terça-feira, maio 31, 2011

E se os partidos andassem à caça dos votos da criancinhas? (2)

Campanha do PSD:

"Olá, olá, olá! Não sabes o que andas a fazer?! Defendes num dia uma ideia e noutro uma completamente diferente, mas no fundo qualquer uma delas é igual ao conteúdo das tuas fraldas? Então, pequenito?! Então, pequenita?! É no nosso partido que deves vir votar! Vem divertir-te e aprender a falar de liberalismo, neoliberalismo, pós-liberalismo, neo-pós-liberalismo, iniciativa privada e um sem número de coisas das quais não fazemos, como tu, a mínima ideia do que significam, mas que distraem e desviam as atenções da nossa verdadeira intenção que é, como os outros partidos, enfiar boys nas empresas públicas. Tu ainda não sabes o que é um boy, mas nós temos a certeza de que daqui a uns 20 aninhos, quando não tiveres perspectivas na vida e decidires enveredar por uma carreira política, vais saber o que é e vais gostar.

PSD: Não percebemos nada disto, mas não faz mal, até é giro!"

segunda-feira, maio 30, 2011

E se os partidos andassem à caça dos votos da criancinhas? (1)

Campanha do PS:

"Olá, menino! Olá, menina! Gostas de partir coisas pela casa, sujar o chão, vomitar as paredes?! Quem não gosta?! O chato é depois apanhar uns tautaus, não é? Claro que é... Mas nós no PS temos a solução, pequenino e pequenina! Podes partir, podes sujar, podes vomitar... desde que não te esqueças de pôr as culpas nos outros. Vá, tu consegues: põe as culpas num irmão ou irmã mais novos, num terremoto, numa invasão extraterrestre ou usa a desculpa preferida de toda a pequenada - a Conjuntura Internacional! Vais ver que não só poderás continuar a fazer porcaria como até terás a tua mamã e o teu papá a darem-te palmadinhas nas costas. Para isso, só tens de votar em nós.

PS: um partido como tu."

sexta-feira, maio 27, 2011

Uma grande ideia para um programa de televisão

era haver um programa tipo o Peso Pesado mas para esvaziar egos! Sei lá, metia-se numa herdade gente demasiado cheia de si, como o Sócrates, o Portas, o Mourinho, o Villas Boas, o Pacheco Pereira, o Sousa Tavares, enfim, essa pandilha de narizes empinados. O propósito do concurso era apresentar a esses marmelos desafios e obstáculos que conduzissem ao esvaziamento do ego, e quem a cada semana se esvaziasse menos saía da herdade... com um pontapé no cu. Poder-se-ia ter, à semelhança do outro "pograma", um comando que os motivasse, mas aqui no Peso Pesado para Egos não seria exactamente um comando, podia ser apenas um tipo da craveira de um Paulo Futre, por exemplo.

Os desafios do programa incluiriam, por exemplo, não poder dizer mais do que 3 vezes por semana as frases "Eu é que sei", "Eu sou muito bom", "Eu sou o maior" e a proibição de se olhar ao espelho mais do que 10 segundos seguidos.

Parece-me uma ideia engraçada e com pernas para andar, não acham?!?

Para a semana, se estiver para aí virado, prometo 5 dias de posts votados ao tema "Os partidos políticos à caça dos votos das criancinhas". Ensinem os vossos petizes a ler, pois isto é sobretudo para eles. Bom fim-de-semana!

quinta-feira, maio 26, 2011

Memórias da minha quase carreira cinematográfica

Pouca gente sabe disto, até porque estou a inventar este post agora, mas eu quase fui uma estrela de Hollywood. É verdade! A coisa passou-se assim:

Nos princípios dos anos 2000, eu não sabia bem o que queria fazer da vida. As minhas opções, à semelhança das pernas de uma dançarina de strip-tease, mantinham-se em aberto: eu podia ser jogador de futebol, gestor de uma empresa multimilionária, traficante de heroína, ou actor. Escolhi a opção mais difícil e comecei a ir a audições. Depois de ter feio alguns papéis de teatro, recebi uma carta do meu agente a dizer que uma produtora de Hollywood estava interessada em mim para protagonizar uma cobóiada. Parecia-me bem, e comuniquei ao meu agente que solicitasse uma cópia do guião.

A cópia chegou-me poucas semanas depois, ainda sem título, mas com uma frase de efeito a anteceder o texto: "Three young cowboys fight discrimination". Uau, pensei eu, aquilo prometia. Já passavam imagens na minha cabeça: eu e os meus dois amigos cobóis lutávamos contra os índios e mais - tínhamos uma arqui-inimiga que era a discriminação! Já estava mesmo a ver-me na tela, aos tiros, em duelos, montado num cavalo e a dar cabo de tudo. Ia ser mesmo bom!

Comecei a ler o guião. A coisa começava paradinha. Continuei a ler. Nada de índios, nada de tiros. Apenas três cobóis que arranjavam emprego como guardadores de gado. Pensei para mim mesmo: "Ah, se calhar depois os índios roubam o gado aos cobóis e vendem-no à discriminação, e nós depois temos de lutar contra os índios e enfrentar a discriminação para recuperar o gado. Iá, tá um enredo fixe!". Continuei a ler. Os três cobóis amigos vão para as montanhas passear o gado, e chega-se a noite. Eu: "Ah, é agora que chegam os índios, queres ver?". Armam uma tenda, diz o guião. Metem-se dentro da tenda, continua o guião. Eu leio, em suspenso: estou mesmo à espera que venham os índios e roubem o gado, mesmo debaixo do nariz dos três cobóis. Volto a por os olhos nas páginas: os três cobóis estão debaixo da tenda, mas não conseguem dormir. "Ah", imagino eu, "estão preocupados com a segurança do gado. Vai haver molho. Bom, a sorte que eu tenho de terem pensado em mim para este filme". Retorno ao guião. Há uma troca de diálogos entre os três, e nisto vejo que o guião diz que eles se enrolam! "QUÉÉSTAMERDA?!?!?", gritei eu, estupefacto. "Então mas que c@r@lho de cobóiada vem a ser esta?!? Não pode ser, deve ser uma gralha!". Avancei umas páginas e confirma-se: não é gralha nenhuma: eles beijam-se, agarram-se por trás, trocam mimos e carinhos, e nada de tiros, de índios e de discriminação. Decidi telefonar ao meu agente:

Agente: Estou?
Eu: Ouve lá, ó meu palhaço, estás acordado?!
Agente: Agora estou. Que queres, Peter of Pan?
Eu: Ó meu g'anda bandalho, então aquele guião que tu me deste...
Agente: O de cobóis? Esse?!
Eu: Sim! Então não é que...
Agente: Sim?!
Eu: Então não é que aquele guião...
Agente: Desembucha, pá!
Eu: Aquele guião é para um filme...
Agente: Sim?!
Eu: É PARA UM FILME DE COBÓIS MARICAS, PÁ!!!!
Agente: Ai é?!
Eu: É!
Agente: E então?
Eu: E então?!? E então?!? Ouve lá, ó meu arraçado de prepúcio, mas tu achas isto bem? Eu lá aos beijos com outros dois cobóis?!? Eu a ser sodomizado por um deles enquanto sodomizo o outro?!? No meio do gado?!? E nem há índios, e onde é que está a discriminação que era suposto eu combater?! Beijos?! Abraços?! Carinhos?! Entre cobóis?!?!
Agente: Um actor deve sujeitar-se a sacrifícios pela sua arte, Peter!
Eu: O #$&#& é que deve #$#%/$ ao @#&$%/, ó meu #%/$%/$ do $/%&&£€!!!
Agente: Hã?!?
Eu: Tu percebeste! Quero que digas ao estúdio, e àquele produtor, e ao realizador, e toda a gente envolvida que não vou fazer o filme, está bem?!
Agente: Ó Peter, não sejas assim, pensa lá melhor. Estão todos à tua espera e o produtor indicou-te especificamente para aquele papel. O Heath Ledger e o Jake Gyllenhaal já confirmaram as suas presenças e vão contracenar contigo! Olha que este filme pode dar Óscar!!!
Eu: Eu quero é que esses dois se f#&@% e que enfiem os Óscares num sítio que eu cá sei!! Eles que se enrolem os dois! Comigo não contam! Cobóiadas dessas não, pá! Tira-me do filme, já!
Agente: Olha, vou ver o que consigo fazer. Mas ficas já a saber que este pode ser o fim da tua carreira cinematográfica!
Eu: Que se lixe. Arranja-me papéis de jeito.
Agente: ...está bem. Amanhã telefono para os estúdios. Mas eles não vão ficar contentes.
Eu: €£§@£"&#$%!
Agente: Boa noite para ti também.

E foi assim que a minha carreira acabou antes mesmo de começar. O meu agente tinha razão: depois da minha nega, ninguém mais em Hollywood quis saber de mim. Ainda arranjei uns papéis menores no cinema europeu: eu, ou melhor, o meu pénis, foi diversas vezes convidado para fazer de duplo da Torre Eiffel em filmes sobre Paris, mas lá está, isso deve-se menos ao meu talento enquanto actor e mais ao meu talento de ter uma viga entre as pernas, que após poucos minutos de caracterização fica mesmo a parecer-se com a torre dos franciúsus. Enfim, tais trabalhos foram dando para pagar as contas, e sempre foi melhor do que estrelar num filme de cobóis panascas que, aliás, como toda a gente sabe, e como o meu agente previra, foi um sucesso, mesmo tendo sofrido alterações ao guião após a minha nega. Mas cada um toma as suas opções...

Até amanhã.

quarta-feira, maio 25, 2011

Mau timing

Então agora que o campeonato acabou é que o Sporting contrata um treinador de jeito?!?!

terça-feira, maio 24, 2011

É o Porto uma naçoum?!

Vamos lá a ver: sempre que o clube famoso por oferecer fruta ganha alguma coisa, e eles ultimamente têm ganho muita "alguma coisa", saem uns quantos indivíduos à rua para gritar "O Puorto é uma naçoum"!!! Ora, partindo do princípio que "naçoum", nas bocas daquelas gentes, significa o mesmo que "nação" para os verdadeiros portugueses, aqueles que sabem falar como deve ser a língua, e que "Puorto" equivale a "Porto", resta discutir se aquela frase faz algum sentido. E há duas maneiras de ver a coisa...

Primeira: "Puorto" aplica-se à cidade Porto. Ora, se Porto é uma cidade, como é que pode ser uma "naçoum"?!? Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa! Na minha maneira de entender a realidade, uma cidade ainda é uma cidade, e uma nação ainda é uma nação. Ou naçoum, sei lá... O importante é que não se pode dizer que uma cidade seja uma nação! Se são duas coisas diferentes, não podem ser a mesma coisa! Era como eu dizer "O pé é um joelho", "O Pinto da Costa é um santinho", "O Portas é um fofo". Nenhuma destas coisas cola, como é facilmente verificável...

Segunda: "Puorto" aplica-se não à cidade Porto, mas ao clube de futebol Porto. Bom, aqui o raciocínio procede de maneira semelhante, embora diferente (hã?!?). Já não se diz que uma cidade é uma naçoum, aspecto que, como ficou provado no parágrafo anterior, não faz sentido. Diz-se, antes, que um clube de futebol é uma naçoum... o que também não faz sentido nenhum, mas isto parece não encaixar naquelas cabecinhas tripeiras. Como se pode alegar que um clube de futebol tem o mesmo estatuto geopolítico de um país?! Pior: se deixamos passar impunemente essa alegação de que "O Puorto é uma naçoum", nada impede os adeptos do Paços, por exemplo, de exigirem "O Paços de Ferreira é uma ilha", ou os vimarenenses "O Guimarães é um ducado", ou os sportinguistas "O Sporting é um sistema solar, e muita lindo, pá!"

Portantos, conclusão: não, o Puorto não é uma naçoum. Não me venham cá com histórias. E, já agora, parem lá de ganhar títulos, parecendo que não isso chateia um bocado, ok?!? Obrigado...

segunda-feira, maio 23, 2011

Pedaços de sabedoria Peter of Pan

Pá, vocês não se chateiam com aqueles aforismos lamechas debitados pelo Paulo Coelho e seus epígonos?! Aquelas coisinhas bonitinhas e nhénhénhé que encantam sobretudo as mulheres, como se as frases viessem numa caixinha juntamente com um anel de brilhantes. Caramba, aquilo é mesmo muito fraquinho. Fazem falta momentos desses, mas para pessoas normais. Sim, pedaços de sabedoria, mas com hombridade. Sim, frases que apelem à reflexão, mas à reflexão saudável, sem deixar lugar para o sentimentalismo totó. Sim: faz falta aqui o Peter of Pan deslacrar o seu génio e partilhar, com o mundo, os seus aforismos!

Só por causa disso, tomem lá quatro!

QUATRO PEDAÇOS DE SABEDORIA

A vida é como um peido: às vezes cheira mal, outras vezes não, mas o que verdadeiramente importa é fazer barulho.

Se sentes que tudo te desilude, pensa no voo suave e delicado das andorinhas. Eu cá costumo pensar em mamas, mas pode ser que contigo a passarada também funcione.

Quando descascas uma laranja, sabes perfeitamente o que vais encontrar. No entanto, quando tiras as cuecas a uma profissional da noite, por vezes podes ter surpresas.

O meu Mestre quis dizer-me qual era o sentido da vida, mas eu não estava lá para escutá-lo. Na verdade, sempre que ele me queria dizer qualquer coisa, eu não estava lá. Quem lhe manda ter mau hálito?! Moral da história: se quiseres partilhar com alguém qualquer coisa importante, certifica-te de que lavas os dentes e a boca primeiro.

*
* *

E pronto, era isto. Espero que tenham todos ficado mais sábios. Eu não, por isso é que amanhã, se me apetecer, vou abordar a questão "É o Porto uma naçoum?!". Se não me apetecer, abordarei outra coisa qualquer, e é melhor vocês nem piarem, olhem que caraças!!!!

sábado, maio 21, 2011

Cum carvalho...

...escutei as vozes e apanhei mesmo uma bebedaira do catano. Foram - deixem cá ver se eu consigo ser rigoroso - 8 garrafas de cerbeja, não sei quantos copos de tinto, não sei mais quantos copos de vranco, outros tantos de moscatel, porto, champanhe e mais não sei o quê e tal. Estou mesmo bêbado ecoiso, pá! Se me puserem um papel à frente, ainda escrevo que o Djaló é melhro que o Messi e isso tudo! Ei, se me meterem um boletim de voto diante do nariz, ainda meto uma cruz no CDS/PP...










... nááááááá, posso estar c'os copos, admito-o, mas ainda tenho um cérebro, olhem que baralhos!!!!!

Um resto de um bom fim-de-semana pra todos e uma boa recperação de ressaca pra mim, e coisa!

sexta-feira, maio 20, 2011

Às vezes, oiço vozes.

Normalmente, as vozes, quando falam comigo, dizem-me aquilo que eu já sei: "Peter of Pan, és tão espectacular". "Peter of Pan, és tão bonito". "Peter of Pan, és tão inteligente". Pois, essas coisas. Mas as vozes que hoje me falam estão apenas a dizer-me "Peter of Pan, este fim-de-semana tens de apanhar uma bebedeira. Uma bebedeira!"

E assim será. É que eu não gosto de desapontar as vozes...

quinta-feira, maio 19, 2011

Por uma vez que seja, estou contra os pequeninos

Defino-me, integralmente, como uma pessoa que está sempre do lado dos pequenos, dos fracos, dos oprimidos, daqueles a quem no bolo rei da vida saiu a fava. É por isso que sou de esquerda, é por isso que sou do Sporting, é por isso que ando enrolado com uma tipa de metro e meio. Porém, ao passar os olhos pelo debate de ontem na RTP1 que envolvia os representantes dos partidos sem assento parlamentar, e ter assistido, primeiro, ao circo apresentado pelo José Manuel Coelho (PND), ao estalar do verniz por parte do Garcia Pereira (PCTP-MRPP), ao desfilar das fascizices do José Pinto Coelho (PNR), e à elaboração de banalidades e truísmos por parte de todos os outros, tenho a dizer QUE SE F*DAM OS PEQUENINOS, PORRA!!!!

A única coisa que esteve bem no meio do debate foi a pequenina jornalista (e fofinha) Sandra de Sousa. Não merecia ela aqueles interlocutores.

Já agora, alguém me explica a infeliz coincidência de haver tantos Coelhos a disputar as próximas eleições? Ele é o Pedro Passos Coelho, ele é o José Manuel Coelho, ele é o José Pinto Coelho... mas não há por aí um caçador que queira disparar a esta coelhada toda? Não há aí ninguém a querer matar três coelhos de uma só cajadada?! E quem diz uma, diz trinta ou cinquenta, por mim é igual ao litro, até sabia melhor (diria que sabia a pato, se não estivesse a falar de coelhos...) dar cabo daqueles coelhos com mais bastonadas!...

quarta-feira, maio 18, 2011

Não se fiem nas aparências...


...pois esta coisinha fofa, linda, meiga, adorável e querida é, ao mesmo tempo, o terror de qualquer pardal e andorinha que se aventure pela Margem Sul. Já perdi a conta aos pardalitos que tirei àqueles dentinhos; a última foi anteontem, e o passarito felizmente sobreviveu, embora nem todos tenham essa sorte, pois também já perdi a conta às avezitas que encontrei, sem vida, no quintal. E uma vez, vi até esta gata a tossir uma pena. Não é preciso ser o Sherlock Holmes para fazer uma dedução que explicasse, por A + B, a razão de ela estar a tossir penas...

De alguma forma, esta némesis de tudo o que voa (ontem, por exemplo, passou uma cegonha por cima da nossa casa, e eu temi que, com a excitação, a gata fosse atrás dela...) faz recordar o killer bunny dos Monty Python:



Ou seja, não há dúvida de que as coisas mais belas por vezes são também as mais terríveis, como qualquer homem heterossexual que já tenha padecido de amores por uma qualquer gaja jeitosa bem sabe. À semelhança desta gatinha, que por fora é muito bela e muito fofinha, mas depois revela-se uma predadora e uma caçadora terrível, as mulheres jeitosas também por fora são... bem, são jeitosas, com aquelas curvinhas e aquela pele sedosa e acho melhor ficar-me por aqui senão perco-me, mas depois, à mínima oportunidade, transparece a sua verdadeira faceta, que é a de seres vis, ominosos, capazes de fazer a vida negra a um homem que caia debaixo dos seus pés, prendendo-no sem hipótese de escapatória e obrigando-o a lavar a loiça todos os dias, todos os dias, todos os dias.

Cuidado com as coisas belas, é a lição a retirar do post de hoje!

terça-feira, maio 17, 2011

(Nada) modesto primeiro andar

Todos nós já ouvimos falar de pessoas que sobrevivem a quedas aparatosas. De quando em vez, surgem notícias do género "Fulano caiu do 7º andar e não sofreu mais do que uma comichão no olho", ou "Sicrana salta do 6ºF de um apartamento e parte uma unha de um pé". São casos quase insólitos, miraculosos até, mas que acontecem, se calhar mais do que à primeira vista aparentaria.

Em comparação, o caso do queniano Samuel Wanjiru, que morreu após cair do primeiro andar, torna-se realmente fora do vulgar. Pessoas e mais pessoas conseguem cair de alturas imensas, e saem da aventura com pequenas e insignificantes escoriações, e o pobre Samuel, que até era atleta olímpico, tem um azar do caraças e espatifa-se todo. Do primeiro andar!!!!

Das duas, uma: ou os primeiros andares no Quénia distam cerca de 60 metros no chão, ou ele caiu mesmo mal. Ou, sei lá, há outras hipóteses: ele não morreu na queda, o que sucedeu foi que, quando beijou o chão, estava um grupo de leões à espera. Ou o chão estava coberto de picos que o rasgaram todo. Ou então o Samuel caiu, levantou-se e enquanto limpava o pó do corpo foi apanhado por um camião TIR.

Pronto, ok, nesta última já estou a fantasiar. Afinal, estava-se no Quénia. No máximo, ele podia ter sido abalroado por uma carroça... puxada por um ratinho... anoréctico...

Ou então nada disto sucedeu. O primeiro andar era um primeiro andar normal, o Samuel não caiu mal, não foi apanhado por leões, nem caiu sobre picos, e muito menos levou com um camião em cima... ou uma carroça. Talvez o motivo esteja na fragilidade do corpo queniano. Sim, ele era atleta olímpico, venceu mesmo uma medalha de ouro na maratona de Pequim em 2008, mas nós já sabemos como são os atletas quenianos: têm uma constituição física que os colocaria em desvantagem caso tivessem de competir numa luta de UFC com a Manuela Ferreira Leite. Portanto, não foi a altura nem qualquer outra razão estranha que motivou o óbito do coitado do Samuel, ele é que era uma fraca figura. O que me faz imaginar como terá sido a sua infância. Parece mesmo que estou a ver um amigo do Samuel a chegar junto da mãe do Samuel:

- Dona mãe do Samuel, dona mãe do Samuel, o Samuel partiu uma perna!
- Ai que horror, que horror, como é que isso aconteceu?
- Tropeçou numa pena de andorinha...

Por fim, resta-me tecer só uma notazinha sobre o que motivou a queda do Samuel. Dizem as notícias que tudo se deveu a uma discussão com a mulher. Exacto: o Samuel estava a discutir com a sua neguinha e nisto lembra-se de se jogar do primeiro andar. Só espero que a moda não pegue, pois se todo o homem que discute com a sua esposa desata a mandar-se da janela, vamos ver espectáculos de estatelanço todo o santo dia. Ei, talvez isto até venha a inaugurar uma nova modalidade olímpica...

segunda-feira, maio 16, 2011

Das gordas: recordações de outros tempos.

[Atenção: este post é enorme e dramático. Vão demorar muito a lê-lo e vai despertar-vos lágrimas. Eu avisei]

Não consigo fazer um comentário mais cáustico ou jocoso acerca dos concorrentes do Peso Pesado da SIC sem que a gaja se arme em paladina da banha e venha a correr em defesa dos bisontes. “Lá estás tu a gozar com as pessoas”, diz ela, assumindo que sacas de gordura com pernas são pessoas. Eu defendo-me daquela vil acusação alegando, na verdade, nada ter contra os gordos, apenas gozo com toda a gente independentemente da tonelagem, eu sou mesmo assim, politicamente incorrecto, prontos, mas nada, a gaja não se convence das minhas puras intenções. E vá de puxar pelos seus galões éticos: “Tu gozas com os gordos porque não és gordo. Queria ver-te, se fosses gordo”. Tive de explicar que, se eu fosse um texugo obeso, era um texugo obeso, não estou a ver qual é o problema. Tenho vários defeitos físicos, como por exemplo um órgão viril de 25 centímetros, e isso nunca me incomodou, aprendi a viver comigo tal como sou. Se alguém passar por mim na rua e disser “Ah, vai ali o Peter of Pan, vocês sabem que ele tem um coiso que mede, da base à pontinha, 25 centímetros, parece que aquilo provoca imenso prazer sexual na sua parceira, ahahaha, que anormal!”, não vou ficar minimamente melindrado, tal como não ficaria se fosse gordo e mo apontassem à cara. “Mas as outras pessoas têm sentimentos”, insistia a gaja. “Tu gostarias de uma gorda?!? Tu olharias para mim se eu fosse gorda?!?”

Ao atirar-me isto à cara, a gaja, sem saber, desenterrou lembranças de um passado horrível. São memórias que doem quase tanto como assistir a um espectáculo de dança contemporânea. “Não me respondes?!”, pedia ela. Desviei o olhar. Respirei fundo, acalmei-me, e comecei a contar-lhe uma história.

Era uma vez um menino chamado Peter of Pan. O Peter of Pan era um menino diferente dos outros meninos. Jogava futebol espectacularmente bem, mas não tinha sorte com as meninas porque, infelizmente, o Peter of Pan era feio. Muito feio. Tão feio que as meninas bonitas de quem o Peter of Pan gostava não queriam nada com ele. Se o Peter of Pan queria dar um beijinho à Aninhas, a Aninhas mandava-o dar uma volta. Se o Peter of Pan queria dar um abraço à Sarita, a Sarita soltava os dobermans que tinha no quintal. Se o Peter of Pan queria apalpar a Sónia, que se deixava apalpar por todos os miúdos do bairro, a Sónia chamava o irmão mais velho, bombeiro por vocação e profissão e senhor de mais de dois metros de altura.

O Peter of Pan vivia assim triste, excepto quando jogava à bola, porque ele era tão bom que dava cabo dos outros miúdos todos. Mas não arranjava namorada. Foi então que o Peter of Pan, que era feio mas até era inteligente, além de saber jogar futebol à brava, não sei se já tinha contado, se lembrou de uma coisa: “Pá, se as miúdas giras nada querem comigo, porque sou feio, que tal se eu me atracar àquelas que ninguém quer?! Talvez consiga alguma coisa! É isso: a partir de agora, só vou gostar de gordalhufas!”. A lógica do Peter of Pan parecia irrepreensível, pois, recorde-se, ele era inteligente… e jogava mesmo bem à bola, o malandreco!

Todavia, a realidade nem sempre obedece às leis da lógica, como todos nós estamos fartinhos de saber. A estratégia do Peter of Pan parecia perfeita na teoria, mas na prática revelou-se nula. A primeira vez que o Peter of Pan quis aplicar este princípio foi com a Marta. A Marta era uma rapariga de 13 anos com um físico que a faria confundir-se com a paisagem caso essa paisagem fosse dominada por uma manada de elefantes. Era gorda, mesmo gorda, e nenhum miúdo queria nada com ela. O Peter of Pan, então, fez-se, literalmente, ao bife e, tal como um arpoeiro procura caçar uma baleia, tentou fisgar a Marta. Mas a Marta desprezou o Peter of Pan que, coitado, embora inteligente e com um talento natural para o futebol, era feio. A Marta não aceitou as suas propostas e quando, já em desespero, o Peter of Pan quis arrancar-lhe um beijinho, ela levou a mão direita atrás, uma mão que devia ter uns 10 quilos, e pregou-lhe um estalo tal que fez o nosso Peter of Pan dar três voltas no ar e cair estatelado no chão.

O Peter of Pan não se deixou, contudo, abater por este primeiro fracasso. Falhada a abordagem à Marta, e "abordagem" não está aqui por acaso, pois a Marta parecia um cargueiro, o Peter of Pan, confiante na sua estratégia, tentou a sorte junto da prima da Sónia, a Ticha. A Ticha era uma cachalota, não há outra maneira de dizê-lo, que ocupava, sozinha, um banco de dois lugares no autocarro para a escola. Era tão, mas tão gorda que podia passar por filha do Maniche. Foi com ela que o Peter of Pan quis curtir numa excursão, só que a Ticha, para variar, recusou-o, alegando estar à espera que um príncipe encantado viesse buscá-la. Como o Peter of Pan estava muito longe de corresponder à imagem do príncipe encantado, embora jogasse muito melhor à bola do que qualquer membro da realeza e, já agora, do clero e da nobreza, ficou a chuchar no dedo enquanto todos os seus amigos, mesmo os que não sabiam fazer um remate à baliza, tinham arranjado par para a curtição.

Mas nem assim o Peter of Pan desistiu. Falhadas a Marta e a Ticha, o Peter of Pan, consciente de que situações graves exigem respostas à altura, decidiu ir ter com a Amélia. A Amélia, bem, a Amélia era o maior trambolho que se possa imaginar. É preciso valer-me de analogias naturalistas para ilustrar a figura da Amélia. Era gorda que nem uma morsa e parecia que tinha roubado a dentição a uma moreia. Tinha um olho maior que o outro, coxeava e dos seus pés parecia vir um odor semelhante a couves cozidas. Com a Amélia as coisas teriam de dar certo, pensava o Peter of Pan, que era um futebolista de qualidade ímpar. Era com a Amélia que o Peter of Pan se faria um homem, porque se não fosse o Peter of Pan, a Amélia nunca se faria uma mulher, nem que fosse abandonada no meio de um grupo de orangotangos com o cio que já não acasalassem há mais de 5 anos. Parecia, desta vez, que as coisas não poderiam falhar, e que finalmente o Peter of Pan conseguiria desencalhar, ele cujo órgão já começava a demonstrar vir a possuir no futuro um tamanhão, era inteligente, e um génio da bola, mas nascera feio, ó tragédia. Assim, um belo dia, o Peter of Pan chegou-se todo pimpão junto da Amélia, cujos pés cheiravam especialmente a couves cozidas nessa ocasião, e sugeriu-lhe, na máxima inocência, que fossem os dois ver o tempo ali para trás de uma moita. Sucede que a Amélia lhe respondeu indignada, como se tivesse sido ofendida, reclamando que só teria sexo depois do casamento, e acrescentando logo a seguir que jamais se casaria com um menino feio, mesmo que ele soubesse jogar bué bem à bola.

Este fora o último tiro no coração do Peter of Pan. Depois de tanta derrota, de tanta nega e de tanto sofrimento, o Peter of Pan perguntava-se se ainda valia a pena ser do Sporting. E perguntava-se também se valia a pena continuar com o plano de conquista de uma gorda. Reflectindo bem, ele que embora feio era inteligente, e jogava mesmo bem futebol, pá, era fantástico o modo como ele se movia num campo e ultrapassava adversários atrás de adversários, mas contava eu, o Peter of Pan, após muito reflectir, chegou à conclusão que não valia a pena e se tinha de levar tampas, ao menos as levasse de raparigas que fossem alguma coisa de jeito, e não de espécies de ruminantes. Se fosse para perder, que perdesse com estilo, pensava o nosso ilustre Peter of Pan. Na realidade, passados vários anos, o Peter of Pan não só não perdeu como conseguiu mesmo ganhar o direito a estar com gajas giras, embora ele pense que essa felicidade se deva a uma circunstância da vida, que é a de as pessoas perderem, com a idade, capacidade de visão, o que as impede de contemplar toda a real feiúra do Peter of Pan, e simultaneamente, porque isto não traz só vantagens, de apreciar todas as suas qualidades futebolísticas.

Quando terminei de contar esta história, a gaja tinha os olhos marejados de lágrimas, o que até é bom, porque isso impede-a ainda mais de se aperceber como sou feio. “Que história tão trágica”, confessou-me ela. “Ainda bem que hoje estás com uma pessoa de quem gostas… e que se apaixonou por ti antes de ter sido operada à vista. Percebo agora porque não evitas gozar as pessoas gordas. É porque os gordos podem ser tão maus quanto os outros, não é?!?”.

Fiquei contente por ela ter percebido. A ver se agora posso continuar a gozar os concorrentes do Peso Pesado sem ter um grilo falante a melgar-me o juízo…

sexta-feira, maio 13, 2011

Então mas o "&#/&$%/" do blogger

comeu-me o #%/#& do post de ontem?!?! Mas que $%@§{ vem a ser esta?!

quinta-feira, maio 12, 2011

Bravo e Buuuuu!

Pelo que leio, o terremoto que ontem assolou Espanha fora previsto por um sismólogo amador, de seu nome Raffaele Bendandi. Contudo, o que ele previra tinha sido um abalo devastador em Roma. Portanto, bravo para o senhor (entretanto já falecido), porque conseguiu de facto dar conta da ocorrência de um sismo no dia 11 de Maio de 2011, proeza muitas vezes tentada mas nunca conseguida, por exemplo, pela Maya que, a avaliar pela aparência, já morreu há mais tempo que o senhor Bendandi. Contudo, muitos buuus também para o senhor, porque conseguiu acertar em tudo, menos no mais importante: o local. Então como é que esse sujeito é capaz de saber "sim senhor, ora pelos meus cálculos, a terra vai abanar à maluca no dia 11 de Maio de 2011" mas estampa-se com uma larga margem no sítio do abano?!? Um tipo acerta o ano, o mês, até o dia, mas falha por uma catrefada de quilómetros o spot?!? De Roma a Lorca ainda vai um bocado, acho eu...

No fundo, o que este sismólogo fez, embora espantoso, que eu não lhe tiro o mérito, foi um pouco mais ou menos como isto: imaginem um jogo do Sporting. Imaginem que, na grande área leonina, o Djaló apanha a bola. Imaginem-no - eu sei que é difícil, mas façam um esforço - agora a avançar com a bola. A passar por um adversário. Por outro. E continua a progredir. E finta mais um adversário. E outro. E ainda outro. Vários companheiros pedem-lhe a bola, mas o pai da Leyonce Viktórya não liga. E vejam-no a fintar mais outro adversário. E aproxima-se da baliza. E finta o guarda-redes. Toda a gente prepara-se já para festejar o golo, é capaz de ser a mais deslumbrante e espectacular jogada de toda a história do futebol, lá está, a baliza toda aberta, é só encostar e...





...e o Djaló atira ao lado!

Estão a ver a coisa?!? Para quê tanta cagança se o essencial se escapa?!? Previsões destas não servem para nada...

quarta-feira, maio 11, 2011

Vocês não têm a estranha sensação...

...de que, mais cedo ou mais tarde, os concorrentes do Peso Pesado vão acabar por se comer uns aos outros?!?!

segunda-feira, maio 09, 2011

O Peter of Pan vai ver um espectáculo de dança: crónica de uma tarde de sofrimento extremo


Chamem-me insensível, chamem-me bruto, chamem-me filisteu, até podem chamar-me Maria Cristina, mas sempre detestei dança. Sempre! Trata-se de uma manifestação artística à qual jamais serei capaz de dar crédito, e é irrelevante se se trata de ballet clássico ou de dança contemporânea. Um ou outra são, para mim, a mesma porcaria. E até hoje, embora tenham tentado desviar-me por várias vezes, consegui sempre escapar-me a assistir a um desses tristes espectáculos.

Até que chegou a tarde de ontem. A tarde de ontem foi, servindo-me de uma analogia, o momento em que eu saí do jardim do Éden para cair no seio do pecado e da mancha. É que ontem fui arrastado para um espectáculo de dança contemporânea, a saber, Uma Coisa em Forma de Assim, que está em cena no Teatro Camões. Coitado do Luiz Vaz, deve estar a dar voltas na tumba. Coitado do Alexandre O'Neill, que também deve andar de um lado para o outro, pois não há direito de utilizarem um título dele para o aplicarem numa performance de dança.

Em minha defesa, tenho a dizer que fui enganado. O plano cultural para a tarde não era, à partida, exactamente aquele. O que me foi dito, e que aqui reproduzo, para melhor compreenderem o meu estado de espírito, foi isto:

Gaja: Meu macho sexy e viril, temos convites para ir ver uma peça de teatro.
Eu: Boa. Onde?
Gaja: No teatro Camões. Ah, e antes ainda passamos pelo Museu da Electricidade e vamos ver o World Press Photo.
Eu: Fixe, parece-me um bom plano. 'Bora lá.

Fomos ter com o casal amigo (a partir de ontem, ex-amigo) que detinha os convites e dirigimo-nos ao World Press Photo. Todavia, e aqui é que os acontecimentos começam a ficar aterrorizadores, durante a deslocação o casal amigo (correcção, outra vez: ex-amigo) armou-se em José Sócrates e desinformou-me. Sim, tal como o primeiro-ministro diz agora que não é preciso ajuda externa, e daqui a pouco diz que é, também a mim deram o dito por não dito, e vice-versa:

Gaja do casal ex-amigo: Ah, afinal os quatro convites que temos não são para o teatro.
Gaja: Então são para o quê?
Gajo do casal ex-amigo: Nem calculam...
Gaja do casal ex-amigo: São para um espectáculo de dança!
Eu: Ah! Ah! Ah! Boa piada. Não, a sério, qual é a peça que vamos ver?!
Gaja do casal ex-amigo: Não estou a brincar. É dança.
Gajo do casal ex-amigo: Contemporânea. Portuguesa.
Eu [já com suor a escorrer-me pelo rosto]: Vocês não estão a brincar?
Gaja do casal ex-amigo: Não!
Gajo do casal ex-amigo: Não!
Eu: AAAAAAAH!!! Parem o carro! Deixem-me sair! SOCORRO!!! AHHHHHH! Sou demasiado novo para morrer!!! Larguem-me! Larguem-me!
Gaja: Ai, tão dramático. Mas que estás para aí a fazer?! É só um espectáculo de dança, não é o fim do mundo.

Este argumento, tão ingénuo e ao mesmo tempo tão cruel, fez-me sair do meu estado maníaco e entrei no meu estado depressivo. "Tu não compreendes, pois não?", disse à minha gaja. "Tu não fazes ideia do que é dança contemporânea, pois não?", insisti. "Tu achas normal, e artístico, e belo, ver gente a ter ataques epilépticos no meio de um palco. Tu achas normal gajos arrastarem gajas pelo chão, gajos e gajas a rebolar, aos encontrões, a desmontar os braços e as pernas, e ainda haver quem pague e aplauda para ver isso. Mas eu não. Eu não aguento!"

A gaja limitou-se a responder-me com um olhar de desdém, ignorante de que, à semelhança da privação do sono e da simulação de afogamento, os espectáculos de dança contemporânea são um meio de tortura proibido pela Convenção de Genebra. Nesta altura, eu já parecia o Churchill a chamar a atenção para o perigo nazi antes do início da segunda guerra mundial: tal como ele apelava aos cuidados com o Hitler, limitando-se os seus conterrâneos a uns "Ó Churcill, o Adolfo?!? O Adolfo não faz mal a ninguém, pá. Ele é um amor de pessoa, basta olhares para aquele bigodinho. Era só o que faltava, entrar em guerra com alguém que parece o Charlot! O que vai ele fazer, anexar a Áustria e invadir a Polónia ah ah ah ah?!?! Ó Churchill, larga o úisque e toma juízo", dizia eu, tal como o Churchill era desprezado, só eu sabia o terror em que nos estávamos a meter, mas ninguém me deu ouvidos. Ninguém, oh, pobre de mim. A minha caminhada para o Gólgota continuou:

Gaja: Ah, vá lá, não sejas chato, eu nunca vi um espectáculo de dança.
Eu: Tu não queres ver, a sério.
Gaja do casal ex-amigo: Eu também nunca vi.
Gaja: Ainda por cima, é de graça.
Eu [a ver aqui um fundinho de esperança]: Pá, mas se o problema é esse, eu pago para irmos ver outra coisa!
Gajo do casal ex-amigo: Olha, boa. Podemos ir ver o Battle of Los Angeles. Ou o Velocidade Furiosa 5.
Gaja: Não, o meu gajo não gosta desses filmes.
Eu: Quem, eu?! Nãão... Eu adoro películas estúpidas de acção com actores nada convincentes e argumentos com tanta imaginação que parecem ter sido escritos por uma lesma em estado de coma. EU PAGO PARA IRMOS AO CINEMA! Vamos ver o Vin Diesel. Duas vezes seguidas. Eu pago o lanche. O jantar! No Gambrinus! Tudo em vez de não irmos à dança.
Gaja: Não! Eu quero ver o espectáculo. É a minha primeira vez.
Gaja do casal ex-amigo: Concordo.
Gajo do casal ex-amigo [armado em cobardolas]: Pronto, está bem, se vocês estão assim com tanta vontade...
Eu [de volta ao meu estado maníaco]: AAAAAAAH!!! Parem o carro! Deixem-me sair! SOCORRO!!! AHHHHHH! Sou demasiado novo para morrer!!! Larguem-me! Larguem-me!

Estive nisto uns 10 minutos, até voltar a cair no meu estado depressivo. Andei apático durante todo o percurso na exposição da World Press Photo, não tendo nem sequer disposição para gozar sadicamente com aquelas fotografias mais tristes. Quando olhava para aqueles somalis sem roupa, comida e tecto, ou para os haitianos subjugados pelo terremoto, em suma, quando via aqueles retratos de acções de violência cometidos ao homem pela natureza e pelos outros homens, eu só pensava para comigo: "Ah, meus semelhantes, meus irmãos, a partir de hoje também vou saber o que é o sofrimento. Como te compreendo, mexicano enterrado e só com a cabeça de fora. Como te percebo, toureiro com um corno espetado no maxilar. Eu tenho a certeza que se soubessem que estou prestes a assistir a um espectáculo de dança, todos vós estariam compadecidos".

Já cá fora, a gaja ainda tentou uma aproximação ao oferecer-me um gelado, mas o meu espírito já não ligava enquanto eu sorvia aquele magnum delicioso. O meu fim estava próximo. Ainda voltei a tentar: "Vá lá, está um dia tão bonito e vocês querem encerrar-se numa sala? Vamos à praia, vamos a um jardim, sei lá, essas coisas." Debalde, debalde, era tudo infrutífero. Chegámos então à porta do teatro Camões, e o Tejo, ali tão perto, era um abismo que me atraía. Sim, pensei no suicídio, confesso. E só não o consumei porque os meus cds precisam de mim. Qual condenado, lá entrei no teatro. Ainda tive forças, enquanto o casal ex-amigo entregava os convites ao rapaz da recepção, para gritar um SALVE-ME. SALVE-ME, POR FAVOR, mas o gajo ficou a olhar para mim como se eu fosse um alucinado e lá fui arrastado para dentro da sala. Se ao menos me tivesse julgado maluco e chamasse a ambulância, a coisa ainda teria acabado bem, mas não, achou-me maluco e não fez nada. É triste quando a humanidade se reduz assim, à indiferença...

Já lá dentro, apercebi-me de como a crueldade de facto não tem limite. As saídas de emergência encontravam-se lacradas! Vários seguranças ladeavam as coxias. E pior que tudo: o número enorme de criancinhas que foram levadas a ver este espectáculo. É isto, mais do que outra coisa, que traduz o triste estado da nossa sociedade: como é possível não nos revoltarmos quanto jovens e inocentes crianças são arrancadas às suas playstations e obrigadas a assistir a eventos de dança?! Como é isto possível?! E ninguém faz nada?! Quer dizer, do Bibi toda a gente diz mal e o caraças, mas e o que é que mereciam estas pessoas que levam os seus filhos para estes locais? Era retirar-lhes logo a custódia das crianças e proibi-los de procriar!

Ao meu lado, a gaja estava ausente de tais considerações. Só esperava, ansiosa, pelo início do flagelo espectáculo. Novamente, tentei falar com ela com a voz da razão: "Olha que tu não sabes no que te vieste meter! Tu não fazes ideia do terror que ajudaste a libertar!", só que ela virou-se com um "Shhht", e pronto, estava mais do que visto que a minha inocência, a minha vida feliz e livre de performances de dança chegara mesmo ao fim.

Foi então que a tortura principiou. Tudo o que eu esperava acontecer, aconteceu. Ataques epilépticos. Corpos rebolando pelo chão. Gente a arrastar-se. Gajos roçando-se em gajos. Gajas a fazer o pino, a abrir as pernas, mas sem despertar um mínimo de sensualidade que fosse, enfim, tudo tudo tudo o que de mau poderia aparecer. A dada altura, fiz algo que nunca fiz na minha vida: apelei a uma força superior. Pela primeira vez, rezei. Disse: "Meu palhaço..., desculpa, isto é uma falta de respeito, vou começar de novo, Meu Palhaço, assim, como P grande, eu sei que durante estes anos todos não acreditei em Ti, mas agora está aí a Tua oportunidade para mostrares como eu estava enganado. Prometo, se provocares já aqui um ataque de paralisia aguda e total a estes dançarinos, que a partir de hoje serei o mais pio e o mais crente, seguirei todos os Teus ensinamentos, perseguirei homossexuais, queimarei infiéis, baterei em mulheres, essas merdas, enfim, farei tudo aquilo que se pede a um bom cristão. E, já agora, se é mesmo verdade que És o Amor e o Bem, faz lá uma forcinha para o Messi vir para o Sporting. Mas só se Te apetecer, é claro. O que eu gostava mesmo era que terminasses com o meu sofrimento nesta sala, ok? Obrigado e Glória a Ti nas Alturas."

Não é preciso ser o professor Bambo para adivinhar o que se deu, pois não?! A existência de um ser sobrenatural, omnipotente, omnisciente e sumamente bom não passa mesmo de uma quimera. Se existisse, nunca seriam permitidos espectáculos de dança. Se existisse, nunca os inocentes seriam sujeitos a este grau de dor e sofrimento. Venha lá agora o cardeal Ratzinger desmontar esta minha ideia, a ver se é capaz...

Foi duro, sem qualquer intervenção, fosse ela divina ou humana, aturar aquilo até ao fim, mas finalmente após uma hora e vinte minutos, que para mim mais pareceram 6 anos sob o governo de José Sócrates, a dança acabou. Fraco de corpo e de espírito, debilidade essa agravada pela percepção de que as outras pessoas, gaja e casal ex-amigo incluídos, aplaudiam veementemente a prestação dos "artistas", saí do recinto, certo e seguro de já não ser o mesmo homem que era antigamente. A gaja ainda me perguntou se eu tinha gostado, ao que respondi "Não fales comigo!" Sou bem capaz precisar de ajuda especializada, não para esquecer, porque os horrores que ali vi jamais abandonarão a minha memória, mas ao menos para ultrapassar, para conseguir viver com isto.

Até amanhã.

sexta-feira, maio 06, 2011

Gostei

Gostei muito do jogo de ontem. Mas não se pense que foi só do resultado: aquilo de que eu gostei mais foi, no final do jogo, ver adeptos benfiquistas a apanhar com cassetetes no lombo, mas, principalmente, AMEI a informação dada pelo comentador da SIC, e que era mais ou menos isto: "devido à transmissão do jogo, hoje não transmitiremos o Peso Pesado".

Pá, em resumo: o Benfica perde. Os benfiquistas apanham. E não dá o programa dos gordos. Ora isto é o que eu chamo de noite perfeita...

Bom fim-de-semana e torçam pelo Braga na Liga Europa.

quinta-feira, maio 05, 2011

A arte de ser português (e o Pascoaes que se f...)

Nas últimas 2-3 semanas, fui mordido por um bicho estranho qualquer que me levou a ler de empreitada só obras de ficção de autores portugueses. Comecei pelo Requiem para D. Quixote, do Dinis Machado na sua encarnação Dennis McShade, continuei com O Delfim do José Cardoso Pires, na sua encarnação José Cardoso Pires, e acabei com A Jangada de Pedra, do José Saramago, na sua encarnação de escritor pré-nobelizado. Foram todas óptimas leituras, exceptuando a última... que foi excelente! Na verdade, espanta como um país tão limitado no campo técnico-táctico, ou, dizendo por outras palavras, com tão claras lacunas intelectuais, consegue produzir escritores de enorme requinte, tão diferentes entre si e com estilos narrativos tão originais.

Não obstante as diferenças, há algo comum a estas três obras e, se me é permitido ir mais longe, há algo comum a toda a literatura portuguesa de categoria, seja ela da lavra dos supracitados, de um Eça de Queirós, de um Vergílio Ferreira, de um Jorge de Sena, enfim, não faltam casos particulares. E esse algo comum, na minha óptica, é um assumir de um certo desencanto, um descontentamento para com o estado de coisas e para com as pessoas. No Requiem para D. Quixote, por exemplo, o qual constitui o 2º volume das desventuras do detective e assassino a soldo Peter Maynard, o protagonista é cínico o suficiente para estar fora da lei e ao mesmo tempo evitar a corrupção do sindicato do crime organizado (Maynard só mata quem merece estar morto), ao mesmo tempo que se debate com uma úlcera que o corrói por dentro. Embora o enredo se passe maioritariamente em Nova Iorque, o substrato é do mais português. N'O Delfim, que à sua maneira é também uma espécie de romance policial, mas anti-policial, o que parece uma contradição mas não é, o desencanto é geral, indo das instituições às classes sociais, quer sejam abastadas ou não. Mais: o desencanto é tão, mas tão grande que as personagens, o narrador e, por arrastamento, o leitor, não sabem o que de facto aconteceu na propriedade dos fidalgos Palma Bravo. O criado morreu ou foi morto? Maria das Mercês suicidou-se, morreu às mãos do esposo ou tudo não passou de um acidente? E Tomás Palma Bravo, por onde pára? Tudo é inconclusivo e, ao sê-lo, desarma-nos. Já n'A Jangada de Pedra, o mundo sai - literalmente - dos seus eixos, ao ver-se a Península Ibérica arrancada da sua ligação à França e navegar, aparentemente livre, por aqueles mares já dantes, por portugueses, navegados. A partir deste ponto, o que fazer? Como se vive a vida quando a realidade é virada às avessas?! No fundo, o que este acontecimento da ordem do incrível e do bizarro ilustra é que, por vezes, e no caso dos portugueses o "por vezes" deve ser lido como um "quase sempre", é preciso dar-se uma catástrofe para que as pessoas acordem da sua letargia. Qualquer comparação com a realidade actual do país NÃO É uma mera coincidência...

Este desencanto que perpassa por grande parte das obras literárias da nossa língua não é senão um espelho daquilo que somos. Há muitos idiotas por aí a afirmar que aquilo que falta a Portugal é uma boa dose de pessimismo. Desculpem lá, não sei como hei-de dizer isto, mas... esses idiotas não passam de uns idiotas! Os portugueses são pessimistas, só que são pessimistas do pior tipo, isto é, são pessimistas de sorriso de orelha a orelha. No fundo, os portugueses são uma espécie de Demócrito: por fora, riem, por dentro, choram. Esta atitude, aliás, acaba por ser uma demonstração mais profunda de pessimismo do que a de Heraclito, o filósofo que chorava por fora para demonstrar como chorava por dentro. Se querem mais detalhes sobre esta oposição, leiam um sermão, belíssimo aliás, do padre António Vieira sobre o assunto.

Portanto, somos pessimistas sim. Somos eternos descontentes. Nunca estamos satisfeitos com nada. Se votamos ("votamos" aqui é para ser entendido apenas estilisticamente. Eu não votei!) no Sócrates, não é porque achemos que ele seja bom, é sim porque julgamos que os outros são pelo menos tão maus quanto ele. Isto é pessimismo! Se compramos ("compramos" aqui é para ser entendido apenas estilisticamente. Eu não compro) o último modelo de telemóvel XPTO, ou o último gadget, é porque não estamos satisfeitos com a catrefada de modelos de telemóvel ou de gadgets que comprámos anteriormente e agora andam lá por casa a criar bicho na arrecadação ou, à falta de espaço, dentro do autoclismo. Isto é pessimismo! Se andamos ("andamos" aqui... ah, vocês já sabem) à porrada nas estradas e nos parques de estacionamento, se discutimos nas filas de supermercado ou nos hospitais, se gastamos dinheiro em bolas de golfe para atirar aos adversários em vez de gastarmos em comida, isto é estúpido. Mas também é pessimismo! Ou vocês acham que um optimista, uma pessoa bem consigo mesma e esperançosa no futuro faz estas merdas?!? Claro que não, pá!

Ser português, então, é ser pessimista, mas um pessimista especial de corrida que esconde o seu pessimismo debaixo de uma capa de optimismo. Eu também sou assim: ficarei muito contente se o Braga hoje bater o Benfica, mas isso não esconde, mesmo que dê muitos pulos de alegria, a abissal tristeza que sinto por não ser o Sporting a disputar a conquista da Liga Europa... e do Campeonato... e da Taça de Portugal... Também fico contente por passar muito futebol na televisão, mas isso não tapa a minha frustração, o meu quase desespero, por não ver mamas de todo o mundo em horário nobre. E se, por acaso, passassem mamas de todo o mundo em horário nobre, eu ficaria triste por não passarem mamas de todo o universo a toda a hora. E se, também por mero acaso, o Sporting conquistasse a Taça de Portugal, o Campeonato, a Liga Europa, a Liga dos Campeões, a Supertaça Europeia e a Liga Mundial de Clubes, eu ficaria enfezado por não sermos campeões ingleses ou não podermos conquistar a Taça da Liga da Papuásia Nova Guiné. Enfim, eu sou assim, um constante instatisfeito, e vocês também são. É esta a arte de ser português.

quarta-feira, maio 04, 2011

Coisas que devem abster-se de fazer: dar comprimidos a gatas

AVISO: este post contém descrições eventualmente nojentas, horríveis e chocantes.

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Uma das nossas gatinhas apanhou uma inflamação numa pata, e como consequência foi levada ao veterinário. Portou-se muito bem, ela que é uma paz de alma e um amor de gatinha, como de resto já noticiei anteriormente, só que nestas histórias há sempre um depois. E o depois é que são elas!

Tudo porque o veterinário aconselhou-nos, durante um período de tempo, a dar todos os dias comprimidos anti-inflamatórios à felina. E aqui é que a porca, ou melhor, a gata, torce o rabo. O rabo é como quem diz, porque ela na verdade torce-se é toda. Tentar enfiar um comprimido pela goela daquela gata é tarefa que nem os navy seals que metralharam o Bin Laden seriam capazes de levar a bom porto. Sim, é verdade, e mais adiante demonstrá-lo-ei através da reprodução de uma conversa que tive com o Obama. Sim, o Bin Laden estava num complexo altamente complexo, e fortificado, e tinha guardas, e mulheres, e era um terrorista islâmico, e tinha barba, e turbante, não se esqueçam do turbante, sabe-se lá o que ali se escondia, mas não se compara em pertinácia àquela miniatura de leoa. Quando ela não quer tomar o comprimido, não toma mesmo o comprimido!

E nós já tentámos várias técnicas. A mais normal, e que chegou a resultar por um ou dois dias, foi eu agarrar na bichinha e pô-la de barriga para o ar, enquanto a minha gaja, rápida como um relâmpago, chegava-se junto dela, abria-lhe as mandíbulas e zás, enfiava-lhe o comprimido, ocasião em que eu lhe apertava a boca de modo a não ser capaz de cuspir o medicamento, algo que ocorria sempre que eu e a gaja nos mostrávamos menos coordenados.

O problema é que isto já não funciona. A gata desenvolveu uma técnica magistral que consiste em dobrar a língua e esconder o comprimido algures por entre aquele tecido rosado. Assim que eu relaxo os apertos, ela abre a boquinha e pronto, cospe o comprimido, o qual eu e a gaja já pensávamos estar a dirigir-se para o estômago felídio. E já nem falo nas patadas e unhadas que este que vos escreve sofre... nem nos puns mal-cheirosos que ela por vezes manda nestas situações, deve estar a pensar que é uma doninha, deve deve...

Tentámos já dar o comprimido da forma descrita mas com uma pequena variação: medicá-la somente quando estivesse a dormir. Pensámos nós, e bem, que quando ela estivesse molinha e ensonada, seria aí a melhor altura para lhe dar o comprimido, pois receberíamos menos resistência. E tivemos razão... mas só por um dia! Agora a gata já está avisada e não vai na conversa: se a acordamos, já não responde como um adolescente responderia numa manhã de segunda-feira antes de se levantar para ir às aulas. Fica sim desperta, completamente alerta, e reage no máximo das suas capacidades.

Outra medida infrutífera é esconder o comprimido no meio da comida. A gata pode ser uma comilona, mas não é parva, e consegue sempre comer a ração e deixar o comprimido na tigela. E nós, claro, a olhar para aquilo com ar de estúpidos.

Depois vem a técnica da, como eu lhe chamo, liquidez. Trata-se de desfazer o comprimido com um poucochinho de água e, através de uma seringa, enfiar o produto dentro da boca da gatinha. Experimentámos esta medida variadas vezes no passado e o seu sucesso foi animador... até perdermos a seringa algures, para nunca mais a encontrarmos. É claro que eu culpo a minha gaja por isso, afinal a minha gaja é - duh - uma gaja, e se há uma coisa que as gajas todas fazem é mudar o sítio às coisas, tanta e tanta vez que a dada altura acabam por não se lembrar onde é que as coisas estão. Enfim, gajas...

Falhando-os a seringa, voltámo-nos para a colher. Procedemos exactamente da mesma maneira, ou seja, liquefazemos o comprimido dentro de uma colher e depois enfiamo-la na boca da gata, com cuidado suficiente para não a magoarmos, mas com força, também suficiente, para o líquido não se escapar. Isto também funcionou por um ou dois dias, mas a gata aprende a safar-se de uma situação indesejável mais facilmente do que um cigano aprende a furar a fila numa repartição pública. Por artes que quase parecem mágicas, a gatinha consegue agora impedir que o líquido desça a garganta e, qual Linda Blair, quando menos esperamos cospe-nos o mesmo para cima, salpicando-nos com água, saliva de gato e, claro está, anti-inflamatório [eu avisei que o post continha imagens nojentas. Quê, não acham isto nojento?!?! Então experimentem levar com o conteúdo da boca de uma gata... é pelo menos tão mau quanto aquelas histórias de pais que calham levar com jactos escatológicos dos seus filhos].

Portanto, neste momento eu e a gaja estamos num impasse. Temos de dar o comprimido à gata, mas não conseguimos dar o comprimido à gata. Ela é mais engenhosa, esperta e fisicamente capaz. Dois seres humanos, um produto farmacêutico e tecnologia da mais avançada, como é uma colher, não são nada diante de quatro patas e vários bigodes. A situação é tão dramática que, há dias, cheguei até mesmo a pedir ajuda ao Obama, só que quando ele soube do conteúdo da missão, respondeu-me assim: "What?!? You want us to give a pill?!? To a small and cute pussycat?!?! Are you f*cking mad?! Are you drinking?!? Are you high on crack?!? That's impossible. We don't have the skills, man! It's easier to catch Osama!". Pouco tempo depois, ele comprovou-o apanhando mesmo o maluco do turbante. E a gatinha, essa, sobra sempre para nós...

terça-feira, maio 03, 2011

Trocadilho estúpido (2)

- Que nome se dá à noite de núpcias quando o recém-casado não consegue levantar o instrumento?
- Lua-de-mole...


Até amanhã, e lembrem-se: a culpa de virem aqui é única e exclusivamente vossa! :)

segunda-feira, maio 02, 2011

Da união de duas coisas boas nem sempre sai uma coisa melhor

A lógica e o bom senso dizem-nos que se uma coisa boa se une a outra coisa boa, o resultado só poderá ser uma coisa ainda melhor. O problema é que a realidade dos factos nem sempre respeita a lógica e o bom senso, como aliás tive o desprazer de confirmar através da situação seguinte.

Imaginem uma cerveja preta. Não, em vez de imaginarem, vão aí à tasca mais próxima e mandem vir uma, assim tipo esta:

Agora tirem-lhe a tampa e saboreiem-na. Não liguem ao que as outras pessoas possam dizer, não respondam às acusações de ebriez, apenas sorvam o conteúdo da garrafa. Delicioso, não é?!

Agora imaginem um chocolate. Não, em vez de imaginarem, saiam da tasca e entrem num supermercado. Comprem um chocolate qualquer, ao acaso.


Tirem-lhe o invólucro e a prata e deglutam-no. Não liguem ao que as outras pessoas possam dizer, não respondam às acusações de glutonia, apenas sintam o saboroso gosto do cacau. Óptimo, não é?!

E agora imaginem que alguém decidiu fazer uma experiência e reuniu estas duas coisas, a cerveja preta e o chocolate, numa só, originando - TCHARAM! - a cerveja preta de chocolate. Parece uma coisa saída da ficção científica, não é? Como é que alguém poderia lembrar-se disto? Pois, a Sagres lembrou-se:



Seria uma excelente jogada, misturar duas coisas que separadamente são muito boas. Quem não gosta de chocolate?! Quem não gosta de cerveja preta?! Sim, seria mesmo uma excelente jogada, melhor do que a que o Messi fez na quarta-feira à defesa do Real Madrid quando passou por eles todos como se fosse um tiro e pimba!, lá para dentro. Seria, SE A CERVEJA PRETA DE CHOCOLATE NÃO FOSSE UMA MERDA, o que leva a pensar se terá sido mesmo chocolate aquilo que os químicos da Sagres juntaram à cerveja preta. A cerveja preta de chocolate estraga tanto a cerveja preta como o chocolate, mostrando aquilo que eu venho a dizer desde o início: de duas coisas boas às vezes não sai uma coisa melhor. Neste caso, não saiu mesmo, apetece até dizer que a cervejaria pariu uma poucochinha de merda.

Não sei se vocês já tiveram o desprazer de experimentar, mas se foram felizardos e avisados ao ponto de não o fazer, fica aqui o meu conselho: passem longe. Passem mais longe desta cerveja do que passariam se os tipos do FMI viessem ter convosco para vos dar um passou-bem. Fujam desta cerveja como o Elton John foge de sexo heterossexual. Evitem esta cerveja como os Black Eyed Peas evitam fazer boa música. Enfim, digam um sonoro não a isto. Ou então, se são do tipo corajoso e gostam de ir à aventura, bebam um gole da dita. Bebam... mas depois não se me venham queixar quando vomitarem o terreno todo à vossa frente.

É que aquilo é mesmo horrível, pá!