terça-feira, dezembro 18, 2012

Nos tempos em que eu era Peter of Pan, o Guru

Ahhhh, lembro-me tão bem... aqui há um ano e meio, fiz um retiro espiritual no Tibete, e não sei por que razão os monges acharam que eu era um gajo tão iluminado que poderia tornar-me um guru por direito próprio. E assim fiz. Durante uns meses, fundei uma comunidade ali para os lados de Reguengos de Monsaraz, onde me dediquei a elevar espiritualmente todos os que comigo vinham ter. E elevei muita gente, devo confessar. Por exemplo, uma jovem discípula que um dia, contemplava eu a majestade do Universo junto de um chaparro, veio pedir-me conselhos:

Jovem discípula: Mestre Pan?
Eu: Sim?
Jovem discípula: Mestre Pan, precisava de um conselho.
Eu: Não precisas nada, pá.
Jovem discípula: Preciso, preciso sim. Há vários assuntos na minha vida que não consigo resolver.
Eu: E eu com isso, porra?!
Jovem discípula: Mestre Pan, como é tão sábio e iluminado, pensei que poderia ajudar-me.
Eu: Está bem. Mostra-me as mamas.
Jovem discípula: Hã?!?
Eu: Mostra-me as mamas, já disse!
Jovem discípula: Mas, Mestre Pan, como vai isso ajudar-me?
Eu: Ah, a ti não sei, mas a mim vai ajudar-me imenso.
Jovem discípula: Então mas...
Eu: Chiu, não interrompas! Quando estão duas pessoas e uma delas pode fazer algo pela outra, mesmo que daí não retire benefício, é moralmente sensato fazê-lo. Portanto, se tu me mostrares as mamas, não vais ganhar nada com isso, mas eu vou. Agora, se tu não mostrares as mamas, nenhum de nós ganha o que quer que seja. Portanto, a boa decisão é mostrares já as mamas.
Jovem discípula: Uau, Mestre Pan. O Mestre Pan é tão sábio...
Eu: Pois sou. Ui, que tetas!

Também me lembro, estava uma tarde simpática, de um rapazola aí com os seus 20-25 anos se dirigir a mim no objectivo de saber a minha opinião sobre umas merdas:

Jovem discípulo: Boa tarde, Mestre Pan. Posso incomodá-lo?
Eu: Fosga-se, o que queres? Não vês que estou a ler a Playboy?
Jovem discípulo: Mestre Pan, eu queria apenas saber qual o caminho para a iluminação...
Eu: Ó pá, vai pró c!#%lho e deixa-me bater uma em paz!!!

Não sei se alguma vez o rapaz chegou a atingir a iluminação. Espero bem que não, porque por causa dele distraí-me e já não consegui servir-me da Playboy. Enfim, lembro-me ainda de uma situação curiosa, que se passou com um tipo já mais crescido, de seu nome Gaspar:

Tipo chamado Gaspar: Mestre Pan? Mestre Pan?!
Eu: Quem és tu, caraças?
Tipo chamado Gaspar: Mestre Pan, chamo-me Gaspar. Disseram-me para vir ter consigo.
Eu: Ora porra. Porquê, diacho?
Tipo chamado Gaspar: Porque eu estou numa situação difícil e acho que não consigo sair dela.
Eu: Olha, hoje estou bem disposto, já li de uma assentada a biografia da Jenny McCarthy, portanto estou disponível para ouvir os teus problemas. Diz lá.
Tipo chamado Gaspar: Sabe, tenho a meu cargo as finanças de um país falido, e não sei como hei-de resolver isto.
Eu: É muito simples. Esse país de que estás a falar deve muito?
Tipo chamado Gaspar: Sim.
Eu: Tem muitos credores?
Tipo chamado Gaspar: Sim.
Eu: Estrangeiros?
Tipo chamado Gaspar: Sim!
Eu: Então olha, fazes assim: tentas renegociar a dívida com esses caramelos. Depois, aumentas os salários aos trabalhadores, para eles poderem consumir, mas atenção, aposta no mercado interno, sobretudo na agricultura. A teres de importar produtos, faz negócios com países cuja moeda esteja num valor inferior ao da tua. Investe nas energias alternativas e diminui a tua dependência do petróleo, porque não se pode confiar nos árabes. Nem no Chávez.
Tipo chamado Gaspar: Sim, estou a anotar tudo. Mais alguma coisa?
Eu: Não, por agora é só. Como te disse, é muito simples. Mas não é nada divertido.
Tipo chamado Gaspar: Como assim, Mestre Pan?
Eu: Não dá gozo. Nem luta. E não é assim que se atinge a pureza espiritual. A pureza espiritual atinge-se através de caminhos espinhosos.
Tipo chamado Gaspar: Ah sim?!
Eu: Sim. E agora vai lá à tua vida.

E ele foi. E tenho a certeza de que daqui a uns tempos vamos ser todos iluminados.

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