quinta-feira, março 31, 2011

Slayer + Megadeth: o rescaldo


Mais do que um concerto, o que se viveu ontem no Pavilhão Atlântico foi uma celebração. Dois dinossauros do heavy metal vieram a Lisboa, atraindo ao Parque das Nações uma multidão de gente feita, e eu no meio. As pessoas ditas "normais" que por ali passeavam decerto estranharam aquela invasão de indivíduos vestidos de preto: podia ler-se, naquelas expressões de espanto de quem se cruzava com milhares de metaleiros, algo como "Olá!... mas tanta gente de preto porquê?! Querem ver que Portugal finalmente morreu e hoje é o dia do funeral?! E ninguém me avisa?! E se Portugal morreu, isso quer dizer que já não pago mais impostos?".

Mas nestas ocasiões, o preto é mesmo obrigatório. À entrada do recinto, vi um gajo cuja t-shirt era só preta na parte de cima e ele foi logo cercado por meia dúzia de guedelhudos, pontapeado, socado, arrastado pelo chão e atropelado por um automóvel até o resto da t-shirt ficar toda preta. Eu próprio fui abordado, visto que tinha levado umas calças clarinhas, e só me safei graças à minha prodigiosa presença de espírito, que reproduzo no diálogo abaixo:

Grupo de metaleiros: ouve lá, que 'tás aqui a fazer?
Eu: venho ver o concerto, oras!
Grupo de metaleiros: mas... e essas calças?! Essas calças não são pretas! Assim não entras!
Eu: sim, eu sei, mas é de propósito. Vesti umas calças clarinhas por uma questão de ironia!
Grupo de metaleiros: hmm... hã... (sussurando uns para os outros) O que é uma ironia, meu?!... hmmm... hã... (para mim) Pronto, está bem, passa lá, mas não ironizes muito, 'tá bem?!

Mas não é só a vestimenta que caracteriza a tribo metaleira. Nós, metaleiros, temos uma forma muito particular de comunicarmos. Antes de mais, os gestos são muito importantes. Saber fazer corninhos com as mãos é fundamental. E há toda uma semiótica no headbanging. Não se pense, porém, que os metaleiros descuram a comunicação verbal: comunicamos verbalmente, sim! Aliás, a comunicação verbal é tão indispensável que nós, metaleiros, não falamos uns com os outros - GRITAMOS! Tudo em prol de uma maior eficácia comunicativa e para que se perca menos da mensagem no trânsito desta entre o emissor e o receptor. Assim, ninguém, nas filas para se entrar no Pavilhão Atlântico, perguntava "Então, e o que achaste do último álbum de Slayer?". O que acontecia era:

Um metaleiro: ENTÃO, E O QUE ACHASTE DO ÚLTIMO ÁLBUM DE SLAYER?
Outro metaleiro: O QUÊ?! GRITA MAIS ALTO PARA QUE O TEU DISCURSO NÃO SE PERCA NO MEIO DESTE CANAL DE COMUNICAÇÃO TÃO PERNICIOSO COMO É O AR, E EU ASSIM POSSA RESPONDER-TE COM IGUAL EFICÁCIA!
Um metaleiro: ENTÃO, E O QUE ACHASTE DO ÚLTIMO ÁLBUM DE SLAYER, C*RALHO?!
Outro metaleiro: O ÚLTIMO DE SLAYER? F*DA-SE, ESPECTÁCULO! SLAAAAAAYEEEEER!!
Todos os metaleiros em redor: AQUELE GAJO GRITOU SLAYER?! SLAAAAAAAAYEEEEER!!!

E depois pronto, fica tudo aos berros a gritar os nomes das bandas, pois é algo que também faz parte dos preparativos para um concerto. "MEGADETH" e "SLAYER" foram, portanto, os vocábulos mais escutados na noite passada, mas posso jurar que também vi um estúpido qualquer a gritar "GODINHO LOPES", mas esse foi rapidamente calado através de uma grade de ferro aplicada mesmo bem no meio dos cornos.

Contudo, estes casos de violência são apenas a excepção. Por detrás da aparência agressiva, nós metaleiros somos uns amores de pessoas. Sim, andamos à biqueirada e ao mosh durante os concertos, mas tudo dentro de uma atmosfera saudável e solidária. Se um gajo falha um mosh e aterra de tromba no meio do chão, os outros metaleiros são solícitos em descolar-lhe a cara do soalho. Se um tipo apanha uma fractura exposta como resultado de uma biqueirada mandada por um metaleiro com Doc Martens, os outros metaleiros aplicam-lhe logo ali um torniquete. Vejam lá se vêem disto nos concertos do Tony Carreira. É o vêem... aí sim, há violência gratuita e pancada da grossa, como comprova um vídeo recentemente exibido no youtube, mas que eu não vou aqui reproduzir porque estamos num tópico de música de qualidade.

A comprovar o agradável ambiente que se vivia no Pavilhão Atlântico estão as várias famílias que por lá vi passar. Sendo duas bandas com carreiras de quase 30 anos, é natural que os seus fãs atravessem gerações, mas apanhar com um pai de 50 anos, envergando uma longsleeve de Slayer (ups, desculpem: SLAAAAAAYEEEEEER! Assim é que é!) e um casaco de cabedal, a acompanhar a filha de não mais de 15, também ela vestida a rigor, e o namorado desta, foi algo que quase me fez chegar as lágrimas aos olhos. E também vi, já no final do concerto, outro pai, igualmente cinquentão, com a mão no ombro do filho, um petiz de aí uns 12 anos, e a perguntar-lhe "Então, e gostaste do riff da Black Magic? Foi lindo, não foi?". São coisas destas, pá, que me fazem pensar que o mundo, afinal, ainda pode ter solução.

Bom, mas e quanto aos concertos em si?! Eis a minha opinião: quando estamos perante dois pesos pesados da envergadura de Megadeth e Slayer, é quase certo que não pode sair um mau espectáculo. O de ontem foi bom, e só não foi melhor porque o Pavilhão Atlântico tem a mania de brindar a assistência com uma acústica, digamos, ora qual é a melhor palavra... ah, merdosa. O som estava em muitos momentos algo embrulhado, o que tinha como consequência fazer o heavy metal que brotava dos amplificadores assemelhar-se a barulho. A BARULHO! Ora, onde é que já se viu, apanhar com barulho num concerto de heavy metal?!? Tss, tss...

Uma última nota, esta mais pessoal. Sim, estou todo partido. Tenho um calcanhar todo lixado e a zona cervical toda f*dida, fruto decerto de tanto tempo seguido em furioso headbanging. E tenho sono, bolas. Mesmo sono. Tanto sono que hoje de manhã, por engano, quase enfiei umas calças da gaja. Felizmente, dei pela coisa a tempo no momento em que, ao forçar uma das pernas, rasguei as calças. Ainda bem que tal sucedeu, senão poderia ter ocorrido uma tragédia...

quarta-feira, março 30, 2011

Eu sei que esta pergunta, atirada assim ao ar, parece não ter nexo nenhum, mas...


...este gajo nunca mais morre?!?!

[Não é por nada, trata-se mesmo de uma pergunta inocente]

terça-feira, março 29, 2011

Credo, que imagem horrível que acabei de ter!


É verdade, é verdade. Então não é que estava a almoçar e zás, vi nitidamente, qual beato ou peregrino a ser iluminado pela imagem da Virgem Maria, o Renato Seabra a cantar o YMCA, mas com um twist muito seu: a música era igualzinha, mas a letra do refrão mudava de YMCA (ou seja, uáiémeçíei) para o sugestivo "Já não sou gay", supostamente as últimas palavras que terá dito ao Carlos Castro antes de este ser castrado (hmmm... what's in a name?!).

E mais: vi também nitidamente uma cena digna de um musical do La Féria. Em plena sala de tribunal, o juiz vira-se para o Renato e pergunta-lhe "Do you have anything to say?". E o Renato, claro, levanta-se e canta o "Já não sou gay", com coreografia e tudo, e todo o tribunal aplaude e junta-se-lhe em coro!

É ou não é isto horrível? E estúpido? Pois é...

segunda-feira, março 28, 2011

O Sporting é mesmo um clube diferente: o lema é "agrida um presidente"!


O Sporting é um clube lindo. É um clube maravilhoso. É um clube original. É um clube que não ganha nada, mas ao menos diverte. Num outro clube qualquer (enfim, os "vulgares"), a eleição de um novo presidente seria alvo de celebração, de festa, de júbilo, abrir-se-iam garrafas de champanhe, empunhar-se-iam cachecóis, cantar-se-iam versos de vitória. Enfim, merdas que já estão mais do que vistas. No Sporting, essas banalidades não têm lugar. No Sporting, o vencedor de uma eleição come nas trombas.

A mim, que tenho simpatias anarco-esquerdistas, ninguém me convence de que esta não é a atitude mais correcta. Considero refrescante, num mundo onde os líderes recém-eleitos são aplaudidos e levados literalmente aos ombros, que haja uma ocasião na qual o manda-chuva é presenteado com um enxerto de porrada. Se este exemplo fosse seguido noutras partes, o mundo em que vivemos seria decerto um mundo muito melhor.

Aliás, espero que o mundo tenha os olhos postos no Sporting (mas não convém ter os olhos postos muito de perto, porque pode haver o risco de se ficar com um olho, não à Sporting, mas à Belenenses...). Mais do que a Academia de Alcochete, que tantos craques tem dado ao futebol, as eleições de 2011 no SCP são um motivo de orgulho! Porque preconizam uma viragem na forma de fazer política: as pessoas já estão fartas e cansadas de promessas vãs, que sabem jamais virem a ser cumpridas. Doravante, o que qualquer eleitor quererá é partir a cara ao eleito. Minha gente, se isto não é a tão falada "proximidade entre eleitos e eleitores", não sei o que será! Há momento em que um cidadão se aproxime mais de um líder do que quando lhe afinfa uma batata nos cornos?! Creio que não.

Com sorte, as próprias campanhas eleitorais irão mudar de tom, e eu só espero que as legislativas portuguesas que se anunciam interiorizem desde já esse novo conceito. E o novo conceito de campanha já não é o de "emprego para todos", "descida dos impostos", ou, à escala do futebol, "Messi no Sporting", "Djaló no Benfica", "a perna direita do Anderson Polga no Porto" e sim:

Candidato A "Vota em mim e parte-me o nariz"

Candidato B "Queres atirar-me com grades de ferro? Então dá-me o teu voto"

Candidato C "Tenho uma experiência de 30 anos sempre a levar porrada. Sou o mais competente. Mas preciso de ti. Vem dar-me uma cabeçada. Juntos venceremos!"

Candidato D "Os outros candidatos são uns maricas. Eu é que sei levar pancada de criar bicho. Vota em mim e parte-me a espinha com um taco de basebol"

E depois, pá, todos os debates televisivos serão mais animados. Já viram o que é o candidato B a acusar o candidato A de uma vez se ter desviado de um soco?! Ou o candidato D a virar-se para o candidato C com esta "ah, o senhor está para aí a mandar postas de pescada, mas da última vez que ganhou as eleições, fizeram-lhe uma espera, deitaram-no ao chão, cobriram-no de pontapés e o que você fez, hã? Pediu às pessoas para pararem! Ora, não é de alguém assim que este clube/esta cidade/este país [riscar o que não interessa] precisa".

Coisa mais linda, caramba. Digam lá se isto não é melhor do que conquistar uma Liga dos Campeões...

sexta-feira, março 25, 2011

Descubram as diferenças

entre isto



e isto



Bom fim-de-semana.

quinta-feira, março 24, 2011

Extra, extra: Sócrates vai dedicar-se à música de intervenção!

É verdade! Ninguém sabia disto, nem o Cavaco, mas eu descobri: Sócrates, depois da demissão do cargo de primeiro-ministro, encontra-se a preparar uma carreira no mundo da música, carreira essa que se inspirará nos recentes sucessos de intervenção de grupos como os Deolinda e os Homens da Luta. O primeiro álbum já está praticamente concluído, tendo sido gravado e produzido nos estúdios da senhora Angela Merkel em Berlim. O alinhamento, esse, inclui:

1 - E o Governo, pá? [cover de Homens da Luta]
2 - PEC Filosofal [cover de Manuel Freire]
3 - Traz outro FMI também [cover de Zeca Afonso]
4 - Que PEC que sou [cover de Deolinda]
5 - Uma cantiga de 150 mil empregos [cover de Fausto Bordalo Dias]
6 - Tourada à Manuel Pinho [cover de Fernando Tordo]
7 - Foram-se os Cavacos, foram-se as Rosas [cover de Manuela Moura Guedes] *
8 - Anarchy in the A.R./God Save the Merkel [cover e medley de Sex Pistols] **

* ainda não foi dada autorização pela intérprete e jornalista. O preço, segundo consta, é a devolução de um telejornal na TVI, mas Sócrates alega que o Governo de gestão não tem poderes para tal. Veremos como correm as negociações.

** cantadas em inglês técnico.


Caramba, isto tem tudo para ficar nos tops até às próximas eleições!

quarta-feira, março 23, 2011

Muito desagradável

Não, não é um post sobre o actual [sim, "actual". O acordo ortográfico ainda não meteu os pés neste blog] estado do país. O que apelido de "muito desagradável" foi ter, há minutos, apanhado com um ressonador profissional no lugar imediatamente diante do meu no comboio. De início, a situação até não parecia problemática, pois limitei-me a sentar-me diante do javali senhor que, embora extremamente gordo, teve a sensibilidade de afastar os troncos as pernas para me deixar ocupar o lugar. Depois tudo correu como normal: fones nos ouvidos, pasta no meu colo, livro retirado do interior da pasta, lápis do Ikea na mão e estava pronto para ser acompanhado pela leitura e pelo heavy metal até chegar ao meu destino.

Eis senão quando começo a ouvir uns sons simultaneamente estranhos e familiares. Familiares porque já ouvira algo semelhante; estranhos porque não estava a perceber de onde provinham. À partida, pensei que era do leitor mp3: ouço muitas bandas cujos vocalistas gritam, urram e grunhem, bem que poderia estar a apanhar com um que ressonasse. Mas não, lá me apercebi que o ronco não provinha dos meus fones. Foi aí que levantei os olhos das páginas e olhei em frente: o porco gordo senhor estava com a cabeça encostada à janela e ressonava em alto e bom som. Ressonava tanto que todas as outras pessoas presentes no comboio contemplavam, desdenhosamente, o espectáculo. Eu, para melhor apreciá-lo, tirei os fones, acção de que de imediato me arrependi, porque fui "agraciado" com um ronco de tal tamanho que cheguei a confundi-lo com o som de um tsunami. Não que eu alguma vez tenha estado diante de um tsunami, mas julgo que o som produzido pelo embater de milhares de milhões de toneladas de metros cúbicos de água numa qualquer superfície não deve andar muito longe do som que aquele arraçado de hipopótamo pré-histórico sujeito acabara de produzir.

Perante tais factos, e ao contrário de pessoas ligadas ao Partido Socialista que, quando vêem as coisas correrem mal, nada fazem, resolvi agir. E agi dando um subtil pontapé no javardo à minha frente. Não funcionou. Ouviu-se mais um ronco. Dei um novo pontapé, desta feita com mais força. Também não funcionou, para meu desapontamento. Meu e de todas as outras pessoas daquela carruagem, que olhavam para mim como uma espécie de Marco Van Basten que vem salvar o Sporting. Respirei fundo. Cruzei olhares com todos os outros passageiros, que pareciam dizer-me "Força, rapaz. Vai. Dá-lhe! Estamos contigo! És bonito, inteligente e tens todo o ar de quem gosta de mamas. És o nosso homem. Liberta-nos!" Era tudo o que precisava: ao mesmo tempo que lançava para fora o ar do meu peito, espetei no mamute uma daquelas pantufadas que deixariam orgulhosos o Maniche, o Petit ou até mesmo o Bruno Alves. O resultado foi imediato: o roncador lá despertou do seu profundo sono e, estremunhado, olhou em redor, como se tomasse pela primeira vez consciência do local onde se encontrava. Eu, claro, já tinha colocado a máscara do "gajo que está a ouvir fones e a ler um livrinho e portanto anda completamente alheio a tudo o que está a ocorrer à sua volta". Pelo canto do olho, ainda vi aquela espécie de texugo o senhor a coçar a perna, como se alguma coisa o tivesse picado. E vi também alguns sorrisos trocados entre os restantes passageiros: se as contas do país andassem na linha, se o Presidente da República e o primeiro-ministro fossem pessoas de confiança e se o ministro das Finanças percebesse realmente alguma coisa daquilo, tenho a certeza de que aquela gente no comboio me proporia, logo ali, uma Grã-Cruz da Ordem do Infante, um subsídio vitalício mensal não inferior a 50000 € e uma GameBox para todos os jogos a disputar no Alvalade XXI.

Bom, só sei que o imperador do ronco tipo não voltou a ressonar, o que permitiu a todos nós fazermos o resto da viagem na paz e no sossego habituais. O que, para mim, equivale a ler coisas que metem sangue e vísceras e a ouvir gajos a grunhir coisas que metem sangue e vísceras. Roncos é que não, pá! Isso é muito desagradável!

terça-feira, março 22, 2011

Se houver eleições legislativas antecipadas...

...qual dos partidos irá apresentar como trunfo eleitoral o Marco Van Basten?!

segunda-feira, março 21, 2011

Um post para celebrar o Dia Mundial da Poesia

Pois é. Hoje tem o seu início a Primavera. E é também o Dia Mundial da Poesia. É, portanto, daqueles dias em que as gajas e os gays andam todos excitados, mais excitados do que os militantes do CDS/PP com a possibilidade de voltarem ao poder e assim comprarem mais submarinos, mandarem abaixo mais sobreiros, rebentarem mais serras da Arrábida, colocarem mais Celestes Cardonas nas administrações da CGD, destruírem mais documentação do ministério da Defesa, enfim...

Bom, mas como forma de celebrar esta dupla ocorrência, deixo-vos aqui com três poemetos de minha lavra, que se caracterizam por não serem nada primaveris nem nada poéticos. Ou seja, são muito másculos. Enjoy!

Poema 1: uma singela quadra

Lânguido é o meu despertar
Visto-me e vou trabalhar
Mas é difícil ter trabalho
Ó Sócrates, vai pró caralho!

Poema 2: dois tercetos simples

Ao descer da banheira
Cometi uma asneira
E mandei um tralho

Fiquei c'uma nalga aleijada
No cu, passei pomada
Ó Sócrates, vai pró caralho!

Poema 3: um simples e singelo haiku

Os dias de canícula
começaram
Ó Sócrates, vai pró caralho!


Então, que tal vos parece, hã?!
Justificar completamente

sábado, março 19, 2011

Aviso já que quem não tem isto, é feio!




Uma das melhores britcoms de todos os tempos, com Rowan Atkinson no seu auge. Ah, e o Hugh Laurie também aparece, mais valia ter ficado só pelas britcoms em vez de ter enveredado pela interpretação de médicos coxos.

sexta-feira, março 18, 2011

Porto, Braga, Benfica e o futebol português em geral têm de agradecer ao Sporting

Anda toda a gente a elogiar o desempenho das equipas portuguesas na Liga Europa e coiso, andam todos a embandeirar em arco porque é a primeira vez que três equipas portuguesas se qualificam para os quartos-de-final da competição e mais não sei o quê, mas todos se esqueceram de prestar homenagem ao clube a que mais se deve esse feito: o SCP. E porquê?! Porque, ao não jogar, o Sporting não perdeu, e ao não perder, não tivemos nenhuma equipa eliminada nesta fase, e ao não termos nenhuma equipa eliminada nesta fase, o índice dos clubes portugueses subiu face aos países principais adversários. E isto, meus caros, é muito mais importante do que tudo o resto. E isto há que agradecer ao Sporting, só ao Sporting. Se o Sporting jogasse, perderia, e se perdesse, lá descíamos outra vez no ranking (algo a que o país, nos últimos tempos, se vem habituando)...

Portanto, deixem-se lá desses elogios ocos a Benfica, Porto e Braga e larguem hossanas ao clube que realmente merece: o Sporting Clube de Portugal!

Esforço, dedicação, devoção e glória: eis o Sporting...







...quando não joga!

quinta-feira, março 17, 2011

Depois do Orçamento do Queijo...

...arriscamo-nos a apanhar com o PEC do Golfe. É bonito quando as decisões políticas de um país são motivadas por razões tão elevadas. É mesmo bonito. Já agora, para quando um Pacto de Justiça da Sardinha Assada e um Choque Fiscal da Bisca Lambida?! Cá aguardo...

Ah, não sei se já repararam, mas há uns pivots de telejornais que têm um sentido de humor tão negro que deixa qualquer um de olhos em bico. Então não é que há quem diga - juro que já apanhei o Rodrigo Guedes de Carvalho nisto! -, em vez de Japão, "Chapão"?!? Pá, é verdade que eles levaram com uma onda em cima, mas "Chapão"?!? Alguém dê lições de dicção a esta gente...

quarta-feira, março 16, 2011

Quando me vêm perguntar

- Sprechen sie deutsch?

e eu respondo

- Nein!

na verdade estou a fazer o quê?! Estou a dizer que não, não sei falar alemão? Ou, pelo contrário, estou a dizer que percebi a pergunta, respondi na linguagem que eu disse que não falava mas não me apetece desenvolver mais a coisa? Ou estou só a ser desagradável?!

terça-feira, março 15, 2011

Querem uma solução para as finanças do país?! Ei-la

É nas alturas mais difíceis que se exigem grandes ideias. Não tenho a menor dúvida de que aquela que seguidamente apresentarei o é. Basta acompanharem-me. Portugal está mal de finanças, não está?! O governo é criticado cada vez mais a cada dia que passa, não é?! O povo já não pode suportar mais cortes, impostos e sacrifícios, pois não?!

Então proponho o seguinte para matar de uma vez por todas os problemas que assolam Portugal e que quase nos fazem desejar, por comparação, sermos japoneses: mande-se às lhufas todas as medidas propostas nos vários PECs, acabe-se com o IRS e o IVA e institua-se apenas um pequeno impostozinho, o IEG ou Imposto Sobre o Escárnio ao Governo. E o que vai colectar este imposto? Bem, qualquer comentário menos abonatório acerca do governo é desde logo taxado com o IEG. Se alguém escrever nos jornais "O Sócrates é um totó e não percebe nada disto", embora diga a verdade, leva com o IEG. Dois velhotes na tasca em diálogo contra o ministro das Finanças, podem ter direito a uma bejeca de graça por parte do dono do estabelecimento, mas pagam IEG.

Esta proposta tem um efeito duplo: tendo em conta as coisas que por aí se vão dizendo sobre o governo, creio que a implementação do IEG só precisará de dois dias (48 horas, portanto) para inverter o estado da balança comercial do país, acabando desde logo com o défice e a ameaça de bancarrota. Depois, outro aspecto que não é de desprezar, o IEG é um imposto que obedece à regra de "quanto pior, melhor". Ou seja, quanto mais merda o governo fizer - e não é preciso ser a Maya para adivinhar que o governo continuará a fazer muita merda! -, mais as pessoas tenderão a reclamar, e aí pimba, mais o IEG dará os seus frutos.

É uma ideia mesmo boa, não é?! Também acho. Como recompensa, só peço um lugarzinho de administrador numa qualquer empresa pública. Obrigadinhos!

segunda-feira, março 14, 2011

Rever filmes: porquê?!

Há quem muito se espante por eu admitir que gosto muito de rever filmes. Sim, já vi o Pulp Fiction, seguramente, mais de 15 vezes. O Predador, que é o melhor filme chunga de todos os tempos, com cenas e diálogos inesquecíveis, já vi aí umas 8 ou 9 vezes. O mesmo vale para Matrix. Fala com Ela. JFK. O Gosto dos Outros. Quatro Casamentos e Um Funeral. Monty Python e a Busca Pelo Cálice Sagrado. A Vida de Brian. South Park, o Filme. E um longo, longo etc.

Rever um filme é, muitas vezes, descobri-lo pela primeira vez. Seja porque há coisas de que nós não nos recordamos mais, seja porque passamos a olhar outras coisas através de um prisma diferente, seja ainda porque não apanhamos outras logo de início. Mal comparado, é como uma mamoca: da primeira vez que a observamos, há muitas coisas que nos escapam. É então preciso olhá-la de novo, repetidas vezes, de vários ângulos e debaixo de diferentes condições. É que a mamoca revela-nos novas coisas consoante a olhamos de cima, de baixo, de lado, se a humedecemos com um pano molhado, enfim, as possibilidades são múltiplas. Atire o primeiro implante de silicone quem olhou tudo o que há para olhar numa mamoca logo à primeira!

Depois há a questão das novas oportunidades (sem conotações PSzísticas, por favor!). Não poucas vezes, acontece-me rever um filme com o qual da primeira vez não fui lá muito à bola. Dois exemplos: quando vi, em plena sala de cinema, o Sinais, do Shyamalan, tinha achado giro e tal, mas nada de especial. Comia-se, vá, mas era daqueles filmes que não tinha vontade de voltar a ver. Até que voltei: estava a passar na TV e fiquei agarrado. E já o vi mais uma mão-cheia de vezes, o suficiente para hoje em dia admitir que é o filme que mais gosto lá do monhé. Sim, mais até que do Sexto Sentido.

O segundo exemplo é o Intervenção Divina, do Elia Suleiman (para quem não sabe, contextualizo: é um filme esquisito). Também o vi pela primeira vez em plena sala de cinema. E saí desta com a mesma sensação que tem quem sai do Alvaláxia XXI: por que é que continuam a insistir no palhaço do Djaló?! Mas também: por que é que fui gastar dinheiro no bilhete?!? Contudo, um dia comprei o DVD naquelas promoções do jornal Público. Sim, parece não fazer sentido: para que raios uma pessoa compra um filme de que não gostou?! A resposta, no entanto, revela haver uma razão para tal: porque achei que valia a pena dar uma segunda oportunidade ao filme. E sabem que mais?! Eu tinha toda a razão, aspecto que, aliás, caracteriza indelevelmente a minha personalidade. Revi a Intervenção Divina ontem e gostei. Muito!

Conclusão primeira: rever filmes pode ser uma actividade tão interessante e fascinante quanto vê-los pela primeira vez. Alturas há até em que, paradoxalmente, rever um filme é vê-lo pela primeira vez!

Conclusão segunda: há coisas para as quais devemos estar sensíveis e dar uma nova oportunidade. Por exemplo, um filme do qual não gostámos da primeira vez. Mas há, pelo menos, uma coisa à qual não se deve dar mais nenhuma puta de oportunidade: sim, o Djaló.

E com isto me fico. Até amanhã.

sexta-feira, março 11, 2011

O Inferno...

...é vir para Lisboa de carro pela 25 de Abril e tentar arranjar lugar de estacionamento.

Devia-se convocar uma manifestação só de repúdio por estas merdas. Se calhar ainda vou à de amanhã e levo um cartaz a dizer "Sim, reclamar contra a precariedade é muito bonito e tal, mas se querem ver o que é sofrer, experimentem lá conduzir na A2 no sentido Sul-Lisboa a partir das 8 horas".

Hmmm, como a frase é muito extensa, se calhar um cartaz não chega. Acho que levo um lençol... de casal... daquelas camas especiais para os concorrentes do The Biggest Loser... da Samoa!

Bom fim-de-semana e evitem as filas de trânsito e os parques de estacionamento congestionados.

quinta-feira, março 10, 2011

Ando à procura de um curso de Introdução à Semiótica do Supermercado

E porque preciso eu disto? Porque, sempre que vou ao supermercado, a gaja vira-se para mim com ordens do tipo

"traz um cacho de bananas, mas nem muito maduras nem muito verdes"

"vai buscar um saco com três courgettes, não são duas, não são quatro, são três. E apalpa-as bem no meio e nas pontas, não quero courgettes moles"

"traz uma alface, que não seja nem muito pequena nem muito grande"

"escolhe uma saca com cebolas, mas vê pela casca se elas estão boas"

"vai buscar meia dúzia de tomates, mas dos pequenininhos, que aqueles que costumas trazer são muito grandes. E não te esqueças de pesá-los"

"tira uns 4 pacotinhos de leite com chocolate, da marca X. Não quero da marca Y. Se não houver leite com chocolate da marca X, traz 4 pacotinhos de leite simples da marca Z. Não quero da marca W. Se não houver leite simples da marca Z, traz antes 4 pacotinhos de Ice Tea da marca K. Não quero da marka Y. Se não houver Ice Tea da marca K, traz... [e continua]"

Isto deixa-me completamente a leste! Bolas, nestas condições ir ao supermercado é mais complicado do que tentar arranjar um acordo de paz para a Líbia!

quarta-feira, março 09, 2011

Breves apontamentos sobre a capital dos palhaç... nuestros hermanos!

Sim, pá, no fim-de-semana passado a gaja pegou em mim e lá fomos os dois para Madrid. Para quem não conhece, o que era o meu caso antes de lá ter ido (duh!!!), Madrid é uma cidade com quase tantos espanhóis quanto o Algarve no verão. Isto, para mim, constitui uma surpresa, principalmente se comparar com Lisboa. Lisboa, a capital de Portugal, quase não tem portugueses: há angolanos, romenos, ucranianos, cabo-verdianos, brasileiros, mas poucos portugueses. Já Madrid tem muitos espanhóis. Enfim, são costumes diferentes, é o que é...

Ora, o facto de Madrid ter muitos espanhóis acabou por trazer consequências inesperadas à minha pessoa. Como noticiei aqui neste post, eu era um apreciador do extinto Canal 18 e pelos vistos ficou alguma coisa desses tempos. E que é, à guisa de Pavlov, isto: quando ouço muita gente ao meu lado a falar espanhol, fico com uma erecção! Caminhar pelas ruas de Madrid fez de mim um autêntico Príapo. Só tive descanso quando passei por ingleses, franceses e portugueses (sim, também estavam por lá uns quantos). De resto, andei quase sempre com a tenda armada, e não estou a referir-me àquelas que podemos comprar em promoção nos supermercados LIDL.

Posso dizer que gostei muito de Madrid. Os leitores com mau gosto já devem estar a pensar: "Pudera, andaste sempre de pau feito!" Mas não foi só isso. Madrid é mesmo fixe. É uma cidade cosmopolita e movimentada, mormente à noite (ainda os ecos da La Movida...). Em certos momentos, tive a sensação de andar pelo meio de um gigante Bairro Alto, pois mesmo às tantas da madrugada havia um grande número de pessoas (isto, claro, partindo do princípio que os espanhóis são pessoas, o que ainda não está cientificamente provado...) nas ruas, cruzando-se nos dois sentidos, falando, gritando, bebendo... É aqui que se percebe a veracidade que se esconde por detrás do slogan Madrid me mata!

E depois há as putas. Sim, pá, as putas! Nunca estive em Amesterdão, mas já estive em Praga, considerada actualmente, pela literatura especializada, ou seja, uns quantos adolescentes masturbadores, a capital europeia do sexo. Porém, nem em Praga vi o enxame de meretrizes, assim, às claras, como vi em Madrid. E em pleno centro histórico da cidade. E à pergunta "eram boas?", a resposta que imediatamente me vem à cabeça (nunca uma expressão esteve tanto dentro de um contexto como esta) é dúplice: primeiro, digo que NÃO SEI, porque a minha gaja já estava a deitar fogo, levando-me a desviar o olhar para outros focos de atenção, como por exemplo os gays que se beijavam impudicamente (as merdas que um tipo se vê obrigado a fazer para não irritar a sua gaja), mas segundo, porque desenvolvi a arte de observar pelo canto do olho, além de ter nascido estrábico, portanto posso estar a olhar para dois sítios completamente diferentes, enganando assim a gaja, posso dizer que SIM, são boas, aquilo é só rameiras jeitosas, novas, sem aquele ar de decadente agarrada que costumamos ver em Lisboa e arredores, enfim, de fazerem cair o queixo a um Sílvio Berlusconi.

É nestes momentos que um gajo se questiona sobre a validade de comemorar uma data como o 1 de Dezembro de 1640, para quem se recorda, o dia em que demos um pontapé no cu dos espanhóis depois de 60 anos de ocupação. Quer-me parecer, ao ver o nível das profissionais sexuais de Madrid em comparação com o das lisboetas, que expulsar os Filipes do país foi uma decisão assim tipo mais ou menos não sei se estão a ver parecida com mandar embora o Liédson do Sporting. O que só prova como os erros estratégicos neste país já vêm de longe, de muito longe. Razão tinha o Saramago quando se mostrava a favor da União Ibérica, e razão têm - por muito que isto custe a aceitar - o Sócrates e o PS para apostarem no TGV. Aliás, depois de ter visto Madrid, ninguém me tira da ideia que a oposição da Manuela Ferreira Leite ao trem de grande velocidade não passa simplesmente de dor de corno.

Em resumo, Madrid é uma cidade com tudo para nos conquistar. Só é pena ficar em Espanha...

sexta-feira, março 04, 2011

O típico diálogo de uma sexta-feira de manhã.

Eu: F*da-se, dói-me a garganta!
Gaja: Que malcriado. A última palavra que te ouvi ontem foi um "f*da-se", a primeira que te ouço hoje é um "f*da-se". Andas mesmo mal educado.
Eu [com toda a elevação e cultura, ou não fosse eu um apreciador de grande parte da literatura ocidental]: Acusas-me de ser mal educado porquê, c*ralho?!?!? [acho que já vi isto no Shakespeare, ou mesmo no Platão. Enfim, deve ter sido num paneleireco qualquer desses]
Gaja: Lá está...

Por esta amostra, a situação parece não abonar muito em meu favor. Porém, as aparências são ilusórias. Em minha defesa, tenho a invocar dois argumentos, que qualquer pessoa de bem compreenderá.

Primeiro argumento:
Juro não me lembrar de ter dito um palavrão antes de me deitar. Afinal, o Sporting ontem não jogou, ou seja, não perdeu, portanto deitei-me satisfeito e feliz da vida. De modos que o "f*da-se" que me é atribuído antes de apagar a luz é provavelmente fruto da imaginação da minha gaja, que insiste em ouvir "f*da-ses" onde eles não existem, tudo debaixo do propósito draconiano e malicioso de

a) acusar-me de ordinário;

b) castigar-me, como se faz às crianças que dizem asneiras à frente dos papás. E lá em casa, o castigo tem um nome, um nome terrível: chama-se "lavar a loiça"! Por exemplo, na quarta-feira fui castigado: o rol de c*ralhadas que mandei logo após o golo do cabrão do espanhol cabrão do lampião filho da puta do paneleiro Javi Garcia teve como consequência a gaja arrastar-me até ao lava-loiça e pôr-me a lavar tachos e panelas e mais tachos e panelas. Quando acabei, ela foi buscar os tachos e panelas dos vizinhos. Quando acabei estes, ela foi bater a todas as portas no raio de 5 km e trouxe todos os tachos e panelas que pôde enfiar dentro de uma carrinha de caixa larga. Fiquei até às 4 da manhã agarrado ao detergente, à esponja, à palha de aço e - adivinharam - a tachos e panelas...

E não me fico por aqui. Se é verdade que disse um "f*da-se" logo pela manhãzinha, o mesmo foi absolutamente justificado, já que acordei com dores de garganta e constipado. Que melhor maneira de uma pessoa apresentar a sua revolta do que com um "f*da-se"?!? Que queriam que eu dissesse? "Florzinhas, florzinhas, dói-me a garganta, ursinhos de peluche, estou constipado, festinhas em gatinhos, tenho o nariz entupido"?!?! Devem estar a brincar, não?! O c*ralhinho!... O meu segundo argumento explanará esta questão com mais detalhe.

Segundo argumento:
Este é um bocadinho mais elaborado. Mas resume-se a isto: DESDE QUANDO É QUE UM GAJO É LOGO TAXADO DE MAL EDUCADO SÓ POR TER LARGADO UM "F*DA-SE"?!?!? Então tem algum mal dizer um "f*da-se"?!?! E quem diz um, diz mil e quinhentos, ou coisa assim. Desde que sejam justificados (veja-se o final do meu primeiro argumento), não há mal nenhum. Se eu, lá por ter dito um "f*da-se" quando verifiquei que trazia a garganta inflamada, sou desde logo grafado de mal educado, então sou maricas quando olho para um gato e digo "tão fofinho"?! "Fofinho", recorde-se, é uma coisa que os larilas estão sempre a dizer. Isso e "ai, ainda arranco os olhos a alguém se não conseguir comprar aquele blazer daquela loja". E também "ai, o que eu queria era ter um Renato Seabra só meu". E dizem muitas outras coisas, porque eu, quando vou rodar os bares à noite no meu part-time de drag queen bem os oiço, a esses boiolas.

Penso que ninguém pensará assim. Um "f*da-se" torna um gajo tão mal educado quanto um "fofinho" torna um gajo abichanado. Ou seja, nada. Tudo depende do contexto. O contexto é realmente a chave. Se eu chamar "fofinho" ao cu da Jessica Alba, só por muita má fé podem acusar-me de gayzisse. Mas se eu chamar "fofinho" ao cabrão do espanhol cabrão do lampião filho da puta do paneleiro do Javi Garcia, bom aí o panorama é outro, certo?! Da mesma forma, se eu largo um "f*da-se" quando me dói a garganta, é preciso estar de má vontade para dizer que sou mal educado. Porque não sou. Sê-lo-ia se dissesse tal palavra num contexto em que funcionasse desde logo como uma intrusa. Por exemplo:

"Bom dia, gaja. Já viste que está um f*da-se de um dia?"

ou

"Olá, gaja. Já te vou ajudar com as compras, deixa-me só descalçar-me porque acho que tenho uma f*da-se no sapato."

ou ainda

"Gaja, gostei muito do último prato que inventaste. Estava mesmo bom, até soube a f*da-se."

ou até mesmo

"Até logo, gaja, e f*da-se"

Se eu alguma vez proferisse estas frases, aí sim, estaria a ser mal educado. Porque seria recorrer à asneira gratuita, aplicá-la como se fosse a coisa mais natural do mundo, o que é desde logo o traço mais evidente da má-criação. Mas não é isso que eu faço, c*ralho! Só recorro a este palavreado quando ele se revela absolutamente necessário! Como no caso em que me dói a garganta. Porque é mesmo uma situação f*dida!

Bom, fico-me por aqui porque já fiz a minha apologia. Creio que a minha argumentação é insofismável e mostra que eu estou, como sempre, coberto de razão. Portanto, a minha gaja não está correcta quando me acusa de ser mal educado.

Adeus e tenham um fim-de-semana do c*ralho.

quinta-feira, março 03, 2011

Uma jeremíada pelo Canal 18!

Agora que estou numa de aprender espanhol, sinto - mais do que nunca - a falta do saudoso Canal 18. A dobragem de filmes pornográficos na língua de nuestros hermanos faria mais pela minha aprendizagem do que horas e horas de cursos, gramáticas, dicionários e exercícios de Espanhol. Foi à pala do Canal 18 que me familiarizei com expressões essenciais para a conversação, tais como "todavía más adentro", "me gusta tu cuerpo", "quieres que bese tus tetas?" ou a inevitável "tengo una polla muy grande, en la verdad es enorme", que decerto seria um sucesso se eventualmente eu viesse um dia a ser recebido pela família real espanhola. É uma pena a extinção desse canal, um canal que aproximava mais os dois povos da península ibérica do que quaisquer TGVs. Que mierda...

quarta-feira, março 02, 2011

Sugestões culturais: Grandes Livros (RTP2)

De tempos a tempos, chateio-me de ver filmes porno e de espreitar catálogos de modelos em lingerie e vou cultivar-me um bocadinho. Leio, vejo cinema europeu, vou ao teatro ou a uma vernissage, enfim, essas coisas. De momento, estou a assistir, de empreitada, aos 12 episódios da série produzida pela RTP e que já foi exibida no segundo canal da TV pública, e que em boa hora gravei: Grandes Livros (detalhes aqui). O propósito é tão simples quanto eficaz: em cerca de três quartos de hora, explanar uma obra de um autor fundamental da literatura portuguesa.

Ainda só vi quatro dos doze programas (conto ver o resto por estes dias) mas o balanço é muito, muito positivo. Mesmo a narração feita pelo Diogo Infante não faz o conjunto perder pontos e lá está, ele só narra, não mostra a cara, portanto um espectador consegue perfeitamente ver a série sem estar a vomitar de cinco em cinco minutos.

Como é óbvio, nem todos os episódios mantêm a mesma fasquia qualitativa. Pessoalmente, achei o primeiro, dedicado a Os Maias do Eça de Queirós, o mais fraquinho até agora, muito talvez por culpa das personalidades entrevistadas, em sua grande maioria académicos bolorentos e empoeirados, com destaque particular para o palhaço metido a especialista queirosiano, e grande paladino do Acordo Ortográfico, Carlos Reis, a quem desde já peço o favor de ir ortograficamente tomar na bundinha. Os outros três episódios que vi, contudo, vão do bom (Amor de Perdição) ao excelente (Peregrinação - talvez o melhor até agora -, O Delfim), são entusiasmantes, informativos e deixam sequioso quem ainda não leu as obras, o que confesso ser o meu caso para os livros do Fernão Mendes Pinto e do José Cardoso Pires. [Sim, eu sei, é um atentado não ter lido ainda isto, mas lembrem-se de que eu preciso de ocupar muito do meu tempo livre com mamas. Com mamas, pá! As leituras ficam, assim, para segundo ou terceiro ou quarto ou sei lá planos...]

Aconselho, portanto, esta série a todos os que não a viram quando passou na RTP2 mas gostam de boa literatura portuguesa (ui, devem ser muitos, devem...). A segunda série, aliás, que conta com 11 episódios, creio estar a ser exibida aos domingos à tarde. Mas vejam as coisas como manda a cronologia: a primeira primeiro, a segunda segundo. Porquê? Porque sim e porque eu quero, ora bem! Mas também porque, assim por alto, a primeira série dos Grandes Livros tem mais pesos pesados do que a segunda. É como comparar a equipa do Barcelona com a do Braga: é claro que o Braga tem bons jogadores, alguns eu gostaria mesmo de ver no Sporting, mas o Barça é o Barça. De facto, sem desprimor para o Saramago (que eu adoro), para o Torga (idem) ou para o Gil Vicente (ibidem), aos quais são dedicados programas da segunda série, não é possível combater com a selecção que os produtores fizeram para a primeira. Além dos já referidos Eça, Mendes Pinto, Cardoso Pires e Camilo, há episódios sobre Os Lusíadas, O Livro do Desassossego, e o sétimo deles é dedicado àquele que é, para mim, o melhor romance em língua portuguesa, ou seja, o Messi da nossa literatura que é nenhum outro senão a Aparição do Vergílio Ferreira, pois claro, e quem não concorda que vá ler o texto da moção de censura do Bloco de Esquerda.

Vá, sigam o meu conselho e cultivem-se um poucochinho. E depois, voltem lá a ver as badalhoquices do costume...

terça-feira, março 01, 2011

Expressões que eu adoro: rego do rabo!

"Rego do rabo". "Rego do rabo". "Rego do rabo". Caramba, o quanto esta expressão me fascina. Antes de mais, pela sua musicalidade. Repitam, para vós mesmos, esta expressão. "Rego do rabo". E agora, façam-no sílaba a sílaba: "Re", "go", "do", "ra" e "bo". É de uma sonoridade espantosa, não é?! A expressão dança entre sons baixos e altos, serpenteando pela escala musical como o Messi pelo meio de jogadores adversários. Simplesmente magnífico, e é uma pena que os grandes poetas, afinal os grandes ourives das palavras, nunca tenham utilizado esta expressão nos seus textos. Nem, Dante, nem Petrarca, nem Camões, que tinha obrigatoriamente de fazê-lo no episódio da ilha dos Amores, nem Baudelaire... Nem tu, Manuel João Vieira, nem tu soubeste valer-te deste precioso tesoiro...

Outra característica digna de realce da expressão "rego do rabo" é a sua extravagância em, ao apor-se a qualquer outra expressão ou frase, enriquecer esta última, como se o todo fosse mais do que a soma das partes. Eu sei que esta ideia soa estranha: o normal é colocar-se qualquer coisa no rego do rabo, em lugar de se colocar o "rego do rabo" em qualquer coisa, mas sigam-me, por favor. E lembrem-se de que estou a falar de uma expressão ("rego do rabo") e não da coisa denotada por essa expressão (o rego do rabo). Para mais detalhes, leiam qualquer coisa acerca da distinção entre de dicto e de re. Eu podia explicar-vos, mas agora estou a coçar o escroto.

Mas desvio-me do trilho. O que quero eu dizer quando digo que a expressão "rego do rabo" enriquece qualquer outra? Bom, em vez de andar aqui com circunlóquios, creio que será preferível recorrer a exemplos. Ora então vamos lá.

Peguem no mais famoso trava-línguas da língua portuguesa. Sim, "o rato roeu a rolha do rei da Rússia". Agora, enfiem lá para dentro o "rego do rabo" [atenção à frase que acabei de escrever: é "enfiem lá para dentro o "rego do rabo"" e não "enfiem lá para dentro do rego do rabo". Tenham juízo, pois não estou aqui a fazer qualquer apelo à sodomia. Isso fica para outros posts, se me apetecer].

Se fizeram bem aquilo que vos sugeri, devem ter ficado com uma coisa deste género:

"O rato roeu a rolha no rego do rabo do rei da Rússia".

E caramba, digam lá se o trava-línguas não ficou melhor?!? Em vários aspectos: a frase fica mais longa, logo é melhor para praticar a sonoridade dos rr, fica mais musical (veja-se o que escrevi no início) e fica mais divertida. E, como corolário, responde desde logo à questão que toda a criança educada a dizer "o rato roeu a rolha do rei da Rússia" faz: onde raios estava a rolha do rei da Rússia que o rato roeu? Com este acrescento, a dúvida não não fica a pairar no ar: onde estava a rolha do rei da Rússia que o rato roeu? No rego do rabo, pois então!

É mesmo uma expressão adorável. Espero que tenham ficado a concordar comigo. Se não, então vão apanhar no rego do rabo.