segunda-feira, janeiro 30, 2006

O grande Guru

Como já é costume, o artigo abaixo exagera. É a sociedade do espectáculo, nem mais: eles são sempre os melhores, de longe e sem mácula; nunca tiveram dificudades, dúvidas acerca do que queriam, desde pequenos que são invejáveis e a sua história resume-se a uma sucessão de grandes feitos; eles são as estrelas e nós os espectadores. Treta, isso é tudo treta.
Mas como se trata do Kripke, a ala (supostamente) analítica do Departamento deixa aqui para vocês linkarem.
By CHARLES McGRATH
Published: January 28, 2006

Modernices

Steps Towards a Computational Metaphysics (video) (slides)

Ed Zalta e Branden Fitelson

The Metaphysics Research Lab
Center for the Study of Language and Information

sábado, janeiro 21, 2006

Simpsons vs. Futurama

Concordam que numa comparação Simpsons vs. Futurama, ganham os Simpsons? Não é que o Futurama seja mau. Antes pelo contrário: eu acho aquilo super bem feito. Contudo, é díficil as personagens do Futurama serem tão boas como as dos Simpsons. Parece-me que a vantagem dos Simpsons sobre o Futurama não está nas histórias, mas sim nas personagens. E mais uma vez, não é que as personagens do Futurama sejam más. Os Simpsons é que são imbatíveis. Já agora, conseguem dizer que há um episódio mau nos Simpsons? Eu diria que não conheço nenhum, mas mesmo que exista um ou outro, não deixa de ser incrível a quantidade de episódios bons. Enfim, já que abrimos a cabeça ao Homer, não fica mal fazer-lhe agora um elogio. É verdade, não ficaram surpreendidos por ele ter cérebro?

Cão

Cérebros num alguidar

quarta-feira, janeiro 18, 2006

No último parágrafo, da última página de "Truth and Other Enigmas", lê-se:


Just because the scandal caused by philosophy's lack of a sistematic methodology has persisted for so long, it has been a constant preocupation of philosophers do remedy that lack, and a repeated illusion that they had succeeded in doing so. Husserl believed passionately that he at last held the key which would unlock every philosophical door; the disciples of Kant ascribed to him the achievement of devising a correct philosophical methodology; Spinoza believed that he was doing for philosophy what Euclid had done for geometry; and before him, Descartes supposed that he had uncovered the one and only proper philosophical method. I have mentioned only a few of many examples of this illusion; for any outsider to philosophy, by far the safest bet would be that I was suffering from a similar illusion in making the same claim for Frege. To this I can offer only the banal reply which any prophet has to make to any sceptic: time will tell.
Michael Dummett

sábado, janeiro 14, 2006

Jerusalém

"O próximo século será o da seriedade ou então perderemos tudo o que conquistámos, pensava Theodor. Se continuarmos a gastar a nossa energia criativa em divertimentos inúteis, em prostitutas e anedotas fáceis, em breve surgirá uma outra espécie animal, mais circunspecta e inapta para o bom humor, que tomará conta, em pouco tempo, das nossas instituições principais. A tendência para contar anedotas pode fazer cair uma cidade, pensava Theodor com alguma ironia - uma espécie animal que se afaste do divertimento e do prazer terá grandes vantagens biológicas em relação aos seres humanos; e Theodor não deixava de olhar para o seu caso: médico importante, investigador muito admirado há três ou quatro anos atrás, que, naquele preciso momento, três e pouco da manhã, numa rua da cidade, caminha para o centro, absolutamente excitado, sem conseguir desligar-se da fotografia que há pouco vira, da mulher deitada na cama, com sangue no nariz e as pernas ostensivamente abertas, exibindo a vagina rodeada de pelos púbicos; avançando, pois, estava Theodor Busbeck, a passo firme, dirigindo-se para a absoluta inutilidade, para o absoluto tempo perdido, num tempo de excitação, sim, de pura excitação, de divertimento e portanto de eficácia negativa, em suma: tempo de não-humanidade, tempo onde não se constroi. Se fôssemos só isto, o que eu sou neste momento, a caminhar apressadamente com o pénis duro, desejando encontrar rapidamente uma mulher, se fôssemos só isto seríamos agora os cães dos nossos cães."
Jerusalém, de Gonçalo M. Tavares

sábado, janeiro 07, 2006

Mais algumas palavras sábias sobre o assunto

…Whether or not it would be nice to knock disagreeing philosophers down by sheer force of argument, it cannot be done. (It would be nice, of course. Robert Nozick has drawn attention to our strange way of talking about philosophical argument as if its goal were to subjugate the minds of our esteemed colleagues and to escape their efforts to do likewise unto us). Philosophical theories are never refuted conclusively. (Or hardly ever. Gödel and Gettier may have done it.) The theory survives its refutation – at a price. Argle has said what we accomplish in philosophical argument: we measure the price. Perhaps that is something we can settle more or less conclusively. But when all is said and done, and all the tricky arguments and distinctions and counterexamples have been discovered, presumably we will still face the question which prices are worth paying, which theories are on balance credible, which are the unacceptably counterintuitive consequences and which are the acceptably counterintuitive ones. On this question we may still differ. And if all is indeed said and done, there will be no hope of discovering still further arguments to settle our differences.

Once the menu of well-worked-out theories is before us, philosophy is a matter of opinion. Is that to say that there is no truth to be had? Or that the truth is of our own making, and different ones of us can make it differently? Not at all! If you say flatly that there is no god, and I say that there are countless gods but none of them are worldmates, then it may be that neither of us is making any mistake of method. We may each be bringing our opinions to equilibrium in the most careful possible way, taking account of all the arguments, distinctions, and counterexamples. But one of us, at least, is making a mistake of fact. Which one is wrong depends on what there is.

David Lewis
Philosophical Papers, Volume I

sexta-feira, janeiro 06, 2006

Até que ponto é o aborto um assunto referendável?

Para que é que serve uma comissão de bioética? Não é para emitir pareceres informados, baseados em algo mais do que a nossa opinião subjectiva? Não é com base nesse pareceres que a legislação deve ser formulada? Não é o aborto uma questão do foro da bioética? É o aborto um assunto que levamos a sério? Se levamos a sério, não será que queremos que a legislação sobre o aborto seja justa? Não são os membros de uma eventual comissão de bioética quem está mais bem preparado para opinar sobre o assunto? Para que é que serve estudar bioética, ou melhor, porque é que é importante a existência pessoas que se dedicam à bioética? E se devemos ler um livro que reúne os mais importantes artigos acerca da questão do aborto, então não seria simplesmente melhor (mais razoável) se as pessoas que opinam sobre o aborto fossem os membros de uma comissão de bioética (os quais são supostos terem lido e pensado nesses e numa quantidade considerável de outros artigos)? Estamos justificados a pensar que a nossa opinião acerca do aborto é tão bem fundamentada como a de um membro de uma comissão de bioética?
Cão

quinta-feira, janeiro 05, 2006

quarta-feira, janeiro 04, 2006

Já agora, convem acrescentar que

Hilary Putnam: The dangerous aspect of Postmodernism is the sometimes explicit contempt for the idea of justified belief (what Dewey called "warranted assertibility"). Since I said some critical words about analytic philosophy in my answer to a previous question, let me say that the good side of analytic philosophy its consistent criticism of Postmodernism.