sexta-feira, abril 30, 2010

Não tenho a mínima dúvida de que foi precisamente isto que aconteceu!


Imagem retirada não sei de onde. Mas também não interessa.
O autor que me processe, se conseguir...


O que eu não entendo é por que é que o Sócrates nunca disse ao Louçã "Eyjafjallajokull é a tua tia"!

quinta-feira, abril 29, 2010

Assédio moral: contributos para a sua compreensão

Ontem, além de um dia de crime lesa-futebol (como foi possível o Inter eliminar o Barça?!? E como consegue o ego do Mourinho inchar ainda mais?!?!), foi também o Dia Nacional de Prevenção e Segurança no Trabalho. E como sempre ocorre nestas efemérides, as televisões chamaram "especialistas" para falar sobre este tema.

Já não sei em que canal foi, e muito menos recordo o nome do senhor, mas houve um cromo qualquer, pertencente a uma tal Associação para a Prevenção, ou algo que o valha, isto é, uma das várias associações inúteis deste país (para quando uma Associação das Pessoas que Limpam o Rabo ao Papel sem Sujar as Mãos, ou uma Plataforma para a Sobrevivência num País cujos Governantes Têm Síndrome de Down, hum?), que disse mais ou menos isto: "as grandes ameaças para os trabalhadores de todo o mundo nas próximas décadas serão o stress e o assédio moral!". (isto tem mesmo de vir a bold, uma pérola destas merece destaque)

Pessoalmente, não tenho dúvidas nenhumas sobre o flagelo que o stress constitui para o proletariado. Agora, que raios é o assédio moral e como pode isso ameaçar o desempenho de cada indivíduo? A única forma que eu tenho de perceber o assédio moral é compará-lo com outro tipo de assédio, o sexual. Um funcionário ou, mais normalmente, uma funcionária, é sexualmente assediado(a) quando alguém lhe faz propostas de cariz badalhoco. Pode ser algo como um patrão virar-se para a sua secretária e mandar-lhe um "ó filha, se queres ter uma promoção, vem cá abafar a palhinha ao paizinho", ou um colega virar-se para outro e "pá, 'tás a ver o meu teclado sem fios? Eu deixo-te tocá-lo se me tocares aqui no bicho". O assédio moral é isto, mas em vez de conotações sexuais, terá conotações... bem, morais! Do tipo "ó Susana, queres ter um aumento no final do ano? Então ajuda-me aqui a levar alimentos para os sem-abrigo das traseiras!", ou tipo "ó Castro, que merda vem a ser esta, pá? Então esqueceste-te de entregar o processo A à empresa que veio cá fazer a auditoria? Não te admito esse género de falhas! Vais já ali consolar a Michela, que coitadinha acabou de perder o pai. E não te quero ouvir dizer que ela é gorda, percebeste?"

E como serão os processos em tribunal? Processos por assédio sexual já toda a gente sabe como se desenvolvem, não é? Mas e um processo por assédio moral? Será algo deste género:

Juiz: Então, dona Antónia, diga lá o que o seu chefe a obrigou a fazer.
Antónia: Pois... (chora)... o que se passou foi... (chora)... desculpe, senhor Juiz.
Juiz: Vá, vá, desabafe, nós estamos aqui para ouvir e resolver o seu caso!
Antónia: Então, eu... eu... (chora) eu estava quase na minha hora de saída, quando... (interrompe para recuperar o fôlego)
Juiz: Sim?
Antónia: Quando o meu patrão, o dr. Santos... (chora)
Juiz: Sim?
Antónia: Ele... ele... (chora), desculpe sr. Juiz, custa tanto falar disto...
Juiz: Vá, dona Antónia, está a ir muito bem, força!
Antónia: O dr. Santos obrigou-me a ir à rua para ajudar uma velhinha a atravessar a passadeira!!!! Bu-uhhhhhh (chora copiosamente).

Deve ser mais ou menos isto, não deve?!?

Até amanhã...

quarta-feira, abril 28, 2010

Como podem duas pessoas ter percepções tão diferentes sobre o mesmo evento?

Este título não pretende ser um ataque às avaliações sobre o estado das finanças portuguesas. Lá porque a Standard&Poor's diz que o país está num estado crítico e o José Sócrates continua a assobiar para o lado - aplicando-se-lhes, então, a questão que eu coloquei no título deste post - a verdade é que não me refiro nem a uma nem a outro, pelo simples motivo de que a Standard&Poor's não é uma pessoa e o José Sócrates idem!

Pronto, feito este petit esclarecimento, vou entrar no assunto propriamente dito. Duas pessoas que têm percepções diferentes, quiçá mesmo antagónicas, sobre o mesmo facto ou evento. Por exemplo, aquilo que, para mim, é um piaçaba no meio da Avenida da Liberdade pode ser, para um fanático cristão, a imagem de Jesus Cristo descida à terra. Outro exemplo: aquilo que, para 6 milhões de portugueses, é um clube glorioso não passa, para mim, de um antro de bebedeira, acefalia e bigodes horríveis. Ou, outro exemplo ainda, tirado meramente ao acaso: eu todo nu a dançar e a cantar aquele refrão dos Kiss que reza "I was made for lovin'you baby/You were made for lovin'me/And I can't get enough of you, baby/Can you get enough of me?" é, para mim, um exercício de notável sensualidade, mas, para a minha gaja, vá lá saber-se porquê, é tão-só mais uma demonstração de que eu não jogo com o baralho todo!

Vá lá uma pessoa entender as outras pessoas...

(mas é que eu estava mesmo sensual a cantar aquela musiquinha dos Kiss...)

terça-feira, abril 27, 2010

Esta é para eu aprender a não elogiar os muffins das outras!

Um post extraído directamente da vida real. Qualquer semelhança com a ficção é uma nãoseioquê de uma coincidência.

Ontem, chegado a casa ao final da tarde, e preparado para o "descanso do guerreiro" após mais um dia de dura labuta, encontro a gaja à porta da cozinha, com o rolo da massa na mão esquerda, a colher de pau na mão direita e o avental dobrado sobre o antebraço direito.

- Olá, amorzinho do meu coração. - perguntei, na minha candura, e acrescentei: - Estás a preparar-te para cozinhar? Fixe! Vais fazer o quê?
Por uns poucos segundos, a gaja nada disse. Limitou-se a fuzilar-me com o olhar, como se ela fosse o José Sócrates e eu o Francisco Louçã. De repente, qual relâmpago que caísse mesmo em cima da tola do António Mexia, soltou:
- EU NÃO VOU FAZER NADA, MEU ESTÚPIDO!!! HOJE QUEM VAI COZINHAR ÉS TU! QUERO VER O QUE ANDAS A APRENDER COM OS PROGRAMAS LÁ DA TIGELA! COM QUE ENTÃO, OS MUFFINS DELA FAZEM-TE CRESCER ÁGUA NA BOCA...

E lançou-me, sem mais dizer, o avental, a colher de pau e o rolo de massa para as mãos. Ainda procurei deitar alguma água na fervura:
- Mas amorzinho, ela não se chama Tigela. É Nigella e pronuncia-se à inglesa, Naidj...
- NÃO QUERO SABER, 'TÁ CALADO COM ESSA P*TA DO C@R@*#O, É COMO EU DIGO, F@$@-SE, TU VAIS É COZINHAR, MEU C@R@*#O DO C@R@*#O, E É MELHOR QUE O FILHO DA P*TA DO C@R@*#O DO PRATO QUE VAIS FAZER FIQUE CINCO ESTRELAS, SENÃO O QUE ESPERA O TEU PETEROFPANZINHO É AQUILO!

E mostrou-me, em cima da bancada da cozinha, a faca eléctrica que costumamos utilizar para cortar o pão home made. As lâminas, acabadas decerto de afiar (é mesmo muito cruel, a minha gaja) reluziam ameaçadoramente. Passou-me uma dor pela zona pélvica. Senti-me desfalecer. Olhei para a gaja, mas ela não desarmava: continuava a fitar-me com aqueles olhos de quem está disposta a tudo. Senti-me como uma transportadora aérea à mercê da nuvem do vulcão islandês Eyjafiroku, ou lá como se chama aquilo, sem poder voar nem para aqui nem para ali...

Não tive, pois, outra alternativa senão colocar o avental por cima do corpo. E, munido da colher de pau e do rolo da massa, fui para junto do fogão. E o que fiz? Bem, a única coisa que eu consigo fazer na cozinha: porcaria! Tentei fazer uns bolinhos, saíram-me uns tijolos; procurei compensar com uma omolete, saiu-me uma espécie de esparregado de ovo; fui, já em desespero, para fritar umas batatinhas, e o resultado ficou parecido com o cabelo do Yannick Djaló. Comecei, baixinho, a dizer palavras de adeus ao meu amigo de todas as horas. Afinal, aquelas lâminas da faca eléctrica continuavam ali, brilhantes. Com os olhos já marejados pela lágrimas que iam descendo, e enquanto observava as últimas batatinhas fritas transformarem-se em carvão, o futuro aparecia à minha frente: sem o meu peterofpanzinho, não teria outro caminho senão ir para a companhia de teatro do Filipe La Féria.

Destino horrível, este. Mas era o que me esperava se eu não agisse, e depressa. Foi o que fiz: resolvido a não querer deitar a minha vida pelo cano, decidi puxar dos meus galões de sportinguista e executar aquilo que qualquer bom sportinguista sabe executar: um majestoso espectáculo de auto-humilhação! Com o rosto já lavado em lágrimas, ajoelhei-me, virei-me para a gaja, levantei os braços, qual Willem Dafoe no Platton, e proferi estas salvíficas palavras:
- Desculpa, amorzinho, desculpa! Não volto nunca mais a falar dos muffins da Nigella!
- Tigela. - interrompeu-me logo, num tom de voz automático e sem emoção.
- Sim, Tigela - confirmei - Nunca mais volto a elogiá-la!

Fez-se um breve silêncio, apenas intercalado pela minha respiração chorosa. A gaja veio até mim. Estendeu-me a mão direita. Eu estendi a minha mão esquerda, porque sou muito revolucionário e não quero nada com a direita. Pegou na minha mão esquerda com a sua mão direita (o que é uma imagem um bocado estranha...). E disse-me, agora com uma voz suave e melodiosa,

- Pronto, está bem, já vi que aprendeste a lição!
Ajudou-me a levantar, o que foi fixe, porque já tinha os joelhos em carne viva.
- Podes estar descansado que o teu peterofpanzinho vai sobreviver. Afinal - e olhou-me com malícia - eu tenho grandes planos para ele! Mas - concluiu, rispidamente - se voltas a falar dos muffins daquela cozinheira de meia nigella, juro que não terás uma outra abébia!

E virou-me as costas, dirigiu-se para a sala e deixou-me ali sozinho na cozinha, por entre aquele caos e aquela destruição (as batatas fritas, por esta altura, já estavam tão carbonizadas que comecei a pensar se não se transformariam em diamantes). Respirei fundo, enxuguei as lágrimas e pus-me a limpar a cozinha. Quando tudo estava bem limpo e lavadinho, perguntei à gaja se podia mandar vir uma pizza vegetariana. E pronto, mandámos vir e acabámos a noite no sofá a ver televisão.

E não, não vimos a SIC Mulher e sim, o meu peterofpanzinho está de boa saúde. E sim, nunca mais digo nada acerca dos muffins da Nigella...

segunda-feira, abril 26, 2010

Cozinho para o povo: as dentadinhas da Nigella


Estou convicto de que toda a gente já ouviu falar da Nigella Lawson. A Nigella, cujo programa de culinária, Nigella Bites, anda a passar na SIC Mulher, é a típica pessoa capaz de unir um casal à frente do televisor. Seja homem, seja mulher, ninguém fica indiferente às delícias da Nigella. Não me lembro, aliás, de um programa sobre cozinhados ter uma audiência tão transversal desde as célebres rúbricas do cozinheiro sueco d'Os Marretas.

E por que é que a Nigella agrada a gregos e troianos, hmmm? O que é que a Nigella tem que as Filipas Vãocomdeus, os Michéis, os Manuéis Luíses Gouchas e os sonsinhos dos Jamies Olivers não têm?!

Acho que a resposta é evidente. A Nigella consegue pôr, lado a lado, homens e mulheres num assunto normalmente tão separatista quanto é o da cozinha porque, enquanto estas ficam agarradas aos deliciosos e criativos pratos preparados, aqueles entretêm-se com os "muffins" da senhora... e que belos muffins que são! Até fazem crescer água na boca!

Estou em crer que um simples programa da Nigella faz mais para ligar os homens à cozinha do que anos e anos de propaganda anti-machista...

sexta-feira, abril 23, 2010

Estou muito desapontado com vocês, caros leitores!


Então, e tal como postei ontem, a minha gaja diz (e volto a citar) "o vosso mister tem cara de quem está sempre com vontade de cagar!" e ninguém - absolutamente ninguém - teve a lata de fazer um comentário do tipo "ah, faz sentido. O estádio do SCP parece uma casa-de-banho. Ele foi parar então ao clube certo...". Como é?! Vocês assim decepcionam-me. Tanto, que tive de ser eu a vir com esta boquinha. Eu, um sportinguista mesmo sportinguista, daqueles que continua a achar o clube de verde e branco a melhor coisa que já alguma vez pisou um relvado de futebol, embora raramente ganhe alguma coisa!

Como diria o Daffy Duck: You're despicable!

Da próxima vez, estejam com mais atenção, 'tá?

Bom fim-de-semana!

quinta-feira, abril 22, 2010

A melhor frase que já ouvi até agora sobre o novo treinador do Sporting

A gaja: "Pá, o vosso mister tem cara de quem está sempre com vontade de cagar!"

Não tenho como rebater esta observação. Ainda assim, é com ele que vamos ganhar tudo, incluindo a Liga Portuguesa, a Taça da Liga, a Taça de Portugal, a Liga Europa, a Liga dos Campeões, a Liga da Rita Pereira, a Supertaça, a Supertaça Europeia, o Campeonato Mundial de Clubes, a Liga Espanhola, a Taça das Ilhas Barbados, a Supercopa da Costa Rica e o Campeonato do Quirguistão.

Vão ver se não vai ser como digo...

terça-feira, abril 20, 2010

Os nerds

Snapshot do filme Revenge of the Nerds, o sonho molhado
de qualquer nerd digno desse nome


Acabei de apanhar com um par de nerds no comboio que, enfim, só visto. Como todos os nerds, tinham cara de nerd. Como todos os nerds, tinham óculinhos. E como todos os nerds, só falavam de coisas de nerd: "E já viste o novo processador Intel 235423XPTO?", dizia um, "Não, mas tenho aqui uma revista que mostra um disco rígido com capacidade para 2245234 terabytes", dizia o outro, que tirou a revista nerd da sua sacola nerd, colocou-a no seu colo nerd e abriu-a, à nerd, para mostrar as páginas nerds ao seu amigo nerd. A cara que ambos faziam ao olhar para as fotografias só tem comparação nos esgares de um tarado que, por acaso, deparasse com um quiosque que tivesse a colecção toda da Gina.

Aquelas expressões excitadas dos nerds enquanto folheavam a revista nerd levou-me a concluir que eles só podem ser virgens. E por aquele caminho, sê-lo-ão até ao final dos seus dias, a não ser que inventem um computador com uma vagina integrada. Das duas uma: ou os nerds passam a ter sexo, ou então, conhecendo a exemplar aversão que têm por aquele género de "bicho", começam a fugir dos computadores. Será giro!

segunda-feira, abril 19, 2010

Vendetta

Conheço poucas pessoas a quem o sentimento de vingança nada diz. Para a maior parte das pessoas, porém, a vingança é o prato nosso de cada dia, um prato que, como se diz, deve servir-se frio. Essas pessoas, esquecendo o ditame cristão de oferecer a outra face, quando são atingidas procuram revidar com o dobro da força do agressor. Pode demorar um minuto, um ano, meio século: mas esperam sempre por um dia em que chegue o payback time!

Isto vem a propósito de dois filmes que revi este fim-de-semana: Sleepers, com aquela besta do Brad Pitt e a outra besta do Jason Patric (as gajas, por esta altura, já devem estar a babar-se e a querer queimar-me na fogueira por ter chamado bestas a estas duas bestas...), é uma história de vingança sobre quatro jovens que foram enrabados numa casa de correcção. Scaramouche, um clássico dos anos 50 de Hollywood, narra as aventuras de um indivíduo que vê o seu melhor amigo morrer num duelo com um aristocrata e que promete matar este último.

Filmes cujo motivo condutor são a vingança abundam, de facto. Este género de histórias possui um potencial cinematográfico como poucos: lembrem-se do Rambo que regressa ao Vietname no segundo filme da saga. Lembrem-se do Luke Skywalker a querer vingar-se do Darth Vader pela morte do Obi Wan Kenobi, desconhecendo que o Darth era seu pai e arriscando cair no lado negro da força. Lembrem-se de toda a saga d'O Padrinho, obra que é toda ela um ensaio sobre a vendetta. Enfim, os exemplos são mais que muitos.

Tudo isto, a certa altura, acaba por contagiar um gajo. Eu pertencia ao grupo de pessoas com que abri este texto: aquelas a quem é indiferente a vingança. Mas não mais. Não mais. Tanta propaganda celulóica sobre a vingança acabou por entrar nos meus neurónios. E entrou de tal modo que já me decidi a fazer uma lista de quem me quero vingar. Tremei, alvos da minha desforra! Temai, gentinha desprezível! Se vocês encaixam nas personagens que narrarei abaixo, fujam, fujam para o vulcão islandês, porque a minha vingança será terrível.

Lista das pessoas de quem me quero vingar

1 - Rafaela. Sim, tu, minha estúpida. Recordo-me perfeitamente daquela visita de estudo que a turma do 8º B fez ao parque natural do Gerês. Tu vieste para os bancos de trás da camioneta e curtiste com todos os rapazes da turma. Todos, menos um: eu! Quando te pedi um beijinho, tu negaste-te. Viraste as costas, o que me surpreendeu tendo em conta que, nem 5 minutos antes, tinhas estado com as línguas dos meus colegas todos na tua boca. Incluindo o gordo estúpido do Júlio, que ainda por cima tinha mau hálito. Esta merda traumatizou-me altamente, sabes? Mas eu hei-de vingar-me, minha porca! Hás-de estar na cama do hospital às portas da morte, suspirando por um último beijo, um beijo que simbolize a tua partida deste mundo, e eu hei-de estar aos pés da tua cama, a dizer-te "queres beijinho, queres? Beija-me o cu!", que de qualquer forma deve saber melhor que a boca do Júlio!

2 - Sousa Cintra. Sim, tu, meu idiota. Bem sei que és sportinguista, daqueles que sente o clube. Mas o facto de tu teres despedido o Bobby Robson quando o Sporting estava em 1º lugar no campeonato da época 93/94 e teres convidado para o lugar o Carlos Queirós é algo que me está atravessado. Perdemos aquele campeonato, lembras-te?! Para o Benfica, estás a ver?! E levámos 6 a 3 dos lamps no nosso próprio estádio, estás recordado? O Robson, depois, foi para o Porto e ganhou lá dois títulos, não sei se sabes... Tu por acaso imaginas o quanto isso me prejudicou? Eu fui gozado, durante anos, pelos meus amigos (?!?) benfiquistas! Achas bem esta merda?! Ainda por cima, o Bobby Robson já faleceu, coitado. Mas a vingança será doce, ai se será! Quando menos esperares, surpreendo-te e enfio-te uma garrafa da cerveja Cintra pelo cu acima e obrigo-te a gritares "I'm sorry, mr. Robson, I'm so sorry" em inglês perfeito. Sim, eu sei que tu nem sequer sabes falar bem português, mas é só uma frase. E juro que enquanto não a disseres como deve ser, não te tiro a garrafa do cu!

3 - Primeiros ministros portugueses desde 1983 até aos nossos dias. Sim, vocês meus porcos javardos. Esta data marca o início da minha consciência política, a altura em que eu comecei a ver com olhos de ver aquilo que se passava à minha volta. A altura em que comecei a entender, embora ainda estivesse a frequentar a escola primária, que entre aquilo que vocês falavam e aquilo que vocês realizavam ia uma distância bem maior do que o tamanho da ignorância da Sãozinha, que repetiu 4 vezes a 1ª classe e 2 vezes a 2ª. Foi por vossa causa que eu passei a desconfiar da natureza humana, minhas cavalgaduras. Custava-vos muito cumprirem aquilo que prometeram? Custava-vos muito fazer de Portugal um país onde se pudesse realmente viver bem? Custava-vos muito melhorar as condições da maioria da população, e não apenas de uns poucos? Meus cabrões, meus palhaços, meus safados! Vocês, sim, vocês, Mário Soares, Cavaco Silva, António Guterres, Durão Barroso, Santana Lopes e José Sócrates: vocês irão pagá-las. Felizmente todos são vivos, o que me permite planear a minha vingança com requintes elevados de malvadez. Um belo dia, quando for eu a mandar nesta merda toda, convocar-vos-ei a São Bento sob pretexto de uma homenagem, encostar-vos-ei a uma parede e fuzilar-vos-ei pessoalmente. Mas atenção, o fuzil não conterá balas: terá isso sim picos, daqueles que espetam bem, que é para vocês guincharem de dor, gemerem, uivarem e suplicarem por misericórdia. Aí, eu direi muito simplesmente "Sim, prometo que vou já parar com isto" - e não vou cumprir tal promessa. A ver se gostam, meus anormais!

E é isto, pá! Que belos planos de vingança, não acham?! E vocês, se tivessem de se vingar de alguém, de quem seria? E como?

Até amanhã!

sexta-feira, abril 16, 2010

E quem é que hoje é bebé, quem é?!?!

PedoPope?

Parabéns ao menino Ratzinger pelos seus 83 anos de vida. E um conselho: quando lhe estiverem a cantar os parabéns, sobretudo naquela parte "...e para o menino Ratzinger, uma salva de palmas", evite ficar de costas para os seus amigos padres e cardeais! É que nunca se sabe o que eles têm em mente como prenda de anos...

quinta-feira, abril 15, 2010

Quando dois valores entram em conflito


Um dos grandes poetas portugueses contemporâneos, e meu antigo professor, disse-me uma certa vez que o problema da nossa sociedade não é ter poucos ou nenhuns valores: é ter valores a mais! Concordo. E o que se aplica à sociedade, aplica-se igualmente a cada um dos indivíduos. E, sendo eu um indivíduo, aplica-se também a mim. É que eu, ao contrário do que à primeira vista pode parecer, também tenho valores, e por vezes esses valores chocam. Inevitavelmente...

Este caso é deveras ilustrativo: foi criado um grupo no Facebook contra a tolerância de ponto que o governo pensa dar no dia 13 de Maio, dia da visita do Ratzinger ao Portugal dos Pequeninos. Ora, eu, como ateu que sou, e daqueles mesmo arreigadamente ateus, daqueles que fazem o Richard Dawkins ou o José Saramago parecerem beatos de sacristia, estou de acordo. Não deve haver cá tolerâncias de ponto só porque o Papão vem cá: afinal, o Estado deve ser laico e o caraças! Em suma, o meu valor ateísta diz-me que este protesto faz todo o sentido.

Porém, a história não acaba aqui, uma vez que também estou contra este protesto! E estou contra porque possuo um outro valor, tão arreigado quanto o ateísmo, que me diz que sim, deve haver tolerância de ponto no dia 13 de Maio, sim, os funcionários públicos, e os privados, e os mistos, não devem trabalhar nesse dia. Esse valor é, já devem ter adivinhado, a preguiça! Enquanto preguiçoso, estou contra o protesto que está contra a tolerância de ponto!

Portanto, o que acontece neste caso é esta situação quase bizarra em que me encontro simultaneamente a favor e contra. E não consigo desatar este nó porque os valores que sustentam as minhas posições a favor e contra possuem exactamente o mesmo peso: ou seja, se eu fosse mais ateu que preguiçoso, estaria a favor do protesto; e se eu fosse mais preguiçoso que ateu, estaria contra o protesto! Mas não, a realidade é que sou tão ateu quanto preguiçoso e daqui não consigo sair. É um pouco como chegar junto de uma gelataria e me obrigarem a escolher entre um gelado de chocolate e um gelado de morango: eu escolheria ambos!

Já me viram bem esta merda?! E vocês, de que lado da balança estão? São mais ateus ou são mais preguiçosos? Por outras palavras: querem ir trabalhar no dia 13, ou querem ficar em casa? Isto é que está aqui um dilema, valha-me Bakunine...

quarta-feira, abril 14, 2010

Tenho algum carinho pelo défice

Conheço-o desde pequenininho e ele está tão crescido agora, já parece um homenzinho...

Será que...

...se eu negar com muita força que o Benfica venceu o Sporting por 2 a 0, o resto das pessoas passa a acreditar nisso?! Se funcionou durante algum tempo com o Sócrates e a crise, por que não há-de funcionar comigo e com o resultado de ontem?

E acreditam em mim se eu vos disser que Deus, embora não existindo, tem um sentido de humor excelente?! Ontem, o cardeal Bertone veio mandar umas bocas para a imprensa, dizendo que a pedofilia estava associada à homossexualidade. Poucas horas depois, um padre italiano é detido por suspeita de actos sexuais contra uma menina de 10 anos. O cardeal Bertone deve ter ficado cá com um "melone"...

P.S.: E como vocês querem que eu acredite em Deus e em Jesus e nos pastorinhos e no caraças depois da desfeita de ontem? Quer dizer, eu entrevisto o Jesus, ele diz-me que o Sporting vai esmagar os lamps por 4 a 0, e afinal, pimba, deu no que deu. Fui enganado!!! Aposto que a Alexandra Solnado nunca passou pelo mesmo...

terça-feira, abril 13, 2010

Peter of Pan entrevista: Jesus Cristo

Olá, amigos leitores, bom dia. Hoje, este blogue orgulha-se de apresentar uma entrevista com Jesus de Nazaré, também conhecido por Cristo e por "Jasus" pelas pessoas que não sabem distinguir entre "e" e "a".

Peter of Pan: Bom dia, Jesus. É um prazer para mim ter-te como convidado!
Jesus Cristo: Olá, bom dia, para mim também é um grande prazer, peço desculpa por não ter vindo mais cedo, mas sabes como é: sou muito assediado por alturas da Páscoa e tirei a semana passada para descansar. Mas pronto, hoje cá estou eu.
Peter of Pan: E eu agradeço a tua disponibilidade. Podemos começar?
Jesus Cristo: Força, pá!
Peter of Pan: Bom, tu alegas que a tua mãe foi inseminada por um gajo que nem sequer existe. Mal nasceste, tiveste três reis a oferecer mirra, incenso e ouro. Depois, já crescido, formaste uma seita com 12 marmanjos, amigaste-te com uma prostituta, fizeste milagres como andar sobre as águas, ressuscitar mortos, transformar água em vinho, curar leprosos e tal, foste detido à conta de um traidor que te beijou, crucificaram-te, morreste e ao fim de três dias vens dizer que ressuscitas e tal e és arrebatado para o céu onde te vais sentar à direita do teu pai que não existe. A minha pergunta é: mas que raio andaste tu a fumar, pá?!
Jesus Cristo: Eh! Eh! Eh! A história é o máximo, não é?!
Peter of Pan: Sim, é uma coisa bem sacada e bem imaginada. Põe qualquer surrealista no chinelo!
Jesus Cristo: E tu não sabes da missa a metade! Há muita coisa que não foi contada!
Peter of Pan: Queres dar alguns exemplos, só para os nossos leitores?!
Jesus Cristo: Sim, pá! Só para veres como sou um gajo porreiro. Então, algo que muita gente desconhece, e que nunca vi interpretado pelos teólogos, é que eu e os apóstolos formámos uma banda de hip hop. E éramos também uma dance crew. Os nossos movimentos em cima das águas do Eufrates teriam ficado para a História se naquela época houvesse YouTube.
Peter of Pan: Bem, isso é realmente muito à frente e inesperado para um messias.
Jesus Cristo: Estou-te a dizer, pá! Nós dominávamos! Havias de ver as piruetas do Simão, também chamado Pedro.
Peter of Pan: A tua família, o que achava?!
Jesus Cristo: Meu, sabes como é... a minha mãe, principalmente, estava sempre a chagar-me a mona, a dizer que eu devia era fazer algo da minha vida, ser um carpinteiro como o seu esposo José, ou vender os milagres que praticava, ou montar um consultório de vidente, parece que é coisa que dá muito dinheiro. Mas eu preferia andar com a malta, passear pela Judeia, conhecer o mundo, 'tás a ver?
Peter of Pan: Muito bem. Jesus, e como vês o mundo hoje em dia?
Jesus Cristo: Da mesma forma que via o mundo antigamente: com os olhos!
Peter of Pan: Jesus, caramba: essa foi mesmo sequinha! E previsível!
Jesus Cristo: Ah, relaxa, pá, faz-me mas é perguntas sobre bola!
Peter of Pan: Sobre bola?! Mas agora vais dizer que gostas de futebol, é?
Jesus Cristo: Meu, eu A-DO-RO futebol. Por que achas que os apóstolos eram 12, e comigo formavam 13? Para dar uma equipa e dois suplentes, pá! Era o Judas Iscariote à baliza, o André a lateral direito, o Bartolomeu a lateral esquerdo, Tiago Zebedeu e Tiago Alceu a centrais, João a trinco, Simão Zelote a médio direito, Mateus a médio centro, Tomé a médio esquerdo, Judas Tadeu na posição 10 e aqui o craque Jesus como ponta de lança. O Filipe e o Simão Pedro eram os suplentes.
Peter of Pan: Realmente, isso é fascinante!
Jesus Cristo: Para que as pessoas vejam, pá! É possível ser-se o salvador sem ser um choninhas!
Peter of Pan: Já que estamos neste assunto, posso perguntar qual é a tua opinião sobre o jogo de logo à noite?
Jesus Cristo: Podes, pá! Pergunta lá!
Peter of Pan: Quem é que achas que vai ganhar o derby: o Sporting ou o Benfica?
Jesus Cristo: É assim: se eu fosse um chato como o Luís Freitas Lobo, falaria em transições e o caraças. Como sou o filho de Deus, o caminho, a verdade e a vida, podes ter certeza que o Sporting esmagará os lampiões com um magnífico 4 a 0.
Peter of Pan: Eh lá, isso é bom! Mas eu pensava que tu torcias pelo Benfica, afinal, eles também têm um Jesus.
Jesus Cristo: Um impostor, pá, é o que eu digo! E o Benfica é a equipa dos diabos vermelhos, pá! Ademais, eu identifico-me com um clube que esteve 18 anos sem ganhar um campeonato. Faz-me lembrar os três dias que passei até ressuscitar. Podes apontar: 4 a 0.
Peter of Pan: Resta-nos aguardar por logo à noite, então. Jesus, para finalizar, alguma mensagem para os nossos leitores?
Jesus Cristo: Sim, pá! Para os padres que nos estão a ler: aquela conversa do deixai vir a mim as criancinhas não é para ser levada à letra. Para todos os outros, o único conselho que posso dar para uma vida feliz, humilde e boa é: afastem-se da política.
Peter of Pan: Obrigado, Jesus. E foi a entrevista com o messias. Esperemos que tenham aprendido alguma coisa. Da próxima vez, vamos tentar entrar em conversa com alguém ainda mais adorado: Tony Carreira!
Jesus Cristo: Deves estar a brincar comigo, olha que c@#@£%o!...
Peter of Pan: Até amanhã!

segunda-feira, abril 12, 2010

São tipos como este que nos servem de exemplo para contornarmos a crise!

A notícia caiu que nem um estalinho de Carnaval: Tiago Fernandes, jovem actor, foi detido sob a acusação de tráfico!

Ponham os olhos neste menino! Desde os 10 anos que trabalhava na televisão, e todos nós sabemos os sacrifícios que os actores têm de fazer: longas gravações, pouco tempo de repouso, alta capacidade de concentração... Não contente com isto, o jovem Tiago ainda arranjou um segundo emprego como comerciante de estupefacientes, um trabalho - dizem os entendidos - igualmente complicado e que implica, por exemplo, estar sempre disponível, 24 sobre 24 horas, ou aturar junkies daqueles mesmo muito chatos.

É obra! E ainda dizem que, neste país, os jovens não querem trabalhar nem possuem espírito de iniciativa!...

sexta-feira, abril 09, 2010

O que separa homens e mulheres quando observam futebol


Há já muito tempo que possuo a seguinte teoria: as mulheres, quando gostam de futebol, conseguem ser muito mais fundamentalistas do que os homens! Lembro-me, por exemplo, de uma colega com quem trabalhei numa famosa rede de livrarias. Quando ela chegava, às 9 horas de uma segunda feira, para entrar ao serviço e o seu rosto denunciava ter passado a noite inteira a chorar, eu - e os outros colegas, já agora - já sabia a razão: o Sporting perdera o seu jogo no domingo anterior.

As mulheres conseguem também ser mais ordinárias que os homens. A maior parte dos gajos, quando vêem futebol, lançam os seus "filho da puta" ao árbitro ou ao avançado que falha um penálti. Aqui e ali, um "vai para o c*ralho" ou "vai-te f*$er". As mulheres, contudo, são capazes de todo um repertório de asneiras num espaço relativamente curto de tempo. Se a coisa não corre de feição ao clube do seu coração, são capazes de atirar uma carambola de obscenidades, umas em cima das outras, que envergonhariam um Alberto João Jardim.

Comprovei isto mesmo ontem por ocasião da derrota do Benfica com o Liverpool (4 a 1 para a equipa da cidade dos Beatles, mas não preciso de relembrar isso, pois não, lampionagem?!). Se o homem lá de casa (ou seja, eu, caso estejam com dúvidas!) estava a ver o jogo tranquilamente, a mulher só metralhava c*ralhadas atrás de c*ralhadas, de vez em quando entremeadas por um "f*da-se esta m&#da toda" ou por um mais simpático "vai pá c*na da tua mãe, ó inglês do c@#$lho".

Vá, podem muito bem argumentar que a minha calma derivava do facto de o Benfica não ser o meu clube. Que se fosse o Sporting a estar naquela situação, eu puxaria dos galões e mostraria a minha capacidade verborreica. Mas isto é falso! Quando o Sporting joga e leva nas lonas, os comentários mais ofensivos que profiro limitam-se a um "este Polga é um cepo", ou "este treinador sofreu uma lobotomia", ou "palhaço do árbitro, 'tá sempre a roubar o Sporting. Deve ter sido comprado..." Ou seja, tudo coisinhas muito leves. Já a gaja, quando vê bola, é incapaz de, qual My Fair Lady da margem sul, dominar a sua inclinação para a ordinarice. Se eu ganhasse 5 cêntimos, 5 cêntimos apenas, por cada asneira que a gaja solta durante 90 minutos de pontapé na bola, juro-vos que no final de cada partida teria um pecúlio de fazer inveja aos prémios de desempenho do António Mexia!

E o pior é que ela ainda tem a lata de, após cada vulgaridade, vir mandar um "epá, tenho de me controlar. Não vou dizer mais nenhuma asneira neste jogo". Normalmente, o período de tempo que passa entre esta promessa e o não cumprimento da mesma cifra-se em três segundos. Basta o Cardozo perder uma bola ou o Aimar efectuar um mau passe para imediatamente retornarmos ao discurso pornográfico: "cabrão, palhaço do c@r@lho, ganhas tu esse dinheiro todo para quê, mais valia se o metesses no cu, meu paneleiro da m&rda, f*d@-se este jogo, c@r@lho, f*$a-se, put@ que pariu isto tudo".

E são assim todos os nossos serões em frente ao televisor quando o clube lampião joga. Por isso é que eu digo: o que separa homens e mulheres quando vêem bola é o fanatismo. Elas são muito piores do que nós!

Bom fim-de-semana

quinta-feira, abril 08, 2010

Sport Lisboa e Fanatismo


Para minha imensa infelicidade, agora tenho a inenarrável Benfica TV. E se os norte-americanos acham a Fox News tendenciosa, não sei o que diriam caso vissem cinco minutos que fosse do canal dos lampiões. Aquilo é tão, mas tão fanático que até consegue desvirtuar o formato habitual dos programas de comentário desportivo. Nestes, pelo menos os de que eu tenho conhecimento, o normal é haver UM comentador do Porto, UM comentador do Benfica e UM comentador do Sporting, sendo o conjunto moderado por um jornalista. É assim na SIC Notícias, na RTPN e na TVI24.

Mas este conceito (de grande sucesso, aliás) não cabe na cabeça dos directores da Benfica TV. Os seus programas de comentário desportivo distinguem-se dos demais porque têm um comentador que é MUITO benfiquista, um comentador que é BASTANTE benfiquista e por fim um comentador que é EXTREMAMENTE benfiquista. E no papel de moderador (??!!) está um jornalista que é apenas, coitado, DOENTIAMENTE benfiquista.

É claro que, sendo um canal ligado ao Benfica, soaria estranho se algum dos comentadores possuíse outra preferência clubística. Mas é no mínimo bizarro meter no mesmo estúdio quatro pessoas que têm exactamente a mesma opinião. Desconheço se os responsáveis pela televisão da lampionagem alguma vez ouviram falar de um senhor chamado Guilherme de Ockham... provavelmente não, até porque ele nunca jogou futebol. Mas deveriam conhecer algo mais deste pensador, pois uma das coisas que ele propunha era que "não se devem multiplicar entidades desnecessárias"!

Ou seja, se há um programa de comentário desportivo em que quatro indivíduos são fanáticos pelo Benfica, e cujos diálogos circulam à volta disto

Comentador muito benfiquista: O Benfica é o maior!
Comentador bastante benfiquista: Sim, e mais: o Benfica é o maior!
Comentador extremamente benfiquista: Desculpem, mas permitam-me acrescentar ainda que o Benfica é o maior!
Moderador doentiamente benfiquista: Bom, este diálogo está fantástico mas vou ter de interromper apenas para dizer o seguinte: o Benfica é o maior!

ou disto

Comentador extremamente benfiquista: E o Porto e o Sporting não valem nada.
Moderador doentiamente benfiquista: Concordo. E qual é a vossa opinião, comentador muito benfiquista e comentador bastante benfiquista?
Comentador muito benfiquista: A minha opinião é que o Porto e o Sporting não valem nada!
Comentador bastante benfiquista: Eu tenho quase a mesma perspectiva. Para mim, o Porto e o Sporting, para não valerem nada, ainda tinham de melhorar muito!
Moderador doentiamente benfiquista: Eh eh eh, 'tá boa. Benficaaaa!
Comentador muito benfiquista: Benficaaaa!
Comentador extremamente benfiquista: Benficaaaaa!

então torna-se claro que a dinâmica, o confronto e o agonismo típico dos programas de comentário se perde. Quatro palhaços que dizem as mesmas barbaridades sobre o Benfica é algo que não acrescenta nada (daí o Ockham). É chover no molhado, e é preciso ser muito acéfalo para aguentar vários minutos disto. Muito acéfalo ou, o que dá no mesmo, muito benfiquista... Depois perguntam-se por que é que estamos em crise: pudera, com 6 milhões de indivíduos assim, não há país que resista.

Até amanhã e, apesar de tudo, espero que a lampionagem hoje bata os bifes.

quarta-feira, abril 07, 2010

O novo ídolo do autor deste blogue


Há pessoas más. Há pessoas más que odiamos. E há pessoas más que, por uma razão ou outra, fazem algo que nos leva a gostar delas. Michelangelo Merisi, mais conhecido por Caravaggio, era um assassino, um aldrabão, um ladrão (podia perfeitamente ser um político, portanto. Ou trabalhar para a SAD do F.C. Porto). Alguém, sem dúvida, merecedor de ódio. Porém, tinha uma capacidade genial para a arte e compôs algumas das obras mais primas (e tias) da humanidade, tornando-se assim alvo de admiração. Eu admiro-o!

Mas há mais. Diego Armando Maradona, El pibe d'Oro: toxicodependente, traficante, provável aliado da Camorra, a máfia napolitana. Mas metessem-lhe uma bola aos pés e haveria logo magia. Quem gosta de futebol, tem de gostar do Maradona, pois ele foi o maior, independentemente do seu carácter mais do que duvidoso. Eu gosto!

Servem estes dois casos para eu dizer que, ontem, conheci um novo ídolo, alguém que a partir de agora vou admirar e gostar. Alguém que, tal como Caravaggio e Maradona, nunca foi flor que se cheirasse: ele é arrogante, hipócrita, mentiroso e oportunista. É um grandessíssimo cabrão e filho da puta, vá. Todavia, tal como Caravaggio com o pincel e Maradona com os pés, é capaz de produzir algo de imensamente maravilhoso.

Esse alguém chama-se Emídio Rangel e proferiu ontem, na sua audição pela comissão de Ética, Sociedade e Cultura, as palavras mais belas sobre Paulo Portas desde que Carlos Candal, falecido deputado do PS, esgrimiu um Manifesto Anti-Portas e acusou o ex-e-actual líder do CDS-PP de, e cito o português técnico de Candal, ser "um maricas". Rangel, ontem, atirou-se ao Portas como um leão se atira à sua presa. Quando eu vi, nas notícias, o retrato de um Emídio Rangel espumando de raiva e derramando a sua bílis sobre o menino Paulinho das feiras, fiquei logo ali fã do senhor. Aquelas palavras soaram-me, a mim, como pura poesia. Por exemplo, e referindo-se aos maus jornalistas que por aí andam, Rangel disse que “Paulo Portas abriu as portas a esta peste". Isto é lindo! "Paulo Portas abriu as portas"... Que génio!!! Rangel acrescentou igualmente que Portas foi o responsável por uma "escola sinistra" de jornalismo, como se - e aqui já sou eu a interpretar - O Independente fosse uma espécie de Hogwarts mas dirigida pelo Voldemort. O que é, convenhamos, uma imagem magnífica!!! Pela primeira vez na minha vida, desejei estar na Assembleia da República e prestar atenção ao que lá se dizia.

Portanto, tendo em conta a espectacular exibição ontem do Emídio Rangel, muito mais atractiva do que os quatro golos com que Leo Messi brindou o Arsenal, este blogue decide fazer-lhe umas quantas vénias. É o maior! Pouco importa que seja uma pessoa vil: disse mal do Portas, é o maior! Dá-lhe Rangel, que este blogue está contigo, e para prová-lo vai colocar uma foto tua na coluna direita (ui, a ironia!) até ao momento em que o autor, que sou eu, se cansar de vomitar.

Viva o Emídio Rangel, esse Caravaggio do jornalismo e Maradona das televisões!

terça-feira, abril 06, 2010

Focas e chocolates Guylian

Este post era para ser um ensaio acerca de algo que me incomodou bastante na última semana, a saber, o facto de os Xutos & Pontapés terem cedido a sua interpretação da música "A minha casinha" para o anúncio de um banco, o Millenium BCP. Mas ficará para as calendas, porque sucedeu-me algo no comboio que é mais premente tratar aqui e agora, convosco.

Estava eu muito consoladinho no comboio, portanto, encostado à janela enquanto no meu mp3 tocava a 9ª Sinfonia do, como diria Alex Delarge, "good old Ludwig Van" (quem ainda não viu o Laranja Mecânica, pode fazer o favor de dar meia volta e sair deste blogue), quando, após a paragem numa estação, se sentam três jovenzinhas no banco de quatro lugares de que eu era até à altura o único ocupante. Conversa da treta para aqui, risinhos parvos para ali (enfim, o habitual das adolescentes...), até que uma delas resolve dizer "eu detesto os chocolates da Guylian"!

O simples facto de ela ter colocado, na mesma frase, "chocolate", "Guylian" e "detesto" bastaria para mandá-la à merda, ou para a Assembleia da República, mas o que mais me chocou foi quem proferiu isto: um majestoso exemplar de Phoca vitulina, ou, em português, foca comum. Não, a gaja era tão, mas tão gorda que se engordar mais meio quilo vai ser promovida de foca a baleia! Foi esta animália que disse - e cito novamente - "eu detesto os chocolates da Guylian". Isto é uma afronta! Pelo seu aspecto, eu diria que a tipa não só não detesta os chocolates, sejam eles da Guylian ou de outra marca qualquer, como tem com eles uma relação só semelhante à que os padres católicos têm com os meninos do coro: marcha tudo!

Se acham que estou a ser demasiado ofensivo, respondo-vos já que não, não estou. Estou a dizer precisamente aquilo que penso. É que não tenho nada contra o facto de ela ser o equivalente feminino ao boneco da Michelin, não me incomodou minimamente ela ter provocado um semi-terremoto quando se sentou no banco, mas há algo que eu não admito a ninguém - e isso inclui pessoas que mais se assemelham a veículos pesados: é serem mentirosas! Porque, para mim, o seguinte raciocínio não pode ser refutável:

A: As gordas enfardam chocolates (facto empírico)
B: Os chocolates da Guylian são óptimos (facto empírico)

Logo, as gordas enfardam chocolates da Guylian (consequência de A+B)

Sendo assim, se aquela gaja detesta os chocolates da Guylian, o José Sócrates fala a verdade no caso Freeport. E nada mais tenho a acrescentar!