quinta-feira, outubro 28, 2010

Se o governo não quer negociar com o PSD, talvez queira negociar comigo

Antes de mais, cabe-me pedir desculpas pela minha ausência ontem. Não tive tempo e não tive internet. Peço também desculpas por não poder concluir aquela narrativa digna de um Nobel da Física: "E se eu tivesse seguido uma carreira musical?". Fica para outra altura; afinal, necessidades mais prementes colocam-se diante de nós. A minha pança, por exemplo: o que hei-de fazer com a minha pança, que, tal como o défice do país, começa a assumir proporções insustentáveis? A roupa já me começa a ficar curta, e não é por eu estar mais crescido. Tenho o mesmo tamanho de sempre, a minha pança é que não...

Outra necessidade premente, embora não tão premente quanto solucionar o meu problema barrigudo, é saber que rumo dar ao país. E o país, já se sabe, não terá rumo sem orçamento, e o orçamento, já se sabe, anda naquela onda do vai-não-vai. Ontem, governo e PSD suspenderam as negociações; aparentemente, o Teixeira dos Santos não aceitou as condições do Catroga. Sendo assim, está na hora de se apresentar um plano C, e está na hora também de eu, cidadão exemplar que sou, mostrá-lo ao governo (detalhe: este "mostrá-lo" refere-se ao plano C. É bom que isto esteja claro, não tenham vocês ficado com outras ideias...). Eis algumas das propostas que vou colocar em cima da mesa numa reunião que tenho marcada com a equipa do governo mais logo às 3 da madrugada:

  • Isenção de IRS e produtos com IVA a 5% a quem revelar ser do Sporting. Alguns produtos, como é o caso de dvds pornográficos, terão mesmo IVA a 0%. [E, se tudo correr bem nas negociações, como eu prevejo que corra - aliás, por algum motivo levo enfiada uma bazuca nas calças - tentarei até que o Teixeira dos Santos ceda a uma proposta mais arrojada, que é: qualquer sportinguista que compre dvds porno terá de receber 1% sobre o valor acrescentado. Parece-me bonito...]

  • Pode-se ir para diante com a porcaria do TGV desde que, na viagem inaugural, o comboio não tenha travões e que lá dentro estejam o José Sócrates, o Almeida Santos, o Mário Soares, o Pedro Silva Pereira, a Maria de Lurdes Rodrigues (deves estar a pensar que nos esquecemos de ti, deves...), o Jorge Coelho, o Armando Vara e outras vacas e bois socialistas (da treta).

  • Redução drástica do salário pago aos deputados. Se possível, redução drástica do número de deputados. Em boa verdade, numa desconstrução da lei da paridade, o objectivo é alcançar um número de deputados igual a zero. Só ficarão no plenário as deputadas, e destas, só as jeitosas (o que se pouparia, pá!!!!). Não escondo que há por trás desta medida uma motivação ideológica, pois só a Esquerda é que tem deputadas giras. Encontrar uma deputada da Direita que não se assemelhe à digestão de um búfalo africano é tarefa quase tão complicada quanto encontrar sentido de Estado nos cabelos do David Luiz! Bem, a Teresa Caeiro pode ficar, desde que consiga arranjar uma maneira de rejuvenescer uns 20 anos. E a Assunção Cristas também, caso consiga fazer uma operação de mudança de sexo que a transforme definitivamente em mulher.

  • Privatização da RTP. Sem "mas" ou "ses". É privatizar aquele leviatã e mais nada! E colocava-se lá pelo meio uma cláusula a dizer que profissionais como a Judite de Sousa, o José Rodrigues dos Santos e o Luís Freitas Lobo não poderiam voltar a ser reintegrados numa RTP privada. Assim, com uma cajadada matava-se três coelhos: a RTP deixava de dar despesa ao Estado, o Estado ganhava alguns milhõezitos com a venda do canal, e o canal ficaria com melhor qualidade ao livrar-se daqueles três arraçados de mitocôndria.
Que vos parece? Parece-vos bem?! Se tiverem mais alguma coisa que gostariam de ver acrescentada, botem na caixa de comentários. Mas nunca depois das 2h30 da madrugada: é que não se esqueçam que às três vou estar com o cabeça branca...

terça-feira, outubro 26, 2010

E se eu tivesse seguido uma carreira musical? - Parte I: Ascensão

Estão a ver aquela teoria do Edward Lorenz, o "efeito borboleta"? Aquela coisa que diz que, se uma borboleta bater as asas na Europa, poderá provocar um terremoto na Indonésia? No fundo, isto significa que algo aparentemente insignificante pode levar a consequências inimagináveis; uma modificaçãozinha de nada no estado de coisas pode muito bem virá-lo de cabeça para baixo.

Na sequência do post de ontem, tinha-vos prometido fazer um exercício de suposição: o que aconteceria se eu me tivesse rendido à minha paixão pela música e decidisse fazer disso vida? Estaria eu aqui? Ou noutro sítio qualquer? Seria a mesma pessoa? Ou outra completamente diferente? E a realidade à minha volta? Manter-se-ia igual? Ou, pelo contrário, também ela se alteraria, e se sim, isso quer dizer que o Sporting se tornaria num clube vencedor?! Por outras palavras, poderia eu ser como a borboleta do Lorenz (sem paneleirices, ok?!?!) e provocar uma completa alteração do mundo?

Bom, duvido que certas coisas mudassem: eu continuaria a gostar de mamas. E de música, claro. Mas parece-me que a minha vida dificilmente seria a mesma... vejamos como.

Aos 13 anos, se em vez de ir para casa ver Os Soldados da Fortuna, tivesse optado por entrar naquela escola de música que abrira há pouco tempo no meu bairro, a minha vida seria dedicada em exclusivo à música. Optaria pela guitarra (what else?!) e a minha dedicação depressa me levaria ao domínio completo do instrumento (what else?!). Com 15 anos, abandonaria a escola (a de música e a outra...), convencido de que nada mais lá poderia aprender.

Passado pouco tempo, espalharia anúncios pela cidade: "Jovem prodígio da guitarra procura vocalista, baixista e baterista para formar banda mesmo muita fixe. Idades entre os 14 e os 17 anos. Dá-se prioridade a quem seja do Sporting. Se forem maricas, não faz mal, desde que não tentem ir-me ao pacote durante os ensaios". Em poucas semanas, a banda estaria composta: eu na guitarra solo, o Miguel (alcunha: Mastruço) na voz e segunda guitarra, o Paulito (alcunha: Cagão) no baixo e o Toni (alcunha: Evereste) na bateria. Depressa surgiriam as primeiras discussões: que nome daríamos à banda? E as composições seriam em inglês ou português?! Após várias horas de altercações, que incluiriam combates físicos, a minha vontade prevaleceria: cantaríamos em Latim e a banda chamar-se-ia Maximus Sumus.

Não demoraria muito até alugarmos uma garagem para os ensaios. A química da banda é perfeita e em poucos meses temos material suficiente para darmos concertos e gravarmos um álbum. Começa a haver algum burburinho sobre nós: somos considerados a grande promessa musical de Santo António dos Cavaleiros, embora residamos em Caneças! Somos convidados para actuar numa escola secundária e finalmente o grande dia do primeiro concerto chega. E o mesmo é um sucesso: as nossas canções e atitude levam o público ao delírio. No fim de um dos meus solos, alguém grita: "Vocês vão ser mais famosos do que o Moisés", o que provoca algum desconforto num judeu, que responde "O Moisés separou as águas do mar Vermelho e tirou o povo israelita do jugo egípcio. Estes tipos nem sabem mijar de pé". Os ânimos exaltam-se e há porrada da grossa, o que só ajuda a melhorar o concerto.

Poucos dias depois, um A&R de uma editora entra em contacto connosco. Pede-nos para entrarmos em estúdio o mais rapidamente possível. Assinamos um contrato, com o próprio sangue, e eu gasto a minha parte toda em álcool, putas e bilhetes para a época do Sporting. Em duas semanas, gravamos aquele que será o nosso primeiro álbum: Fornicare Vos. É feita uma primeira prensagem de 20000 cópias, que vendem como pãezinhos quentes: estamos nos tops, nas capas das revistas, nos artigos dos jornais. Os críticos consideram-nos a grande esperança da música portuguesa cantada em Latim. Gravamos vídeos para três singles: Nix Caeser onanistii est, Phallus meos e Lucernas mortem. Esta última acaba mesmo por ser adoptada como cântico da Juve Leo. Agraciam-nos com 5 discos de platina e, mais importante, o nosso disco é editado internacionalmente. Depois de uma tournée nacional, que teve o seu ponto mais alto num concerto esgotadíssimo no Estádio de Alvalade, embarcamos numa tour europeia. Em cada país, em cada sala de espectáculos, somos recebidos como verdadeiras estrelas. Começamos a habituar-nos à vida de sex, drugs & rock'n'roll.

Aos 17 anos, apanho a minha primeira overdose: após um espectáculo magnífico em Viena, uma empregada de hotel encontra-me todo nu, inconsciente e espumando da boca. Sou levado para o hospital e lá recupero, acabando por ter sexo com duas enfermeiras fãs dos Maximus Sumus. De volta a Portugal, a editora paga-me uma estadia num solar em Ponte de Lima, onde é suposto desintoxicar-me, mas eu aproveito o tempo todo para ter sexo em grupo e experimentar novas drogas. O Mastruço, o Cagão e o Evereste juntam-se a mim e passamos cerca de 10 meses naquilo. Nos intervalos das quecas e do consumo de estupefacientes, aproveitamos para delinear aquele que virá a ser o nosso segundo disco.

O novo material satisfaz-nos e regressamos ao estúdio. Embora surjam conflitos com o produtor, as canções soam bem e em três semanas e meia completamos o novo trabalho: Dolor Penile. O disco é um estrondo, superando largamente as cifras de venda do primeiro álbum. Até os EUA se rendem aos Maximus Sumus. Público e crítica são unânimes nos elogios. Somos capa na Guitar World, na Rolling Stone, no NME e a Time declara-me a pessoa mais importante do mundo de sempre. Depois de uma tournée portuguesa e de outra europeia, ambas muito bem sucedidas, somos convidados para uma tournée nos States, mas eu digo não, por razões de anti-americanismo, o que muito enfurece os meus companheiros de banda e o pessoal da editora. Curiosamente, o público americano passa a adorar-me ainda mais. A Kim Basinger e a Sharon Stone [não se esqueçam que ainda estamos na minha adolescência, e na minha adolescência estas duas senhoras eram os grandes ícones sexuais norte-americanos] prometem ter sexo comigo caso os Maximus Sumus toquem nos EUA, porém eu continuo a fazer finca-pé e enrolo-me com a Samantha Fox durante 15 dias seguidos após um concerto dado em Londres! Também nesta cidade, um braço de uma guitarra que parti num concerto em Bruxelas é vendido num leilão da Christie's pela astronómica quantia de £250.000.000.000.000.000.000, um recorde absoluto! Estou no zénite da minha fama!

Amanhã, se me apetecer, não percam a segunda parte deste épico hipotético.

segunda-feira, outubro 25, 2010

O que a música fez por mim

"Sem música, a vida seria um erro", escreveu Nietzsche. Esta frase é, aliás, uma das mais reproduzidas da história da humanidade, só perdendo talvez para o "Porreiro, pá" que, ao contrário do que o leigo crê, não foi inventada por Sócrates, o José, mas sim por Alexandre, o Grande, no momento em que era enrabado no cu por um dos seus generais numa festa dada pelo exército macedónio após a tomada da Pérsia. Atenção: lá por eu ter grafado "enrabado no cu" não quer dizer que cometi uma redundância: pode-se, efectivamente, ser enrabado noutros topoi anatómicos, mas vou abster-me de explicar. Procurem na internet, lá deve haver imagens.

A repetibilidade quase ad nauseam, contudo, não afecta minimamente o alcance da nietzscheana citação. Nietzsche tinha razão, revelando que, por detrás da loucura óbvia, e que se mostrava somaticamente naqueles bigodes, o filósofo era bastante lúcido. Aposto até que era um sportinguista avant la lettre... a bigodagem à benfiquista destinava-se apenas a enganar os néscios e incautos. E a prova está em que nunca viram o Nietzsche com um garrafão de tintol ao lado e envergando uma t-shirt de alças que invariavelmente está curta e deixa revelar o mastodôntico barrigão de cerveja. Portanto, o Nietzsche nunca podia ser lampião.

E a música? A música é, daquelas coisas que não são mamas nem golos do Liédson, a melhor coisa da vida, sem dúvida. O que seria de nós sem música, pergunto eu? Mais importante: o que seria de mim sem música? Mais importante ainda: o que seria de vocês sem mim?

A esta última questão eu não posso responder, só vocês, mas à "o que seria de mim sem música", a essa posso dar uma resposta, sim. E é esta: muito provavelmente, levando em consideração a pipa de massa que já gastei em cds, concertos e material diverso, eu seria hoje um milionário, mas em compensação, também muito provavelmente, teria uma vida muito menos interessante.

Isto porque a música - como Nietzsche poderia muito bem ter acrescentado - está para a vida como o cu da Beyonce está para os seus videoclipes: a canção pode não valer nada, também não percebemos por que estão ali uns pretos a abanar-se, mas aquele cu faz com que nos apeteça ver o clipe até ao fim. (Desconfio que, ao comparar música e traseiros femininos, estou a ser um pioneiro. Pelo menos, o meu discurso é mais interessante do que o do Vitorino d'Almeida) Já tive momentos da minha vida em que a canção não valia nada, e também não percebia por que se abanavam os pretos (atenção, esta merda não é para ser interpretada literalmente. Eu estou a falar por imagens, pá! Experimentem acusar-me de racista e ponho-vos o Mantorras à perna! Isto se ele ainda conseguir andar...), mas com o cu da Beyonce à minha frente eu sentia-me capaz de tudo (gaja, este parêntese é para ti: esta merda também não é para ser interpretada literalmente. Lembra-te que eu, quando falo do cu da Beyonce, estou na verdade a falar da música. Espero que nunca te esqueças disto: doravante, sempre que eu me referir ao cu daquela tipa, é de outra coisa que estou a falar e portanto escusas de ir buscar a serra eléctrica).

É isto o que a música tem feito por mim: sim, faz com que tenha pouquíssimo dinheiro nos bolsos, mas, em compensação - e é principalmente aqui que a comparação música e cu da Beyonce faz todo o sentido - tem-me dado tesão pela vida. Desconheço o que esta me trará no futuro, mas desde que haja guitarras a guinchar, estarei bem, muito provavelmente a praticar a arte do mosh bem próximo de vocês.

Amanhã, se eu me sentir com vontade, não percam um post relacionado: o que aconteceria se eu tivesse escolhido uma carreira musical?

sexta-feira, outubro 22, 2010

Sequinha para degustarem durante o vosso fim-de-semana

Era um cozinheiro tão, mas tão exagerado: gabava-se que o seu arroz não era malandrinho, era serial-killer.

Se acharam esta mesmo muito seca, é porque faltava um bocadinho mais de água ao arroz...

Bom fim-de-semana!

quinta-feira, outubro 21, 2010

Desabafos peterofpanianos

Gosto muito de ser peludo. A sério, gosto. Sei que tal vai ao arrepio das tendências actuais da sociedade, mas eu ainda associo pêlos a macheza e virilidade. E eu, quando acabo de sair do banho e me olho ao espelho, vendo pequenas gotas luzindo por entre os meus belos pêlos do peito, sinto-me mais macho e mais viril. E sei que os olhares femininos se voltam para mim quando estou na praia, na piscina, ou numa paragem de autocarro.

Sim, eu gosto de estar seminu nas paragens de autocarro. Não me perguntem porquê, mas sempre foi assim: quando vejo uma, dispo-me. E se estiver alguma velhota no banquinho, aguardando pelo autocarro que nunca mais chega, sento-me junto dela e começo a meter conversa, tipo "Bom dia, minha senhora. O 726 que vai para a Pontinha já passou? Está um belo dia, não está? A minha avó tinha um saco de compras como esse seu! Já viu os meus pêlos das costas?! São bonitos, não são?!", e coisas afins. Claro que mais ou menos a meio da minha conversa, o normal é as velhotas terem um ataque cardíaco, mas não faz mal. Dá até uma certa animação à zona...

Bom, disperso-me. É o que acontece sempre que começo a falar da minha pilosidade. É um assunto que me entusiasma deveras, confesso... como tal, os meus devaneios devem ser perdoados. Tal como devo ser perdoado por ter gigabytes e mais gigabytes de ficheiros JPEG com imagens dos meus pêlos, e que me divirto a enviar, por e-mail, à Judite de Sousa (eu, muito sinceramente, julgo que ela reencaminha as imagens posteriormente para o Fernando Seara. Que, depois, as manda para o Pedro Passos Coelho, e isso explica a posição do PSD face ao OE para 2011. Como, não sei, mas explica!).

Bom, disperso-me novamente. Já chega, é melhor ir directo ao assunto, sem passar pela casa de partida e levantar os dois mil pêlos. Eu disse pêlos? Sim, disse. E era mesmo o que eu queria dizer: eu tenho tantos que nunca jogo ao Monopoly com dinheiro de papel, antes arranco um tufo deles da barriga e uso isso como moeda de troca para comprar propriedades e pagar dívidas. Ah, se eu pudesse depositar pêlos na Caixa Geral de Depósitos... passava a viver dos juros! Se bem que... o que funcionará como juros de pêlos humanos? Cotão do umbigo?!?! Fungo dos dedos dos pés?!?!

Mau, e não é que continuo a dispersar-me?! Pronto, agora é que é, vou desabafar o que tinha para desabafar desde o início. Gosto muito dos meus pêlos, sinto-me muito macho e viril, tipo 8 na escala de Tony Ramos, mas não gosto de ver um ou outro pêlo a aparecer-me na orelha. Não gosto, pronto, é o único sítio onde não aprecio ter lanugem, não acho estético, até acho muito desagradável, que bizarrice, ter um ou dois pêlos espreitando cá para fora, às vezes aquilo até dá comichão, e custa ter de ir lá com a pinça e zás, arrancá-los a frio. Eu podia optar por fazer depilação às orelhas, mas um homem que faz depilação é, no mínimo, um metrossexual, e daqui para a paneleirice vai um passo pequeno, demasiado pequeno. Há até quem defenda que na realidade não existe qualquer distinção entre ser metro e homossexual, mas pronto, vamos deixar a metafísica profunda de lado por hoje, ok? A mensagem que quero sublinhar é simplesmente esta: os pêlos no corpo satisfazem-me, mas nas orelhas incomodam-me. E adoraria muito ter uma solução para isto, mas não tenho!

Pronto, foi este o meu desabafo. Espero que tenham gostado.

quarta-feira, outubro 20, 2010

Os portugueses e as ciclovias


Que os portugueses são gente não muito boa das ideias, já todos deveriam saber. Afinal, trata-se de um povo que tem uma percentagem de benfiquistas na ordem dos 60%! Isto diz tudo!! Os portugueses são um exemplo acabado da estupidez humana: qual lei de Murphy da estultícia, podemos sempre confiar em que, se um português pode fazer uma coisa estúpida, então fará uma coisa estúpida!

A prova tive-a ontem: sabem que há umas coisas em Lisboa que dão pelo nome de ciclovias, certo?!? Bom, se não sabem, a imagem que gamei da net e coloquei acima ilustra aquilo de que falo. As ciclovias, como o próprio nome de resto deixa antever, foram criadas com o propósito de estimular e ajudar a deslocação de cidadãos através de bicicletas. Mal comparado, as ciclovias estão para as bicicletas assim como as estradas estão para os veículos motorizados e os passeios para os pedestres. Mal comparado, disse eu?!!? Não: bem comparado, porque é precisamente disso que se trata: as ciclovias são para as bicicletas, ponto final.

No entanto, o que se vê nas ciclovias? Eu acho que nunca vi uma bicicleta numa ciclovia. Já vi carros estacionados, motas, mas não bicicletas. E o que eu vejo mais nas ciclovias revela bem o grau de estupidez do portuga médio: pedestres! Sim, pedestres. Um português pode ter de um lado a estrada mais movimentada do mundo, do outro lado o passeio, local seguro onde pode caminhar, excepto se vier um benfiquista bêbedo desgovernado que leve tudo pela frente, e no meio - portanto, a confundir-se com a estrada - uma ciclovia, e por onde vai o português, hmmm?!? Pelo passeio?!?! Não: o português gosta de ser estúpido e mete-se a caminhar pela ciclovia, mesmo juntinho à estrada, sendo roçado pelos automóveis que passam a grande velocidade.

Basta andarem uns minutos por Lisboa para perceberem que é mesmo assim como eu digo. Os tugas, se confrontados com uma ciclovia e um passeio, optam por caminhar na ciclovia, independentemente dos riscos que tal acarreta. Por que o fazem, não sei, mas só me vêm à cabeça três hipóteses:

a) Os portugueses, quando vêem algo pintado de vermelho no chão, não resistem a pisá-lo. Caminhar por um chão vermelho é um sucedâneo de caminhar pela passadeira vermelha, e assim os portugueses, quando o fazem, sentem-se mais importantes, mesmo que se arrisquem a apanhar com uma carrinha de transporte de mercadorias pela peida acima.

b) Os portugueses são um povo destemido, temerário, galhardo, e andar por uma ciclovia mesmo à beirinha de estradas movimentadas é o equivalente, nos nossos dias, a desbravar os mares e enfrentar os oceanos para dar novos mundos ao mundo.

c) Os portugueses são simplesmente estúpidos.

Qual vocês acham que é a resposta mais provável?!?

Até amanhã.

terça-feira, outubro 19, 2010

Há livros e pessoas que, antes de lhes pegarmos, sabemos logo que vão ser bons



Estou com isto em mãos, e em boa hora. Quando o comprei, já sabia que ia ser um bom livro (afinal, Dennis McShade não é senão o pseudónimo de Dinis Machado (RIP), essa fera que deu a lume O Que Diz Molero, uma das melhores coisas que já se publicaram em língua portuguesa). Li cerca de 30 páginas no comboio e o que posso dizer? Se antes de o ler pensava que o livro era óptimo, a verdade é que, agora que o leio, ele é ainda melhor! É daquelas coisas que não enganam: um romance policial com uma personagem que está para os assassinos a soldo como o Hannibal Lecter está para os serial killers não pode senão ser bom. E depois há aquele humor negro, os diálogos e os monólogos que Maynard, o tal assassino a soldo, tem consigo mesmo. E há ainda aquilo a que o Hitchock chamaria de McGuffin, ou seja, o que põe a história a andar: um idoso magnata contrata Maynard para se vingar dos tipos que, anos atrás, lhe violaram a filha. Tudo isto significa que o livro é um must read para qualquer pessoa, mesmo que não vá muito à bola com os romances policiais.

Também as pessoas são um pouco assim. Há pessoas com quem simpatizamos logo, ou não, mesmo antes de "pegarmos" nelas. (ó seus badalhocos, não é a esse sentido de "pegar" que me refiro. Que mente mais ajavardada, a vossa. Já agora, só por curiosidade científica, esse "pegar" em que vocês estão a pensar inclui um Dirty Sanchez, não inclui?!?! Vocês são mesmo incorrigíveis, pá!) Por exemplo, ainda antes do Teixeira dos Santos pegar na pasta das Finanças, eu já sabia que aquilo ia correr mal - e está aqui a prova num post meu de 2005! E ainda antes de "pegar" na minha gaja (atenção: nesta frase, o "pegar" já é para ser entendido num sentido badalhoco. Mas não, não fazemos Dirty Sanchez, vocês estão parvos ou quê?!?!), eu já sabia que a gaja era uma boa gaja. Eu tenho olho para estas coisas, pá...

...sim, é verdade que somos muito diferentes, eu e a gaja. Mas e daí? Também não tenho nada a ver com o Maynard do Dinis Machado, nem com o Hannibal Lecter, e gosto deles. Também gosto muito de pão pita recheado com alface, tomate, cebola, alho, rabanete, milho, pepino, cenoura e tenho a certeza que nada tenho em comum com um pão pita recheado com alface, tomate, cebola, alho, rabanete, milho, pepino e cenoura. O que importa é isto: suceda o que suceder, apareçam crises e mais crises, cenas maradas e mais cenas maradas, eu tenho a certeza - porque, lá está, há coisas que já sabemos de antemão - que a vida irá correr bem e desenrolar-se escorreitamente... tal como as páginas de um bom livro que ainda não lemos.

sábado, outubro 16, 2010

Pá, esta é tão inteligente que eu até fiquei a bater mal!

Terminou esta madrugada mais um Portugal Fashion. Eu sugiro que não se perca a embalagem e se comece já outra iniciativa, mais condizente com o estado do país: o Portugal Fecha!

sexta-feira, outubro 15, 2010

Ora o post de hoje é assim para o interactivo!

Bom, não sei se vocês são do tipo medricas, mas ontem passei o tempo todo em que não pensava em mamas (15 centésimos de segundo, portanto) a pensar em monstros assustadores. Pessoalmente, não tenho lá muito medo de monstros: aquilo de que tenho medo, para além do próprio medo (dizem que foi o Franklin Roosevelt a proferir isto, mas eu acho que foi o Paulo Sérigo), é de coisas realmente assustadoras, como por exemplo lavar a loiça, apanhar a roupa, fazer o jantar, aspirar o chão. No entanto sei que há gente que se repela de pavor só de pensar em certas criaturas. É para essa gente que deixo a votação abaixo. Divirtam-se, ou em alternativa tenham medo, muito medo.

Que monstro mais temem?
Adamastor
Lula Gigante
Cthullu
Alberto Joao Jardim em cuecas
Cerbero
Medusa
OE para 2011
Bruno Alves
pollcode.com free polls



Bom fim-de-semana.

quinta-feira, outubro 14, 2010

O lugar d'O Clube dos Poetas Mortos no imaginário juvenil dos anos 90 do século XX

Epá, gostaram deste título?!?! Muito académico pós-moderno, hã?!? Tenho no meu cérebro uma larga zona encefálica que não faz mais do que gerar títulos manhosos destes. Uma estupidez, é verdade, mas há uma vantagem nisto: os neurónios desta zona encefálica sobrepõem-se, cá dentro, aos neurónios que processam a informação destinada a realizar tarefas domésticas, dando-me assim uma desculpa neurologicamente sustentada para não lavar a loiça.

Bom, e O Clube dos Poetas Mortos porquê? Porque ontem passou no Hollywood e ao fazê-lo reavivou-me algumas memórias. O Clube dos Poetas Mortos era, nos anos 90 o filme mais in para os adolescentes. Dizer que se gostava deste filme era, em certas esferas, mais cool do que meter um casaco de cabedal e uns óculos escuros num tigre de Bengala. Se, por hipótese, eu no secundário chegasse junto de um grupo de raparigas de 16-17 aninhos e lhes dissesse "Iá, tipo, 'tão a ver, ontem aluguei o VHS d'O Clube dos Poetas Mortos e é, tipo, o melhor filme que já vi, tipo, iá!", podem estar certos que tinha engates garantidos até ao final do ano lectivo em curso. Isto porque as miúdinhas ficavam todas derretidas com a imagem que era passada, e a imagem que se passava era a de um jovem sensível e intelectual, mas ao mesmo tempo rebelde. E as tipas, pá, as adolescentes adoram esta merda, estejamos nos anos 90 do século XX ou nos anos 3653456 do século DVIII.

Mas eu nunca fiz isto. Por duas razões muito simples: primeiro, porque O Clube dos Poetas Mortos nunca, em tempo algum, foi o melhor filme que já vi, e portanto dizer a um bando de grelos que era o melhor filme que já tinha visto não passaria de uma mentira, e eu só gosto de mentir quando digo que o Sporting é o clube mais fantástico e que dá mais alegrias do mundo

Segundo porque, como eu disse atrás, o filme só era cool em algumas esferas, designadamente nas esferas femininas. Se o meu grupo de amigos rapazes imaginasse sequer que eu sabia o nome daquele filme, ficaria impedido de jogar à bola por dois meses. Se eles soubessem que eu tinha visto o filme, levaria porrada todos os dias à saída da escola. E se lhes chegasse aos ouvidos que eu dissera ser O Clube dos Poetas Mortos o meu filme favorito, as consequências seriam de tal forma dramáticas que fariam o desastre humanitário do Darfur parecer um musical do La Féria. Se o nosso filme favorito não fosse o Rambo, ou o Comando, ou o Assalto ao Arranha-Céus, não éramos bem vistos pelos pirilaus do bairro ou da escola.

Portanto, um adolescente nos anos 90 teria de ter muito cuidado com O Clube dos Poetas Mortos. Por um lado, este filme era a chave para entrar no mundo das gajas; por outro lado significava a ostracização do mundo dos gajos. Estava-se perante um dilema, portanto. E eu, que tinha visto O Clube dos Poetas Mortos, nunca tive coragem de sair do armário e dizer que efectivamente tinha gostado. Porque tinha medo do que pudesse acontecer.

Houve um dia, no intervalo entre uma aula de Introdução às TIC e uma de Português, que me cheguei junto da Sara, da Cristiana e da Micaela, que eu sabia terem adorado o filme e quase, quase me deixei levar. Olhei para todos os lados e preparei-me para lhes dizer que sim, também eu tinha visto O Clube dos Poetas Mortos e sim, achara bom, melhor do que todas as sequelas do Rocky, e que deveríamos ir, eu e elas, declamar poesia todos nus para a minha casa, mas acobardei-me ao ver o Lúcio caminhar a menos de 5 metros de onde nós estávamos, de maneiras que, para disfarçar, perguntei às gajas se elas também tinham a sensação de que a setôra de Filosofia cheirava mal da boca.

Hoje em dia, já posso dizer que O Clube dos Poetas Mortos é um filme fixe. Já não sofrerei retaliações. Infelizmente, também já não ganharei nada com isso: as adolescentes dos anos 90 que se derretiam com rapazes sensíveis, intelectuais e rebeldes agora têm outros interesses na vida, nomeadamente senhores ricos, bem vestidos, de sangue azul e que gostem dos filmes do Cotinelli Telmo, e com estas merdas eu não posso competir. E também já não posso chegar junto das adolescentes de hoje e passar a imagem do jovem sensível, intelectual e rebelde porque, sinceramente, falta-me a parte do jovem...

...enfim, ao menos livrei-me de levar porrada durante a minha adolescência!

quarta-feira, outubro 13, 2010

Mau maria! Temos porras!!!!

A minha gaja diz que está muito contente e feliz por se encontrar nos braços de um homem inteligente, bonito e carinhoso, e que quer ficar assim até ao fim dos seus dias.

Quem será o cabrão?!?! Se algum dia o encontrar, juro que lhe rebento a fuça toda à pázada...

terça-feira, outubro 12, 2010

À minha frente...

...tenho uma secretária de trabalho completamente atafulhada de livros, papéis, post-its, cd-roms e uns quantos objectos indiscerníveis. Já está assim há algumas semanas. Nem consigo ver o desdobrável da Sandra Shine que trouxe para me animar na diária labuta, perdido que está no meio deste caos. Não tarda nada, armo-me em Chuck Norris e espeto um rotativo nesta parafernália toda. Porque ou é ela, ou eu.

O pior é que lá em casa a minha secretária se encontra em condições semelhantes. Começo a achar que sou um desorganizado natural. Soluções para isto, anyone?!?!

segunda-feira, outubro 11, 2010

Gargalhadas e suas nocivas consequências

A RTP2, esse canal televisivo que quase ninguém vê, em boa hora começou a passar a britcom Free Agents nas noites de domingo. Eu detesto séries norte-americanas com advogados, polícias, médicos e juízes, mas não resisto a uma boa série inglesa. E esta, para não variar, é excelente, contando com as prestações de, por exemplo, Anthony Head (Manchild, Buffy, Little Britain...) e Stephen Mangan (o impagável Guy Secretan de Green Wing, uma das minhas séries favoritas de sempre...). O enredo gira à volta de uma agência de talentos que só tem trabalhadores avariados da pinha, entre os quais Alex, um recém-divorciado que quer voltar a entrar nos carris da vida, e por carris da vida quero dizer nas saias das gajas, e por saias das gajas quero dizer a cueca de uma das suas colegas... que aparentemente não quer nada com ele, embora o leve para a cama! Enfim, estas mulheres de hoje...

O que destaca Free Agents é, como acontece nas boas britcoms, e elas são quase todas boas, a qualidade dos diálogos. Os diálogos, mais do que as situações, são aquilo que nesta série me faz rir, e foi o que ocorreu ontem. Stephen (Anthony Head), o patrão da agência de talentos, está em casa com uma senhora. Está a falar com ela, de forma sentimental, fofinha até, abre-lhe o coração para dizer que é com ela que quer envelhecer e tal, ambos abraçam-se e beijam-se, até que se sai com esta (cito de memória), que é capaz de ser o mais fantástico destruidor de momentos fofinhos da história da humanidade desde aquele episódio em que o Michael Jackson quase deixou cair o filho da varanda:

"Eu sei que não é suposto termos sexo, mas se me enfiasses agora um dedo no cu, farias a minha picha bastante feliz"

Resultado óbvio: comecei a rir às gargalhadas! Sonoramente! Não podia não tê-lo feito! A potente surpresa desta tirada só podia provocar um tal efeito! A minha gaja, essa, é que não achou lá muita piada... e daqui seguiu-se um diálogo real que também não teve graça nenhuma:

Ela: Ouve lá, acordaste-me...
Eu: Ah... desculpa.
Ela: Desculpas não servem. Amanhã tenho de levantar-me cedo! Deita-te e dorme!
Eu: Mas eu estou a ver isto e está a ser muito fixe.
Ela: Está bem, mas escusas de rir-te tão alto. Ri-te para dentro!
Eu: Desta vez não deu. Esta série tem mesmo muita piada.
Ela: Ah sim? Então conta lá do que é que estavas a rir.

E eu contei. E o que para mim tinha sido uma frase de rir a bandeiras despregadas, para ela foi só mais uma prova de que não jogo com o baralho todo. Olhou para mim como se eu fosse o Orçamento de Estado para 2011, virou-se para o outro lado e disse-me, em desprezo: "Desliga a televisão e vai mas é dormir!" Fiquei ali, a olhar para o televisor com cara de parvo e a sentir-me culpado... culpado por ter rido, culpado por ter achado piada a uma coisa hilariante! E isto tudo porque a gaja estava com soninho... as pessoas às vezes conseguem ser mesmo egoístas!!!!

Conclusão 1: Vejam a série assim que possam.

Conclusão 2: Estou bem disposto, porque vi o Free Agents ontem à noitinha, mas em compensação estou a cair de sono.

Conclusão 3: Já a gaja deve estar com sono e mal disposta. Bem feita...

Conclusão 4: Depois deste post, o mais provável é que a minha gaja me mande para o hospital. Só espero que lá possa ver britcoms à vontade! :)

sexta-feira, outubro 08, 2010

Casamento

Como sabem, estive sempre a favor do casamento entre pessoas do mesmo sexo. E congratulei-me quando o mesmo foi aprovado - talvez tenha sido das poucas medidas do governo PS que eu apoiei incondicionalmente. Por questões de igualdade, de dignidade e de não-discriminação, o casamento entre pessoas do mesmo sexo tinha de ser um direito.

Mas isto são, digamos, as razões de cárácácá! Há uma razão mais subterrânea que me levou a ficar, qual bicha maluca, radiante de alegria desde que o casamento entre pessoas do mesmo sexo foi aprovado no nosso país. E é esta: agora, sempre que a gaja vem com aquela pergunta que é o terror de todos os homens, sim, aquela pergunta que reza assim "Então, e quando é que marcamos o nosso casamento?", eu dou a resposta perfeita:

Casamento?!? Pá, essa merda é para maricas!!!

E lá me vou safando... :)

quinta-feira, outubro 07, 2010

O que faz falta ao país é um bom pacote...

Consequências da crise: agora, sempre que ouço na televisão alguém falar que é preciso um pacote para isto, um pacote para aquilo, um pacote para aqui, um pacote para ali, um pacote maior acolá, um pacote melhor acoli, já não sei se hei-de ficar assustado ou excitado...

segunda-feira, outubro 04, 2010

Crítica de bares: Trobadores Bar

Começo por dizer que, em termos de borga, sou um filho do Bairro Alto. Quero lá saber das Docas, do Parque das Nações, do Jardim do Tabaco: quando é para beber copos, o meu local de eleição é o Bairro. Sempre foi, sempre será: aquela decadência tão típica e pitoresca casa maravilhosamente com os devaneios ébrios de qualquer um. Com muita pena minha, no entanto, cada vez me dou menos com pessoal que gosta do Bairro Alto. A gaja, por exemplo, é demasiado burguesa e não aprecia lá muito botar os pézinhos naqueles quarteirões de má vida. Por isso, quando queremos sair à noite, temos de pensar em alternativas.

Ora, uma delas fica ali para os lados da baixa, mais precisamente na rua de São Julião, onde está um simpático barzinho que é meio irlandês, meio medieval. Chama-se Trobadores, e podem encontrar o perfil dos ditos no Facebook, aqui.

Eu, a gaja e mais uns amigos fomos experimentar o espaço no passado sábado (falhámos a sexta-feira, que é quando eles têm concertos ao vivo). Eis o que se me oferece dizer:

Decoração - Dou um 8 em 10. O espaço está bem decorado, a fazer lembrar as tavernas medievais, mas com a vantagem de não cheirar mal nem ter merda até ao tecto. Nem leprosos a arrastar-se pelo chão. As mesas são de madeira, assim como as cadeiras, está agradavelmente iluminado, querendo com isto dizer que nem está muito escuro, nem tem luzes tipo holofotes direccionadas às nossas fuças. Há, ainda, uma espécie de pequeno boudoir, onde os assentos são decorados com peles de animais, o que particularmente me desagradou, visto eu ser um defensor da animália (não incluindo, obviamente, políticos. Esses não são animais, são sim umas bestas!).

Ambiente geral - Dou um 8 em 10. É claro que a musiquinha podia ser mais pesadonga, em lugar do rockinho britânico mais maricas, ou de cançonetas irish/celtas, mas tudo bem. Pelo menos não está em altos berros, sendo portanto possível ouvirmo-nos uns aos outros sem precisarmos de gritar aos ouvidos de cada um. Pior, contudo, que a selecção musical é o facto de se poder fumar. Sim, aquilo supostamente tem ventilação e os tomates, só que não é bem a mesma coisa. Como sabem, não sou gajo de proibir nada, mas abro uma excepção para os fumadores: eles deviam ser proibidos de viver!

Factor gajedo - Dou também um 8 em 10. Como fui acompanhado, não pude perder muito tempo a observar a fauna presente no bar, mas ainda pude deitar uma ou outra olhadela. As gajas que lá vão - e partindo do princípio indutivo que toma a parte pelo todo, visto que só lá fui no sábado... - inscrevem-se maioritariamente na classe das freaks e na classe das góticas. Também vi por lá uma ou outra beta, e pareceu-me que uma das mesas era composta exclusivamente por lésbicas. Portanto, o bar revela um potencial gajístico que se aplaude; como defeito (e é por isso que não leva 10 em 10), o rácio entre gajos e gajas é ligeiramente prejudicial a estas últimas.

Alcoolemia - Passamos agora ao que mais interessa num bar desta natureza: a pinga. Aqui, não tenho qualquer problema em atribuir um 9 em 10. A selecção de bebidas é boa e variada: além das cervejas irlandesas (Guiness, Kilkenny), temos bebidas espirituosas q.b., e sobretudo uma mui apelativa lista de shots, que, para além dos habituais Kalashnikov, inclui igualmente coisas como Peste Negra (aconselho: um shot de Guiness, uisque, bailey's e já não me lembro mais o quê), Bafo de Dragão (uisque + café), Monstrengo (vodka, rum, limão e não me lembro do resto...) Mel do Diabo (este não experimentei) e outros nomes sugestivos que nos remetem para a mundividência medieval. As mesmas são servidas em copinhos ou cálices de barro, o que aumenta o exotismo da coisa.

Preços - Sinceramente, partilho da opinião seguinte: as bebidas alcoólicas deviam ser subsidiadas pela União Europeia. Uma pessoa ter de pagar por uns copos é uma afronta vil aos direitos humanos. Numa sociedade perfeita, um gajo não só não pagaria as bebidas como também teria liberdade para ir a uma adega e trazer o número de pipas que conseguisse. Era para estas merdas que os governos deveriam apontar, não para aumentos do IVA para 23%... Bom, mas como não vivemos ainda numa sociedade perfeita, o que desconfio só será alcançado quando a Monica Bellucci for eleita Secretária Geral das Nações Unidas, temos de pagar por aquilo que consumimos. E aí dou também 8 em 10 aos Trobadores. Os preços são razoáveis, desde que não se beba muito, o qual foi o meu grande erro no passado sábado... em cerveja Guiness e shots, estoirei mais ou menos o equivalente ao orçamento das Águas de Portugal para renovação da frota automóvel.

Nota Final - 8,2 em 10. Portanto, um Muito Bom. Se puderem, aproveitem para fazer uma visitinha ao espaço.