1 - Ofereçam o menor número de prendas possível. Por duas razões, uma material e a outra ética. A razão material diz que, quanto menos prendas se oferecerem, menos dinheiro é preciso gastar. Faz sentido, penso eu. Já a razão ética afirma que só se deve dar presentes a quem se portou bem durante o ano. Ora, não é preciso investigar muito para concluir que, excepto um tal de Eterno Entorno, que se fosse mulher seria uma santa mas como é um homem é apenas um santinho, toda a população mundial teve, em 2006, um comportamento para lá de nefasto. Aos cépticos que exigem provas, tomem lá: o Sporting ganhou o campeonato? Não! O Alberto João Jardim continua a ser o Presidente do Governo Regional da Madeira? Sim! A Monica Bellucci dignou-se a visitar a minha casa? Não! O Carrilho e o Santana Lopes deixaram de publicar livros? Não! E a malta deixou de os comprar? Não! O Vaticano resolveu dar nova vida à Inquisição para terminar com esse flagelo pseudo-literário? Duplo não! Sendo assim, QED.
2 - Evitem passar estes dias com a família. Sim, bem sei que o Natal é a festa da família, a altura em que todos se juntam e blábláblá, mas... quem no seu perfeito juízo está com pachorra para aturar aquela tia que não faz mais do que roubar azevias e filhozes da mesa, ou aquele irmão que há 5 anos atrás se atirou à nossa namorada e à namorada da nossa namorada, ou ainda aquele primo bêbado da província que não se poupa a comentários como "Xim Xenhor, que bela consoada" e "Ó primo, mais um copo?" a cada 10 minutos? Se desejam um Natal bem passado, fujam dessa tortura enquanto é tempo. Sugiro-vos que engatem uma tipa qualquer num hipermercado (se forem mulheres, substituam "uma tipa" por "uma tipa e um dildo") e se escapem até ao Iraque para uma consoada inesquecível. E já agora, fiquem por lá para a passagem de ano, parece que os fogos-de-artifício serão de arromba.
3 - Neguem-se a ler qualquer livro de filosofia. Este é o melhor conselho que vos posso dar. Ninguém, no seu perfeito juízo, se porá a ler filosofia nesta altura do ano. Na verdade, ninguém com um pingo de sanidade no seu cérebro lê filosofia, seja em que altura for, mas muito menos no Natal. Ler filosofia pelo Natal é como ver um filme do Steven Seagal no Festival de Cinema de Berlim, é como ouvir o Tony Carreira no teatro La Scala, é como peidar no Palácio de Buckingham à frente da família real. Não façam isso, ponto final. E se alguma aventesma tiver a indecência e o mau-gosto de vos oferecer um ensaio filosófico, não vão mais longe: atirem-lhe com o prato de bacalhau às fuças.
4 - Desliguem o televisor. Afinal, dão sempre os mesmos programas por estes dias: Música no Coração pela 34964576730ª vez, um telefilme manhoso qualquer com uma adaptação do Conto de Natal do Dickens, especiais Dança Comigo, Morangos com Açúcar e sei lá mais o quê, etc. Larguem mão. Vão antes à internet sacar uns filmes porno que, além de possuírem maior valor artístico do que as estopadas atrás referidas, sempre nos ensinam qualquer coisa de social e moralmente útil. Eu, pelo menos, nunca mais fui o mesmo desde que vi a filmografia completa da Jasmin St. Claire: aprendi finalmente que, se me baterem, devo oferecer a outra nádega.
5 - Tenham um óptimo Natal e um excelente 2007.
Eterno Entorno
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