quinta-feira, dezembro 19, 2013

A demanda pelos ténis impossíveis

Ténis mortos, ténis postos. Lá encontrei uns ténis decentes para jogar à bola, substituindo aqueles arquétipos de ténis que por tanto tempo suportaram as minhas prestações futebolísticas. Não são tão bons, claro, mas são-no o suficiente. Numa escala de ténis para jogar à bola, alcançam 9 em 10. E tendo custado apenas 15 euros, não é preciso pedir à DECO que analise e faça desta a Escolha Acertada, pois não?!

Só tenho pena que os ténis não me forneçam capacidades físicas extra, designadamente ao nível da resistência. Se já consigo jogar mais do que 5-6 minutos, ainda não sou capaz de superar a barreira psicofisiológica da meia-hora. Não é que eu esteja velho (não vou revelar a minha idade: digo apenas que ando entre os 18 e os 2500 anos), mas se calhar até estou. E isto os ténis não conseguem solucionar. Por mais bem adaptados que estejam aos meus pés, por mais finesse de que me dotem na hora de controlar a redondinha, fisicamente estou um caco e não há nada a fazer, a não ser que eu peça ao James Bond uns mísseis para activar nas solas dos ténis, e quando um adversário quiser passar por mim e eu já não tiver pernas para ele, PIMBA, cá vai bomba.

Há outra coisa que me assusta para além das minhas (in)capacidades físicas: a mania que os outros jogadores têm de se me referir usando jogadores profissionais como termo de comparação. Se há umas semanas me comparavam ao Markovic, no último jogo em que participei disseram que eu parecia o Andrea Pirlo (ex-Inter, ex-Milan, actual Juventus e daqui a 2 anos futuro capitão do SCP e primeiro jogador a levantar um troféu da Liga dos Campeões pelo clube verde-e-branco). Ora, sendo que o estilo de jogo do Markovic nada tem a ver com o estilo de jogo do Pirlo, e vice-versa, que raio ando eu a fazer dentro do campo de futebol?!?! E quando é que o estilo de jogo do Peter of Pan passa a ser o estilo de jogo do Peter of Pan, uma identidade que não admite comparações com o estilo de outro qualquer jogador?

Já viram como um simples jogo de futebol pode deitar abaixo a auto-estima de uma pessoa?!

segunda-feira, dezembro 16, 2013

Através do método socrático, demonstra-se como é lícito roubar o Belenenses

O último jogo que opôs o fabuloso Sporting Clube de Portugal ao sofrível Clube de Futebol os Belenenses ficou marcado por um incrível erro de arbitragem, ao ser assinalada uma grande penalidade que de penalidade não tem nada e de grande muito menos! Até eu, um sportinguista daqueles valentes, virei a cara para o lado e exclamei "que roubalheira" quando vi o lance da "falta"(?!?) sobre o Cédric.

Só que há aqui uma questão que ultrapassa o furto de que o Belenenses foi alvo. E essa questão tem a ver com a própria natureza ontológica do clube do Restelo. Ao ser o clube que é, o Belenenses merece ser roubado. Ao ser o clube que é, roubar o Belenenses é uma questão de justiça e de ética. Não concordam? Então nada melhor do que apresentar a situação através de um diálogo inspirado nas famosas conversas que decorriam em Atenas há uns bués séculos.

Anti-sportinguista: Bolas, Peter of Pan, lá ganharam mais um jogo a roubar...

Peter of Pan: 'Tá calado. Primeiro, só um dos golos é que foi gamado. Segundo, era o Belenenses, e contra o Beleneses não faz mal roubar.

Anti-sportinguista: Hã? Explica lá esse teu raciocínio enviesado. Isso para mim não faz sentido nenhum. Então há clubes que podem ser roubados e outros que não podem? Compreendes a gravidade das tuas palavras?! Tu, que és um igualitário e defendes sempre os mesmos direitos para todos e o caneco?!

Peter of Pan: Calma, meu idiota de merda. Cala-te lá um bocadinho que eu passo já a explicar. Segue os meus argumentos.

Anti-sportinguista: Segui-los-ei.

Peter of Pan: O Sporting Clube de Portugal é percepcionado como o clube dos ricos e das pessoas benzocas, não é?!

Anti-sportinguista:
É sim. Continua.

Peter of Pan: Ora, mas há um clube em Portugal que ainda está mais associado aos ricos e tiozorros do que o Sporting. Consegues dizer-me que clube é esse?

Anti-sportinguista:
Consigo, pois. É o Belenenses. Mas não estou a ver onde queres chegar.

Peter of Pan: Calma, que este raciocínio não admite atalhos. Considera isto: o que é mais lícito? Roubar um rico e beto, ou roubar um pobre e maltrapilho?

Anti-sportinguista: Roubar o rico, claro, pois o furto causar-lhe-á menos mossa do que a um pobretanas.

Peter of Pan: Exacto. Então, pensa lá um bocadinho agora. O que é mais lícito? Roubar um muito rico e muito beto, ou roubar um menos rico e menos beto?

Anti-sportinguista: Penso que é mais lícito roubar o muito rico, pois o roubo prejudicá-lo-á menos.

Peter of Pan: Estás a cogitar bem.

Anti-sportinguista: O que é cogitar?

Peter of Pan: Não sejas parvo. Prosseguimos?

Anti-sportinguista:
Sim.

Peter of Pan: Então, pelo que se disse atrás, e sendo o Sporting o clube dos ricos e betos, e o Belenenses o clube dos mais ricos e mais betos, daqui deriva que, a ter de existir um roubo a um destes clubes, é mais lícito que se roube o clube dos mais ricos e mais betos.

Anti-sportinguista: Ahhhhh, agora estou a perceber! Sim, tem de ser! É justo que assim seja. Obrigado por me teres mostrado a verdade, Peter of Pan.

Peter of Pan: De nada.

Anti-sportinguista: Mas... Peter of Pan?

Peter of Pan: Sim?!

Anti-sportinguista: Por esse teu raciocínio, em qualquer jogo onde entre o Sporting, desde que não seja contra o Belenenses, é lícito roubar o Sporting, não é?!

Peter of Pan [furioso]: Cala-te, meu parvo, não é nada disso, não percebes nada de diálogos filosóficos, nunca se deve roubar o Sporting porque o Sporting é o mais lindo, vai bardamerda daqui para fora, ando eu a gastar as minhas qualidades com um sofista como tu, parvalhão, idiota, se não desapareces já da minha frente dou-te nas trombas, meu "#&$%&/...

E pronto, o diálogo termina assim. Ficou o essencial e demonstrou-se que, embora o penálti contra o Belenenses tenha sido mal assinalado, não foi injusto tê-lo sido. Obrigado, até amanhã e viva o Sporting.

terça-feira, dezembro 10, 2013

A Loja do Mestre André (Versão Death Metal)

Como há-de um arreigado metaleiro como eu cantar músicas infantis ao seu pequeno sem se sentir choninhas?! Fácil: modificar as canções até que elas tenham um aspecto simpático a qualquer headbanger que se preze. Eis um exemplo:

A Loja do Mestre André

Música: Tradicional
Letra: Tradicional (adaptação Peter of Pan)

Foi na loja do Mestre André
Que eu comprei uma Flying V
Djuns, Djuns, Djuns, uma Flying V

Ai olé, ai olé
Foi na loja do Mestre André
Ai olé, ai olé
Foi na loja do Mestre André

Foi na loja do Mestre André
Que eu comprei uma bateria
Catrum, Catrum, Catrum, uma bateria
Djuns, Djuns, Djuns, uma Flying V

Ai olé, ai olé
Foi na loja do Mestre André
Ai olé, ai olé
Foi na loja do Mestre André

Foi na loja do Mestre André
Que eu compei um belo baixo
Dum, Dum, Dum, um belo baixo
Catrum, Catrum, Catrum, uma bateria
Djuns, Djuns, Djuns, uma Flying V

Ai olé, ai olé
Foi na loja do Mestre André
Ai olé, ai olé
Foi na loja do Mestre André

Foi na loja do Mestre André
Que eu compei um microfone
Grruargh, Grruargh, Grruargh, um microfone
Dum, Dum, Dum, um belo baixo
Catrum, Catrum, Catrum, uma bateria
Djuns, Djuns, Djuns, uma Flying V

Ai olé, ai olé
Foi na loja do Mestre André
Ai olé, ai olé
Foi na loja do Mestre André.

(ando a cantar isto lá em casa ao puto, e a verdade é que ele acha BEM mais piada à minha versão)

quinta-feira, dezembro 05, 2013

Comer gelados quando está frio: loucura ou sanidade?

É sempre a mesma coisa! Quando vou ao supermercado comprar gelados durante o Inverno, as pessoas olham-me como se eu fosse um gajo que vai comprar gelados durante o Inverno. Para essas pessoas, sou pior que um vice-primeiro-ministro do governo português. Pior que um presidente corrupto do FC Porto. Pior que um presidente do governo regional da Madeira.

A minha gaja, por sua vez, quando me apanha a comer gelado em alturas de maior frio (como, de resto, sucedeu ontem), olha-me como se eu fosse um gajo que come gelado em alturas de maior frio. Pare ela, sou pior que um cigano arraçado de preto judeu. Pior que um padre católico pedófilo. Pior que um realizador caribenho de filmes snuff.

Mesmo reunindo todas as minhas forças para tentar entender estas perspectivas, não sou capaz. Para mim, é completamente natural comer gelados, seja no pico do Verão, seja no profundo do Inverno. Esteja um calor dos infernos ou um frio polar. Não interessa. Gelado é gelado, e como o gelado é sempre bom, come-se independentemente da estação e da época. É ou não é?! Porque o raciocínio é mesmo este: o que é incondicionalmente bom, é-o em qualquer altura. E os gelados, tal como os golos do Sporting ou as mamas de uma dançarina de can-can, são sempre bons. SEMPRE! Faça chuva ou faça sol, esteja quentinho ou fresquinho. Perguntem lá a um capitalista se ele prefere ganhar dinheiro no Verão ou no Inverno: ele responder-vos-á, enquanto vos mete a mão na carteira e rouba mais uns euros sem que vocês dêem conta, que não importa. O que importa é sacar guito. Eu sou assim com os gelados. Gelado é bom, logo, gelado é para comer a qualquer hora.

O estranho não é, portanto, que exista alguém que come tantos gelados em estações frias quanto em estações quentes. O que eu acho estranho, até bizarro, é que haja pessoas capazes de comer gelados durante o Verão, e achá-los bons, e essas mesmas pessoas não serem capazes de comer gelados durante o Inverno, "porque está frio". Então uma coisa, o gelado, fica com as suas qualidades alteradas só por ser Inverno?!?! Mas está tudo parvo e cartesiano, ou quê?! O gelado continua a ser gelado, meus amigos e minhas amigas. Se vocês têm problemas em degustá-lo em dias de maior frio, garanto que a culpa não é do gelado, que sempre foi e será o mesmo: a culpa é vossa! Não foi o gelado que mudou, foram vocês! Já eu, eu sou sempre o mesmo: gelado é bom, e eu gosto de coisas boas, e isso não se altera ao sabor das estações do ano.

Portanto, quem é que deve olhar de soslaio para quem? Quem é aqui o louco e quem é o são?! Espero que tenham ficado bem esclarecidos e agora tchau aí que está um corneto de morango a aguardar-me. Até amanhã, pessoas que só esporadicamente apreciam coisas boas.

terça-feira, dezembro 03, 2013

Combater o frio à maneira do Peter of Pan

#1 - Ir a uma casa de banho pública e ficar debaixo do secador das mãos durante 90 minutos.
Problema: se o secador das mãos não funcionar, tentar na casa de banho das senhoras.

#2 - Reconhecer a sabedoria dos gatos e ir dormir junto do motor de um automóvel.
Problema: se o condutor quiser ligar o carro, gritar bem alto até ser escutado. Ou então não, porque o motor em funcionamento sempre liberta mais calor.

#3 - Dar porrada na mulher até aquecer.
Problema: (1) ser confundido com o Manuel Maria Carrilho. (2) Ser mal visto por uma sociedade que já não aceita impunemente a violência doméstica. Neste caso, basta encontrar uma máquina do tempo que faça recuar até ao Portugal salazarista.

#4 - Ir junto de uma associação de lésbicas. Dizer "Vocês precisam é de homem". Sair a correr dali o mais rapidamente possível.
Problema: é provável que algumas lésbicas sejam mais rápidas. E fortes. Se alguma delas te deitar a mão, é o fim. Mas pelo menos acaba-se o frio.

segunda-feira, dezembro 02, 2013

Diálogos parvos, versão 23557568


Ela: Hoje não puseste perfume!
Eu: Pus sim! Cheira lá!
Ela: Snif. Snif. Está bem, mas não puseste aquele de que gosto!
Eu: Nunca ponho o mesmo perfume.
Ela: Porquê?!
Eu: Porque assim confundo os meus inimigos!
Ela: Hã?
Eu: Se todos os dias aparecer com um cheiro diferente, os predadores não sabem quem eu sou, e isso dá-me uma vantagem evolutiva.
Ela: ...

Nunca discutam com um gajo cujo super-poder é a lógica marada...