Cambada, é só para avisar que vou estar "de molho" até dia 11 de Junho. Já viram a vossa sorte?!
E descansem, tenho muita coisa para contar. Não tenho é tido tempo. Voltaremos a falar em Junho, portanto. Apareçam!
quarta-feira, maio 26, 2010
segunda-feira, maio 24, 2010
Sono
Não, a sério, estou com tanto, tanto sono que se o José Sócrates chegasse junto de mim e dissesse "Daqui a um mês, saímos da crise", eu até era capaz de acreditar.
Até amanhã e durmam muito por mim.
Até amanhã e durmam muito por mim.
sexta-feira, maio 21, 2010
Epá, hoje não dá
Segunda feira conto o resto da história que comecei ontem. Hoje é-me impossível visto custar-me a descolar as pálpebras dos olhos, e ademais iniciei o dia de trabalho a ter de redigir uma carta em français. A coisa não está lá a correr muito bem, portanto...
Merde.
E bom fim-de-semana. Encontrar-nos-emos segunda feira, à mesma hora, e depois de eu ter dormito umas 30 horas seguidas, espero.
Merde.
E bom fim-de-semana. Encontrar-nos-emos segunda feira, à mesma hora, e depois de eu ter dormito umas 30 horas seguidas, espero.
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quinta-feira, maio 20, 2010
A minha experiência pessoal com uma professora tipo Bruna Real
Exacto, tal como prometido ontem, venho aqui narrar-vos uma pequenita historieta acerca daquele período em que apanhei pela frente com uma professora que nada ficava a dever, em beleza física e javardice mental, à Bruna Real.
Lembro-me como se fosse há mais de uma década. Porque, na verdade, foi mesmo há mais de uma década! Andava eu no 12º ano e era um adolescente com 17 aninhos. E já se sabe como são os adolescentes rapazes, sobretudo os de 17 aninhos: só há duas coisas que lhes ocupam a mente, sendo uma delas o futebol, e a outra as gajas, não necessariamente por esta ordem de relevância. [Nota para mim mesmo: "fosga-se, não mudaste nem um átomo deste então, ó bandalho!"]. Infelizmente - e esta é a triste sina dos adolescentes, e talvez seja essa a razão por que são tão perturbados -, a vida não é só bola e gajedo: por um motivo qualquer que agora me escapa, todos nós somos obrigados a frequentar o decadente sistema de ensino português. Sim, a decadência já não é nova: nos meus tempos de estudante do secundário, muito falávamos nós do baixo nível do ensino. Lembro-me, por exemplo, desta conversa com o Celso:
Eu: Pá, a Catarina tem cá umas mamas...
Celso: Iá!
Eu: 'Bora baldar-nos às aulas para jogar à bola?
Celso: Iá!
Eu: Fixe, butes então bazar, este sistema de ensino é uma treta e a ministra da educação não vale um peido! [contextualização: à época, a dita ministra era uma senhora (!!) de nome Manuela Ferreira Leite]
Celso: Iá!
Eu: Ainda por cima, a gaja nem tem mamas!!!
Celso: Iá!
Conversas destas ocorriam praticamente todos os dias! E depois ainda dizem que os jovens são todos muito superficiais e não se interessam pela política e o caraças... Tretas!
Porém, houve um dia em que não me baldei para jogar futebol. Nesse dia, fui às aulas para conhecer a professora substituta de Matemática, que chegava à nossa turma porque a anterior setora se encontrava prenha. Para mim, e para os restantes colegas machos alfa, conhecer uma nova professora era assim como conhecer a próxima presa: seria mais uma velhota de carrapito com quem nós poderíamos gozar? Ou uma mocinha novinha com ar de xóninhas com quem nós poderíamos gozar? Ou mesmo uma trintona com cara de vaca com quem nós poderíamos gozar? Enfim, estávamos expectantes!
Porém, aquilo para o qual não estávamos preparados, eu em particular, era para a autêntica escultura que nos entrou pela sala dentro! Uma morenaça, com o seu 1,75m de altura, cabelos encaracolados a cair nos ombros, um rosto imaculado mas que, qual Bruna Real, deixava antever a vaquinha que, no fundo, era, e no qual pontificavam os lábios que diziam "se te apanho, lambo-te todo", e um corpo que, por Liédson, era capaz de fazer o Carlos Castro lamentar-se por ser gay! Pernas fabulosas, daquelas tonificadas, sem o mínimo vestígio de gordurinhas, e o que dizer dos seios?! Os seios pareciam querer jorrar para fora da camisa branca que a setora envergava naquele dia da apresentação! Eram fabulosos, fantásticos, só dava vontade de lhes saltar para cima e chupá-los até ficar com o céu da boca em carne viva! Só com muita força de vontade me mantive quieto na cadeira... força de vontade e vergonha, porque a erecção que nesse momento se verificava por debaixo da mesa faria de mim motivo de gozo durante o ano inteiro ("Ah!Ah!, ali o Peterofpan está com um mastro nas calças só por causa da nova setora!") caso eu me levantasse do lugar.
(continuo este post amanhã, porque o texto já vai longo e o meu peterofpanzinho também. É melhor interromper por aqui e respirar fundo. Muitas vezes. E pensar em pinguins. Dizem que ajuda...)
Lembro-me como se fosse há mais de uma década. Porque, na verdade, foi mesmo há mais de uma década! Andava eu no 12º ano e era um adolescente com 17 aninhos. E já se sabe como são os adolescentes rapazes, sobretudo os de 17 aninhos: só há duas coisas que lhes ocupam a mente, sendo uma delas o futebol, e a outra as gajas, não necessariamente por esta ordem de relevância. [Nota para mim mesmo: "fosga-se, não mudaste nem um átomo deste então, ó bandalho!"]. Infelizmente - e esta é a triste sina dos adolescentes, e talvez seja essa a razão por que são tão perturbados -, a vida não é só bola e gajedo: por um motivo qualquer que agora me escapa, todos nós somos obrigados a frequentar o decadente sistema de ensino português. Sim, a decadência já não é nova: nos meus tempos de estudante do secundário, muito falávamos nós do baixo nível do ensino. Lembro-me, por exemplo, desta conversa com o Celso:
Eu: Pá, a Catarina tem cá umas mamas...
Celso: Iá!
Eu: 'Bora baldar-nos às aulas para jogar à bola?
Celso: Iá!
Eu: Fixe, butes então bazar, este sistema de ensino é uma treta e a ministra da educação não vale um peido! [contextualização: à época, a dita ministra era uma senhora (!!) de nome Manuela Ferreira Leite]
Celso: Iá!
Eu: Ainda por cima, a gaja nem tem mamas!!!
Celso: Iá!
Conversas destas ocorriam praticamente todos os dias! E depois ainda dizem que os jovens são todos muito superficiais e não se interessam pela política e o caraças... Tretas!
Porém, houve um dia em que não me baldei para jogar futebol. Nesse dia, fui às aulas para conhecer a professora substituta de Matemática, que chegava à nossa turma porque a anterior setora se encontrava prenha. Para mim, e para os restantes colegas machos alfa, conhecer uma nova professora era assim como conhecer a próxima presa: seria mais uma velhota de carrapito com quem nós poderíamos gozar? Ou uma mocinha novinha com ar de xóninhas com quem nós poderíamos gozar? Ou mesmo uma trintona com cara de vaca com quem nós poderíamos gozar? Enfim, estávamos expectantes!
Porém, aquilo para o qual não estávamos preparados, eu em particular, era para a autêntica escultura que nos entrou pela sala dentro! Uma morenaça, com o seu 1,75m de altura, cabelos encaracolados a cair nos ombros, um rosto imaculado mas que, qual Bruna Real, deixava antever a vaquinha que, no fundo, era, e no qual pontificavam os lábios que diziam "se te apanho, lambo-te todo", e um corpo que, por Liédson, era capaz de fazer o Carlos Castro lamentar-se por ser gay! Pernas fabulosas, daquelas tonificadas, sem o mínimo vestígio de gordurinhas, e o que dizer dos seios?! Os seios pareciam querer jorrar para fora da camisa branca que a setora envergava naquele dia da apresentação! Eram fabulosos, fantásticos, só dava vontade de lhes saltar para cima e chupá-los até ficar com o céu da boca em carne viva! Só com muita força de vontade me mantive quieto na cadeira... força de vontade e vergonha, porque a erecção que nesse momento se verificava por debaixo da mesa faria de mim motivo de gozo durante o ano inteiro ("Ah!Ah!, ali o Peterofpan está com um mastro nas calças só por causa da nova setora!") caso eu me levantasse do lugar.
(continuo este post amanhã, porque o texto já vai longo e o meu peterofpanzinho também. É melhor interromper por aqui e respirar fundo. Muitas vezes. E pensar em pinguins. Dizem que ajuda...)
quarta-feira, maio 19, 2010
Lúcidos comentários acerca do caso Bruna Real
Em primeiro lugar, digam lá se eu não sou fantástico! Consegui reproduzir aqui a única foto da Bruna Real em que ela aparece vestida! Não é para todos...
Bom, não podendo entrar na Bruna Real, resta entrar no caso que se gerou acerca dela. Li muita coisa, ouvi muita coisa e, principalmente, vi muita coisa sobre a Bruna Real. E gostei do que vi, embora nem sempre tenha gostado do que li e do que ouvi. Enfim, nesta questão, como em tantas outras, uma imagem vale realmente mais do que mil palavras, e se essa imagem contiver mamas, cu e pachacha, bom, o valor aumenta exponencialmente. Contudo, disperso-me. Vou voltar ao que realmente interessa. "Mas há outra coisa de interesse neste caso para além das mamas?", perguntar-me-ão vocês. Não, mas vamos todos fingir que somos uns intelectuais interessados pelas envolvências da sociedade e patranhas afins. É só por um bocadinho e não dói nada...
O que, adoptando a perspectiva acima, realmente interessa é a polémica que o caso gerou. Bruna Real era uma professora, despiu-se, e por causa disso, foi impedida de continuar a dar aulas. Ora isto, minha gente, é um escândalo! Uma patifaria! Não vou ser primário ao ponto de dizer que "Eh, eh, eh, o que eu queria era ter uma professora assim", porque já tive uma professora assim - mas já lá vamos! O que escandaliza nesta situação é: pela primeira vez, temos uma escola e uma professora que são notícia não porque a professora é agredida pelos alunos, não porque a professora agride os alunos ou lhes rouba os telemóveis*, e sim porque a senhora professora se envolveu em actividades extra-curriculares! Quer dizer, estão sempre a atirar-nos aqueles chavões de que aquilo que o país precisa é mais livre-iniciativa, mais empenho, menos dependência do Estado, e quando uma rapariguinha na casa dos 27 anos faz exactamente estas coisas, pimba, dão-lhe na cabeça! Não pode ser!
Atenção, não quero fazer da Bruna Real um exemplo. Longe de mim exigir que todas as professoras deste país desatem a fazer o mesmo que a Bruna fez. Pá, eu tive professoras que de certezinha absoluta perderiam um concurso de beleza para a Odete Santos! Não quero ver gente desta a posar nua. O que eu quero dizer é que não tem mal nenhum, seja para a escola, seja para os alunos, seja para os pais, seja para o Ministério da Educação, seja para as próprias professoras, se uma rapariguinha toda boazona, que por acaso também é professora, decide despir-se para uma revista masculina. Não é isto que irá pôr em causa a reforma do sistema educativo. Até é, em boa verdade, capaz de lhe dar novo alento...
Amanhã, conto-vos a minha experiência pessoal com uma professora assim tipo Bruna Real...
__________________
*Não quero com isto dizer que o facto de a Bruna Real se ter despido não possa gerar certo tipo de violência. Pode, efectivamente. Estou certo de que muitos rapazinhos já devem ter estado a dedicar-se à actividade de espancar o macaco. Mas, hey, sempre é algo mais saudável do que irem para casa ver os Morangos com Açúcar...
Bom, não podendo entrar na Bruna Real, resta entrar no caso que se gerou acerca dela. Li muita coisa, ouvi muita coisa e, principalmente, vi muita coisa sobre a Bruna Real. E gostei do que vi, embora nem sempre tenha gostado do que li e do que ouvi. Enfim, nesta questão, como em tantas outras, uma imagem vale realmente mais do que mil palavras, e se essa imagem contiver mamas, cu e pachacha, bom, o valor aumenta exponencialmente. Contudo, disperso-me. Vou voltar ao que realmente interessa. "Mas há outra coisa de interesse neste caso para além das mamas?", perguntar-me-ão vocês. Não, mas vamos todos fingir que somos uns intelectuais interessados pelas envolvências da sociedade e patranhas afins. É só por um bocadinho e não dói nada...
O que, adoptando a perspectiva acima, realmente interessa é a polémica que o caso gerou. Bruna Real era uma professora, despiu-se, e por causa disso, foi impedida de continuar a dar aulas. Ora isto, minha gente, é um escândalo! Uma patifaria! Não vou ser primário ao ponto de dizer que "Eh, eh, eh, o que eu queria era ter uma professora assim", porque já tive uma professora assim - mas já lá vamos! O que escandaliza nesta situação é: pela primeira vez, temos uma escola e uma professora que são notícia não porque a professora é agredida pelos alunos, não porque a professora agride os alunos ou lhes rouba os telemóveis*, e sim porque a senhora professora se envolveu em actividades extra-curriculares! Quer dizer, estão sempre a atirar-nos aqueles chavões de que aquilo que o país precisa é mais livre-iniciativa, mais empenho, menos dependência do Estado, e quando uma rapariguinha na casa dos 27 anos faz exactamente estas coisas, pimba, dão-lhe na cabeça! Não pode ser!
Atenção, não quero fazer da Bruna Real um exemplo. Longe de mim exigir que todas as professoras deste país desatem a fazer o mesmo que a Bruna fez. Pá, eu tive professoras que de certezinha absoluta perderiam um concurso de beleza para a Odete Santos! Não quero ver gente desta a posar nua. O que eu quero dizer é que não tem mal nenhum, seja para a escola, seja para os alunos, seja para os pais, seja para o Ministério da Educação, seja para as próprias professoras, se uma rapariguinha toda boazona, que por acaso também é professora, decide despir-se para uma revista masculina. Não é isto que irá pôr em causa a reforma do sistema educativo. Até é, em boa verdade, capaz de lhe dar novo alento...
Amanhã, conto-vos a minha experiência pessoal com uma professora assim tipo Bruna Real...
__________________
*Não quero com isto dizer que o facto de a Bruna Real se ter despido não possa gerar certo tipo de violência. Pode, efectivamente. Estou certo de que muitos rapazinhos já devem ter estado a dedicar-se à actividade de espancar o macaco. Mas, hey, sempre é algo mais saudável do que irem para casa ver os Morangos com Açúcar...
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terça-feira, maio 18, 2010
Uma só pergunta
Juro que não sei por que é que os deputados perderam tanto tempo a formular perguntas ao Sócrates. Esta gente esquece-se que, muitas vezes, as ideias mais simples são as melhores. Se eu fosse deputado, o que felizmente para o país não acontece, a única pergunta que faria ao P.M. seria esta:
"Ouve lá, e se fosses à merda, pá?"
É de uma eficácia ockhamiana, parece-me...
(É claro que o Sócrates, ósdespois, responderia algo como "Formal ou informalmente?!")
P.S.: Este post foi realizado em colaboração com a gaja. A primeira parte, a da pergunta, tem a minha responsabilidade; já a segunda parte, foi ela que se lembrou. É, aliás, um dos seus passatempos preferidos: tentar saber o que se passa na cabeça do Sócrates. E, como todos os restantes portugueses, nunca acerta!
Mas isto serve para atestar uma coisa, que no fundo resume toda a nossa relação. Quando falo ou penso, é logo para partir a loiça toda ("Ouve lá, e se fosses à merda, pá?"); ela, por sua vez, acrescenta o toque de classe ("Formal ou informalmente" - eu nunca me lembraria de dizer, pensar ou escrever algo assim!). No fundo é isto...
P.S.2: Já que estamos a falar do Sócrates, um apontamentozinho: podemos criticá-lo em tudo, mas não o seu sentido de oportunidade. Mal o Cavaco promulgava o casamento gay, já o Sócrates estava em Espanha a dizer que, finalmente, tinha arranjado um parceiro com quem dançar o tango. Isto foi tão subtil quanto chegar com um anel de noivado junto do Passos Coelho...
P.S.3: E já que estamos a falar do casamento gay, finalmente o Cavaco deu uma para a caixa. Porém, não percebi a argumentação. Segundo ele, a lei é aprovada porque estamos em crise. Que é como quem diz: "Pá, estamos endividados, atravessamos uma situação terrível, deixa-me cá então deixar que os paneleiros e as fufas se casem". Não percebo. Eu pensava, na minha santa ingenuidade, que isto era uma questão de direitos humanos e de cidadania. Cá para mim, isto tem uma explicação mais profunda: o Cavaco sabia que a medida correcta era deixar que as pessoas do mesmo sexo se pudessem casar. Mas como é de direita, não queria dar o braço a torcer. Então inventou um subterfúgio para, como se costuma dizer, ficar bem com Deus e com o diabo. Por um lado, aprova, mas por outro, diz que só aprova por uma questão de desígnio nacional. É um maricas, este gajo...
"Ouve lá, e se fosses à merda, pá?"
É de uma eficácia ockhamiana, parece-me...
(É claro que o Sócrates, ósdespois, responderia algo como "Formal ou informalmente?!")
P.S.: Este post foi realizado em colaboração com a gaja. A primeira parte, a da pergunta, tem a minha responsabilidade; já a segunda parte, foi ela que se lembrou. É, aliás, um dos seus passatempos preferidos: tentar saber o que se passa na cabeça do Sócrates. E, como todos os restantes portugueses, nunca acerta!
Mas isto serve para atestar uma coisa, que no fundo resume toda a nossa relação. Quando falo ou penso, é logo para partir a loiça toda ("Ouve lá, e se fosses à merda, pá?"); ela, por sua vez, acrescenta o toque de classe ("Formal ou informalmente" - eu nunca me lembraria de dizer, pensar ou escrever algo assim!). No fundo é isto...
P.S.2: Já que estamos a falar do Sócrates, um apontamentozinho: podemos criticá-lo em tudo, mas não o seu sentido de oportunidade. Mal o Cavaco promulgava o casamento gay, já o Sócrates estava em Espanha a dizer que, finalmente, tinha arranjado um parceiro com quem dançar o tango. Isto foi tão subtil quanto chegar com um anel de noivado junto do Passos Coelho...
P.S.3: E já que estamos a falar do casamento gay, finalmente o Cavaco deu uma para a caixa. Porém, não percebi a argumentação. Segundo ele, a lei é aprovada porque estamos em crise. Que é como quem diz: "Pá, estamos endividados, atravessamos uma situação terrível, deixa-me cá então deixar que os paneleiros e as fufas se casem". Não percebo. Eu pensava, na minha santa ingenuidade, que isto era uma questão de direitos humanos e de cidadania. Cá para mim, isto tem uma explicação mais profunda: o Cavaco sabia que a medida correcta era deixar que as pessoas do mesmo sexo se pudessem casar. Mas como é de direita, não queria dar o braço a torcer. Então inventou um subterfúgio para, como se costuma dizer, ficar bem com Deus e com o diabo. Por um lado, aprova, mas por outro, diz que só aprova por uma questão de desígnio nacional. É um maricas, este gajo...
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segunda-feira, maio 17, 2010
"E ao terceiro dia, ressuscitou"
Aparentemente, os rumores sobre a morte do meu leitor de mp3 foram exagerados (uau, consegui meter duas referências eruditas em outras tantas frases...). Por um descargo de consciência que, na verdade, deve mais à força do hábito do que a outra coisa qualquer (isto já não é uma referência erudita. É simplesmente uma frase estúpida), experimentei ligar o meu leitor de mp3. E não é que ele, qual fénix, renasceu das cinzas? Acendeu a sua luzinha e pimba, lá estava a lista de músicas. Como poderia ter dito o grande Stimpy, da dupla Ren & Stimpy, "Oh JOY! Oh JOY! (tomem lá mais uma referência erudita, pá!)
Não sei qual a razão que levou, por um lado, o meu leitor de mp3 a sucumbir e, por outro, a renascer. Talvez tenha ficado contagiado com toda a ambiance que envolveu a visita do Bento XVI a Portugal e quisesse fazer algo dramático, a la Novo Testamento. Ou talvez tenha sido outra coisa qualquer. Também não quero saber. Por mim, está tudo bem. Se posso continuar a ouvir música sem ter de gastar uns quantos €uros na aquisição de um novo aparelho, sou um homem feliz. Mais feliz até do que se o Sporting vencesse na mesma época o campeonato, a Taça, a Liga dos Campeões e Benfica e Porto descessem à II liga.
O que importa é que eu e o meu mp3 estamos de novo juntos. E é bonito, muito bonito. Se algum dia for permitido o casamento entre pessoas de elevada masculinidade e gadgets, eu e o meu mp3 seremos dos primeiros a caminho do altar. Só espero é que não me pregue outro susto igual...
Ah, e se por acaso, depois desta história do falecimento e ressurreição, o meu leitor de mp3 quiser fundar uma religião, não se espantem. Garanto que será algo bastante menos patético do que aquela outra baseada também num caso de falecimento e ressurreição, e que dá pelo nome de, deixa cá ver como é, ora bem, uma cena que esteve assim morta uma série de tempo e depois regressou "more powerful than you can possibly imagine" (e alguém consegue saber de onde é que saquei esta referência, hmmm?), estou quase lá, falta-me o nome da cena, começa por um C, não, afinal não é, é por um B, ah, já sei: Benfiquismo!
Até amanhã e acarinhem muito os vossos leitores de mp3.
Não sei qual a razão que levou, por um lado, o meu leitor de mp3 a sucumbir e, por outro, a renascer. Talvez tenha ficado contagiado com toda a ambiance que envolveu a visita do Bento XVI a Portugal e quisesse fazer algo dramático, a la Novo Testamento. Ou talvez tenha sido outra coisa qualquer. Também não quero saber. Por mim, está tudo bem. Se posso continuar a ouvir música sem ter de gastar uns quantos €uros na aquisição de um novo aparelho, sou um homem feliz. Mais feliz até do que se o Sporting vencesse na mesma época o campeonato, a Taça, a Liga dos Campeões e Benfica e Porto descessem à II liga.
O que importa é que eu e o meu mp3 estamos de novo juntos. E é bonito, muito bonito. Se algum dia for permitido o casamento entre pessoas de elevada masculinidade e gadgets, eu e o meu mp3 seremos dos primeiros a caminho do altar. Só espero é que não me pregue outro susto igual...
Ah, e se por acaso, depois desta história do falecimento e ressurreição, o meu leitor de mp3 quiser fundar uma religião, não se espantem. Garanto que será algo bastante menos patético do que aquela outra baseada também num caso de falecimento e ressurreição, e que dá pelo nome de, deixa cá ver como é, ora bem, uma cena que esteve assim morta uma série de tempo e depois regressou "more powerful than you can possibly imagine" (e alguém consegue saber de onde é que saquei esta referência, hmmm?), estou quase lá, falta-me o nome da cena, começa por um C, não, afinal não é, é por um B, ah, já sei: Benfiquismo!
Até amanhã e acarinhem muito os vossos leitores de mp3.
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sexta-feira, maio 14, 2010
Morreste-me*
*cena ripada ao José Luís Peixoto
Sim, está bem, o Saldanha Sanches quinou e tal, mas e quantas pessoas resolveram ter uma palavra amiga que fosse para com o meu leitor de mp3, acabadinho de falecer?!?! Hmmm? Sim, quantas?! É um mundo mesmo injusto este, em que até os mp3 são desprezados e esquecidos.
Mas não por mim! Nunca por mim. Eu rejo-me por uma elevadíssima conduta moral e sei agradecer. Tenho memória! Tenho compaixão! E tenho saudades de ouvir heavy metal no comboio! Por isso, meu recém-falecido mp3, este post hoje é para ti. Jamais te esquecerei!
Morreste-me (este início é também ele ripado do José Luís Peixoto). Nunca pensei que isto pudesse acontecer! Quando fui ligar-te hoje e tu não respondeste, nem queria acreditar! "Então eu carreguei-te na passada terça-feira, não podes já estar sem bateria", proferi, na minha ignorância. Tentei ligar-te uma segunda vez. Uma terceira. E tu, nada. Tentei de novo. Nada. À vigésima sétima vez, comecei a ficar desconfiado. Pensei: "Olha, tu queres ver que deu o badagaio a esta porcaria?" e logo no momento imediato lamentei este desabafo insultuoso. Não o merecias. Afinal, deras-me tanto! Desde o momento em que me foste oferecido, a tua contribuição para a minha felicidade foi imensa, colossal. Ficaste, ao longo de quase dois anos, a saber o quanto eu adoro ouvir heavy metal, e às vezes até mesmo música, no trajecto casa-trabalho-casa. E sempre te portaste bem, inclusivé após um manuseamento mais descuidado da minha parte, do qual me penitencio, e que levou a que se te partisse o ecrã! Nem aí o teu funcionamento deixou de ser impecável. Até hoje. Hoje, triste dia. Lamentável dia. Merda de porra de dia! O dia em que te foste...
Olhando para trás, talvez a culpa tenha sido minha. Talvez não devesse ter abusado tanto de ti, meu leitorzinho querido. Obrigar-te a trabalhar 6 dias por semana talvez tenha sido demais. Devias andar cansado, mas eu, no meu egoísmo de ouvinte, não liguei aos sinais. Aos meus olhos, e ouvidos, aparentavas estar bem, mas provavelmente já não estavas. Continuaste a sacrificar-te e eu deixei andar, qual José Eduardo Bettencourt. Uma vez por semana, enchia-te com dezenas de álbuns; chegaste a levar com a discografia inteira dos Paradise Lost. E nem aí te queixaste. Ou se calhar talvez o tenhas feito, eu é que estaria cego e surdo para as tuas reclamações! Oh, santa ignorância a minha! Oh, grave arrependimento o meu! Oh, que estúpido dramatismo estar aqui a colocar frases iniciadas por "Oh", devo andar a pensar que sou o Shakespeare!
E agora, morreste-me (volto a avisar que esta treta é ripada do José Luís Peixoto). Sinto-me tão sozinho sem ti, tu que nem há duas horas me abandonaste. Com que disposição voltarei hoje a casa, sabendo que já não posso pôr nos ouvidos os teus fones? Com que cara enfrentarei os grunhos que se sentam à minha volta no comboio, agora que já não estou isolado pela volumosa carga decibélica que debitavas? O que farei?, é o que me pergunto...
Deixo-te, a partir daqui, um saudoso adeus. Transportarei o teu cadáver comigo, porque tenho uma dívida a pagar. Não te deitarei fora, não te jogarei no lixo. Arrumar-te-ei algures numa gaveta ou num armário, porque mereces ficar perto daquele que tanto te amou e, infelizmente, tanto te explorou. E se algum dia resolver comprar uma coisa mais xpto, tipo um iPod, ai podes estar certo de que não te esquecerei. Vai em paz e leva contigo os discos com que te tinha carregado na passada terça-feira, e que incluem a discografia dos Type O Negative, o Barbeiro de Sevilha do Rossini, os três últimos discos dos Therion, o segundo dos The Dillinger Escape Plan, o Peer Gynt do Grieg, o primeiro dos Acid Drinkers, o 3º Concerto Project do Philip Glass e, para não variar, uns 30 discos de Paradise Lost. Vai e goza. Eu pensarei em ti... sempre!
Adeus.
Sim, está bem, o Saldanha Sanches quinou e tal, mas e quantas pessoas resolveram ter uma palavra amiga que fosse para com o meu leitor de mp3, acabadinho de falecer?!?! Hmmm? Sim, quantas?! É um mundo mesmo injusto este, em que até os mp3 são desprezados e esquecidos.
Mas não por mim! Nunca por mim. Eu rejo-me por uma elevadíssima conduta moral e sei agradecer. Tenho memória! Tenho compaixão! E tenho saudades de ouvir heavy metal no comboio! Por isso, meu recém-falecido mp3, este post hoje é para ti. Jamais te esquecerei!
Morreste-me (este início é também ele ripado do José Luís Peixoto). Nunca pensei que isto pudesse acontecer! Quando fui ligar-te hoje e tu não respondeste, nem queria acreditar! "Então eu carreguei-te na passada terça-feira, não podes já estar sem bateria", proferi, na minha ignorância. Tentei ligar-te uma segunda vez. Uma terceira. E tu, nada. Tentei de novo. Nada. À vigésima sétima vez, comecei a ficar desconfiado. Pensei: "Olha, tu queres ver que deu o badagaio a esta porcaria?" e logo no momento imediato lamentei este desabafo insultuoso. Não o merecias. Afinal, deras-me tanto! Desde o momento em que me foste oferecido, a tua contribuição para a minha felicidade foi imensa, colossal. Ficaste, ao longo de quase dois anos, a saber o quanto eu adoro ouvir heavy metal, e às vezes até mesmo música, no trajecto casa-trabalho-casa. E sempre te portaste bem, inclusivé após um manuseamento mais descuidado da minha parte, do qual me penitencio, e que levou a que se te partisse o ecrã! Nem aí o teu funcionamento deixou de ser impecável. Até hoje. Hoje, triste dia. Lamentável dia. Merda de porra de dia! O dia em que te foste...
Olhando para trás, talvez a culpa tenha sido minha. Talvez não devesse ter abusado tanto de ti, meu leitorzinho querido. Obrigar-te a trabalhar 6 dias por semana talvez tenha sido demais. Devias andar cansado, mas eu, no meu egoísmo de ouvinte, não liguei aos sinais. Aos meus olhos, e ouvidos, aparentavas estar bem, mas provavelmente já não estavas. Continuaste a sacrificar-te e eu deixei andar, qual José Eduardo Bettencourt. Uma vez por semana, enchia-te com dezenas de álbuns; chegaste a levar com a discografia inteira dos Paradise Lost. E nem aí te queixaste. Ou se calhar talvez o tenhas feito, eu é que estaria cego e surdo para as tuas reclamações! Oh, santa ignorância a minha! Oh, grave arrependimento o meu! Oh, que estúpido dramatismo estar aqui a colocar frases iniciadas por "Oh", devo andar a pensar que sou o Shakespeare!
E agora, morreste-me (volto a avisar que esta treta é ripada do José Luís Peixoto). Sinto-me tão sozinho sem ti, tu que nem há duas horas me abandonaste. Com que disposição voltarei hoje a casa, sabendo que já não posso pôr nos ouvidos os teus fones? Com que cara enfrentarei os grunhos que se sentam à minha volta no comboio, agora que já não estou isolado pela volumosa carga decibélica que debitavas? O que farei?, é o que me pergunto...
Deixo-te, a partir daqui, um saudoso adeus. Transportarei o teu cadáver comigo, porque tenho uma dívida a pagar. Não te deitarei fora, não te jogarei no lixo. Arrumar-te-ei algures numa gaveta ou num armário, porque mereces ficar perto daquele que tanto te amou e, infelizmente, tanto te explorou. E se algum dia resolver comprar uma coisa mais xpto, tipo um iPod, ai podes estar certo de que não te esquecerei. Vai em paz e leva contigo os discos com que te tinha carregado na passada terça-feira, e que incluem a discografia dos Type O Negative, o Barbeiro de Sevilha do Rossini, os três últimos discos dos Therion, o segundo dos The Dillinger Escape Plan, o Peer Gynt do Grieg, o primeiro dos Acid Drinkers, o 3º Concerto Project do Philip Glass e, para não variar, uns 30 discos de Paradise Lost. Vai e goza. Eu pensarei em ti... sempre!
Adeus.
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quinta-feira, maio 13, 2010
A ciência dos signos
Começo já por dizer que, para mim, a astrologia possui tanta substância como a existência de um ou vários deuses, ou mesmo a presença de massa cinzenta no crânio do Alberto João Jardim. Não acredito, pronto. Chamem-me céptico, chamem-me incrédulo, podem até chamar-me Joana Maria: a meu ver, esses esoterismos não passam de simples charlatanices!
O facto, contudo, de essa ser a minha visão não impediu que ontem fosse supreendido. Numa conversa descontraída com três ou quatro colegas, cometi o erro inocente de filosofar que (e esta merda, a partir do momento que é aqui reproduzida, passa a estar debaixo de direitos de autor), e cito-me, "Se a alimentação humana se limitasse a batatas fritas e gelados, ainda assim eu seria uma pessoa feliz". Esta máxima, inteligentíssima como aliás são todas as frases que profiro, deveria obrigar os meus colegas a longa e demorada reflexão, mas não foi isso que sucedeu. A única reacção que tive foi esta, de uma colega já cinquentona: "Ah... és maluco por batatas fritas e gelados, és? Só podes ser Gémeos!"
Tal resposta acertou-me com a força de um rematezorro do Vukcevic. O que me espantou não foi tanto ela ter, logo à primeira, acertado no meu signo; afinal, ela tinha uma possibilidade de 1 em 12, o que ainda assim é mais elevada do que a percentagem de hipóteses que a selecção portuguesa tem em chegar aos oitavos de final do Campeonato do Mundo. Aquilo que achei fora de série foi ela ter conjugado, como quem relaciona A com B, o meu gosto por batatas fritas e gelados com o meu signo. Como se isso fosse a coisa mais evidente do mundo! Quer dizer, o que é que o meu signo tem a ver com os meus gostos e desgostos? Se, em lugar de ser Gémeos, eu fosse Escorpião, Sagitário ou Supositório Magenta, deixaria de gostar de batatas fritas e gelados? O caraças é que deixaria!!! Eu seria sempre eu, independentemente do meu signo.
Da mesma forma, não acredito que o Juca seja um tarado por pornografia com anões só porque nasceu em Novembro. Se ele tivesse nascido em Março, tenho a certeza absoluta que continuaria a gostar de ver relações sexuais badalhocas entre pessoas de baixíssima estatura. E a Paula? Se ela, em vez de nascer a 17 de Agosto, tivesse vindo ao mundo a 24 de Janeiro, deixaria de ter aquele imponente par de mamas?!?
Quer dizer, não vamos mais longe: a minha gaja nasceu no mesmo dia que o Adolf Hitler! Será que isso faz dela uma nazi-fascista que só pensa em dominar o mundo e exterminar todas as pessoas que dela discordem, sobretudo as que são de etnia diferente ou as que não deixam a cama feita quando saem para o trabalho?! Sim, faz, mas agora não interessa para o caso!
O que eu quero explicar é isto: não há sustentabilidade nem base racional para relacionar aquilo que uma pessoa é com a data em que nasceu. Eu continuaria a ser um gajo lindo, ateu, anarca, bem disposto, compreensivo, sportinguista e com mais um quilómetro de qualidades caso, em vez de ter nascido em Junho, tivesse nascido em Outubro. E sim, continuaria a ser doido por batatas fritas e gelados. E mamas! Ligar a minha magnífica personalidade a factores externos e perfeitamente casuais como a data de nascimento seria, a meu ver, igual a querer ver uma conexão entre o José Castelo-Branco ser um panasca e a Lua estar na casa de Saturno aos saltinhos no dia em que ele vislumbrou, pela primeira vez, um piçalho nu! São meras coincidências, nada mais.
Mas que eu continuo sem saber como é que ela acertou logo no meu signo só porque eu manifestei a minha adoração por batatas fritas e gelados, ai isso continuo... E também desconheço o porquê de, na cabeça dela, só os geminianos serem dados a apreciar aquelas duas coisas. Enfim... acho que vou ali dar um pulo até Fátima só para saber a opinião do Ratzinger em relação a isto!
Até amanhã.
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quarta-feira, maio 12, 2010
Ir a Lisboa e não ver o Papa
é o título que resume todo o meu dia de ontem. É que eu, ao contrário de muitos, fui trabalhar. Tolerância de ponto é para os fracos!...
E em jeito de homenagem ao chefe de estado do Vaticano, a toda a sua comitiva e, no fundo, a todas as pessoas que acreditam em amigos imaginários, incluindo não só os crentes em Deus mas também os sportinguistas que pensam que têm um presidente, aqui fica esta singela cançoneta:
Espero que gostem. Se não gostarem, aviso já que este blog não possui livro de reclamações. Queixem-se ao Papa...
E em jeito de homenagem ao chefe de estado do Vaticano, a toda a sua comitiva e, no fundo, a todas as pessoas que acreditam em amigos imaginários, incluindo não só os crentes em Deus mas também os sportinguistas que pensam que têm um presidente, aqui fica esta singela cançoneta:
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terça-feira, maio 11, 2010
Isto é que é amor aos livros, e à leitura, e à literatura, e sei lá mais o quê!
Começo por dizer que sou um frequentador habitual da Feira do Livro de Lisboa. Creio que desde os meus 13-14 anos não falho uma. Nem mesmo naquele já distante ano em que a Feira deixou o Parque Eduardo VII, local de tantas celebrações livreiras e de outro tipo, quiçá mais carnais, mas vamos deixar este tema de lado porque hoje está cá o Papão e ele não pode ouvir falar dessas coisas, mas dizia eu, naquele ano em que a Feira deixou o parque e foi para o Terreiro do Paço nem aí eu deixei de marcar presença. Este ano, contudo, por via dos múltiplos compromissos em que tenho de me desdobrar, estive para ver que não conseguiria dar lá uma saltada. Felizmente, encontrei um buraquinho na minha agenda no passado Sábado, e tal como acontece com qualquer buraquinho que veja, resolvi entrar. E arrastei a gaja para vir comigo.
Mas deu-se o azar dos azares, pois de todos os dias em que uma pessoa deveria estar longe de um evento ao ar livre como a Feira do Livro, o passado Sábado terá sido, provavelmente, o pior. Se não se recordam, no Sábado caiu, como dizem os brazucas, o maior toró. Choveu praticamente o dia todo, e a chuva vinha acompanhada de um irritantezinho vento. E o que estavam aqui o je, mais a sua companheira, a fazer enquanto a chuva e o vento adquiriam as suas forças mais elevadas e fustigavam todo e qualquer incauto? Exacto, a andar para cima e para baixo no Parque Eduardo VII! O que é algo que, honestamente, desaconselho. É óbvio que tem as suas vantagens: posso dizer, por exemplo, que nunca me foi tão fácil fuçar nas bancas como na tarde de Sábado. Normalmente, para ficar a par do que está em promoção designadamente na Assírio ou na Relógio d'Água, tenho de pedir licença a uns manhosos que fazem fila e mandar uns encontrões, ou até, quando vejo algo que definitivamente me interessa, gritar "Ninguém toca no livro de poesias do Auden, caralho! É meu!!!!". No Sábado, nada disto se passou. Foi tudo muito pacífico, estive sempre à vontade... descontando o facto de me estar a cair um dilúvio na mona.
Posso garantir que, quando saímos do espaço da Feira, parecíamos autênticos pintos molhados. A gaja, aliás, tinha autênticas poças dentro dos sapatos. A coisa estava tal modo má que eu - pasme-se, e apesar da liberdade em vislumbrar o material - só consegui comprar um único livro: um do Mário de Carvalho (um dos meus escritores portugueses predilectos) a 40% de desconto numa das bancas da capitalista LeYa. Adquirir apenas um livro na Feira é, para mim, um recorde negativo absoluto! E mais: farto que estava de passear por ali, arriscando um malho no piso duro (isto porque, com a água que escorria desde, vá lá, o caralho do Cutileiro até cá abaixo, o piso tornava-se incerto), esqueci-me até de passar pela Relógio d'Água e trazer A Estrada do Cormac McCarthy, livro que eu tinha planeado de antemão comprar. A gaja, essa, nem um único livro comprou: a sua ida à Feira limitou-se a alguns chapinhanços em poças. Fiquei mesmo com a sensação de que um prisioneiro de Guantanamo habituado às praticas do waterboarding não sentiria nenhuma diferença caso fosse convidado a visitar a Feira do Livro de Lisboa no último Sábado 8 de Maio.
Mas a história não acaba aqui! Vínhamos nós já no caminho de casa, ansiosos por despir as roupas coladas ao corpo e mergulharmos, de chapa, na banheira provida de água deliciosamente quentinha, quando o sacanita do carro resolve começar a engasgar-se e ficar-se pelo caminho. Razão: acabara-se a gasolina! Era tudo o que faltava acontecer numa tarde em que eu pensei vir a desenvolver guelras, tal era a quantidade de H20 que o meu corpo tinha absorvido. Não tive outra opção senão sair do carro para um novo encontro com a chuva que teimava em continuar a descer dos céus e, literalmente, fazer-me à estrada em direcção à bomba de gasosa mais próxima. Com uma garrafa bem cheia daquele líquido combustivo, regressei ao popó, deitou-se a coisa no depósito, o carrito gostou, pegou e não se engasgou e finalmente pudemos chegar a casa.
Nunca passei por tanto só por causa da Feira do Livro. Da próxima vez que ouvir na televisão um intelectual da tanga afirmar que os portugueses estão divorciados dos livros e das leituras, eu juro que lhe deito uma piscina de água pela cabeça abaixo...
Mas deu-se o azar dos azares, pois de todos os dias em que uma pessoa deveria estar longe de um evento ao ar livre como a Feira do Livro, o passado Sábado terá sido, provavelmente, o pior. Se não se recordam, no Sábado caiu, como dizem os brazucas, o maior toró. Choveu praticamente o dia todo, e a chuva vinha acompanhada de um irritantezinho vento. E o que estavam aqui o je, mais a sua companheira, a fazer enquanto a chuva e o vento adquiriam as suas forças mais elevadas e fustigavam todo e qualquer incauto? Exacto, a andar para cima e para baixo no Parque Eduardo VII! O que é algo que, honestamente, desaconselho. É óbvio que tem as suas vantagens: posso dizer, por exemplo, que nunca me foi tão fácil fuçar nas bancas como na tarde de Sábado. Normalmente, para ficar a par do que está em promoção designadamente na Assírio ou na Relógio d'Água, tenho de pedir licença a uns manhosos que fazem fila e mandar uns encontrões, ou até, quando vejo algo que definitivamente me interessa, gritar "Ninguém toca no livro de poesias do Auden, caralho! É meu!!!!". No Sábado, nada disto se passou. Foi tudo muito pacífico, estive sempre à vontade... descontando o facto de me estar a cair um dilúvio na mona.
Posso garantir que, quando saímos do espaço da Feira, parecíamos autênticos pintos molhados. A gaja, aliás, tinha autênticas poças dentro dos sapatos. A coisa estava tal modo má que eu - pasme-se, e apesar da liberdade em vislumbrar o material - só consegui comprar um único livro: um do Mário de Carvalho (um dos meus escritores portugueses predilectos) a 40% de desconto numa das bancas da capitalista LeYa. Adquirir apenas um livro na Feira é, para mim, um recorde negativo absoluto! E mais: farto que estava de passear por ali, arriscando um malho no piso duro (isto porque, com a água que escorria desde, vá lá, o caralho do Cutileiro até cá abaixo, o piso tornava-se incerto), esqueci-me até de passar pela Relógio d'Água e trazer A Estrada do Cormac McCarthy, livro que eu tinha planeado de antemão comprar. A gaja, essa, nem um único livro comprou: a sua ida à Feira limitou-se a alguns chapinhanços em poças. Fiquei mesmo com a sensação de que um prisioneiro de Guantanamo habituado às praticas do waterboarding não sentiria nenhuma diferença caso fosse convidado a visitar a Feira do Livro de Lisboa no último Sábado 8 de Maio.
Mas a história não acaba aqui! Vínhamos nós já no caminho de casa, ansiosos por despir as roupas coladas ao corpo e mergulharmos, de chapa, na banheira provida de água deliciosamente quentinha, quando o sacanita do carro resolve começar a engasgar-se e ficar-se pelo caminho. Razão: acabara-se a gasolina! Era tudo o que faltava acontecer numa tarde em que eu pensei vir a desenvolver guelras, tal era a quantidade de H20 que o meu corpo tinha absorvido. Não tive outra opção senão sair do carro para um novo encontro com a chuva que teimava em continuar a descer dos céus e, literalmente, fazer-me à estrada em direcção à bomba de gasosa mais próxima. Com uma garrafa bem cheia daquele líquido combustivo, regressei ao popó, deitou-se a coisa no depósito, o carrito gostou, pegou e não se engasgou e finalmente pudemos chegar a casa.
Nunca passei por tanto só por causa da Feira do Livro. Da próxima vez que ouvir na televisão um intelectual da tanga afirmar que os portugueses estão divorciados dos livros e das leituras, eu juro que lhe deito uma piscina de água pela cabeça abaixo...
segunda-feira, maio 10, 2010
Não há pachorra para os benfiquistas!
Acabo de chegar ao trabalho. Um colega, ferrenho benfiquista, vem logo todo sorrisos para junto de mim.
- Então, viste aquela festa? Mais de 100 mil só no Marquês! - diz-me ele.
- Não vi nada, pá! - respondi, com toda a sinceridade - Não pude ver nada porque a gaja não parava de saltar à minha frente enquanto gritava "SLB! SLB! SLB!"
Não há mesmo pachorra para a lampionagem, fosga-se!... Depois a gaja queixa-se de que lhe doem as perninhas...
Amanhã, um relato da nossa ida à Feira do Livro no último Sábado. Sim, aquele dia em que choveu como os tomates!
- Então, viste aquela festa? Mais de 100 mil só no Marquês! - diz-me ele.
- Não vi nada, pá! - respondi, com toda a sinceridade - Não pude ver nada porque a gaja não parava de saltar à minha frente enquanto gritava "SLB! SLB! SLB!"
Não há mesmo pachorra para a lampionagem, fosga-se!... Depois a gaja queixa-se de que lhe doem as perninhas...
Amanhã, um relato da nossa ida à Feira do Livro no último Sábado. Sim, aquele dia em que choveu como os tomates!
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sexta-feira, maio 07, 2010
Mudanças semânticas
Hoje, e só para vocês, um breve apanhado de alguns termos e expressões cujo significado mudou ao longo do tempo.
1 - Não estar católico.
Antes: Não estar católico significava estar sorumbático, ligeiramente triste, um bocadinho deprimido. Não estar lá muito bem, pronto. Como em "hoje não estou lá muito católico".
Actualmente: "Não estou lá muito católico", agora, significa apenas "Não me apetece papar meninos".
2 - Tomar posse.
Antes: Tomar posse significava ocupar um cargo, como em "Hoje tomei posse como administrador".
Actualmente: roubar. Como em "Tomei posse de dois gravadores".
3 - Ver-se grego.
Antes: Ver-se grego significava enfrentar dificuldades ou complicações para atingir algum objectivo, como em "Vi-me grego para despir as cuecas à Sónia".
Actualmente: Estar falido. Como em "Não tenho um tusto no bolso. Vejo-me completamente grego."
4 - Ir ao grego.
Antes: Ir ao grego significava vomitar. Como em "depois daqueles shots de tequilha, fui ao grego"
Actualmente: Ver o seu dinheiro abalar para outras paragens. Como em "Pá, então não é que a UE me obriga a emprestar dinheiro à Grécia? Uma parte do meu salário já foi pró grego!"
5 - Sportinguista.
Antes: Sportinguista significava, sobretudo nos anos 40 do século XX, estar do lado dos vencedores.
Actualmente: sinónimo inconfundível de derrotado.
E é assim. A língua portuguesa está em permanente actualização. Os significados vão e vêm, vêm e vão. Se eu formular uma frase do tipo "Aquela cambada dos Bancos, são todos uns pulhas, pá! A malta anda aqui a ver-se toda grega, e eles ainda tomam posse do pouco que nos resta. Isso é muito chato, como é que um gajo aguenta ver o seu dinheiro ir todo ao grego? Enfim, como hoje não estou lá muito católico, vou mas é para casa dar uma na minha mulher. É muito difícil levar uma vida de sportinguista! Se fossem todos mas era tomar posse para a estrada...", já todos sabem o que quero dizer, não é?
Bom fim-de-semana e apoiem muito o Rio Ave.
1 - Não estar católico.
Antes: Não estar católico significava estar sorumbático, ligeiramente triste, um bocadinho deprimido. Não estar lá muito bem, pronto. Como em "hoje não estou lá muito católico".
Actualmente: "Não estou lá muito católico", agora, significa apenas "Não me apetece papar meninos".
2 - Tomar posse.
Antes: Tomar posse significava ocupar um cargo, como em "Hoje tomei posse como administrador".
Actualmente: roubar. Como em "Tomei posse de dois gravadores".
3 - Ver-se grego.
Antes: Ver-se grego significava enfrentar dificuldades ou complicações para atingir algum objectivo, como em "Vi-me grego para despir as cuecas à Sónia".
Actualmente: Estar falido. Como em "Não tenho um tusto no bolso. Vejo-me completamente grego."
4 - Ir ao grego.
Antes: Ir ao grego significava vomitar. Como em "depois daqueles shots de tequilha, fui ao grego"
Actualmente: Ver o seu dinheiro abalar para outras paragens. Como em "Pá, então não é que a UE me obriga a emprestar dinheiro à Grécia? Uma parte do meu salário já foi pró grego!"
5 - Sportinguista.
Antes: Sportinguista significava, sobretudo nos anos 40 do século XX, estar do lado dos vencedores.
Actualmente: sinónimo inconfundível de derrotado.
E é assim. A língua portuguesa está em permanente actualização. Os significados vão e vêm, vêm e vão. Se eu formular uma frase do tipo "Aquela cambada dos Bancos, são todos uns pulhas, pá! A malta anda aqui a ver-se toda grega, e eles ainda tomam posse do pouco que nos resta. Isso é muito chato, como é que um gajo aguenta ver o seu dinheiro ir todo ao grego? Enfim, como hoje não estou lá muito católico, vou mas é para casa dar uma na minha mulher. É muito difícil levar uma vida de sportinguista! Se fossem todos mas era tomar posse para a estrada...", já todos sabem o que quero dizer, não é?
Bom fim-de-semana e apoiem muito o Rio Ave.
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quinta-feira, maio 06, 2010
Pessoas tontas
Não é que me considere um misantropo, mas às vezes só me dá vontade de pegar numa kalashnikov e balear quem se encontra à minha frente! Claro que isto pressuporia que eu soubesse pegar numa arma; como não sei, o mais provável era, quando procurasse disparar, dar um tiro no pé - literalmente.
E porquê esta raiva destrutiva, este inexplicável ódio a outros seres humanos? Porque há seres humanos que possuem comportamentos estúpidos. Comportamentos que não dão para perceber. Comportamentos que infirmam a caracterização aristotélica do homem como "animal racional". Comportamentos como este: está uma pessoa verdadeiramente racional (eu!) a deslocar-se para apanhar o metro e a única coisa que vê à sua frente, cortando-lhe o caminho, é dezenas de pessoas verdadeiramente irracionais a ziguezaguear pelo piso e, por vezes, mesmo pelas escadas. Quer dizer, que pensa esta malta que está a fazer? Num segundo encaminham-se para a esquerda, no outro vão imediatamente para a direita, para logo a seguir voltarem para a esquerda, e depois para a direita de novo, sem nexo e sem aviso prévio, parece que andam a imitar o Sócrates, ou então uma mosca, ó que caraças! Caminhar no meio desta gente é como estar dentro de um labirinto cujas paredes estão em constante movimento, e nós (e por nós, quero obviamente dizer eu) somos como ratos ali presos, ansiando por encontrarmos uma saída.
Desconheço a razão profunda que leva esta gente a andar aos "s". Ainda me pus a pensar nisto quando, após ter feito várias ultrapassagens perigosas e ter levado à frente pelo menos uma meia dúzia de velhotas, lá consegui entrar para uma carruagem. As possibilidades que consegui levantar foram estas:
Razões que levam as pessoas a ziguezaguear pelos espaços públicos, sobretudo nas estações de metro e de comboio, arre porra, que esta gente é mesmo parva, então não vêem que isso transtorna logo o esquema a um gajo, ainda mais de manhãzinha, quando ainda estou a dormir? Quer dizer, que piada tem um tipo estar meio ensonado e, quando quer apanhar um transporte público nas calmas, aquilo com que leva é com gente a atravessar-se-lhe de um lado para o outro e vice-versa, julgam que são o quê, espermatozóides? E por que raios é que este cabeçalho está a ficar tão inexplicavelmente gigantesco?
1 - Estão bêbedas logo pelas 8 da manhã.
2 - Imaginam que são o Messi ou o CR9 e andam a driblar adversários invisíveis.
3 - Possuem a coordenação motora de uma barata tonta.
4 - "A recta é o caminho mais curto entre dois pontos" é, basicamente, um conceito que lhes escapa.
5 - Trata-se de uma conspiração destinada a irritar até ao íntimo as pessoas normais (eu).
6 - Querem reproduzir as experiências científicas do LHC e procuram ir umas contra as outras em sentido contrário, o que, na maior parte dos casos, ocorre.
7 - Na verdade, são todas invisuais, mas não querem dar parte fraca.
8 - São simplesmente estúpidas.
Se esta gente fosse mas era cagar, faziam melhor. Mas aposto que até cagam aos ziguezagues, raios os partam...
E porquê esta raiva destrutiva, este inexplicável ódio a outros seres humanos? Porque há seres humanos que possuem comportamentos estúpidos. Comportamentos que não dão para perceber. Comportamentos que infirmam a caracterização aristotélica do homem como "animal racional". Comportamentos como este: está uma pessoa verdadeiramente racional (eu!) a deslocar-se para apanhar o metro e a única coisa que vê à sua frente, cortando-lhe o caminho, é dezenas de pessoas verdadeiramente irracionais a ziguezaguear pelo piso e, por vezes, mesmo pelas escadas. Quer dizer, que pensa esta malta que está a fazer? Num segundo encaminham-se para a esquerda, no outro vão imediatamente para a direita, para logo a seguir voltarem para a esquerda, e depois para a direita de novo, sem nexo e sem aviso prévio, parece que andam a imitar o Sócrates, ou então uma mosca, ó que caraças! Caminhar no meio desta gente é como estar dentro de um labirinto cujas paredes estão em constante movimento, e nós (e por nós, quero obviamente dizer eu) somos como ratos ali presos, ansiando por encontrarmos uma saída.
Desconheço a razão profunda que leva esta gente a andar aos "s". Ainda me pus a pensar nisto quando, após ter feito várias ultrapassagens perigosas e ter levado à frente pelo menos uma meia dúzia de velhotas, lá consegui entrar para uma carruagem. As possibilidades que consegui levantar foram estas:
Razões que levam as pessoas a ziguezaguear pelos espaços públicos, sobretudo nas estações de metro e de comboio, arre porra, que esta gente é mesmo parva, então não vêem que isso transtorna logo o esquema a um gajo, ainda mais de manhãzinha, quando ainda estou a dormir? Quer dizer, que piada tem um tipo estar meio ensonado e, quando quer apanhar um transporte público nas calmas, aquilo com que leva é com gente a atravessar-se-lhe de um lado para o outro e vice-versa, julgam que são o quê, espermatozóides? E por que raios é que este cabeçalho está a ficar tão inexplicavelmente gigantesco?
1 - Estão bêbedas logo pelas 8 da manhã.
2 - Imaginam que são o Messi ou o CR9 e andam a driblar adversários invisíveis.
3 - Possuem a coordenação motora de uma barata tonta.
4 - "A recta é o caminho mais curto entre dois pontos" é, basicamente, um conceito que lhes escapa.
5 - Trata-se de uma conspiração destinada a irritar até ao íntimo as pessoas normais (eu).
6 - Querem reproduzir as experiências científicas do LHC e procuram ir umas contra as outras em sentido contrário, o que, na maior parte dos casos, ocorre.
7 - Na verdade, são todas invisuais, mas não querem dar parte fraca.
8 - São simplesmente estúpidas.
Se esta gente fosse mas era cagar, faziam melhor. Mas aposto que até cagam aos ziguezagues, raios os partam...
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quarta-feira, maio 05, 2010
Fazer muito com pouco: as lições do futebol
Aqueles que se têm preocupado em ler os meus posts chatos dos últimos dias verificaram que tenho falado recorrentemente da questão de sabermos jogar com aquilo que temos e de não precisarmos de grandes parafernálias para fazermos a festa. O Bruno Nogueira, na minha óptica, consegue fazer melhor que o Herman não dispondo, se calhar, nem de metade dos meios; os alucinados autores do Papá Wrestling conseguiram, em 8 minutos e meio, e sem financiamento público, realizar um filme que é superior aos restantes 99,9% de produção nacional, incluindo as fitas em que aparece a Cláudia Vieira.
E o futebol? Como é o futebol? Se há algo que esta época tem demonstrado é justamente aquilo que eu tenho vindo a sucessivamente repetir nos últimos posts: não precisamos de milhões quando temos criatividade e cabecinha! Ao aproximar-se a última jornada da Liga Portuguesa, verificamos que há dois clubes a disputar o título nacional: o Sporting Clube de Braga e aquele clube cujo nome não pode ser pronunciado. Qualquer pessoa, por menor número de neurónios que possua lá bem dentro da cavidade craniana, facilmente repara na quase abissal diferença entre estes dois clubes. O clube cujo nome não pode ser pronunciado tem 6 milhões de
Porém, e apesar do abismo que parece separar estes dois clubes, na tabela classificativa eles estão praticamente a par e par. E se, em vez de pegarmos no clube cujo nome não pode ser pronunciado, compararmos o Braga ao mega-hiper-super-re-fixe Sporting Clube de Portugal ou ao Grémio de Fruta do Norte, a coisa pia ainda mais fino. Tomara eu que o meu Sporting tivesse feito um campeonato à altura dos atletas da cidade dos arcebispos! Gastámos 10 milhões de euros só na reabertura do mercado e nem assim conseguimos melhor do que um irrelevante 4º lugar. E o Braga, alguém sabe quanto gastou, hmmm? Quase nada, e ainda levou uns valentes milhõezitos em troca do João Pereira. E o Grémio de Fruta do Norte? Além do mega-orçamento de que dispõe, ainda temos de contar com aquilo que é gasto a pagar
Mais uma vez, a lição a retirar, e que fica à atenção de todos os governantes, passados, presentes e futuros, deste país é esta: vão-se foder. E também esta: quando não se pode ter muito, há que fazer o melhor possível com pouco. E muitas vezes, o melhor possível já é suficientemente bom. Algumas vezes, até, o melhor possível pode mesmo vir a ser o melhor efectível.
E tenho dito.
Até amanhã e não se esqueçam de torcer pelo Rio Ave.
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terça-feira, maio 04, 2010
Papá Wrestling: o Portugal como deve ser!
No último post, aflorei que não é necessário, para sermos bem sucedidos, grandes parafernálias de meios. Citando-me a mim próprio, "em época de crise, é preciso termos a consciência de que não são precisos mundos e fundos para nos safarmos bem. Basta termos um bocadinho de cabecinha."
Ora, cabecinha é o que não falta aos tresloucados autores por detrás desta pérolazinha em forma de curta-metragem que dá pelo nome de Papá Wrestling. Vou dar-vos 9 minutos de descanso, que é o tempo que precisam para assistir à peça, e depois vejam lá se não concordam comigo (isto se forem capazes de ver tudo até ao fim sem vomitar)...
O que mais surpreende nesta película? O brutamontes arrancar a genitália ao puto e obrigá-lo a engoli-la, sim, mas principalmente a constatação de que é possível fazer um trabalho consistente e bem feito com poupança de meios. Papá Wrestling é o espelho do que deveria ser este país: com um pouco de trabalho e criatividade, com ideias simples mas bem construídas, podemos realizar coisas grandes. Papá Wrestling pega nas mundividências trashy e gore, junta-lhes o desenrascanço típico dos estúdios de série B como a Troma (empresa responsável por alguns dos filmes mais estúpidos da história do cinema), mistura tudo aquilo com ironia e humor à portuguesa e pimba, sai isto, e isto é um diamante em bruto! Não foram precisos nem a Industrial Light & Magic, nem efeitos chroma key, nem 3d e o tassalho a mil: com aquilo que tinham à disposição, construíram algo que cumpre plenamente os objectivos, que é entreter e divertir.
E Portugal deveria ser isto porquê? Não estou a dizer que nós deveríamos ser todos como o mastodonte do filme. Não me passa pela cabeça arrancar as tripas a um puto para enforcar, com elas, outro puto. Mesmo que esse puto me grite aos ouvidos que gosta muito do Paulo Portas. O que eu quero dizer é que, numa época de crise, devemos fazer como os lunáticos que criaram o Papá Wrestling e ir, como dizem os anglo-saxónicos, back to the basics. Porque a felicidade, no fundo, está nas pequenas coisas. Nas pequenas coisas e em ver cabeças esmigalhadas com um golpe de piledriver...
Obrigado, Papá Wrestling!
Amanhã, o mesmo assunto mas com futebol!
Ora, cabecinha é o que não falta aos tresloucados autores por detrás desta pérolazinha em forma de curta-metragem que dá pelo nome de Papá Wrestling. Vou dar-vos 9 minutos de descanso, que é o tempo que precisam para assistir à peça, e depois vejam lá se não concordam comigo (isto se forem capazes de ver tudo até ao fim sem vomitar)...
O que mais surpreende nesta película? O brutamontes arrancar a genitália ao puto e obrigá-lo a engoli-la, sim, mas principalmente a constatação de que é possível fazer um trabalho consistente e bem feito com poupança de meios. Papá Wrestling é o espelho do que deveria ser este país: com um pouco de trabalho e criatividade, com ideias simples mas bem construídas, podemos realizar coisas grandes. Papá Wrestling pega nas mundividências trashy e gore, junta-lhes o desenrascanço típico dos estúdios de série B como a Troma (empresa responsável por alguns dos filmes mais estúpidos da história do cinema), mistura tudo aquilo com ironia e humor à portuguesa e pimba, sai isto, e isto é um diamante em bruto! Não foram precisos nem a Industrial Light & Magic, nem efeitos chroma key, nem 3d e o tassalho a mil: com aquilo que tinham à disposição, construíram algo que cumpre plenamente os objectivos, que é entreter e divertir.
E Portugal deveria ser isto porquê? Não estou a dizer que nós deveríamos ser todos como o mastodonte do filme. Não me passa pela cabeça arrancar as tripas a um puto para enforcar, com elas, outro puto. Mesmo que esse puto me grite aos ouvidos que gosta muito do Paulo Portas. O que eu quero dizer é que, numa época de crise, devemos fazer como os lunáticos que criaram o Papá Wrestling e ir, como dizem os anglo-saxónicos, back to the basics. Porque a felicidade, no fundo, está nas pequenas coisas. Nas pequenas coisas e em ver cabeças esmigalhadas com um golpe de piledriver...
Obrigado, Papá Wrestling!
Amanhã, o mesmo assunto mas com futebol!
segunda-feira, maio 03, 2010
Herman 2010 versus O Lado B: um estudo crítico comparado
Ponto prévio: ao contrário do que é expresso no anúncio do novo programa do Herman José na RTP, o Herman não é o melhor humorista português dos últimos 30 anos. Para mim, o Herman foi o melhor humorista português de sempre! Fim do ponto prévio.
Mas que dizer do Herman 2010?!? O Herman, embora tenha sido o melhor humorista português de todos os tempos, uma espécie de Diego Armando Maradona a fazer rir, já não anima. Ver, ou tentar ver, o talk-show que é agora transmitido nas noites de Sábado no primeiro canal do Estado é algo que deprime, deprime mesmo a sério, de tão mau que é! As piadas (!!) são péssimas, os textos não têm qualidade, a relação entre o apresentador e os músicos é demasiado forçada e, por vezes, trapalhona (sou da opinião que os complementos musicais no final de cada "piada" cortam por demais o ritmo do programa), a mostrar que o Herman nada aprendeu com os Conan O'Briens e Jay Lenos da vida. E depois - e isto é que é verdadeiramente grave tendo em conta a brilhante carreira do artista, que é um bom artista - nota-se que o Herman já não se esforça. O Herman estagnou, ficou-se, tornou-se parte do establishment. Tornou-se politicamente correcto. Os seus comentários já não são malandros, no sentido provocador do termo. Longe vão os tempos de rábulas e entrevistas incisivas: ver o Herman hoje em dia não é muito diferente de assistir a um programa do Manuel Luís Goucha ou da Júlia Pinheiro. A irreverência de outros anos foi-se, talvez em definitivo.
Irreverência é o que não falta ao Bruno Nogueira, gigante apresentador d'O Lado B, e um dos grandes humoristas da actualidade. Pessoalmente, acho que o Bruno teve os seus melhores momentos no stand up Levanta-te e Ri; tudo o que ele fez depois, fosse apresentando o Curto Circuito na SIC Radical, fosse colaborando n'Os Contemporâneos ou, agora, tendo o seu próprio talk-show na RTP1 não chega aos calcanhares do registo demonstrado no formato stand up comedy. Ainda assim, consegue estar anos luz à frente, em termos de provocar boa disposição no espectador, do programa do Herman. E isto porque o Bruno não está com merdas. O Bruno, ao contrário do Herman, não se importa de correr riscos. Provoca. Atiça. Por vezes, choca. Algumas das suas piadas são imorais? São! Apetece, em alguns casos, chegar junto do gajo e espetar-lhe um soco nas fuças? Apetece! Porém, é também destas pequenas merdinhas que se faz o bom humor. O humor deve provocar uma reacção nas pessoas, e o Bruno é mestre nisso. Nem sempre a reacção é boa, lá está, mas ao menos ele não parece estar preocupado, quando atira uma piada, se as pessoas vão reagir bem ou mal: importa é reagirem! Em comparação, o Herman já passou esta fase. O que ele debita sai-lhe automaticamente, sem convicção. Dá a sensação que o Herman tem medo, medo do que as pessoas possam pensar. Medo de estar desactualizado. Medo de já não ser relevante. E já não é.
E isto é um pouco o espelho do país. O Herman personifica aquela ideia de que é preciso, para ter sucesso, possuir muitos meios e muito dinheiro. Herman tem muitos meios, e muito dinheiro, mas nem de perto nem de longe se assemelha ao Herman genial dos anos 80 e 90 que, com muito menos limões, fazia melhores limonadas. O Bruno, em comparação, tem menos meios, tem menos dinheiro, e o salário que recebe na RTP deve ser um microorganismo ao lado da baleia que são os rendimentos do senhor Kripphal. Todavia, isso não o impede de ter um programa bem mais divertido e que dá mais gozo ver. Ao menos, não deprime como ocorre com o Herman 2010. E o país inteiro, sim, o país, bem que pode pôr os olhos nesta merda. Em época de crise, é preciso termos a consciência de que não são precisos mundos e fundos para nos safarmos bem. Basta termos um bocadinho de cabecinha.
Voltarei a este assunto amanhã.
Ah, e acrescento que sou do Rio Ave desde que me conheço!
Mas que dizer do Herman 2010?!? O Herman, embora tenha sido o melhor humorista português de todos os tempos, uma espécie de Diego Armando Maradona a fazer rir, já não anima. Ver, ou tentar ver, o talk-show que é agora transmitido nas noites de Sábado no primeiro canal do Estado é algo que deprime, deprime mesmo a sério, de tão mau que é! As piadas (!!) são péssimas, os textos não têm qualidade, a relação entre o apresentador e os músicos é demasiado forçada e, por vezes, trapalhona (sou da opinião que os complementos musicais no final de cada "piada" cortam por demais o ritmo do programa), a mostrar que o Herman nada aprendeu com os Conan O'Briens e Jay Lenos da vida. E depois - e isto é que é verdadeiramente grave tendo em conta a brilhante carreira do artista, que é um bom artista - nota-se que o Herman já não se esforça. O Herman estagnou, ficou-se, tornou-se parte do establishment. Tornou-se politicamente correcto. Os seus comentários já não são malandros, no sentido provocador do termo. Longe vão os tempos de rábulas e entrevistas incisivas: ver o Herman hoje em dia não é muito diferente de assistir a um programa do Manuel Luís Goucha ou da Júlia Pinheiro. A irreverência de outros anos foi-se, talvez em definitivo.
Irreverência é o que não falta ao Bruno Nogueira, gigante apresentador d'O Lado B, e um dos grandes humoristas da actualidade. Pessoalmente, acho que o Bruno teve os seus melhores momentos no stand up Levanta-te e Ri; tudo o que ele fez depois, fosse apresentando o Curto Circuito na SIC Radical, fosse colaborando n'Os Contemporâneos ou, agora, tendo o seu próprio talk-show na RTP1 não chega aos calcanhares do registo demonstrado no formato stand up comedy. Ainda assim, consegue estar anos luz à frente, em termos de provocar boa disposição no espectador, do programa do Herman. E isto porque o Bruno não está com merdas. O Bruno, ao contrário do Herman, não se importa de correr riscos. Provoca. Atiça. Por vezes, choca. Algumas das suas piadas são imorais? São! Apetece, em alguns casos, chegar junto do gajo e espetar-lhe um soco nas fuças? Apetece! Porém, é também destas pequenas merdinhas que se faz o bom humor. O humor deve provocar uma reacção nas pessoas, e o Bruno é mestre nisso. Nem sempre a reacção é boa, lá está, mas ao menos ele não parece estar preocupado, quando atira uma piada, se as pessoas vão reagir bem ou mal: importa é reagirem! Em comparação, o Herman já passou esta fase. O que ele debita sai-lhe automaticamente, sem convicção. Dá a sensação que o Herman tem medo, medo do que as pessoas possam pensar. Medo de estar desactualizado. Medo de já não ser relevante. E já não é.
E isto é um pouco o espelho do país. O Herman personifica aquela ideia de que é preciso, para ter sucesso, possuir muitos meios e muito dinheiro. Herman tem muitos meios, e muito dinheiro, mas nem de perto nem de longe se assemelha ao Herman genial dos anos 80 e 90 que, com muito menos limões, fazia melhores limonadas. O Bruno, em comparação, tem menos meios, tem menos dinheiro, e o salário que recebe na RTP deve ser um microorganismo ao lado da baleia que são os rendimentos do senhor Kripphal. Todavia, isso não o impede de ter um programa bem mais divertido e que dá mais gozo ver. Ao menos, não deprime como ocorre com o Herman 2010. E o país inteiro, sim, o país, bem que pode pôr os olhos nesta merda. Em época de crise, é preciso termos a consciência de que não são precisos mundos e fundos para nos safarmos bem. Basta termos um bocadinho de cabecinha.
Voltarei a este assunto amanhã.
Ah, e acrescento que sou do Rio Ave desde que me conheço!
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