sexta-feira, dezembro 04, 2009

O que é pior do que o melhor não é necessariamente mau, tal como o que é melhor do que o pior não é necessariamente bom!

Parece um enigma, este título, não parece?! Nada anda mais longe da verdade... O título do post corresponde a um mecanismo psicológico muito vulgar, e que eu pessoalmente abomino porque não é senão estúpido. É francamente comum apanharmos com pessoas que, quando confrontadas com duas coisas em comparação, e sendo uma delas claramente melhor do que a outra, decidem qualificar uma (a melhor) como boa e a outra imediatamente como má, mesmo que não o seja.

Um exemplo: na passada segunda feira desloquei-me ao teatro-estúdio Mário Viegas para assistir à peça As Vampiras Lésbicas de Sodoma, pela Companhia Teatral do Chiado, que é também responsável por esse marco chamado As Obras Completas de Shakespeare em 97 Minutos. De acordo com várias pessoas que se dizem minhas amigas e que já tinham assistido a ambas, não valeria a pena ver As Vampiras Lésbicas de Sodoma porque não chegava aos calcanhares d'As Obras Completas. Perante tal opinião, um gajo indiscutivelmente inteligente, como eu, só tinha duas opções: ou cagava nos comentários e ia ver o raio da peça, ou respeitava a opinião alheia e cagava na peça.

Felizmente, e como é hábito, tomei a opção correcta, que foi marimbar-me para as opiniões dos amigos e que, recordo, eram unânimes no sentido de desvalorizarem As Vampiras Lésbicas de Sodoma, e fui ver a peça. E tendo visto a peça, que tenho eu a dizer sobre a mesma?!?! Isto: fantástica, genial, hilariante!!!!!! Se puderem ver, não percam! E é por ter gostado tanto que As Vampiras Lésbicas de Sodoma me conduzem a uma reflexão profunda.

[um aparte: qualquer coisa que meta "lésbicas" ao barulho obriga-me a uma reflexão profunda. E, o que pode parecer uma contradição, ao mesmo tempo que reflicto profundamente, quando penso em "lésbicas" há partes do meu corpo que reagem em sentido inverso ao da profundidade. A reflexão pode ser profunda, mas a erecção, essa, é estratosférica...]

O que se me oferece então dizer sobre este caso é, pois, aquilo que dá título ao post de hoje. Uma coisa, embora possa não ser tão boa quanto outra, não significa necessariamente que seja má. Se tivesse de escolher entre As Obras Completas de Shakespeare e As Vampiras Lésbicas de Sodoma, eu diria que a primeira é, sem dúvida melhor. Porém, ao contrário dos tontos dos meus amigos, isso não quer dizer que a segunda seja má. Porque não é: é excelente!!! Dizer que uma coisa não vale a pena só porque a comparamos com outra que está nos píncaros é, pura e simplesmente, um absurdo! É como um gajo comer a Monica Bellucci e depois a Shakira e dizer que esta última não presta porque não se compara à italiana! Quer dizer... que estupidez, caraças!!!

Este exercício vale também para a situação oposta. Se estivermos perante duas coisas más, e em que uma é pior do que a outra, a comparação não dá direito a acharmos boa a coisa que é menos má do que a pior. Não precisam de ficar confusos com a minha retórica, dou já um exemplo para melhor caracterizar estes casos.

Compare-se José Sócrates e Pedro Santana Lopes. Ei, já que estamos aqui, compare-se José Sócrates, Santana Lopes, Durão Barroso, António Guterres, Aníbal Cavaco Silva e Mário Soares e por aí atrás. Se quiserem, recuem até ao Salazar. O facto de haver um pior do que os outros todos (eu não vivi na época do Estado Novo, felizmente, senão, com o meu feitio, teria sido torturado e encarcerado... ui, tão bom!) não quer dizer que esses outros sejam bons. Eu posso legitimamente dizer, por exemplo, que o Sócrates é pior primeiro-ministro do que o Cavaco foi, mas nem pensar que afirmarei, algum dia "O Cavaco Silva foi um bom primeiro-ministro". Porque não foi. Tal como um gajo que comesse a Lili Caneças e depois a Manuela Ferreira Leite dificilmente (a não ser que fosse maluco) poderia alegar que uma delas fosse boa.

Assim, conclui-se efectivamente que o que é pior do que o melhor não é necessariamente mau, tal como o que é melhor do que o pior não é necessariamente bom! Aprendam, pois, a fazer comparações e a avaliar correctamente as coisas, em vez de serem uns parolitos. E vão ver As Vampiras Lésbicas de Sodoma, que vale decididamente a pena!

Para terminar o post de hoje, que já vai longo, deixo-vos a minha lista pessoal das melhores comédias que já vi em teatro:

1 - O Que Diz Molero
2 - As Obras Completas de Shakespeare em 97 Minutos
3 - As Vampiras Lésbicas de Sodoma
4 - Arte
5 - Bíblia: Toda a Palavra de Deus d'uma Assentada

Bom fim-de-semana...

2 comentários:

Ilda disse...

Digo mais: Que vapiras mais malucas!!! Adorei!

CP disse...

Colocas o ARTE em 4º?
Caramba pá!