quarta-feira, janeiro 25, 2012

Fábulas estúpidas do Peter of Pan (1)

Era uma vez um coelhinho, uma raposinha e um pardalito. Eram muito amigos, muito brincalhões, e gostavam de passear juntos pela floresta. Um dia, num desses passeios, chegou junto deles o Vítor Gaspar, que disse ao coelhinho, à raposinha e ao pardalito que uma vida de brincadeira passaria a não ser permitida daí para a frente.

- Porquê? - indagou a raposinha, a mais esperta do grupo.
- Porque estamos todos em crise - respondeu o Vítor Gaspar. O coelhinho retrucou:
- Qual crise? Aqui na floresta não há crise!
Mas o Vítor Gaspar não desistiu de aterrorizar os animaizinhos:
- Mais cedo ou mais tarde, a crise virá bater-vos à porta.
- Piu, piu - disse o pardalito, com o ar mais inocente do mundo.
- "Piu, piu" o c@r@lho! - retrucou o Vítor Gaspar - A partir de agora, por causa da crise, não vos quero mais a passear pela floresta. Tu, raposinha, vais trabalhar para uma loja do cidadão. Tu, coelhinho, vais trabalhar para um armazém. E tu, pardalito, como gostas muito de piar, vais para um call center. Todos a ganhar o salário mínimo.
- Oh! - fez o coelhinho, baixando a cabeça de desânimo.
- Oh! - fez também a raposinha, imaginando-se já a aturar ciganos e velhos.
- Piu! - fez o pardalito, que não sabia fazer outra coisa.
Ficaram os três ali, tristinhos, olhando um para os outros enquanto o Vítor Gaspar lhes virava as costas e se ia embora. Foi então que a raposinha, inteligente como só ela, teve uma ideia, espalhando-a logo pelos seus amigos:
- E se chamássemos o urso?!
- Boa - disse de imediato o coelhinho.
- Piu - concordou o pardalito.
E foram os três à caverna do urso, que os recebeu logo com três taças de mel. O urso ouviu a história dos três animaizinhos e pôs-se, decidido, logo de pé:
- Aonde é que está esse filho da p%ta?!?
- Ia a sair da floresta - explicou a raposinha.
- Ele já vai ver - falou o urso, à pressa, enquanto saía da caverna.
O urso caminhou, caminhou, caminhou, caminhou até aos limites da floresta, até que finalmente deparou com o Vítor Gaspar. Correu como um raio para ele e abocanhou-lhe o rabo. O Vítor Gaspar deu um terrível grito de dor e fugiu da floresta mais depressa do que aumenta impostos. Nunca mais lá voltou e os animaizinhos puderam viver o resto das suas vidas livres de serem explorados.

FIM

Moral da história: quem se mete com os inocentes, arrisca-se a um dia ver a peida cilindrada por um urso.

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