sexta-feira, maio 07, 2010

Mudanças semânticas

Hoje, e só para vocês, um breve apanhado de alguns termos e expressões cujo significado mudou ao longo do tempo.

1 - Não estar católico.

Antes: Não estar católico significava estar sorumbático, ligeiramente triste, um bocadinho deprimido. Não estar lá muito bem, pronto. Como em "hoje não estou lá muito católico".

Actualmente: "Não estou lá muito católico", agora, significa apenas "Não me apetece papar meninos".

2 - Tomar posse.

Antes: Tomar posse significava ocupar um cargo, como em "Hoje tomei posse como administrador".

Actualmente: roubar. Como em "Tomei posse de dois gravadores".

3 - Ver-se grego.

Antes: Ver-se grego significava enfrentar dificuldades ou complicações para atingir algum objectivo, como em "Vi-me grego para despir as cuecas à Sónia".

Actualmente: Estar falido. Como em "Não tenho um tusto no bolso. Vejo-me completamente grego."

4 - Ir ao grego.

Antes: Ir ao grego significava vomitar. Como em "depois daqueles shots de tequilha, fui ao grego"

Actualmente: Ver o seu dinheiro abalar para outras paragens. Como em "Pá, então não é que a UE me obriga a emprestar dinheiro à Grécia? Uma parte do meu salário já foi pró grego!"

5 - Sportinguista.

Antes: Sportinguista significava, sobretudo nos anos 40 do século XX, estar do lado dos vencedores.

Actualmente: sinónimo inconfundível de derrotado.

E é assim. A língua portuguesa está em permanente actualização. Os significados vão e vêm, vêm e vão. Se eu formular uma frase do tipo "Aquela cambada dos Bancos, são todos uns pulhas, pá! A malta anda aqui a ver-se toda grega, e eles ainda tomam posse do pouco que nos resta. Isso é muito chato, como é que um gajo aguenta ver o seu dinheiro ir todo ao grego? Enfim, como hoje não estou lá muito católico, vou mas é para casa dar uma na minha mulher. É muito difícil levar uma vida de sportinguista! Se fossem todos mas era tomar posse para a estrada...", já todos sabem o que quero dizer, não é?

Bom fim-de-semana e apoiem muito o Rio Ave.

4 comentários:

Rafeiro Perfumado disse...

Tu não te armes em "arte equestre na terceira pessoa do singular sobre uma superfície com resistência à pressão acima da média" ao falares dos bancos, pá! Por outras palavras, não te armes em cavalgadura!

Daniel C.da Silva disse...

Lool, muito bom, amigo , muito bom ;) Qual acordo ortográfico, qual quê! A semântica tem mas é a ver com os casos práticos ;);)

abraço

Pulha Garcia disse...

Força, Rio Ave!

nada desta vida disse...

:D
já cá não vinha há imenso, mas rio me sempre.

(não concordo contigo na cena da bruna leal, mas isso eram horas de conversa)