira. E hoje vieram notícias a dizer que o concerto de Justin Bieber também marcado para esse dia em Lisboa foi, afinal, cancelado.

Pronto, acho que isto é prova suficiente para mim. Deus existe. Afinal andei enganado todos estes anos. Agora só quero é saber em que raio de religião devo inscrever-me. Aceito sugestões...

sexta-feira, março 08, 2013

Da série: Deus não existe, mas castiga

O popó do "#$"$# do Liédson incendiou-se após um acidente...

Normalmente não sou daqueles de ficar satisfeito com os azares dos outros, mas neste caso... AHAHAHAHAAHAHAHAHAHAHA! Embrulha, meu pancrácio! Ficaste com o cu a arder, não ficaste?! Deves ter borrado o teu fatinho de treino com o cagaço, não foi?!?! Ontem nem o conseguiste levantar, aposto... Toma, mercenário! Lambão! Moutinho! Hipócrita! BUMMMMMM! Tiro no BMW! Vai brincar com carrinhos da Lego. Pede boleia ao Izmailov. Palhaço!...

Um bom fim-de-semana a todos.

quinta-feira, março 07, 2013

Confluência de interesses: Benfica e Paulo Portas

O Benfica vai abrir seis escolas na grande potência mundial da chamuça. E Paulo Portas foi para lá ajudar ao negócio. Não, não estou a aldrabar, está tudo aqui, e só não meto uma fotografia do Paulo Portas a exibir uma camisola do clube dos pardalitos personalizada com o seu próprio nome porque este blogue ainda possui uma réstea de bom gosto.

Eu confesso que gosto bastante desta aproximação do Portas ao Benfica. Ou do Benfica ao Portas, que se calhar é o mais certo (parece que ele gosta muito que se aproximem dele). Ter o Paulo Portas como simpatizante do meu Sporting é dos meus maiores desgostos enquanto adepto, bem maior do que estar à beira da descida de divisão. Ver o Portas, portanto, amiguinho dos passarinhos é, para mim, motivo de sorriso. Aliás, o que eu gostava mesmo de ver era o Portas a vestir de encarnado - ele que abomina a ideologia vermelha, diga-se de passagem. Se o Portas vestisse o equipamento das papoilas saltitantes, os jogos do Benfica seriam muito divertidos. Sobretudo se ele jogasse à baliza, com a fama que tem de deixar entrar tudo... era giro, ou não era?

Eu acho que era. Movimento Portas no Benfica, já!

quarta-feira, março 06, 2013

terça-feira, março 05, 2013

O Peter of Pan visita o ISCTE: breve crónica

Compromissos profissionais levaram-me a ter de ir ao ISCTE. Nunca tinha lá entrado, e é isso que me motiva a fazer esta crónica. Primeiras impressões? Instalações simpáticas, embora com uma arquitectura demasiado "norte-americanizada" para o meu gosto. Casas de banho imundas, como seria de se esperar numa universidade. Cantina simpática, com a opção vegetariana, como se exige, embora não tenha percebido a ausência de bebidas alcoólicas: separar estudantes universitários e álcool parece-me uma medida da maior gravidade, é como separar uma mãe dos seus filhos. 

Bom, mas aquilo de que quero mesmo falar é das pessoas. Preocupou-me não ver muitas gajas boas. Se o ISCTE é uma universidade mais virada para os pirilaus, não sei, mas foi isso que aparentou. Porém, ganhar-se-ia muito se as poucas gajas que lá andassem fossem jeitosas, e pela observação que pude fazer não o são. O rácio de pirilaus para gajas deve andar nos 70/30, e destes 30, o rácio de gajas boas para trambolhos anda nos 20/80. Espero que tenham percebido esta contabilidade, ou então chamem o Vítor Gaspar... e ficarão a perceber ainda menos.

Mas mais do que a franciscana presença de gajedo, o que me causou - devo dizê-lo nestes termos - repulsa foi o número de estudantes que se dirigiam para o ISCTE de fato e gravata! Achei chocante, achei desonesto, achei uma merda! Nunca tinha visto tantos estudantes de fato e gravata numa faculdade que não fosse a Católica ou a Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa. E não percebo o porquê: está bem que o ISCTE é, como o acrónimo designa, de Ciências do Trabalho e da Empresa (o que quer que esta gaita seja!...) mas tenho dificuldade em perceber, salvo se forem gestores multimilionários (o que desde logo levantaria a questão: o que é que estão então a fazer na universidade?!?), o porquê de simples estudantes andarem de fato e gravata.

Devo aqui fazer uma declaração de interesses: detesto fato e gravata. É uma indumentária que simboliza estatuto e hierarquia, logo um anarca como eu cospe, urina e defeca numa tal natureza. Fato e gravata são também usados por mafiosos e banqueiros (faço aqui a distinção entre uma e outra categorias apenas porque me apetece; em bom rigor, está para ser revelado cientificamente o que diferencia um mafioso de um banqueiro), o que é mais uma razão para eu passar para o outro lado da rua quando vejo alguém assim vestido vir na minha direcção.

Ora, dito isto, a opinião que eu tenho de um estudante, portanto, alguém que está a fazer o seu percurso enquanto pessoa-pessoa e enquanto pessoa-utilitário, a opinião, dizia, que faço de um estudante vestido de fato e gravata é a de um cabrãozinho armado ao pingarelho. Ainda me lembro da primeira vez que vi um estudante de fato e gravata na universidade onde me licenciei: atirei-lhe com uma tradução francesa da Metafísica do Aristóteles ao peito, só para distrai-lo, e depois espetei-lhe meia dúzia de socos na tromba, puxei-lhe a gravata até ele ficar a suplicar por ar e arrastei-o, qual Aquiles arrastando Heitor, pelos corredores da faculdade, emporcando aquele fato de beto. Se gente por perto houvesse, teria certamente sido aplaudido.

A idade, porém, trouxe-me fleuma, e já não executo estes actos de evidente justiça. Mas que ainda me choca ver um estudante de fato e gravata, ai isso choca. E chocou-me ver tantos no ISCTE. Se não voltar lá nunca mais na vida, não perderei nada com isso. E termino com esta frase, que contém quatro negativas. Espectáculo. É uma frase com tanto estilo que deveria vir de fato e gravata.