Sabem onde é que é o Seixal?!? Fica ali para os lados de Moscovo e da Varsóvia dos anos 50-60. Reserva de comunistas dinossáuricos e de lampiões estultos, é o lugar ideal para os pobres proletários passarem as suas férias. O patronato vai todo para as Seychelles, o proletariado para o Seixal. É assim a vida...
A gaja, que vive no Concelho do Seixal vai para bué anos, perguntou-me se eu nestas férias gostaria de visitar uma praia diferente, a praia do Seixal, também chamada praia dos Tesos ou praia do Cagalhão (não sei de onde vêm estes nomes, juro!). Traduzindo: apontou-me uma arma e deu-me a escolher "ou vais comigo àquela praia, ou vais dizer adeus à vida". E eu disse adeus à vida...
Ná, não disse nada, se dissesse não estava aqui a escrever isto, não é verdade?! Assim, fui com ela, visitar a tal "praia diferente". Diferente em quê?!?! Bom, não se trata de, em vez de areia, ter corpos de capitalistas, e de, em vez de água, apanhar-se com o sangue de monarcas e padrecos, esses sugadores do tutano da vida, esses dealers do ópio do povo, esses cabr... aham, desculpem, de quando em vez sinto a agit-prop comunista entranhar-se em mim. As diferenças estão, por exemplo, em ter de apanhar um barco para ir até à praia - parece incrível, não é?! -, em ser uma praia não oceânica mas sim tejânica, em haver uma paisagem de barcos a fazer a travessia Lisboa-Barreiro em lugar de gaivotas no céu, enfim, podia ficar aqui o dia todo, ou no máximo 5 minutos, a enumerar todas as características que fazem da praia do Seixal uma praia original.
O mais interessante, contudo, e isto foi uma autêntica lufada de ar fresco para a minha pessoa, um extremo-esquerdista que, não sendo comunista, é ainda assim isso, um extremo-esquerdista, foi não ter encontrado no areal da praia do Seixal ninguém da burguesia. Ali, só vai quem é pobre, só vai quem tem as mãos calejadas do trabalho por conta de outrem, só entra quem não detém os meios de produção. Enquanto estava deitado de papo para o ar, a apanhar aquele delicioso sol proletário, ouvi estórias sobre a última vez que um burguês tinha sido visto no local. Parece que foi apanhado por um bando de comunistas, ataram-lhe os pés com uma corda, penduraram-no de cabeça para baixo no ramo de uma árvore e passaram 10 dias e 10 noites a recitar-lhe O Capital do Marx nos três volumes das Edições Avante. Quando finalmente foi descido, o burguês deixou de ser o mesmo e, rezam as crónicas, pode ser hoje encontrado no Cais do Sodré, onde responde pelo nome de Katy Maravilhas e se diverte a seduzir marinheiros. Subiu na vida, portanto, pois já dizia o meu tetravô anarquista que privou com o Proudhon: "Mais vale andar com lantejoulas e perucas de 5 reais na cabeça, apanhar no pacote para ganhar a vida e aturar as histórias dos marinheiros de todo o mundo do que sujar a alma como burguês". Era um homem muito sério, este meu antepassado... já não se fazem pessoas com esta índole. Enfim, o que eu queria exprimir é se torna realmente refrescante estar numa praia sem levar com nenhum burguês em cima. Até a água tem outro aspecto, e não me estou a referir ao lodo nojento que alcatifa o leito do Tejo.
Se me apetecer, ainda colocarei uma fotinhas ilustrativas da praia do Seixal, mas deixo-vos só com a mensagem de que é mesmo uma praia diferente, e se, como eu, defendem os direitos dos trabalhadores, é muito provável que venham a gostar do sítio, e que possam até orgulhar-se de lá estar como se fossem o mais fiel protagonista da luta de classes.
Até lá, desejo a todos vós um fim-de-semana esplendidamente anti-burguês e se conseguirem mudar o mundo até ao domingo, de forma a que a próxima segunda-feira deixe de existir, ficar-vos-ei bastante agradecido (depois explico, com mais detalhe, o porquê de eu estar com medo da próxima segunda-feira, medo esse só comparável ao que o Postiga tem de marcar golos).
A gaja, que vive no Concelho do Seixal vai para bué anos, perguntou-me se eu nestas férias gostaria de visitar uma praia diferente, a praia do Seixal, também chamada praia dos Tesos ou praia do Cagalhão (não sei de onde vêm estes nomes, juro!). Traduzindo: apontou-me uma arma e deu-me a escolher "ou vais comigo àquela praia, ou vais dizer adeus à vida". E eu disse adeus à vida...
Ná, não disse nada, se dissesse não estava aqui a escrever isto, não é verdade?! Assim, fui com ela, visitar a tal "praia diferente". Diferente em quê?!?! Bom, não se trata de, em vez de areia, ter corpos de capitalistas, e de, em vez de água, apanhar-se com o sangue de monarcas e padrecos, esses sugadores do tutano da vida, esses dealers do ópio do povo, esses cabr... aham, desculpem, de quando em vez sinto a agit-prop comunista entranhar-se em mim. As diferenças estão, por exemplo, em ter de apanhar um barco para ir até à praia - parece incrível, não é?! -, em ser uma praia não oceânica mas sim tejânica, em haver uma paisagem de barcos a fazer a travessia Lisboa-Barreiro em lugar de gaivotas no céu, enfim, podia ficar aqui o dia todo, ou no máximo 5 minutos, a enumerar todas as características que fazem da praia do Seixal uma praia original.
O mais interessante, contudo, e isto foi uma autêntica lufada de ar fresco para a minha pessoa, um extremo-esquerdista que, não sendo comunista, é ainda assim isso, um extremo-esquerdista, foi não ter encontrado no areal da praia do Seixal ninguém da burguesia. Ali, só vai quem é pobre, só vai quem tem as mãos calejadas do trabalho por conta de outrem, só entra quem não detém os meios de produção. Enquanto estava deitado de papo para o ar, a apanhar aquele delicioso sol proletário, ouvi estórias sobre a última vez que um burguês tinha sido visto no local. Parece que foi apanhado por um bando de comunistas, ataram-lhe os pés com uma corda, penduraram-no de cabeça para baixo no ramo de uma árvore e passaram 10 dias e 10 noites a recitar-lhe O Capital do Marx nos três volumes das Edições Avante. Quando finalmente foi descido, o burguês deixou de ser o mesmo e, rezam as crónicas, pode ser hoje encontrado no Cais do Sodré, onde responde pelo nome de Katy Maravilhas e se diverte a seduzir marinheiros. Subiu na vida, portanto, pois já dizia o meu tetravô anarquista que privou com o Proudhon: "Mais vale andar com lantejoulas e perucas de 5 reais na cabeça, apanhar no pacote para ganhar a vida e aturar as histórias dos marinheiros de todo o mundo do que sujar a alma como burguês". Era um homem muito sério, este meu antepassado... já não se fazem pessoas com esta índole. Enfim, o que eu queria exprimir é se torna realmente refrescante estar numa praia sem levar com nenhum burguês em cima. Até a água tem outro aspecto, e não me estou a referir ao lodo nojento que alcatifa o leito do Tejo.
Se me apetecer, ainda colocarei uma fotinhas ilustrativas da praia do Seixal, mas deixo-vos só com a mensagem de que é mesmo uma praia diferente, e se, como eu, defendem os direitos dos trabalhadores, é muito provável que venham a gostar do sítio, e que possam até orgulhar-se de lá estar como se fossem o mais fiel protagonista da luta de classes.
Até lá, desejo a todos vós um fim-de-semana esplendidamente anti-burguês e se conseguirem mudar o mundo até ao domingo, de forma a que a próxima segunda-feira deixe de existir, ficar-vos-ei bastante agradecido (depois explico, com mais detalhe, o porquê de eu estar com medo da próxima segunda-feira, medo esse só comparável ao que o Postiga tem de marcar golos).
3 comentários:
O que tu mais tens é mãos calejadas.... :P
Foi bom ter lá ido! Desenterrei lembranças da infância que que muitas saudades me deixaram!
Lamento informar, que praia do cagalhao ou dos tesos e qualquer praia do tejo. eu que cresci noutro dos redutos comunistas do portugal contemporaneo, lembro-me de ter de esperar pela mare vazia para ir a uma praia dos tesos, que alias ate era o nome chique para um simples cabeco de areia. mas agora tambem podes ter a certeza que chegado o verao em Paris, as praias fluviais do Sena sao um must. E tambem podes ter a certeza que qualquer comuna que se encontre por Saint Germain de Pres no meio de Agosto, nao pode deixar de suspirar "Meu rico Seixal".
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