sexta-feira, julho 29, 2011

Pedalar até cair (6)

O esperto aqui hoje trouxe a bicicleta no comboio. Pensei: "ah, é sexta-feira e o caraças, há menos gente, e o dia acordou meio chocho, dá para levar a bina sem ficar a pingar suor". Adicione-se que os comboios da Fertagus têm espaços feitos de propósito para deixar as bicicletas. Assim sendo, transportar a minha coisa fofa* de duas rodas parecia-me uma escolha acertada. Deixei-a no sítio designado para o efeito, apertei-a com a correia e fui-me sentar, acompanhado do meu leitor de mp3 e do meu livrito de momento.

Aparentava estar tudo muito bem quando, ali no início da ponte 25 de Abril, sentido Pragal-Lisboa, ouço - apesar dos decibéis do meu mp3 - um estrondoso PAM! Suspeitando do que poderia estar na origem daquele PAM, levantei-me esbaforido e olhei para o sítio onde tinha deixado a bina. Tal como eu prevera, ali estava ela, caída no chão, deitada sobre o seu lado direito, com o seu peso em cima do pedal e da corrente. Temi pela sua saúde e, espetando um encontrão numa velha e um calduço num neo-nazi, irrompi pela carruagem até me debruçar junto da minha coisa boa** de duas rodas. Aí, fiz o que qualquer ser imbuído de uma enorme sensibilidade moral teria feito: pousei as minhas mãos no guiador da bina e procurei avaliar o estado daquele corpo metalizado que ora jazia no solo indiferente do comboio. Ela não dava sinais, o que me assustou, levando-me a perguntar às pessoas que se encontravam ali perto se alguém sabia primeiros socorros. Todos disseram que não, à excepção do neo-nazi, que disse "Não, Heil Hitler! Até conheço um tipo negro, judeu e gay que tirou o curso disso, mas neste momento não te pode ajudar porque está a viver na minha cave, e por viver quero dizer ser torturado, e por cave quero dizer masmorra, e por tipo negro, judeu e gay quero dizer cabrão negro, judeu e gay". A eloquência deste filantropo quase me distraiu do essencial, porém assim que acabou o seu discurso voltei-me para o que realmente importava, a coisa maravilhosa*** de duas rodas imóvel aos meus pés.

Devagar, e com uma calma que na verdade escondia o meu nervosismo interior, levantei a bina. Ao fazê-lo, notei nas causas daquele PAM que desencadeou toda a situação: a correia que deveria servir para acondicionar a bicicleta no local destinado para o efeito estava mal apertada; um solavanco mais intenso bastou para soltá-la e, deste modo, impelir o meu meio de transporte predilecto de encontro ao chão. Compreendi, também, que a culpa fora minha; pois tinha sido eu que apertara mal a correia. Suave e docilmente, voltei a colocar a bicicleta no seu lugar, apertei-a desta vez com vigor, pedindo-lhe de antemão desculpas por tudo o que acontecera, facto que levou uma senhora grávida sentada no banco das grávidas a exclamar "É louco!", mas eu não liguei, essas atitudes de incompreensão só revelam que as pessoas não sabem o que dizem, essa senhora grávida pode estar a marinar um filho no seu ventre, contudo aposto que não sabe o que é ter uma bicicleta, cuidar dela todos os dias, sacrificar a sua vida por ela, dar-lhe tempo, comprar-lhe produtos bons, enfim, tratá-la como merece. Inconscientes, é o que eu digo!

A bicicleta, com esta minha segunda tentativa, lá estabilizou e pude então reparar que nada grave lhe tinha sucedido. Aparentemente, fora só o susto e agora já estava em óptimas condições. Quando, no final da viagem, saí da estação e tomei o meu posto em cima daquele selim, percebi que era como se nada tivesse ocorrido. Pedalei-a como sempre havia pedalado, fiz rasantes aos automóveis como sempre havia feito, estava tudo normal, ela não sofreu com o choque e eu também não, a vida é bela, o Sporting é o clube mais lindo do mundo, a crise económico-financeira não me assusta e a partir daqui vou ter mais cuidado e amarrar-lhe a correia nos comboios da Fertagus como se de uma sessão sado-maso se tratasse. Está tudo bem...

Aproveito para desejar a todos, em particular a mim próprio, umas excelentes férias.









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*"Coisa fofa" é como quem diz. Aquele selim continua a seviciar-me o traseiro... que cabra!
**"Coisa boa" é como quem diz. Aquele selim con... ah, ok, já disse isto antes. Peço desculpa.
***"Coisa maravilhosa" é como quem diz. Aquele... iá, acho que já perceberam a ideia!

quinta-feira, julho 28, 2011

O Wok: subsídios para a sua compreensão

Comprámos um Wok lá para casa! O Wok, para quem não sabe, é este utensílio de cozinha reproduzido na imagem acima. Para quem continua a não saber, um Wok é assim como que uma espécie de cruzamento entre uma panela e uma frigideira. E para aqueles que continuam sem saber o que é um Wok e são tarados sexuais, imaginem que se colocava uma panela e uma frigideira sozinhas num quarto e nove meses depois, nascia um Wok. Vá, eu sei, alguns de vocês devem ser contra as uniões do mesmo sexo, ancorados que estão naquele argumento bacoco de que duas pessoas do mesmo sexo não conseguem reproduzir-se, mas façam de conta que uma panela e uma frigideira, não sendo pessoas, conseguem, e que o resultado é o Wok. Pronto, ficou tudo explicadinho e ainda por cima consegui atingir vários segmentos de leitores que não sabem o que um Wok é.

Já cozinhei várias vezes no Wok e posso dizer que a experiência me agrada sobremaneira. Admito que não sou, nem nunca fui, um grande cozinheiro, demonstrando que, afinal, não aprendi nada a ver os programas da Nigella, mas ao fazer as coisas no Wok quase pareço um Gordon Ramsey, só que com mais asneiras. Isto porque é estupidamente fácil cozinhar num Wok, e agradeço ao japonês, ou chinês, ou coreano, ou espanhol, ou o raio que o parta do tipo de olhos em bico que inventou esta coisa. Ao contrário de uma panela, de uma frigideira ou dessa esquisitice que é a Bimby, tudo o que eu faço no Wok sai bem. Sai bem, pá! Num Wok, basta mandar lá para dentro ingredientes em barda, mexer um bocadinho e já está, não é preciso ter muito trabalho nem nada. Até mesmo as misturas mais estranhas casam bem lá dentro, é uma coisa impressionante. Já cheguei até a desconfiar de um certo providencialismo divino quando cozinho cenas no Wok, pois não parece cientificamente possível que um cozinheiro tosco como eu consiga ter sempre sucesso quando cozinha num Wok; dá a sensação de haver ali uma mãozinha transcendente, que transforma os ingredientes metidos à bruta aqui pelo je numa refeição deveras deglutível. Claro que, sendo eu ateu, não fiquei com esta ideia na cabeça durante muito tempo: a coisa é mais facilmente explicável recorrendo à sorte ou, então, e é esse aspecto que tenho tentado mostrar-vos, tal deve-se única e exclusivamente às características do Wok. As refeições saem-me bem no Wok porque o Wok é um instrumento onde nada pode sair mal. Se pretendem uma analogia relevante, e como eu gosto de inventar analogias relevantes, imaginem-se numa noite de amor com, ora bem, deixem lá ver, assim uma tipa tirada ao acaso, ah, já sei, a Monica Bellucci, imaginem-se, dizia eu, numa noite de amor com a Monica Bellucci: mesmo que vocês sejam uns gandas nabos na cama, não há risco de a noite de amor correr mal se deixarmos a diva italiana tomar conta das operações. É tiro certo, pronto, e o Wok é da mesma arte (agora, por favor, não ponham na cabeça que ir para a cama com um Wok dá bons resultados. Porque não dá! A sério, confiem em mim...).

Portanto, se ainda não têm um Wok, estão com vontade de experimentar e possuem essa menos valia que é serem uns cozinheiros de meia tigela, corram já à loja da vossa cadeia sueca preferida mais próxima e comprem um, que ainda por cima estão baratinhos e vêm, ao contrário de outros produtos da tal cadeia sueca, já montados. Garanto que as vossas refeições e, por arrastamento, vocês próprios, só terão a ganhar com a aquisição.

quarta-feira, julho 27, 2011

Alguns números

Orçamentos rectificativos que o Governo vai apresentar até ao final do ano = 2 na melhor das hipóteses, 35 na pior.

Probabilidade de o Nuno Rogeiro não perceber nada dos assuntos que é convidado a comentar na televisão = 100%.

Mulheres que o Dominique Strauss-Khan papou desde que comecei a fazer este post = 4.

Vezes que a expressão "terrorismo islâmico" aparece em qualquer discussão acerca do Breivik = 45623923034867e+93.

Golos sofridos pelo Sporting até agora na pré-época = 1.

Golos sofridos pelo Sporting até ao final da temporada 2011/2012 = 25457453453230234e+15.

Mulheres que o Dominique Strauss-Khan papou desde que falei no número de mulheres que o Dominique Strauss-Khan papou = 9.

Número de jogadores portugueses no Besiktas da Turquia que são titulares de caras = 5.

Número de jogadores portugueses no Benfica de Portugal que são titulares de caras = 0.

Vezes que adormeço durante qualquer comunicado ao país feito pelo ministro das Finanças = 3.

Grau de arrependimento do Pedro Passos Coelho por ter chegado a primeiro-ministro = 9,4 na escala de Richter.

Mulheres que o Dominique Strauss-Khan papou desde que falei no número de mulheres que o Dominique Strauss-Khan papou desde que falei no número de mulheres que o Dominique Strauss-Khan papou = 27.

Probabilidade de qualquer conversa que eu tenho com colegas durante a hora do almoço descambar para a pornografia = 187%.

Tachos mandados à minha cabeça pela minha gaja quando ela ficar a saber que discuto pornografia com os meus colegas de trabalho durante o almoço = 8, fora os que ela irá entretanto comprar para o efeito.

terça-feira, julho 26, 2011

Feira Medieval de Óbidos: curtas impressões

Pois é, no fim-de-semana que passou lá me arrastaram para isto. Fiquei um bocado com má impressão da Feira Medieval de Óbidos, começo já por dizer. Adoro a localidade, lá isso adoro, ainda no ano transacto dei lá um pulinho e trouxe, para além de belas imagens, uma garrafa da melhor ginjinha do mundo, MAS a realização de uma feira medieval nos domínios desta pacata vila é algo que, a meu ver, não a favorece. Para já, pagar 7€ por cabeça para entrar na feira é uma coisa que não lembra nem a um cavaleiro templário. Depois, já lá dentro do recinto, os preços cobrados por morfes e drinques não são menos que exorbitantes. Faz pensar que aquela gente da Idade Média ganhava toda muito bem.

Mas não são os assuntos pecuniários que traduzem a grande decepção que constitui uma feira medieval como a de Óbidos. Não! Na minha perspectiva, o que minou por completo este evento foi o seu irrealismo. É que se trata de propaganda enganosa. Senão, vejamos: o site esclarece que, e cito, "desde 2002 que Óbidos mergulha no tempo e a Vila transforma-se num verdadeiro palco da história" (podem ler mais aqui). Portanto, o visitante pode esperar uma reprodução quase verbatim daqueles tempos, certo?! ERRADO!!!! A feira medieval de Óbidos não reproduz os tempos medievais coisa nenhuma! Entre as várias falhas, destaco as seguintes:

Bruxas queimadas na Feira Medieval de Óbidos = ZERO!
Pá, então um tipo vai a uma feira medieval e não vê uma bruxa a ser esturricada?! Na Idade Média, de cinco em cinco minutos estava-se a fazer uma fogueira tipo as do Santo António mas com bruxas. E não foi por falta de matéria prima que a organização da feira de Óbidos não procedeu a uma queimada! Garanto que vi lá muita rapariga e muita senhora com todo o ar de bruxa. Custava muito terem agarrado numa - umazinha que fosse, vá! -, amarrá-la a um poste de madeira, colocar lenha à volta e atear fogo?! Isto era o espectáculo medieval por excelência, mas para a Feira Medieval de Óbidos, 'tá quieto...

Mouros esquartejados na Feira Medieval de Óbidos = ZERO!
Mais uma lacuna grave e inadmissível. Esquartejar mouros era o passatempo predilecto do cidadão medieval a partir da altura da reconquista cristã. Lembro-me perfeitamente da minha antiga encarnação enquanto cavaleiro cruzado... ah, aquilo é que eram tempos! No meu caminho para Jerusalém, fartei-me de esquartejar mouros. E quando eu e os meus companheiros invadimos a cidade, fartei-me de esquartejar mouros. E judeus. E cristãos. E estendais de roupa. Enfim, foi um fartote... Lembro-me também que, à vinda, parámos numa estalagem ali para os lados de Sevilha, e a conversa foi mais ou menos assim:

Eu: Boas noites, nobre estalajadeiro! Eu e os meus companheiros, com a vossa mercê, desejaríamos refrescarmo-nos e alimentarmo-nos.
Companheiros: ARGH! UARGH!
Estalajadeiro: Certamente, vossas senhorias.
Eu: Trazei então o leitão, vinho, cerveja e hidromel, para eu e os meus companheiros nos banquetearmos.
Companheiros: ARGH! HEYYYY! UARG!!! E os mouros, carago?!? Queremos mouros para esquartejar! ARGH! UARG! BLUUURGH!
Eu: Sim, suas best... ahm, sim, meus irmãos cruzados! Tendes razão. Nobre estalajadeiro? Nobre estalajadeiro?!
Estalajadeiro: Sim, vossas senhorias, que quererdes?
Eu: Tendes, por acaso, algum mouro que possamos esquartejar enquanto aguardamos pelo nosso mui merecido repasto?!
Estalajadeiro: Oh, sim, certamente, por quem sois! Tenho ali um encarcerado na despensa há duas semanas, só a pão e água. É de óptima qualidade, pronto para servir os mesteres de tão egrégios cavaleiros como vossas senhorias.
Eu: Muito bem, nobre irmão! Muito me agradam suas gentis palavras! Trazei, trazei então o sarraceno! E metei aí a televisão no Sporting, 'tá quase a começar o duelo com os infiéis lampiões.
Companheiros: ARGH! BUHHH! Lampiões, BUHHH! ARGH! BLUUUURGH!!!

Mas não, mais uma vez a Feira Medieval de Óbidos decidiu dar um pontapé na realidade e nem um mouro para esquartejar trouxe. Ao menos que pensassem num passatempo substituto: já que não se podia esquartejar mouros, ao menos pusessem lá um marroquino para levar pauladas. Nem isso...

Cheiro a bosta e a cadáveres em decomposição = ZERO!
Todos os que viveram na Idade Média ou, em alternativa, passaram por Sacavém, sabem perfeitamente que o cheiro era muito desagradável. Enfim, não havia higiene, casas de banho muito menos ("isso é uma merda inventada pelos romanos", diziam os mais fanáticos. "Cá nós cagamos nas calças"), as doenças proliferavam e os cadáveres amontoavam-se pelas ruas até que alguém os viesse recolher. Porém, julgam que era este o cenário em Óbidos?! O tanas! Tudo muito limpinho, tudo muito asseadinho, e quando procurei, através de um traque daqueles bem mandados, e com o cheirinho medieval que se exigia, conferir um pouco de autenticidade ao ambiente, o resultado foi infrutífero, tratou-se apenas de uma gota de água e ainda fui vilipendiado por um velho. É o que ganho por querer tornar as coisas mais realistas...

Padres a violar criancinhas = ... não, esperem, isto não é exclusivo da Idade Média.
Ok, foi só aquilo, então. No entanto, já dá para assacar da enorme decepção que constituiu a Feira Medieval de Óbidos...

segunda-feira, julho 25, 2011

A morte da Amy Winehouse

é, para os fãs, uma pena. Mas para os dealers, é uma tragédia!

sexta-feira, julho 22, 2011

Lúcidos comentários sobre o vídeo que está na moda



Eu adoraria tecer considerações altamente intelectuais sobre estes cerca de 50 segundos de imagens, em particular estava a pensar colocar a declaração "Puto, o medo é uma cena que a mim não me assiste" no contexto dos actos de fala de um John Searle, e pensava também em desmontar o voraz "Sai da frente, Guedes!" à luz da teoria fregeana do sentido e da referência, mas por ora, tudo o que se me oferece dizer sobre este pedaço de epopeia lusitana, é:

F*DA-SE, CA GANDA TRALHO, C@R@LHO!!!!!!!!!

quinta-feira, julho 21, 2011

Deviam proibir certo tipo de pessoas de caminhar nos passeios

Vinha eu muito contente para o trabalho*, caminhando a passos largos, quando de súbito a minha marcha é interrompida por um trambolho a falar ao telemóvel, deslocando-se mais lentamente do que um caracol paralítico. Porra, mas que matacão: a gaja era alta vertical e horizontalmente, devendo pesar cerca de 300 quilos, e estou a ser simpático. Tenho a certeza de que engordou propositadamente para ter lugar no Peso Pesado e assim poder ir à televisão. Bom, eu não tenho nada contra as gordas, porém a partir do momento em que elas se atravessam no meu caminho, a coisa atinge-me profundamente. E esta gorda em particular, mais do que atravessada, constituía uma autêntica barragem, pois do lado direito do passeio estava um muro intransponível, e do lado esquerdo uma estrada movimentada. E à minha frente, claro, centenas de quilos de carne mugindo para o telemóvel.

Ainda tentei ultrapassá-la. Encostei-me o mais possível à direita, roçando mesmo o corpo no muro, procurando passar entre este e o trambolho, mas foi impossível e quase corri o risco de ser esmagado entre ambas as superfícies. Esgueirei-me, depois, pela esquerda, mas o corpanzil da monstra levava a que eu, para ultrapassá-la, tivesse de sair do passeio, onde o mais provável era apanhar com um veículo motorizado em cima e ser passado a ferro, embora, mesmo assim, esse fosse um destino menos desagradável comparado a ficar debaixo daquele saco de banha com duas pernas, e estou outra vez a ser simpático quando chamo aqueles autênticos petroleiros de pernas. O Maniche, colocado lado a lado a um qualquer daqueles troncos, passaria bem por etíope.

Também tentei passar por cima. Mas, já referi atrás, esta autêntica piada de mau gosto da natureza era gorda para os lados e para cima. Eu precisava de ser um Sergei Bubka para conseguir transpor aquela fasquia gordurenta, e reparem que eu digo que precisava de ser um Sergei Bubka e não que precisava de ter uma vara como à dele, eu estou muito contente com a minha vara, muito obrigado, ela é enorme, e grossa, e muito forte, e entretanto com isto perdi-me.

O que eu queria no fundo dizer, quando fui interrompido no meu raciocínio por outro raciocínio, é que não me foi possível passar à frente daquela montanha, apesar dos meus esforços nesse sentido. Um tal bicho, é a conclusão a que pretendo chegar, deveria ser impedido de locomover-se nos passeios; é assim como que o equivalente dos veículos que andam a menos de 40 serem proibidos de andar nas autoestradas, com a agravante de que aquele bicho, que se movia a menos de 40 milímetros por dia, equivaler, em diâmetro, mais ou menos a 5 camiões TIR, e se calhar até estou, pela terceira vez num curto espaço de tempo, a ser simpático, este texto hoje foi um exagero de simpatia, é melhor ficar-me por aqui, daqui a pouco ainda digo simpaticamente que aquele massa informe tem direito à vida como qualquer outro ser e não deveria jamais ver-se atacada por um baleeiro japonês!

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* Sim, vinha contente para o trabalho. O meu segredo? Pensar não na labuta que tenho pela frente e sim em mamas! Tem funcionado...

quarta-feira, julho 20, 2011

Vida de agricultor é difícil... (Carta Aberta à Assunção Cristas)

Gosto muito de rabanetes. Gosto mais de rabanetes do que gostaria de ler um livro sobre Física Quântica escrito pelo Anderson Polga. Mas, como de resto havia desabafado aqui, não é fácil encontrar rabanetes hoje em dia. E, quando se encontram, são pagos a preço de ouro, tipo meia dúzia de bolinhas = 3 €uros.

Consequentemente, resolvi apostar na produção caseira. Embora nunca tenha trabalhado na terra, supus que a genética, nestas merdas, ajudasse: o meu pai, em tempos, foi um horticultor de primeira água, portanto eu, sendo filho do meu pai, também deveria ter talento para estas coisas. Se pensam que eu estou a tirar conclusões precipitadas, e a depositar demasiada fé na genética, pensem nisto: o pai do Djaló não sabe jogar à bola, e o Djaló também não. Logo, ponto para a genética!

Portanto, comprei umas sementes de rabanete, um sacalhão de terra, um vaso, e fui plantar. Durante dias, reguei e tratei o terreno, regozijei com os primeiros rebentos, disse às gatas para passarem a 50 metros de distância da produção, falei com as folhas, afugentei os insectos, coloquei o vaso ao sol mas protegi-o do calor excessivo, tive mil e um cuidados ao ponto de, e cito a gaja, "tu tratas melhor as plantas do que me tratas a mim", e ontem, passados 33 dias desde que os semeei, chegou a altura da colheita.

E não vi nem um rabanete! Nem um, caraças. A rama estava linda, mas debaixo da terra só havia raízes finas, não o bolbo avermelhado e ligeiramente picante que tanto me delicia! Deste modo, só me resta apelar para o Ministério da Agricultura, Mar, Ambiente e Ordenamento do Território (espero não me ter esquecido de nada. E, já agora, já repararam que esta designação dá, como acrónimo, uma coisa tão linda como MAMAOT?!?), e escrever uma carta à Assunção Cristas, porque não se admite que um produtor possa ficar sem a sua produção.

CARTA À MINISTRA DA AGRICULTURA, MAR, AMBIENTE E ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO, OU SEJA, À GAJA DO MAMAOT

Prezada Sra. Dra. Ministra Assunção Cristas:

Recentemente, mostrando espírito de iniciativa e empreendedorismo, e respondendo também aos apelos de Sua Excelência, o Presidente da República, ou, como o trato cá em casa, "aquele palhaço", que quer ver o país virar-se mais para a Agricultura, decidi apostar no cultivo do rabanete (raphanus sativus). Onerando-me a mim e aos meus, investi forte no início, supondo que, passado algum tempo, poderia colher os frutos do meu trabalho.

Sucede, no entanto, que a única coisa que colhi foram pedaços de terra agarrados às raízes, nada mais. Todo o meu investimento foi, portanto, por água abaixo, ou pelo rabanete acima, como preferir. Daí escrever-lhe estas palavras, pois creio merecer ser ressarcido. Abaixo apresento as minhas contas:

1 saqueta de sementes = 0,90 €
1 saco de terra = 1 €
1 vaso = 7 €
1 pá = não foi preciso, reciclei uma que já tinha, mas se eu não tivesse era mais 1 €
Água para a rega = 10 € (cálculo feito por estimativa)
Dores nas costas = bués de €uros
Danos psicológicos por não ter colhido nem um rabanetezinho = bués de €uros

Total = 500.000 € (cálculo feito por estimativa)

Espero que a Sra. Ministra e o seu MAMAOT compreendam a minha situação e tratem de me reembolsar o mais celeremente possível. Muito obrigado.

Cordialmente, Atenciosamente, Com os Melhores Cumprimentos e essas patacoadas todas que se escrevem no final de uma missiva,
Peter of Pan

P.S.: Devo avisar a Sra. Ministra que, em todo o tempo dedicado às minhas funções hortículas, nunca usei fato nem gravata, respeitando portanto, avant la lettre, a mais recente medida do seu ministério. Que isto sirva de incentivo a colocarem-me o dinheiro na conta bancária. Fico a aguardar.

P.S. 2: Vá lá, confesse, Sra. Ministra: resolveu ficar com a tutela do Ordenamento do Território porque se quis esquivar ao acrónimo MAMA, não foi?!? No fundo, seria giro, um gajo qualquer que quisesse um subsídio, era só dizer "ah, vou ali pedir mama ao MAMA", ah ah ah. Vá lá, ria-se, rir não aumenta a conta da luz...

terça-feira, julho 19, 2011

Há coisas de que só os humanos são capazes. Felizmente, a T.V. mostra.


Não sei em que canal passou o drama deste senhor que agrediu selvaticamente uma piñata, mas gostava de ter visto. Sobretudo, gostava de ter tido contacto com a opinião da piñata. É certo que há animais muito doidos, sexualmente falando: já vi coelhos a tentar fazer amor com um balão, e o meu cão anda há anos a fazer-se à minha perna, sem sequer a convidar para uma refeição de Pedigree Pal, o malandro. Contudo, só o ser humano é capaz de procurar acasalar com uma piñata. Este pormenor, mais do que aquelas merdas de que os filósofos tanto falaram (Aristóteles: "o homem é o animal racional", Bergson: "o homem é o animal que ri", Kant, depois de jogar Pro Evolution Soccer com o Fichte: "o homem é o animal que marca golos através de pontapés de bicicleta", e blábláblá), é que constitui a verdadeira diferença antropológica. O homem, afinal de contas, é o animal que consegue f*der com uma piñata.

segunda-feira, julho 18, 2011

Tive uma arma branca apontada à cara na cozinha da minha casa

e só porque referi, e reproduzo, que "a Cate Blanchett é de uma beleza indescritível, até irrita". E mais, e mais: só para verem como sou um gajo com tomates, mesmo que me tenha arriscado a ficar sem eles, ainda acrescentei "tem uma beleza exótica, e requintada"!

Sempre gostei de viver perigosamente, caramba...

sexta-feira, julho 15, 2011

Foot job

A minha gaja tem os pés tão, mas tão pequenininhos que estou a pensar mandá-la fazer um foot job.

Isto beneficiar-nos-ia ambos, porque assim ela conseguiria arranjar calçado sem sofrer o escárnio dos donos de sapatarias e lojas de chineses - sim, a minha gaja tem os pés tão pequeninos que até as chinesas, AS CHINESAS!!!!, gozam com ela -, e eu passaria a poder acompanhá-la às mesmas lojas sem acabar invariavelmente na secção de criança e ter toda a gente a olhar para mim como se eu fosse um pedófilo.

Bom fim-de-semana a todos os que têm os pés grandes, e aos que têm pés pequeninos também.

quinta-feira, julho 14, 2011

A pergunta que está na boca de toda a gente: mas afinal onde pára o Verão?!

  • Esqueceu-se de pôr o despertador para o dia 21 de Junho
  • Quis explorar o interior do rabo do José Castelo Branco e agora não consegue encontrar o caminho de volta
  • Fez um facelift, não gostou de resultado e está com vergonha de sair à rua
  • Entrou em insolvência e foi à procura de outras paragens, de preferência um offshorezito
  • O pai e a mãe não lhe dão ordeca para sair de casa
  • Já sabia previamente da decisão da Moody's e recusa-se vir para um país que é lixo
  • Está a gozar com os tipos que defendem o aquecimento global
  • Solidarizou-se com o José Sócrates e foi também estudar Filosofia para a Sorbonne
  • Foi para um sítio onde as mulheres fazem mais topless. O Verão pode ser uma estação do ano, mas não é parvo e gosta de ver umas mamocas. Além disso, consta que o Verão não tem internet em casa, portanto só pode ver mamas na praia. Portanto, se Portugal quer o Verão de volta, as gajas têm de pôr os seios de fora
  • Apostou com o Inverno em como o Bruno Carvalho seria o próximo presidente do Sporting, e ao ter perdido a aposta tem de ficar um ano sem aparecer
  • Não quer voltar a ter o Portas no governo. Já bastou uma vez e da primeira vários sobreiros foram à vida, e o Verão chateia-se porque dar cabo de sobreiros é missão dos fogos de, lá está, Verão. Não gosta de concorrência, pronto
  • Andou a brincar ao 69 com a Primavera e por via disso ficou com os hemisférios trocados
Enfim, uma destas merdas é, porque este tempo não é normal para a época do ano...

quarta-feira, julho 13, 2011

As aparências

Lembram-se do Zêuxis? Foi lateral esquerdo do União de Lamas nos longínquios anos 50 do século passado! Não, não é nada disso: Zêuxis era um célebre pintor grego de quem se diz que uma vez pintou umas uvas tão realistas que os pássaros se aproximavam para debicá-las. Lembram-se dele?! Eu não, porque não vivi na Grécia clássica, mas de vez em quando leio umas coisas para além da Penthouse Portugal, que em boa verdade também não leio, só vejo os bonecos, ou neste caso as bonecas, que são boas aparências, diga-se de passagem. O que importa reter, lembrem-se ou não do Zêuxis, é não nos deixarmos enganar pelas aparências, sobretudo quando estas parecem mesmo parecer aquilo que parecem. Eu sei que esta frase parece enigmática, mas lá está, é só uma aparência, leiam-na de novo e percebem logo o que eu quero dizer.

Bom, mas por que venho eu com esta lenga-lenga das aparências e o camandro? Primeiro, porque sim, pois não tenho outro assunto com o qual vos chatear hoje, segundo, porque as aparências, mesmo enganando algumas vezes, outras podem não enganar assim tanto e constituem até um aviso que nos salva a vida. Aparentemente, já estou mesmo a ver, vocês não crêem nisto... então será melhor eu sacar, das profundezas da minha iluminada e nada retorcida mente, um exemplo que vos esclareça, e não só em aparência.

Não resido no Porto. Nem quero residir. Mas ontem, ocorreu na suposta cidade invicta uma catástrofe de proporções moodyanas. Sem qualquer explicação, e comprovando, mesmo para quem é um arreigado ateu, como eu, e não acredita no sobrenatural, que o mundo está governado por seres demoníacos, mas dizia eu, sem qualquer explicação, o Michael Bolton e o Kenny G deram um concerto (ou, para ser mais exacto, um apocalipse) na capital do "Nuorte". Pá, o Michael Bolton! E o Kenny G! Juntos! No mesmo dia! No mesmo local! Os lisboetas devem estar todos a pensar: "A-ha! Os tripeiros também já têm o seu terremoto de 1755!", e com razão. Aliás, se tivesse de escolher entre levar com o terremoto de 1755 e com a destruição que deve ter sido o concerto de Michael Bolton e Kenny G, não tenho a menor dúvida sobre qual optar: o terremoto, pois claro, que aliás deve ter sido muito menos cacofónico em termos auditivos.

Ora, o que têm o Bolton e o G a ver com as aparências?! E com o Zêuxis? Tudo! De certeza que já viram o seguinte argumento num qualquer filme de Hollywood: se uma coisa cheira a merda, sabe a merda e parece merda, então é o estádio do Drag... - aham, entusiasmei-me - é merda! Claro que os guionistas que escrevem estas cenas não têm presente o caso dos pássaros do Zêuxis, para os quais uma coisa, se parecia uma uva, era mesmo uma uva... e depois davam com os biquinhos numa tela ou numa parede, ou lá em que superfície o Zêuxis pintava. O mesmo raciocínio que identifica a aparência com a coisa real, ou seja, que comete o erro dos passaritos, é, no entanto, aplicável e com muito maior relevância àqueles dois "artistas", e o facto de usar a palavra entre aspas denota que "artista", aqui, tem um sentido muito amplo: se uma coisa parece o Michael Bolton e o Kenny G, então é o rating de Portugal, isto é, é merda! E portanto, toda e qualquer pessoa que viu, espalhados pela cidade do Porto, cartazes com as figuras do Michael Bolton e Kenny G (aparência) anunciando o concerto destes dois no dia de ontem (coisa real), deve ter ficado bem avisada e, se o bom senso e a razão imperam naquelas gentes, foi fugir a bom fugir para tão longe quanto possível. Eu, se tivesse visto um tal cartaz, era o que faria.

Portanto, em conclusão, se a história do Zêuxis nos diz que as aparências iludem, não se devendo confundir representação (a uva pintada) com a realidade (a uva real), o que a vida nos mostra é que, às vezes, a aparência (um cartaz com o Bolton e o G, ou seja, representação de uma merda) já diz tudo o que há a dizer sobre a realidade (o Bolton e o G a sério, ou seja, merda), e que o melhor será, pois, afastarmo-nos se não queremos correr o risco de nos cagarmos todos.

Aprendam comigo, que eu não duro sempre.

terça-feira, julho 12, 2011

Comecei a ler isto hoje

Um clássico do despojamento material, uma ode à libertação dos males da civilização e à comunhão com a simplicidade da natureza. Ou, por outras palavras, uma prefiguração (o livro foi originalmente escrito no século XIX) daquilo que viria a ser o movimento hippie, mas sem as drogas e o amor livre, ou seja, sem as partes boas.

Embora seja um filho da cidade e tenha o sangue urbano a correr-me nas veias, aprecio muito estas narrativas de desprendimento quase adâmico. Há alguma verdade nos apelos ao regresso aos campos, locais onde a vida corre mais devagar e é possível encontrar alquela autenticidade que as grandes urbes definitivamente perderam, preocupadas que estão em garantir a superfluosidade material aos seus habitantes. E depois há os velhotes que se matam a golpes de gadanha, quando não a tiros de caçadeira, e os sempre célebres rebolanços sexuais nos fardos de palha, seja com pessoas do sexo oposto (ou não), seja com animais do sexo oposto (ou não), manifestando que a natureza é isto mesmo, fonte de comunhão e amor mas também de disputa territorial. É bom não esquecermos isto da próxima vez que estivermos numa fila de trânsito. Se eu pudesse despedaçar à gadanhada o tipo que estacionou o carro em segunda fila, pegar na sua esposa boazona e, logo ali na berma da estrada, fazer-lhe coisas feias, a vida seria muito melhor para mim, para essa esposa, para o seu marido estraçalhado no meio do alcatrão e para todas as outras pessoas apanhadas, como eu, no meio de uma fila de trânsito. Esta é uma lição que o campo bem nos pode ensinar.

Mas há mais. No campo, as coisas têm outro sabor. Não é preciso lermos o Civilização do Eça de Queirós (um dos melhores e mais belos pedaços de prosa da literatura portuguesa, e se sou eu que o digo, podem ir já pegar, à confiança, no texto, que faz parte dos Contos) para constatarmos que os fornos a lenha, os tachos de barro e os alimentos colhidos na hora nutrem muito mais do que os nossos fogões a gás e as compras do supermercado. E, vantagem acrescida, no campo não há Moody's a dizer-nos que o rating das nossas batatas é igual a lixo, não há políticos em campanha aquando de eleições (os políticos nunca vão ao campo, pá! Devem ter medo que alguém os ponha a trabalhar, para variar) e não há putos estúpidos a andar de bicicleta e a atrapalhar-me o pedalar, então não é que eu quero ultrapassar os putos estúpidos e eles ocupam o raio da estrada toda, obrigando-me a desviar para o passeio e a atropelar velhinhas, não que isso não seja divertido, não que isso não ajude o país, pois são menos reformas a pagar, mas caramba, chatos dos putos, pá, estivéssemos no campo e iriam ver se não os corria à gadanhada, eu sei que me estou a repetir com isto da gadanha mas imaginem-se com uma nas mãos, aquilo é mesmo fixe, é zás e está a andar, porra!

Não sei se o livro do Thoreau fala destas merdas, especialmente da forma de correctamente manejar uma gadanha, mas é um facto adquirido, parece-me, que temos algo a aprender com o campo. Desconheço se para isso é preciso irmos morar sozinhos durante dois anos numa cabana montada mesmo no meio de um bosque, que foi o que fez o maluco do Thoreau, coitado, eu se fizesse isso, tenho a certeza que ao fim de duas horas longe dos meus cds ficava possuído e desatava a cortar todas as árvores ao meu redor com - lá está - uma gadanha, para depois colocar as partes cortadas em cima de um calhau, à espera que dali saísse música, mas isso sou eu, um indivíduo, como revelei logo no início, que é essencialmente urbano. Porém, se pudermos fazer das cidades os nossos campos, metafisicamente falando (se não perceberam isto, deixem estar, eu depois não explico...), talvez possamos ser um poucochinho mais felizes. É experimentar.

segunda-feira, julho 11, 2011

Pedalar até cair (5)

Acho que estou a ficar mentalmente doente. Hmmm..., há aqui alguma inexactidão na frase, esperem só uns momentos e eu já dou a volta a isto de forma a que se ganhe em precisão. Então é assim: eu sou mentalmente doente, mas agora acho que estou a ficar ainda mais! Ontem passei a tarde numa loja especializada em bicicletas e... e... e quase molhei as calças devido ao facto de ter olhado para tanta bicicleta boa! Eu não tenho culpa, entrei na loja para procurar acessórios, mas não pude evitar lançar-me para as binas, elas afinal estavam ali, todas enfileiradas, mostrando as suas correntes, aqueles pedais, os carretos das mudanças, e o que dizer daqueles pneus, bem cheiinhos, como qualquer amante de bicicletas gosta?!? Quase enlouqueci no meio destas provocadoras, e posso bem dizer que só despertei quando um dos empregados da loja se chegou junto a mim - encontrava-me eu nesse momento a fazer propostas indecentes a uma Specialized de 2200€ -, e me perguntou se eu precisava de ajuda! Acho que ouvi uma agulha a passar sobre um disco de vinil e tudo...


sexta-feira, julho 08, 2011

O Peter of Pan entrevista a Moody's

Se estão a pensar que é impossível um tipo entrevistar uma agência de rating, só porque uma agência de rating não é uma pessoa, não tem cérebro nem sistema nervoso central, digo-vos só que o Luís Filipe Vieira também não e anda sempre a ser entrevistado. Portanto, adiante...

Eu: Olá, Moody's. Bem vinda e obrigado por aceitar ser entrevistada.
Moody's: You're welcome.
Eu: Moody's, a primeira pergunta que tenho a colocar é esta: mas que merda foi essa de baixares Portugal para lixo, ó minha p*ta do c@r@lho?!?
Moody's: Well, what you would expect? Your country, financially speaking, is plain trash.
Eu: Ó Moody's, eu é que te trasho já toda. Explica lá essa merda, f*d@-se!
Moody's: It's not hard to understand, is it?! Your debt is appalling. Your government is as effective as a snail running against Usein Bolt. Your Mr. Portas has white teeth but bad breath. Cristiano Ronaldo isn't as good as Messi. José Castelo Branco is still alive. So... trash it is!
Eu: Moody's, está bem, tens razão nisso tudo, mas ainda assim?!? Lixo?! E as coisas boas que Portugal tem?
Moody's: As such?
Eu: Ahnnn..., tipo, hmmm, sei lá, Soraia Chaves?! Sporting Clube de Portugal?! Salazar a cair da cadeira e a bater c'os cornos no chão?!
Moody's: My system does not compute that.
Eu: Olha, e se fosses... Aham, e se mudássemos de assunto?! O que pensa a Moody's da reacção que tem vindo a sofrer nas redes sociais?
Moody's: It makes me laugh. Hate comment is sooooo enjoyable. It makes me think of downgrading your country to hiper-mega-ultra trash.
Eu: E que resposta tem a dar aos que a acusam de ser terrorista e de dar murros no estômago ao país?
Moody's: This one: F#ck them! Months ago, they were talking about soothing me, and now call me a terrorist? They're just as trustworthy as Andre Villas-Boas, who yesterday was all Porto and now gives them the middle finger - as it should be!
Eu: E o que me diz acerca da teoria da conspiração das agências de rating contra a Europa?
Moody's: That's ludicrous. But I have my own conspiracy theory. Portugal is trash because, in the far 1141, a bug entered King Afonso Henrique's brain and took control of him. Since then, every ruler of your country is being commanded by a 2 inches insect living in his or her head, and that explains why Portugal is so retarded, evolutionally speaking. What about that, uh?!
Eu: Bem... não deixa de fazer algum sentido...
Moody's: Of course it does! Trust me, I'm the rating agency here!
Eu: Bom, Moody's, a nossa conversa já vai longa, tenho apenas um pedido a fazer: não queres mudar o pachaching, desculpa, o rating do nosso país para um ou dois níveis acima de lixo?!
Moody's: In your dreams, bitch!
Eu: Então e... e se ao menos me mostrasses as mamas?!
Moody's: "#%&£§@$%/@£/"@£€!
Eu: E foi tudo por hoje, desejo-vos um bom fim-de-semana e termino com um desabafo: que bom seria se os nosso políticos entrassem moody's e saíssem calados!

(porra, esta foi mesmo estúpida, c'um catano...)

quinta-feira, julho 07, 2011

Não percebo os maus fígados de agora contra as agências de rating quando:

1 - as agências de rating sempre fizeram o que estão a fazer, isto é, julgar entidades económicas (Estados, empresas, bancos) sem dar cavaco a ninguém e ancoradas em critérios que ninguém percebe. Portanto, os que defendiam as agências de rating quando tudo estava bem e agora, que tudo está mal, as atacam com sanha (olá, senhor Presidente da República, e deixe de me mandar convites para o Farmville) só me dão vontade de rir.

2 - as agências de rating, no fundo, estão simplesmente a colocar nos mercados financeiros as opiniões que o Medina Carreira anda a veicular há anos.

Portanto, se querem ver-se livres das agências de rating (e digam lá, não vos diverte ver agora as pessoas de direita classificarem estas agências de "terroristas"?!?! Qualquer dia, ainda põem a Moody's em Guantanamo, e se calhar não era mal pensado, aposto que a Moody's tem mais sangue nas mãos do que 90% dos sujeitos ali detidos), mas dizia eu, se querem ver-se livres das agências de rating, deitem o Medina Carreira à primeira ribeira que aparecer. Ele é que é o culpado de tudo!

quarta-feira, julho 06, 2011

Como diria a Alanis, "And isn't it ironic... don't you think?"

À saída da estação, um jovem africano bem constituído ou, em português popular, um pretalhão grande c'mó caraças, passa-me um flyer publicitário do Professor Mamadu, definido como "Astrólogo e Grande Médium Vidente" e que, mais adiante, se diz, e transcrevo, "dotado de dom herditário". "Herditário", pá! Já não falo sequer da redundância que é ser "dotado de dom", mas caramba, "herditário" é muito à frente!

Não deixa verdadeiramente de ser irónico que um tão preclaro vidente tenha a espantosa capacidade de vislumbrar o futuro e tal, e não tenha olhos para discernir uma tão evidente gralha...

terça-feira, julho 05, 2011

Lúcidos comentários sobre O Delfim, o filme


Entusiasmado pela leitura recente do livro O Delfim, do José Cardoso Pires, fui ver o dvd da adaptação cinematográfica levada a cabo pelo Fernando Lopes, com argumento de Vasco Pulido Valente, que deve ter ficado irritado por não o terem deixado transpor a acção para o século XIX. Para filme português, nem está mau e, mesmo que estivesse mau, uma grande vantagem de qualquer filme português é, à partida, nunca poder contar com o Adam Sandler ou o Vim Diesel. O Delfim não conta e, em boa verdade, a trupe de actores é um dos grandes trunfos da película, com destaque para a dupla Rogério Samora, no papel de Tomás Palma Bravo, o delfim, e absolutamente convincente, o que não era difícil, pois Rogério Samora só precisava de ser ele próprio, um canastrão, e Alexandra Lencastre, a boazona, no papel da esposa benzoca de Palma Bravo.

Gostei também particularmente da realização, com algumas cenas de bom gosto, mas onde o filme falha mais é no argumento. Não é que o Pulido Valente tenha feito um mau trabalho, não é isso, mas parece-me que foi demasiado preguiçoso. Primeiro que tudo, não confere autonomia suficiente ao enredo do filme, quero com isto dizer que quem não leu o livro antes de ver o filme terá mais dificuldades em seguir a história, e tal não deveria acontecer. Depois, irritou-me a forma como não se aproveitou aquilo que o filme poderia ter de melhor, mais eficaz e mais atraente: então não é que, tendo ali à mão de semear o corpanzil da Alexandra Lencastre quando ainda era podre de boa (a película data de 2001), e tendo em conta que José Cardoso Pires narra, no livro, uma cena altamente tórrida de masturbação feminina, o filme se limita a mostrar as pernas e - crime lesa-cinematográfico capaz de provocar um ataque cardíaco aos irmãos Lumiére - em vez das duas, desvela só uma teta alexandrina?!?! E muito timidamente?! Como é que isto pode ser, caramba?!?! Depois queixam-se que o público anda divorciado dos filmes portugueses... se fosse em Espanha, França ou num, vá lá, filme pornográfico escandinavo, teríamos a Alexandra Lencastre toda descascada, revelando tudo ao espectador (um aparte: com o novo acordo ortográfico é "espetador", não é?!? Faz sentido...), e até quem sabe, com um bocadinho mais de liberdade artística, que é o traço do bom cinema, alinhado com o risco, teríamos godemeches, azeite a escorrer pelo corpo da actriz, banhos de espuma, cavalos, elefantes e até um rinoceronte a fazer-lhe companhia! Isto é que era, mas não: Fernando Lopes e Vasco Pulido Valente armaram-se em púdicos e ficámos com uma cena erótica que parece ter sido filmada pelas irmãs Carmelitas!

O que é uma pena. Da próxima vez que alguém quiser adaptar uma obra de literatura portuguesa ao cinema, chamem-me para dar consultoria, 'tá?! Aposto que até consigo enfiar uma cena de sexo escaldante numa eventual adaptação do Sermão de Santo António aos Peixes...

segunda-feira, julho 04, 2011

Pedalar até cair (4)

Já começo a sentir os efeitos de tanto pedalar. Estou a ficar com uma senhora musculatura no rabo que até parece inverosímil! Horas e horas afiambrado no selim tornaram o meu rabo na segunda parte do meu corpo melhor desenvolvida, só perdendo - por enquanto... - para aquela parte que começa por um p e acaba num ça, e pelo meio tem uma vogal... exacto, a pança, no que é que estavam a pensar?!?!

Tanto caparro no befe faz-me crer que, se eu algum dia for incomodado na rua e tiver de andar à porrada, viro-me de rabo para o(s) bandalho(s), faço músculo e, qual Valentim Loureiro do saudoso Contra-Informação, mas com um rego, pergunto logo "Mas quantos são, hã?! Quanto são?!".

Hmmmm... pensando melhor, isto de virar o cuzinho para desconhecidos não me parece lá muito bem. Acho preferível, se me vir incomodado, enfiar a bicicleta nos cornos do primeiro que me chatear!

Contudo, a mensagem fica: não se metam com o meu rabo, pá!

sexta-feira, julho 01, 2011

Roubar o subsídio de Natal é sempre que o homem quiser

Eu poderia vir falar aqui sobre as novas medidas de austeridade do governo (hmmm, onde é que eu já vi isto?!), poderia também falar sobre a vontade recorrente que tenho de enrabar todo e qualquer político com um bastão cheio de picos na ponta, porém agora não tenho tempo porque acho mais importante ir coçar aquela comichão que está ali localizada entre o 2º e o 3º dedos do meu pé direito. E é assim que o país avança...

Bom fim-de-semana, porque desejar um bom fim-de-semana ainda não paga imposto. Ainda...