sexta-feira, maio 30, 2008

Variações avulsas sobre a cegueira de José Sócrates

Paulo Portas: "Você está cego no que toca aos combustíveis!"
José Sócrates: "Isso é uma mentira pegada, ó Miguel!"

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Paulo Portas acusou José Sócrates de estar cego. O primeiro-ministro ficou surpreendido, mas não preocupado, e já mandou marcar um voo para Cuba.

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Paulo Portas: "Você está cego no que toca aos combustíveis!"
José Sócrates: "Não estou nada!" (para Teixeira dos Santos): "Quem é que disse aquilo?"

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Paulo Portas acusou José Sócrates de estar cego. Satisfeito, o primeiro-ministro confessou que, quando sair do governo, já pode ir pedir esmola para o metro.

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Paulo Portas: "Você está cego no que toca aos combustíveis!"
José Sócrates: "Tem razão! Os preços subiram tanto que já nem os vejo!"

É uma Assembleia da República portuguesa, com certeza...

... já faltou mais para os confrontos no hemiciclo se tornarem iguais aos de Taiwan, onde vale tudo, até arrancar olhos.
Olhos que, curiosamente, foram um dos pontos em foco no inflamado - influências do preço dos combustíveis, digo eu - debate parlamentar de ontem. É que Paulo Portas resolveu abrir as hostilidades e acusou José Sócrates de "estar cego"; Francisco Louçã não quis ficar atrás da direita e, enquanto interpelava o primeiro-ministro (isto é, enquanto tentava ir-lhe ao "olho"), queixou-se dos "uivos" provenientes da bancada socialista; na sequência, Alberto Martins, indignado, procurou defender a honra do grupo parlamentar do PS e insurgiu-se contra a "imagética animalesca" utilizada pelo deputado do BE. Tudo coisas bonitas...
Eu sei que já chego atrasado, pois perdi-me no calor da refrega, mas quero também dar a minha singela contribuiçãozinha para que o nível da política portuguesa continue assim, elevado. Cá vai ela:

Senhor primeiro-ministro,
Senhores e senhoras membros do governo,
Senhores e senhoras deputados(as) do PS,
Senhores e senhoras deputados(as) do PSD,
Senhores e senhoras deputados(as) do PCP,
Senhores e senhoras deputados(as) do CDS/PP,
Senhores e senhoras deputados(as) do BE,
Senhores e senhoras deputados(as) do PEV,
Vós sois todos umas enormíssimas bestas, cegas e surdas. Infelizmente, não sois mudas. Por favor, tratai disso. Ou serei obrigado a tomar providências, espetando em vossas excelências vigorosos murros em vossas digníssimas bocarras até ficardes com os dentes todos partidos e as línguas todas cortadas.

Já está! Obrigado!

quinta-feira, maio 29, 2008

Notícias do Peter of Pan

Nereida deixa Cristiano Ronaldo! "Quando estamos na cama, só lhe dá para brincar com as bolas", confessou, desiludida, a put... - aham - a modelo espanhola.

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José Sócrates deixou mesmo de fumar... e agora gasta o dinheiro todo em gasolina.

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Rei Harald V da Noruega mostrou-se muito satisfeito com os bacalhaus do C.C. Colombo. "Têm melhor cheiro do que as reais partes íntimas da minha esposa", disse, à saída, aos jornalistas.

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Jovens estudantes portugueses de Engenharia testam a construção de pontes com esparguete. O problema, alegou o supervisor da iniciativa, é que, com a escalada do preço dos alimentos, o risco já não é o de a ponte cair mas sim de ser comida.

quarta-feira, maio 28, 2008

Como isto agora é só futebol, e ainda nem começou o Euro, vou também contribuir um bocadinho...

Diário da Selecção Nacional - Viseu - 28/05/2008

9h00 - Os 23 jogadores dormem profundamente.

9h30 - Scolari telefona para a família no Brasil, onde ainda é madrugada, e manda todo mundo tomar no cu.

10h00 - Os 23 jogadores continuam a dormir profundamente.

10h30 - Ronaldo acorda para ir à casa-de-banho. Na volta, vê uma empregada no corredor e leva-a para a cama. Adormece depois do acto.

10h45 - Os restantes jogadores acordam e descem para tomar o pequeno-almoço. Miguel Veloso e Nuno Gomes comparam os penteados.

11h30 - Scolari dá início ao primeiro treino do dia e manda todo mundo tomar no cu. Corridas. Alongamentos. Ricardo dá um pum.

11h45 - Os atletas iniciam uma peladinha sem Ronaldo, que ainda não apareceu no treino.

12h00 - Ronaldo acorda, toma o pequeno-almoço e dirige-se para o campo de treinos. Porém, depara-se com uma fã que veio pedir autógrafos e retira-se com ela para uma moita ali próxima.

12h15 - Scolari dá por terminado o treino e manda todo mundo tomar no cu e depois tomar duche.

12h16 - Ronaldo chega ao treino mas já não vê ninguém. Diverte-se a mandar sms porcos à Merche Romero.

12h30 - Scolari pede aos cozinheiros para prepararem uma picanha e manda todo mundo tomar no cu.

13h30 - Hora do almoço. Ronaldo viola a picanha e depois come a picanha.

14h20 - Jogadores e equipa técnica sobem aos quartos para uma sesta. Scolari avisa para não ser incomodado, caso contrário manda todo mundo tomar no cu.

15h00 - Acordam todos. Petit dá uma sarrafada no gerente do hotel, só para não perder o hábito. Quaresma impinge roupa contrafeita ao João Moutinho. Ronaldo telefona a uma call girl.

15h15 - João Moutinho descobre que a roupa comprada ao Quaresma não é de marca. Quaresma diz nada ter a ver com o assunto e queixa-se ao Scolari, afirmando que o Moutinho mete sempre a culpa no cigano. Scolari manda todo mundo tomar no cu.

15h21 - A call girl chega ao quarto de Ronaldo. Vão para a cama.

15h23 - Hélder Postiga, Nuno Gomes e Hugo Almeida fazem uma aposta sobre qual deles falhará mais golos de baliza aberta no Euro 2008.

15h30 - Scolari avisa os jogadores que vai haver treino às 16h e manda todo mundo tomar no cu.

15h35 - Ronaldo pede à call girl para chamar uma amiga.

16h00 - Scolari dá início ao treino da tarde e manda todo mundo tomar no cu. Corridas. Alongamentos. Bosingwa caga-se todo.

16h05 - A amiga da call girl chega ao quarto de Ronaldo. Os três vão para a cama.

16h30 - Treino de penaltis. Nenhum jogador consegue marcar e nenhum guarda-redes consegue defender (estranho...). Gilberto Madaíl, a observar o treino junto de Scolari, vira a cabeça para o lado e solta um sonoro "foda-se".

16h42 - Ronaldo paga as duas moças e dirige-se para o treino.

17h00 - Scolari manda todo mundo tomar no cu, acaba com o treino e manda todo mundo tomar no cu.

17h05 - Ronaldo chega ao campo e não vê ninguém. Manda uma mms erótica à Merche Romero.

17h15 - No hotel, Simão, João Moutinho e Jorge Ribeiro medem-se para ver qual, dos três, é o mais pequeno. Ganha Moutinho, que fica todo contente. Quim, Ricardo e Rui Patrício medem-se para ver qual, dos três, tem o pirilau mais pequeno. Ganha Ricardo, que fica todo contente.

17h40 - Ronaldo regressa ao hotel e vai para a piscina, onde está a acontecer uma exibição de pilates feminino na água. Ronaldo avia as gajas todas (umas 10, contas feitas por alto).

17h50 - É servido o lanche. Petit dá uma sarrafada no caterer, só para não perder o hábito. Nani e Quaresma comparam anéis, Raul Meireles compara tatuagens consigo próprio.

18h30 - Scolari manda todos para a piscina, para exercícios de descontração. E manda todo mundo tomar no cu.

18h40 - Os jogadores juntam-se a Ronaldo na piscina, onde já não estão as miúdas. Ronaldo apanha o Paulo Ferreira distraído e sodomiza-o.

19h00 - Pepe e Deco confessam um ao outro já estarem arrependidos de se terem naturalizado portugueses. Bruno Alves admite querer ser guatemalteco.

19h40 - Regresso ao hotel para uma curta sesta antes do jantar. Antes de ir para o quarto, Petit dá uma sarrafada no Ricardo Carvalho, só para não perder o hábito. Scolari chega-se junto de Murtosa e manda todo mundo tomar no cu.

20h10 - As televisões fazem um directo e os repórteres designados elogiam o desempenho dos jogadores portugueses nos treinos. Miguel Sousa Tavares promete que, se Portugal vencer o Euro 2008, tentará finalmente escrever um livro de jeito.

20h50 - Os jogadores acordam e descem ao salão para jantar. Scolari pede para dizer umas breves palavras e manda todo mundo tomar no cu.

21h10 - Simão Sabrosa engasga-se e Bruno Alves faz uma variante da manobra de Heimlich, mandando uma cabeçada no peito do jogador do Atlético de Madrid. Todos os outros jogadores riem e Petit dá uma sarrafada no Nuno Gomes, só para não perder o hábito.

21h20 - Giberto Madaíl pergunta a Scolari quais são as hipóteses de Portugal vencer o Euro 2008. Scolari manda todo mundo tomar no cu.

22h00 - Terminada a refeição, os jogadores espalham-se por várias divisões do hotel. Ronaldo sai do hotel em busca das prostitutas de Viseu.

22h10 - Nuno Gomes e Miguel Veloso discutem por causa do cabelo. Quaresma e Nani discutem por causa dos anéis. Raul Meireles discute consigo próprio por causa das tatuagens. Bruno Alves manda nova cabeçada no peito do Simão, só porque sim, e Petit dá uma sarrafada no Madaíl, só para não perder o hábito.

22h50 - Scolari manda todo mundo tomar no cu e retira-se para o seu quarto.

23h00 - Os jogadores, na ausência do seleccionador, decidem ir para a night. Encaminham-se todos para o Pachá de Ofir, menos Ronaldo, que continua à procura de prostitutas pelas avenidas de Viseu.

23h20 - Ronaldo finalmente encontra uma menina da vida e fá-la entrar no carro.

23h30 - No Pachá de Ofir, os jogadores descontraem, divertem-se e metem-se nos copos.

0h00 - Scolari sonha que está mandando todo mundo tomar no cu. Ronaldo faz um telefonema pornográfico à Merche Romero.

0h15 - Ronaldo chega ao hotel e não vê nenhum jogador. Telefona ao Nani, que diz estarem todos no Pachá. Ronaldo sai do hotel e dirige-se, alta velocidade, para o Pachá.

0h25 às 3h00 - Finalmente juntos com Ronaldo, os jogadores convocados para o Euro exibem as suas qualidades dançarinas.

3h30 - Chegam ao hotel, sobem aos quartos e adormecem. Foi um dia duro. Amanhã há mais...

terça-feira, maio 27, 2008

Viva o Benfica!

1 - Viva o Benfica

2 - Viva o Benfica

3 - Viva o Benfica

4 - Viva o Benfica

5 - Viva o Benfica

6 - Viva o Benfica

7 - Viva o Benfica

8 - Viva o Benfica

9 - Viva o Benfica

10 - Viva o Benfica

11 - Viva o Benfica



P.S.: Uma justificação: não, não fiquei doido. O que se passa é o seguinte: perdi uma aposta, e o "castigo" foi este, ou seja, colocar 11 linhas, tantas quantos os jogadores titulares de uma equipa de futebol, com a frase "Viva o Benfica". O que, para uma pessoa como eu, um sportinguista vívido e apaixonado, é algo indecente e que roça mesmo a crueldade mais bárbara. Mesmo assim, como sou um homem de palavra, cumpri com o castigo. Um dia, será a minha vez... Muahahahahaha!!!!!

segunda-feira, maio 26, 2008

É a anarquia, estúpidos!

No último sábado, apeteceu-me voltar à militância política e fui até à feira do livro anarquista, que decorreu ali para os lados do Martim Moniz. Quando se fala em anarquismo, há uma antena em mim que desperta e me leva a dizer, alto e bom som, "ISSO, ISSO, Anarquia, Revolução, Abaixo o Estado" e coisas parvas do género (ao pé de mim, os otários socialistas das FARC não passam de miúdos a brincar aos soldadinhos). Sou assim, pronto, e tenho sorte de não estar internado no Júlio de Matos... ainda!
O espaço em que decorria a feira era exíguo, e à hora em que fui, não estava cheio. O que foi bom, pois se estivesse a abarrotar, ver-me-ia obrigado a tomar providências e a ter de expulsar gente lá do sítio. A anarquia é muito bonita e tal e coiso, mas gosto muito de ter espaço para me poder mexer; quinhentos anarcas em pouco mais de meio metro quadrado não me parece propriamente um quadro assaz agradável, e além do mais esta malta cheira mal!
Assim que entrei na feira, exclamei para mim mesmo "Ih, tanto bloquista" e comecei a percorrer as cerca de meia-dúzia de bancas lá instaladas. Tudo muito porreiro, sem dúvida, os livrecos tratavam temas que me são muito caros, como o movimento de libertação animal, o feminismo e os direitos das mulheres (atenção, eu defendo isto mas não sou gay, está bem? Acho que as mulheres são iguais aos homens e essa tanga toda, mas, no fundo no fundo, eu quero é que elas venham aqui ao paizinho - de uma forma anárquica, de preferência!), o anti-imperialismo, o anti-totalitarismo, o anti-fascismo, o anti-americanismo, o anti-racismo, enfim, todos os antis de que se possam lembrar, havia pins, autocolantes e flyers distribuídos por caixas e pelas paredes com palavras de ordem, só que o factor humano... bem, o factor humano revelou-se algo decepcionante.
Passo a explicar. Um dos problemas dos anarcas, ou pelo menos daqueles e daquelas, é a velha história do practice what you preach. Os tipos são libertários, criticam o Estado, a economia de mercado, a plutocracia, o capitalismo e afins, mas uma pessoa vai olhar para os preços dos livros e é uma exorbitância que só visto; mesmo no que toca àquelas pequeníssimas brochuras xerocadas, os preços não são apelativos, bem pelo contrário (4€ por uma treta com 36 páginas acerca dos distúrbios sociais em Paris?! Ahhhh, vão mas é charrar-se!). Já os cds, esses eram todos uma treta, esta malta devia era consultar a minha colecção para saberem o que é música cacofónica, anárquica, revolucionária, barulhenta e destruidora das classes opressores. Fucking eco-punk-hard-grindcore, porra!!!!!!
Ademais, aquela gente das bancas era tudo menos anarca. Parecia anarca, mas não era anarca. Para além dos livros a preços nada anarquistas, algumas pessoas que estavam a vendê-los mostravam-se mais preocupadas com o capital que era dado em troca do que com os livros propriamente ditos. Eu ouvi, por exemplo, um vendedor perguntar ao seu colega "Vendemos o livro x, não vendemos? É que não está aqui. Mas e o dinheiro? Onde está o dinheiro? Se vendemos o livro, o dinheiro está aonde?" com uma agressividade tal que faria inveja a um Belmiro de Azevedo. Depois, acho engraçado esta malta ser supostamente anti-globalização, mas a verdade é que estavam ali portugueses, franceses, espanhóis, ingleses e sei lá mais o quê a publicitar os seus artigos - e a cobrar euros por isso. Globalização é isto, meus amigos!
Enfim, depois de tanta fantochada, incoerência, dreadlocks sebosos e excesso de tabaco (uma pergunta: por que será que a maioria dos anarquistas está contra os alimentos transgénicos, argumentando tratarem-se sobretudo de um problema de saúde, e no entanto continuam a debitar tabaco - já nem falo sequer do haxe - como se fossem comboios da época do vapor?), fiz o que tinha a fazer: pirei-me anarquicamente dali para fora e fui até à feira do livro de Lisboa, a autêntica. Se o anarquismo é aquilo que estava representado ali, quero ser um déspota totalitário.

P.S.: Pela primeira vez na minha vida, incluindo concertos de heavy metal, fui a um sítio e era a pessoa mais bem vestida e apresentável. Sintomático... ao ponto que a anarquia chegou: até eu já posso dar conselhos de moda àquela gente!!!!

P.S.2: À conta de ter poupado guito na feira pseudo-anarquista, comprei um livro do George Orwell, esse sim, um anti-totalitarista de respeito, na feira do livro de Lisboa. E ainda cuspi nas bancas da Leya. Aprendam, anarcas da treta!

P.S.3: Amanhã, o autor deste blog vai ser publicamente humilhado. À semelhança do que acontecia antigamente com os putos que se portavam mal e eram obrigados a escrever, no quadro e à vista de todos, coisas como "Não volto a despir as cuecas à senhora professora", no post de amanhã a criança que escreve estas linhas ver-se-á obrigada a cumprir um castigo que é do mais reles, do mais baixo que se possa imaginar. Portanto, se quiserem passar por outro blog em vez de clicarem neste, o autor agradece.

P.S.4: Já chega de PS's, não?!

P.S.5: Sim, já chega.

sexta-feira, maio 23, 2008

Desabafo Nerd

O Bill Gates que vá apanhar na anilha mais a porcaria do Windows Vista, que tantas dores de cabeça me anda a dar. Coisa mais chata, estúpida, lenta, inútil, problemática, idiota, benfiquista, picuinhas, improdutiva, parva, reles, e por aí fora. Que o Bill Gates seja obrigado a passar uma semana inteira a ouvir pedidos de desculpa do José Sócrates, que lhe ofereçam a biografia do Tony Carreira em tradução inglesa, que ele faça uma viagem até Fátima na companhia da bancada parlamentar do CDS/PP, que o metam a ser entrevistado pela Constança Cunha e Sá, para depois a mesma entrevista ser comentada pelo Vasco Pulido Valente, e que lhe dê um ataque de gagueira tão grande que o ponha incapaz de proferir a palavra "Microsoft".

Software de rabo é a pichota... :(

quarta-feira, maio 21, 2008

Mr. Jones

Amanhã, estreia em Portugal o quarto filme da saga do mais famoso arqueólogo do cinema: Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal. Não é por nada, mas, com a idade do protagonista, Harrison Ford, é melhor que este seja o último e definitivo filme... é que, se continuam a série, é o próprio Indiana que corre o risco de se tornar um achado arqueológico...

terça-feira, maio 20, 2008

Oa Oirártnoc!

Ontem, deu-me um daqueles desejos malucos... normalmente, tais desejos incluem um fim-de-semana numa ilha paradisíaca com a Cláudia Vieira, ou chegar ao parlamento madeirense e desatar aos tiros com uma semi-automática, ou até urinar no centro de estágios do S.L. e Benfica, enfim, coisas que qualquer pessoa tem vontade de fazer. No entanto o de ontem foi diferente: deu-me apenas para ouvir a Stairway to Heaven, dos Led Zeppelin. Ainda andei à procura dos meus cds de Led Zep, mas debalde: encontrar um cd específico no meio do monte de milhões de cds que fazem parte da minha colecção é tarefa mais complicada que encontrar uma cabana em pé na China pós-terramoto e no Myanmar pós-ciclone Nargis. Meia hora de busca infrutífera levou-me a pensar que, se quisesse aplacar o meu desejo de ouvir a Stairway to Heaven, o melhor seria ir por outro caminho. Foi então que as palavras "you" e "tube" me vieram ao espírito; nem 10 milésimos de segundo depois já estava eu defronte do monitor à espera que a pesquisa pela cançoneta desse resultado. E deu! E lá cliquei no play e pus-me a escutar, enquanto trauteava, para mim mesmo, a melodia.

Aos 3'14'' da música, chega, junto de mim, a minha cara-metade. Quase tão lúcida como quando me apelida de "George Clooney da blogosfera", comentou: "Ah, isso é aquela música que tocada ao contrário dá uma mensagem satânica, não é? As pessoas inventam com cada coisa..." Para ser honesto, eu já não me lembrava desse boato, mas o facto de a cara-metade me ter reavivado a memória despertou em mim outro desejo: o de escutar a Stairway to Heaven ao contrário, coisa que já não fazia há muitos, muitos anos. Da última vez, uns dias antes de entrar para a escola primária, tinha ouvido a música no meu quarto, no centro de um pentagrama desenhado a vermelho, à luz de sete velas negras e enquanto empunhava um cálice contendo o meu próprio sangue. Mas depois cresci e nunca mais me meti em rituais destes.

Chegada a Stairway to Heaven ao fim, fiz uma nova pesquisa, tentando encontrar a mesma canção mas backwards. E não é que encontrei? (o youtube tem mesmo tudo, caraças!) E pronto, pus-me de novo de ouvido atento. E o que escutei eu? "Zghuth iaaaaaahhh kuoshhhhh miaaaiaaaiaaa torschewzzzzzggggaaaahhhhrrrrrrr" e por aí adiante. Não sei se ocultistas experimentados têm a mesma opinião que eu, mas isto, a mim, parece-me tudo menos uma invocação do mafarrico. Eu faço os mesmos sons, ou piores, quando estou nos lavabos, e nunca me apareceu nenhum bicho vermelho dotado de cornos, cauda e pés de cabra (apareceram-me já bichos estranhos a boiar na sanita, mas aquele nunca, garanto!). Portanto, tenho de qualificar o boato que envolve a Stairway to Heaven como, cientificamente falando, "uma ganda treta".

Porém, ainda outro desejo despertou em mim: porquê ficar-me por aqui? Se há gente que vê invocações satânicas numa simples música rock, o que será que se pode ver noutro tipo de mensagens? Chamei a minha miúda e coloquei-a à prova: primeiro, mostrei-lhe, ao contrário, as declarações de José Sócrates na sequência do caso do fumo. "Hmmmm, isto parece-me o primeiro capítulo do I'm in Love With a Popstar, da Rebelo Pinto!". Fiquei deveras surpreendido, pois para mim aquilo não passava de fonemas sem sentido, mas mal reflecti nisto cheguei à conclusão de que a minha mais-que-tudo estava certa. Fiz novo teste: botei-lhe o discurso do Alberto João Jardim na rentrée do Funchal em 2005. "Isto parece-me uma orgia de babuínos dobrada por uma manada de rinocerontes com sinusite", disse-me ela, e eu pedi-lhe desculpa pois esquecera-me de meter aquilo a tocar do avesso. Assim que o fiz, emitiu nova opinião: "Ah, isto assim já faz lembrar a parte final do Titanic, mas com mais mortes". Giro, pensei eu, desta vez também me veio à ideia uma imagem semelhante. Talvez isto das mensagens subliminares seja verídico, afinal de contas. "Vamos a mais uma", sugeri, e pus a tocar ao contrário uma colectânea de intervenções do Pedro Santana Lopes na assembleia da República, à época em que era primeiro-ministro. "Gajo", disse-me, "acho que te enganaste. Isto são as palestras do José Sócrates nos comícios do PS!" Não, não me tinha enganado: este era, isso sim, e sem a mais pequena dúvida, o resultado do Santana Lopes virado do avesso. Finalmente fiquei convencido de que há realmente mensagens escondidas. Continuo a não ver nenhuma no Stairway to Heaven, mas encontrei-as noutros sítios. Tomem pois cuidado, elas andam aí!

segunda-feira, maio 19, 2008

"Tenho de virar/A minha vida/De pernas pró ar"

Um dos jingles que anda agora aí na berra é o do Millenium/BCP. Já o devem ter visto: um jovemzeco com cara de parvo aparece num palco, munido de uma viola, a cantar uma musiquinha catchy, sendo depois acompanhado no refrão por mais jovens, igualmente com caras de parvos; a dada altura, está tudo numa festarola digna de um, sei lá, Rock in Rio.
Irrealismos à parte, o que me causa mais estranheza é precisamente o teor do refrão: a malta está toda a cantar um "Tenho de virar/A minha vida/De pernas pró ar"! E este refrão é estranho porquê? Porque o anúncio diz respeito a um Banco, não é? É! Ora, uma pessoa vira-se de pernas para o ar quando vai, por exemplo, fazer bungee jumping ou outra actividade assim mais ou menos radical; quando vamos contrair um empréstimo, seja no Millenium/BCP ou noutro Banco qualquer, não é bem de pernas para o ar que nos pomos... colocamo-nos, isso sim, de cu para o ar, e ajeitamo-nos à bela da sodomia: qualquer Banco, vendo-nos em tão infeliz posição, apronta um sorriso e lá vai, todo contente, agarrar-nos no nalguedo para enfiar no nosso traseiro a bela da prestação mensal. Trungas, já está! Dói, não dói?!
O que eu quero dizer com isto é que está aqui mais um caso de publicidade enganosa. Os jovenzitos do anúncio deveriam estar a cantar o "Tenho de virar/A minha vida/De cu pró ar", pois é disso precisamente que se trata. Os pulos e as caras de parvos são opcionais, mas ao menos que digam as coisas como elas são, caraças!

sexta-feira, maio 16, 2008

Notícias à maneira

Durante esta semana, contactei com duas notícias fora-de-série, as quais considero das melhores dos últimos anos. Muito boa gente vai ficar feliz à conta de tal informação:

Notícia 1: Phil Collins afirma que não voltará a gravar mais nenhum álbum.

Notícia 2: Elton John pensa seriamente em não voltar a gravar mais nenhum álbum.

Estou tão emocionado com este mais do que provável abandono das lides musicais por parte destas duas vacas (no caso do Elton John, "vaca" assume duplo sentido...) sagradas da pop parva que meras palavras não conseguem traduzir aquilo que sinto e penso. Portanto, vou recorrer a imagens:

Obrigado a ambos, do fundo do meu coração e, principalmente, dos meus ouvidos.

quinta-feira, maio 15, 2008

Fumo Rosa

Muito se tem dito e escrito, nos últimos dias, acerca da polémica que envolveu José Sócrates e o ministro Manuel Pinho. Ambos terão fumado durante o voo para a Venezuela, infringindo deste modo a Lei do Tabaco, uma das poucas coisas de jeito que o governo socialista executou (sim, sou a favor. Algum problema?! Se quiserem discutir isto comigo, podem convidar-me para um café... onde não se fume, claro). O primeiro-ministro, envergonhado, parece que já veio a público pedir desculpas e garantiu até que irá deixar de fumar.
Em primeiro lugar, não acredito em tais declarações e vou fazer, portanto, ouvidos moucos. Todos nós já percebemos, desde o início desta legislatura, que José Sócrates não cumpre as suas promessas; se ele garante que vai deixar o tabaco, o mais provável é, daqui a uns meses, estar mais agarrado ao vício do que o Miguel Sousa Tavares e restantes acólitos pró-fumo.
Em segundo lugar, a malta até pode aceitar as desculpas e tal, até pode compreender que o primeiro-ministro tenha violado a lei, inconsciente ou conscientemente: afinal, isso é uma coisa tipicamente portuguesa, como fingir que se tem um diploma, por exemplo. A malta não se importa e não liga se o primeiro-ministro, depois de ter fumado onde não devia, vem desculpar-se pelo acto e promete não repetir a façanha. O que a malta quer, e agradece, é que o senhor primeiro-ministro deixe de o ser! Da mesma maneira que José Sócrates reconheceu o erro que cometeu ao ter posto a boca no cigarro, ou lá o que era, fazendo assim pouco da Lei do Tabaco, deveria, por maioria de razão, reconhecer o erro que anda a cometer ao fazer pouco do país.
Seria óptimo, neste capítulo, um mea culpa por parte de Sócrates, e bem que podia fazer o favor de deixar o país com a mesma facilidade que alega vir a deixar de fumar. Aí é que era mesmo caso para se dizer "Porreiro, pá!".

quarta-feira, maio 14, 2008

A última coisa que há a dizer sobre o escândalo da Casa Pia

Passados alguns anos após o escândalo ter rebentado, comovendo e impressionando o país, verificamos que ficou praticamente tudo na mesma. Não há solução à vista, o processo arrasta-se, Carlos Cruz já aparece de novo nas televisões como se nada tivesse acontecido (quem assistiu aos Globos de Ouro sabe do que estou a falar), os políticos lá conseguiram fugir com o rabo à seringa, os advogados continuam a esgrimir argumentos e a ganhar dinheiro... só mesmo Carlos Silvino é que viu a sua situação alterada. Bibi é, hoje em dia, um homem marginalizado e isolado, e nem sequer pode voltar a trabalhar no local que tantas alegrias lhe proporcionou.
Enfim, não deixa de ser típico desta história da Casa Pia: quem se fode é sempre o pequenino...

terça-feira, maio 13, 2008

Quem Tem Amígdalas, Tem Medo!

Outro dia, assisti a um interessante documentário no qual um neurocientista norte-americano alegava ter descoberto a região do cérebro responsável pela sensação de medo. A esta região, que é dupla, chamou-lhe "amígdalas do cérebro". Sim, o nome é ridículo, mas as suas consequências não. O mesmo cientista advertia que uma das possibilidades abertas por esta descoberta seria, no futuro, inibir as "amígdalas do cérebro" nos soldados norte-americanos; o resultado, está-se mesmo a ver, seria estes deixarem, pura e simplesmente, de sentir medo aquando de operações militares.
A esta hora, os inimigos dos Estados Unidos (e eles são muitos!) já devem estar todos acagaçados - afinal não deve ter graça nenhuma enfrentar um exército que é imune ao terror. Porém, desenganem-se estes inimigos! A situação não é assim tão dramática! Pensem da seguinte maneira: para os neurocirurgiões serem bem sucedidos a inibir as "amígdalas do cérebro", é necessário, por uma razão de precedência lógica, encontrar o cérebro. Ora, e é aí, caros inimigos dos EUA, meus amigos, que está o busílis: encontrar o cérebro em soldados americanos é tarefa mais hercúlea do que localizar armas de destruição maciça no Iraque!

Tanis
P.S.: Com a minha última afirmação, em particular devido à analogia com as WMD, não estou a insinuar que os soldados norte-americanos não possuem cérebro. É provável que possuam. Só não se sabe é onde!

segunda-feira, maio 12, 2008

A Barreira de Fumo

Pois, tudo muito bem e coiso e tal, a proibição de fumar em espaços públicos foi uma excelente medida e o caraças, mas infelizmente a Lei do Tabaco está a ter um efeito pernicioso, efeito esse que não foi previsto. É verdade que já se pode respirar condignamente em cafés, centros comerciais e outros recintos fechados, e já não se fica com o cheiro a tabaco entranhado na roupa, nos cabelos e na pele, mas nem tudo funciona bem. E nem tudo funciona bem porque, para entrarmos em qualquer estabelecimento público, temos de atravessar "A Barreira de Fumo".
Do que se trata? Disto: como as pessoas já não podem fumar dentro dos estabelecimentos, reúnem-se à porta destes; ora, a concentração de um grupo elevado de fumadores numa reduzida franja de terreno faz com que essa área se torne mais poluída do que a central de Chernobyl à época do desastre nuclear. Por esta razão, passar para o outro lado da "Barreira de Fumo" (ou seja, entrar no estabelecimento) revela-se uma actividade repleta de perigos: eu, por exemplo, enfrentei no outro dia uma dessas barreiras, tão espessa, densa e rica em alcatrão que poderia retirar-se dela matéria-prima suficiente para a construção dos acessos rodoviários ao futuro aeroporto de Alcochete! Depois de, a custo, ter deixado a "Barreira de Fumo" para trás, constatei que o meu rosto estava mais escuro do que o de um mineiro negro que saísse à rua numa noite de lua nova, e as minhas roupas cheiravam mal, muito mal, tipo um par de cuecas da Elsa Raposo após uma semana de uso ininterrupto (bom, eu nunca cheirei isto, mas não deve ser lá muito agradável. Ou deve?!? Fica a pergunta...).
São estes os perigos que os não fumadores agora enfrentam, passados quase 5 meses após a implementação da Lei do Tabaco. A situação inverteu-se: dantes, os espaços públicos eram intransitáveis e, devido a isso, a malta que abomina o fumo destilado pelos paus de cancro tinha de abancar lá fora; hoje em dia, "abancar lá fora" torna-se impossível por causa da "Barreira de Fumo" e ir lá para dentro só é exequível se formos bem sucedidos na travessia de tão tenebroso obstáculo, autêntico Adamastor edificado em nicotina.
Já sei, já sei, os leitores fumadores devem estar a pensar: "quem me dera agora um cigarro!" E também: "Ó Tanis, tu tens razão, sem dúvida, a tua argumentação é perfeita e insofismável, e usas metáforas tão interessantes quanto eficazes, tipo essa do Adamastor de nicotina, hehehe, que giro, e além disso ouvimos dizer que a Catarina Furtado tem um fraquinho por ti, e alertas muito bem para os problemas que a Lei do Tabaco não é capaz de solucionar, e ainda por cima não fumas, o que te deixa mais dinheiro para adquirires os fantásticos cds que compras todos os meses, oh! como nós gostávamos de ser como tu, mas pensa também em nós, fumadores! Privados dos espaços públicos, onde é que podemos fumar? Tem de ser mesmo à porta desses espaços, não achas?"
E eu respondo: meus caros, compreendo a vossa réplica e agradeço as vossas amáveis palavras, que muito me sensibilizaram, contudo penso que vocês são todos uma bestas! Isto porque podiam muito bem fumar por turnos, ou seja, vinha o Paulo, fumava, ia embora, 5 minutos de intervalo para renovar o ar, vinha a Joana, fumava, ia embora, mais 5 minutinhos de pausa, vinha o Celso e a mesma coisa, e assim por diante. Resultado: impedia-se a fumaceira em grupo e, deste modo, a formação da famigerada "Barreira de Fumo".
Fácil, não é? Eu penso sempre em tudo! Outra solução seria, claro, e bem mais eficaz, os fumadores deixarem de o ser, mas isto se calhar já é pedir demasiado... Afinal, diz-se por aí que eles também têm direitos... Pfffff!!!! Tontice, é o que é!

Tanis

sexta-feira, maio 09, 2008

Má informação

Por vezes, nos programas que passam durante a manhã nos canais generalistas, aparece algo como “Anabela venceu o cancro” ou “Vítor derrotou o tumor”. O problema é que esses mesmos programas ficam-se por aqui, e isso está mal. Depois queixam-se que me rebelo contra a má informação que é dada pelas televisões. É que não chega dizerem-me aquilo! Se a Anabela venceu o cancro e o Vítor derrotou o tumor, eu quero é saber por quantos!

Tanis

quinta-feira, maio 08, 2008

Também tu, porco capitalista?

Fernando Ulrich, presidente executivo do BPI, deu ontem uma entrevista ao programa Negócios da Semana, da Sic Notícias. Entre várias atoardas, o javardo mandou esta, em jeito de acusação:

"As centrais sindicais e os políticos não criam emprego"

Dois avisos do Peter of Pan ao senhor Ulrich: primeiro, cale-se! Segundo, esse seu raciocínio é redundante na primeira insinuação, e errado tout court na segunda. Redundante porque não pertence, nem nunca pertenceu, aos objectivos das centrais sindicais a criação de emprego! Senhor Fernando Ulrich, uma informação grátis: a criação de emprego cabe aos restantes agentes económicos, tipo as empresas que, como o seu próprio nome deixa adivinhar (duh!), empregam - você pensa que as empresas existem só para dar lucro, não?! Às centrais sindicais cabe sim defender os trabalhadores, informando-os dos seus direitos, e lutar para estes tenham melhores condições (isto, pelo menos, é o que acontece nos países civilizados, não sei ainda como é em Portugal). Ora, exigir às centrais sindicais a criação de emprego é pedir-lhes que transgridam e passem para além das suas funções básicas. Aliás, se isto sucedesse, pior seria para as empresas: o que aconteceria se as centrais sindicais gerassem emprego? Algo do género:

Empresário 1: Ó pá, ter uma empresa em Portugal está cada vez mais difícil!
Empresário 2: Pois é, pá!
Empresário 1: Já nem há trabalhadores para explorarmos!
Empresário 2: Pois é, eles vão todos trabalhar para as centrais sindicais, olha que gaita!

Já no que toca à segunda acusação do senhor Ulrich, o senhor está pura e simplesmente enganado, porque os políticos sim transgridem e ultrapassam a sua função elementar, que é fomentar, criar condições para que haja emprego. Por vezes, os políticos armam-se em empresários e geram também eles emprego: o senhor Ulrich nunca ouviu falar nos jobs for the boys? Pois é isso...
Portanto, senhor Ulrich: esteja caladinho e vá trabalhar, malandro! O que, no seu caso, é: vá explorar o proletariado, malandro!

Tanis

quarta-feira, maio 07, 2008

Lúcidos comentários acerca deste tempo maníaco-depressivo

Pá, isto assim não dá! Não pode ser! Alguém tem de fazer algo relativamente ao que está a acontecer! Alguém tem de protestar! Dizer coisas! Mandar vir! Escrever linhas e linhas sem sentido, a ver se um ou outro indíviduo lê! Alguém tem de se insurgir contra esta brincadeira parva que andam a pregar-nos! E esse alguém, como sempre, sou eu!
Não, por "brincadeira parva" não me refiro aos preços dos combustíveis, muito menos à tão propalada crise dos alimentos, nem ao défice ou outras coisas assim, comezinhas. Aquilo a que me refiro é à palhaçada meteorológica que andamos a viver! É que não suporto isto: num dia estão mais de 30 graus e tal, na manhã seguinte chove e faz frio, e na mesma tarde regressa, todo lampeiro, o mesmo calor que andou a atormentar ou deliciar a malta (a opção depende de se estar a trabalhar ou de férias) no dia anterior. Este é, como aleguei no título do post, um tempo maníaco-depressivo, mas quem sofre dissabores somos nós, seres humanos. Primeiro, porque é lixado uma pessoa ter de andar constantemente a escolher o tipo de roupa que vai levar (aqui, por "pessoa" quero dizer "indivíduo normal do sexo masculino", porque nós já sabemos que as gajas, essas malucas, gostam é disso! Para elas, ter de ir ao armário várias vezes ao dia para escolher roupa não é um suplício, é o paraíso sobre a Terra!). Ontem, por exemplo, eu andava de t-shirt; já hoje, levei uma camisola para me abrigar do frio e da chuva que batiam logo de manhã, mas agora, de tarde, já me arrependi e, com o calor que faz, estou com uma vontade de me despir todo que nem queiram saber! Segundo, porque o nosso próprio corpo não aguenta este tempo assim. O nosso corpo precisa de se preparar gradualmente tendo em conta as mudanças climáticas; ora, essa preparação não existe quando num dia está um calor tropical e no outro um frio invernal, e no outro a seguir novamente calor, e depois chove, e depois faz sol, e depois vento, e assim por diante. É daqui que provêm constipações, reumáticos, enxaquecas e demais maleitas estúpidas, que poderiam muito bem ser evitadas caso vivêssemos sob uma temperatura mais ou menos estável.
Além dos dois problemas citados (o vestuário e o corpo, recorde-se), há um outro, de natureza moral: se o tempo anda maníaco-depressivo, de quem é a culpa? Da confusão no PSD? Do Paulo Bento? Do governo Sócrates? Do Bush ou da corrida à Casa Branca? Do Dança Comigo que dá aos sábados na RTP1? Dos anúncios em lingerie da Cláudia Vieira (realmente, aquilo dá cá uns caloooores...)? De outra coisa qualquer? É muito difícil, nesta situação, personalizar a culpa ou arranjar um bode expiatório que seja. Por isso, o que dá vontade é botar as culpas "na vida, no universo e em tudo o resto" (copyright Douglas Adams). E é, à falta de melhor, o que vou fazer. O tempo está doido? Então, raios parta o tempo, a vida, o universo e esta porcaria toda que me anda a chatear o esquema! Porque já estou mesmo fartinho disto! Ao menos, avisem (e não estou a falar dos boletins meteorológicos dos canais televisivos), e com alguma antecedência, para um gajo saber à partida aquilo com que tem de contar. E se for possível um solzinho à maneira ali para Agosto, que é quando estou de férias, prometo ficar calado, ok? Pronto, vamos lá a ter mais juízo...

Tanis

terça-feira, maio 06, 2008

Três notícias que são o espelho do país

Às vezes, gosto de me sentir bem informado, e quando isso sucede, faço logo um zapping dos Morangos Com Açúcar (ou qualquer outra novela que tenha pitas boas) para um canal que esteja a exibir notícias. É certo que nem cinco minutos depois já estou mais do que arrependido, mas paciência, por vezes convém andar a par daquilo que se passa em Portugal. Foi desta maneira que deparei com as seguintes boas novas:

1ª: 6000 gestores de empresas declaram salário mínimo ao fisco.
2ª: O PSD vai pagar a multa relativa ao caso Somague em prestações, pois o partido não dispõe de crédito junto da banca.
(a pièce de résistance): Portugal é dos países europeus cuja democracia apresenta pior qualidade, cifrando-se no 21º lugar entre 25 países analisados.

Não admira que a democracia portuguesa ande pelas ruas da amargura. Nem o contacto, na União Europeia, com países realmente democráticos nos tem valido. Bolas, que país é este, em que até os gestores, coitadinhos, não conseguem auferir mais do que o salário mínimo? Que país é este, em que o maior partido da oposição, coitadinho, não dispõe de uns trocados para pagar uma mera multa? Não é assim, definitivamente, que a nossa democracia avança...

Tanis

P.S.: Agora fora de brincadeira, uma sugestão: alguém ponha aqueles 6000 gestores a pagar a multa do PSD. E o PSD a pagar a dívida fiscal desses mesmos gestores. Por favor...

segunda-feira, maio 05, 2008

Também quero ser candidato!

Acho que me vou candidatar à presidência do PSD. Pronto, agora deu-me para isto, que querem?! Mas há boas razões para o fazer. Elas são três:
Primeira, nenhum dos 5 candidatos até agora confirmados oferece confiança. Manuela Ferreira Leite foi ministra, em governos diferentes, da Educação e das Finanças e só fez porcaria em nas duas ocasiões, e além disso é feia como a morte; Pedro Passos Coelho tem um ar tão beto que poderia facilmente passar por militante do CDS/PP; Neto da Silva não é conhecido por ninguém, nem pela própria família; Patinha Antão tem o nome mais ridículo da política portuguesa (um diminutivo seguido de um aumentativo?!?!); já Pedro Santana Lopes... bem, é o Pedro Santana Lopes! Ao contrário destes 5 nomes, eu sim sou de confiança (vá, não se riam!), eu percebo de política, eu sou bonito, eu tenho um nome apelativo e carismático, eu tenho um ar simultaneamente chunga e distinto, sendo por isso capaz de cativar não só os analfabetos como também os intelectuais (duas classes que abundam no PSD, especialmente a primeira...) e eu sou conhecido nas mais variadas esferas da sociedade portuguesa, embora todas me tratem por "Tanis, o Maluco" - ainda tenho de trabalhar nisto...
Segunda, não tenho a mínima vontade nem necessidade de recorrer ao nome da maior vaca sagrada social-democrata: Sá Carneiro. Todos, mas TODOS os candidatos usam-no como argumento de autoridade, e eu pessoalmente acho estúpido andar sempre a convocar um morto só para servir de muleta a aspirações políticas. Às vezes, o PSD mais parece uma sessão espírita do que um partido político: "O Sá Carneiro disse isto", "O Sá Carneiro pediu que se fizesse aquilo", "Temos de honrar o espírito de Sá Carneiro", "Temos de seguir os ditames de Sá Carneiro", "Sá Carneiro estará sempre connosco", etc e tal. Já chega desta semântica, o PSD deve concentrar-se apenas no mundo dos vivos, e eu sou a pessoa ideal para o fazer porque, bom, porque também estou vivo e tenho ideias vivas, embora não saiba aonde se enfiaram elas (é que estão tão vivas que desatam logo a fugir, as malucas!).
Terceira, uma razão estritamente pessoal. Já estou farto de ser anarca, rebelde, revolucionário, sedicioso, defensor dos fracos e oprimidos, paladino dos direitos individuais e sociais, opositor da opressão, do despotismo e do patronato! Estas porcarias não dão tacho nenhum, e assim não pode ser, pois até eu preciso de ganhar a puta da vida! Se me candidatar à presidência do PSD, e ganhar (e sendo os militantes sociais-democratas tão tolos, isso é algo que pode perfeitamente acontecer), abre-se todo um novo caminho diante de mim: sacos azuis, tráfico de influências, peculatos, e muitas outras coisas divertidas que sempre desejei experimentar, mas nunca pude por culpa das minhas convicções político-morais. Quero passar para o outro lado e ver como é estar na linha da frente de um partido liberal. Quero fomentar e estimular o corporativismo ao invés do associativismo. Quero pôr o dinheiro à frente das pessoas, em particular à MINHA frente. Quero um dia ter a possibilidade de ser primeiro-ministro em vez de me limitar à condição de manifestante anónimo na avenida da Liberdade. Quero aparecer na assembleia da República, nos jornais e televisões. E quero, acima de tudo, chatear o Sócrates, e se alguém tem de o fazer, que seja eu, pois possuo enoooooorme experiência enquanto chato!
Portanto, se são militantes do PSD e vão estar no próximo congresso extraordinário, votem na minha moção. Vão ver como coloco a seta do partido a apontar na direcção certa! Obrigado!

Tanis

sexta-feira, maio 02, 2008

Preciso de ser internado, e depressa...

Anteontem, uma rapariga veio ter comigo a pedir-me aconselhamento. Queria ela que lhe indicasse quais livros deveria ler sobre o Heidegger. Separei uns quatro e mostrei-lhos. Ela aponta para o primeiro e pergunta do que se trata. Respondo-lhe: “Ah, é uma colectânea que discorre sobre o pensamento político do Heidegger e a sua famosa associação ao nazismo.” Ela colocou, desinteressada, a obra de lado e passou à próxima. “E este?”, solicitou. Disse-lhe que era um conjunto de artigos, da responsabilidade de especialistas portugueses, versando sobre vários assuntos, mas com enfoque especial na ontologia heideggeriana. “Fixe”, lançou ela, “vou levar” e passou ao terceiro do monte. Informei-a que basicamente este terceiro era a mesma coisa que o segundo, mas agora o tema principal era a ligação de Heidegger à poesia e demais fantochadas. A moça também gostou e guardou-o, pedindo-me de seguida que expusesse algo sobre o último volume. Foi aqui que lixei tudo. Eis a resposta que dei (e destaco-a do corpo do texto para uma melhor compreensão):

“Ah, este é uma monografia que percorre toda a filosofia do Heidegger, mas trata sobretudo da ontologia e do problema do ser. É muito bom!”

O que há de errado aqui? Os mais lúcidos e atentos certamente já deram conta: utilizei “Heidegger” e “muito bom” na mesma frase! Ou seja, aconselhei um livro sobre Heidegger e ainda o adjectivei e, pior, adjectivei-o positivamente! Não sei o que me passou pela cabeça (a rapariga era gira, mas isso não serve de desculpa!), pois para mim um livro bom sobre aquele filósofo alemão era, até ao momento, um livro que falasse mal dele e da sua filosofia de trazer por casa (a casa do ser?!?!). O que me terá levado a dizer bem de uma obra que comenta e presta vassalagem à ontologia heideggeriana? Estarei doente? Estarei maluco? Estarei com os pés para a cova? Não sei, não sei mesmo… olhem, se me virem na rua, espetem-me um carolo nos cornos, pode ser que eu tome juízo! Onde é que isto já se viu?!...

Tanis