terça-feira, julho 01, 2008

Gente porca merece medidas porcas

Às vezes, gosto de ser um cabrãozorro para certas pessoas. Porque é o que elas merecem. Quer dizer, eu até sou um tipo bonzinho e pacífico (mas sem ser maricas!) e tal, porém há coisas com as quais não pactuo, e nessas ocasiões transformo-me em alguém truculento ao ponto de engendrar esquemas manhosos capazes de, com sucesso, prejudicar a pessoa sobre quem recai o meu ódio.

Digo isto porque ainda há pouco tive necessidade de inventar um desses esquemas. A coisa passou-se assim: estava num centro comercial quando me deu vontade de ir à casa-de-banho mictar. Procurei os sinais com a indicação dos lavabos e lá fui, certo de ir aliviar-me. Abri a porta, escolhi um dos muitos urinóis desocupados, baixei a braguilha, apalpei por entre os boxers, saquei do instrumento e vá de mudar a água às azeitonas. Cerca de quarenta segundos depois, e soltados os últimos pinguinhos, enfiei o pirilovski para dentro, fechei a braguilha e dirigi-me ao lavatório no sentido de limpar as mãos. Ora, enquanto assim procedia, chegou um indivíduo, também ele aflito. Como não sou gay, e porque continuava a lavar as mãos, não olhei para o senhor, mas pude aperceber que se aliviava com brio (aqueles "ahhhhh" não enganavam...). Todavia, foi quando passei para o secador das mãos que se deu a supresa desagradável. O indivíduo cessou a mictagem (pling, pling!), fechou a braguilha (rrrrrip!) e desatou a correr para fora dos lavabos sem sequer esboçar a mínima vontade de lavar as manápulas!

Fiquei, naturalmente, indignado! Para mostrar essa indignação, peidei-me, mas o tipo já não se encontrava nas imediações, logo não escutou o foguete. Decidi então formular um plano, já que as coisas não podiam ficar assim! Tinha de dar àquele senhor uma tal lição que nunca mais se lembraria de abandonar um W.C. sem limpar as mãos. Saí, pois, dos lavabos, já com as mãos sequinhas (a higiene antes de tudo, caraças!) e pus-me à procura do energúmeno em questão. Não demorei muito a encontrá-lo, visto as minhas capacidades detectivescas serem excepcionais, tão excepcionais ao ponto de me permitirem achar a cabeça de um alfinete no meio de uma pilha de cartazes da Cláudia Vieira em lingerie (e, se não achar, só a diversão já vale a pena).

Segui-o pela superfície do centro comercial a uma distância segura, até que observá-lo a entrar num café. Esperei pacientemente do lado de fora, convicto de que ele aguardava alguém. Não me enganei: passados cerca de cinco minutos, uma vistosa trintona surge a caminhar na direcção da mesa em que o javardo se encontrava. Ele levantou-se, cumprimentou a madame, puxou-lhe uma cadeira e sentaram-se ambos. Era então altura de eu agir! Peguei num papel e numa caneta, escrevi umas coisitas e entrei no café. Cheguei-me junto dos dois, fiz um "psssst" à senhora, entreguei-lhe o papel e pedi-lhe que o lesse em voz alta, suficientemente alta para ser escutada por todos quantos estivessem ali, naquele espaço. Ela ainda olhou para mim com aquele ar de "que raios quer este maluco?", mas lá consentiu. Começou então a ler: "Declaro que o senhor sentado diante de mim é um badalhoco, pois esteve a urinar na casa-de-banho dos homens e saiu de lá sem lavar as mãos. Nem água, nem sabonete, nada! Saiu de lá com as patas a cheirar a piçum e nem o mínimo arrependimento mostrou. E, além disso, parece que é admirador do José Sócrates!"

Não é preciso ser adivinho para saber o que ocorreu a seguir: pandemónio! O gajo enfiou-se, envergonhado, na cadeira; a gaja levantou-se e foi-se embora, não sem antes lhe aplicar um golpe de mala nos cornos; os outros clientes fitavam-no com ar de nojo e abanavam, com desprezo, a cabeça; um dos empregados chegou com um sabonete numa bandeja, entregou-o ao javardo e apontou-lhe a direcção do lavatório; e eu, bom, eu ria-me sardonicamente enquanto tudo isto se dava.

Sou um cabrãozorro? Sim, sou. Mas ao menos lavo as mãos após urinar, e todos deviam fazer o mesmo. Aquele gajo, por exemplo, não mais esquecerá este episódio. E vocês aprendam comigo, pois isto é que é ser um cidadão interventivo.

3 comentários:

esquilinho disse...

Bem, isso é genial! Tenho de começar a usar essa táctica aqui na empresa!

Mas... Estás a brincar... não estás?
Não fizeste mesmo isso, pois não?

Samuel Vidinha disse...

Não li o post... É enorme pah...

LOL



(li sim senhor)

Rita disse...

Pois é mas quem pensa que com as "senhoras" tal não acontece, desengane-se, elas fazem o mesmo como acontece aqui no office e pior ainda deixam a sanita num estado lastimável (só ainda não consegui descobrir quem é, não devo ter as tuas capacidades detectivescas - quando descobrir vou espalhar por toda a gente, também gosto de ser cabronazorra)...
Jokas