quinta-feira, janeiro 12, 2012

Recebi um telefonema da Maçonaria

Fazia eu todo satisfeito a janta quando o telefone toca. Lavei e limpei as mãos e fui atender. Era um maçon. Isto foi o que se passou:

Maçon: Boa noite, estou a falar com o Peter of Pan?
Eu: Boa noite, está sim, o que deseja?
Maçon: Olhe, daqui é do GOL da Margem Sul.
Eu: Ah sim? E então?
Maçon: E então, está a ver, por causa das notícias dos últimos tempos, o número de membros da nossa associação tem caído a pique, e nós gostaríamos de saber se você não se importava de se juntar a nós.
Eu: Pá, não me parece...
Maçon: Ó meu caro, não descarte já essa possibilidade. Não negue à partida uma maçonaria que desconhece!
Eu: Meu, isso, tipo... isso é um slogan da Maya.
Maçon: Deixe lá isso, isso agora não interessa nada!
Eu: Pá, e essa agora é uma frase feita da Teresa Guilherme. Olhe, e desculpe lá, mas tenho de acabar de fazer o jantar, está bem? Adeus.
Maçon: Não, não desligue. Será que posso convencê-lo com a nossa oferta de aventais?!
Eu: Mau! Mas então vocês são uma sociedade esotérica que visa dominar o mundo por portas travessas ou são uma empresa de venda por atacado?
Maçon: Uma coisa não exclui a outra, meu caro. Mas nós não vendemos os aventais. Trocamo-los.
Eu: Pelo quê? Realmente, fazia-me falta um ou dois aventais. Veja lá que tenho de limpar as mãos a um pano de cozinha!...
Maçon: Bem, vejo que comecei a interessá-lo. A maçonaria, e o Grande Oriente Lusitano da Margem Sul em particular, possui uma vasta gama de aventais, adequados aos vários níveis de progressão do maçon. Temo-los em branco, temo-los em amarelo, temo-los decorados com esquadros e compassos, temo-los ilustrados com o olho que tudo vê, enfim, há aventais para todos os gostos.
Eu: Está bem. Então e o que é que eu tenho de fazer em troca?
Maçon: Então, basta fazer-se membro do nosso grémio, cumprir todos os rituais, respeitar os irmãos maçons, cumprimentá-los à maneira maçónica, e assumir a sua dívida ao Grande Arquitecto do Universo.
Eu: Caramba, isso parece-me muita coisa em troca de algo tão insignificante quanto um avental. E quem é esse Grande Arquitecto do Universo? O Frank Lloyd Wright? Ele já morreu, não sei se a notícia chegou à maçonaria...
Maçon: Não, meu caro. O Grande Arquitecto do Universo não é uma pessoa.
Eu: É o Alberto João Jardim?!
Maçon: Ah, ah, você tem piada. Quase tanta piada quando o nosso Grão-Mestre. Não. O Grande Arquitecto do Universo não é uma pessoa, está acima das pessoas, o Grande Arquitecto do Universo é aquela entidade que, na sua arcana sabedoria, tudo rege. Algumas religiões chamam Deus ao Grande Arquitecto do Universo, mas nós chamamos Grande Arquitecto do Universo ao Grande Arquitecto do Universo porque somos mais finos.
Eu: Pá, isso parece ser um bocado parvo. Ademais, eu não acredito cá em Grandes Arquitectos do Universo. O único grande arquitecto em que acredito é o Tomás Taveira, que fez coisas mais interessantes do que arquitectar o Universo. Você por acaso já viu a maravilha que é o estádio do Sporting? E os vídeos que o gajo gravou no princípio dos anos 90?! Não brinque, meu!
Maçon: Olhe, aqui que ninguém nos ouve, muitos maçons também não acreditam no Grande Arquitecto do Universo. Mas não dão grande importância a isso: fundamental é cumprir os rituais e cumprimentar os irmãos.
Eu: Está bem, mas isso também não é coisa para mim. Sabe, eu tenho um amigo meu que é maçon e um dia apareceu-me à frente todo partido. Parece que uma semana antes tinha tentado cumprimentar um irmão maçon durante um concerto no Coliseu dos Recreios e aquilo acabou numa fractura exposta da perna e num ombro deslocado. Ná. Lamento, mas vai ter de ir bater a outra porta.
Maçon: Mas olhe que os nossos aventais são mesmo fabulosos!
Eu: Pois, está bem. Adeus. [CLIQUE]

Quando voltei à cozinha, o refogado com que me ocupava já estava esturricado. Malditos maçons...

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