quinta-feira, janeiro 30, 2014

O que redime o gajedo

Diálogo escutado por aí:

Um gajo qualquer: Vocês mulheres são o mal absoluto. Bem tinha razão o Hesíodo quando falou do mito da caixa de Pandora. O mal no seu estado mais puro é a mulher.

Uma gaja qualquer: Pode até ser, mas nós temos mamas e vocês não!


Ora, eu não posso deixar de concordar com a resposta da gaja. Atenção, também estou inclinado a concordar com a posição do gajo: as mulheres são más, cruéis, vis. Mas salvam a pele porque vêm equipadas com essa coisa maravilhosa a que damos o nome de seios.

E agora argumento com um bocadinho de teodiceia, mas em versão secular e badalhoca: tenho a absoluta certeza de que seríamos todos muito mais infelizes caso não existisse mal, mas também não existissem mamocas. Eu, pelo menos, sê-lo-ia. Com o mal posso eu muito bem, mas não consigo sequer imaginar como seria a vida sem glândulas mamárias da fêmea humana. E perguntem a um estudante qualquer de engenharia informática, que não vê mamas a não ser quando joga Lara Croft, se eu não tenho razão!

É tudo uma questão de pesarmos, como se se fizesse um cálculo utilitarista, o grau de infelicidade causado pelo mal inerente às mulheres, com o grau de felicidade causado pelas mamas pertencentes às mulheres. Não é preciso ser-se um prémio Nobel nem um quadro superior da Goldman Sachs para perceber que os valores do segundo item superariam, em muito, os valores do primeiro item. E, assim, se a mesma coisa fecunda o mal mas ao mesmo tempo é fonte de um bem supremo, devemos perdoar essa coisa.

Porque mamas, eis o porquê!

quarta-feira, janeiro 29, 2014

O bom e o mau da mesmíssima coisa

O bom. Disseram-me isto: "estás muito bem conservado, não pareces ter nada a idade que tens".

O mau. Quem o disse foi um homem.

terça-feira, janeiro 28, 2014

Quando o nosso cabelo faz tudo aquilo que não queremos que ele faça


O meu cabelo é um rebelde. Um anti-sistema. E faz questão de me mostrar isso! Aqui há coisa de dias, acordei com o aspecto de um semi-Wolverine: tinha o cabelo levantado como o do Wolverine (ver imagem acima), mas só de um dos lados (daí o "semi"), o que além de estúpido é um sinal claro de provocação. Tentei de tudo para contrariar o cabelo: lavá-lo, penteá-lo, bater-lhe com um tacho, chamar-lhe nomes... e ele manteve-se irredutível naquela posição! Passadas três horas, desisti e fui trabalhar.

E é isto: o meu cabelo vence-me na guerra de vontades. Eu já desconfiava desde o momento em que ele começou a abandonar-me, deixando-me mais e mais careca. Por muito que eu suplique para que fique e não se vá embora, o meu cabelo tem desejos que não estou apto a compreender, e sai de mim para ir sabe-se lá onde. Talvez vá para os copos, talvez vá para o engate, talvez vá fazer street racing. Não sei. Só sei que não consigo fazer nada dele. Mas ele faz o que quer de mim.

quinta-feira, janeiro 23, 2014

Não percebo a animação infantil




O meu filho gosta muito do Pocoyo. Já eu não percebo nada daquilo. Um bonequinho antropomórfico de fato-de-treino azul relaciona-se com um pato, uma elefanta cor-de-rosa (grandes brocas fumaram aqueles ilustradores, parece-me), uma cadela e um passaroco azul. E o que faz o Rocócó?! Anda e salta de um lado para o outro, agita-se, vai atrás dos bichos, eu sei lá! E o meu puto ri-se. E eu sem compreender nada destes bonecos, pergunto-lhe "Filho, gostas de ver o Mocotó?". Ele nem responde, fascinado pelo que o televisor exibe. Não satisfeito pela minha ignorância, tenho ido consultar a Crítica da Razão Pura a ver se encontro alguma referência ao Balacó. Mas nem na secção sobre a apercepção transcendental descubro a mínima opinião do Kant sobre estes bonecos, o que só demonstra como o idealismo alemão é pateta.

No episódio de ontem, o bico do pato girou em 360º, coisa que Newton ou Einstein dificilmente julgariam possível. Tentando trazer o meu petiz para o mundo real, avisei que os bicos dos patos não se movem assim, mas uma vez mais ele não me ligou nenhuma. Ainda perdoo que a elefanta se mova sobre duas patas (bastaria que a evolução tivesse decorrido de maneira um poucochinho diferente para termos elefantes bípedes), agora bicos giratórios, isso, parafraseando o treinador do Benfica, nem que os patos nascessem 10 vezes.

Juro-vos que o Renhónhónhó me anda a dar cabo da cabeça...

quarta-feira, janeiro 22, 2014

Novos critérios para a classificação dos clubes nos campeonatos nacionais precisam-se

Segundo nos diz a classificação do campeonato nacional, há uma equipa com uma vantagem de dois pontos sobre o segundo classificado, e são esses dois míseros pontos que colocam essa equipa no primeiro lugar.

Eu protesto contra este sistema altamente discriminatório que assenta na hierarquização por intermédio dos pontos conquistados. Classificar equipas por causa dos pontos é uma coisa tão demodé, tão século XX... outros critérios são necessários, critérios mais justos e simpáticos.

Por exemplo: por que não passar a atribuir o primeiro lugar à equipa que mais golos tem marcados? Ou à equipa que menos golos tem sofridos? Ou à equipa que melhor futebol pratica? A adopção destes critérios faria com que, em alguns casos, três equipas ficassem ex-aequo em primeiro lugar (um 1º lugar para a equipa que mais golos marcasse, um 1º lugar para a equipa que menos golo sofresse, um 1º lugar para a equipa com futebol mais bonito). Noutros casos, faria com que o mesmo clube pudesse acumular vários primeiros lugares, o que também seria giro. É o caso do nosso campeonato, onde - se esses critérios fossem levados a sério - o clube com mais golos marcados, menos sofridos e a praticar melhor futebol é o mesmo, o Sporting.

Se houvesse uma revisão dos critérios, teríamos um campeonato mais competitivo e justo. E um primeiro classificado mais bonito e com classe. Dêem-me boas razões para se apurarem os primeiros lugares por causa dos pontos, e não por causa dos critérios que apontei! Não há nenhuma!

Abaixo a tirania dos pontos. Avante com outros métodos de classificação.

Pensem nisto.

segunda-feira, janeiro 20, 2014

Mais ideias para referendos

Ideia para referendo #1:
Referendar o heliocentrismo

Pergunta nº 1: "Concorda que o Sol possa afectar gravitacionalmente os astros que estão na sua proximidade?"

Pergunta nº 2: "Concorda com o movimento de translação da Terra?"

Que isto siga para votação no parlamento.

terça-feira, janeiro 07, 2014

Futebol zombie

No dia da morte do Eusébio, bateu-me uma ideia brilhante, uma daquelas tão geniais que só podia mesmo ser originada na minha massa cinzenta. Essa ideia era juntar grandes jogadores do passado que entretanto tinham falecido (Eusébio, Garrincha, Yashin, Best...), transformá-los em zombies, pô-los num campo da bola e, assim, dar o pontapé de saída no primeiro jogo de futebol para zombies.

Eu sei, eu sei... é mesmo genial isto.

Todavia, toda a gente a quem falo na ideia parece ter uma opinião diferente. Olham para mim de lado. Fazem "não" com a cabeça. Dizem "tss, tss" e deixam-me sozinho. E atiram um "E se deixasses de ser parvo?" quando se vão embora.

E estas são só as reacções da minha mulher!

Estou careca de saber (e escrevo "careca" no sentido literal do termo...) que as ideias mais revolucionárias da história não começaram por ser bem aceites. Tudo aquilo que constitui novidade assume carácter de estranheza. E é isso o que se passa com a minha fabulosa ideia de um futebol zombie (atenção: nada a ver com as recentes prestações da equipa do Benfica. Eu aqui falo de zombies a sério, não de jogadores que apenas se parecem com zombies).

Tenho tanta confiança neste meu achado que estou certo um dia ainda se irá fazer um campeonato mundial de futebol para zombies. E depois não venham cá dar-me pancadinhas nas costas! Nem quando esta minha ideia for adaptada para o cinema de Hollywood, apesar da minha resistência, que soçobrará aos argumentos da minha gaja, tipo este:

Ela: então querem pôr em filme aquela tua ideia parva dos futebolistas zombies a jogarem à bola?
Eu: sim, mas vou dizer-lhes não. É um estúdio de Hollywood, e tu sabes o que penso dos americanos.
Ela: ah, só que vais dizer que sim.
Eu: não, não vou.
Ela: vais sim, porque isso significa dinheiro a chegar e assim podes comprar-me aquele colar que eu há muito ando a namorar.
Eu: é que nem penses!
Ela: se dizes não a Hollywood, eu vou dar uma entrevista à Cristina Ferreira onde digo que tens o pénis pequeno.
Eu: mas o meu pénis não é pequeno!
Ela: pois não. É enorme. Gigantesco! Mas em quem achas que os espectadores da Cristina vão acreditar?!?
Eu:... está bem, eu assino o raio do contrato.

E também não venham cá fazer-me homenagens e dar o meu nome a ruas e o caraças depois que a adaptação em filme do futebol zombie ganhe dezenas de Óscares na cerimónia de 2017 para a qual eu e a minha esposa seremos convidados, apesar da minha resistência, que soçobrará aos argumentos dela, tipo este: 

Ela: ihhhh, recebemos um convite para a cerimónia dos Óscares, que fixe, sempre foi o meu sonho.
Eu: sim, mas eu não vou.
Ela: tu o quê?
Eu: não vou. Sabes perfeitamente o que eu penso dos americanos.
Ela: ah, mas é que vais mesmo. Eu quero que toda a gente me veja com o meu vestido ultra fashion da casa Armani e que ao meu lado vai o homem que teve aquela ideia estúpida que tu tiveste dos zombies e da bola e coiso!
Eu: mas é que nunca na minha vida!
Ela: se tu não vais, eu juro que digo a todos os microfones que me entrevistarem na passadeira vermelha que és péssimo a fazer amor.
Eu: mas eu sou bom a fazer amor!
Ela: pois és. És óptimo. O maior! Mas em quem achas que os milhões de espectadores que seguirão a cerimónia em directo vão acreditar?
Eu:...fosga-se, vai lá preparar o caraças do teu vestido...

Quando tudo isto tiver acontecido, lembrem-se de que comecei por ser vilipendiado e vulgarizado.