quinta-feira, janeiro 27, 2011

A trilogia d'O Senhor dos Anéis: notas sobre o seu envelhecimento

Ando a rever toda a saga d'O Senhor dos Anéis, na versão cinematográfica do Peter Jackson. Passados todos estes anos, a ideia com que fico é basicamente a mesma que tive aquando da estreia dos três filmes: dos três, o melhor, de longe, é o segundo As Duas Torres.

E porquê? Bom, porque é, de todos, aquele em que o equilíbrio entre, por um lado, as lamechices da amizade do Frodo e do Sam e, já agora, dos outros dois hobbits de que nunca me lembro do nome, e, por outro lado, as cenas de acção e espadeirada, é desfeito com claro benefício para estas últimas. E isto, minha gente, é fundamental numa obra de ficção. Eu não quero estar numa sala de cinema, ou no sofá de casa, a ver um filme onde os protagonistas machos trocam elogios, carinhos, votos de amizade e sei lá mais o quê! Esse homo-erotismo dissimulado que preenche muitos minutos d'O Senhor dos Anéis é algo que a mim não interessa nada. Pá, a dada altura do terceiro filme, a troca de carinhos é de tal ordem que uma pessoa fica até com a ideia de que o Frodo e o Sam vão casar-se, e até já tinham anel e tudo! Se eu quisesse ver essas coisas, ia alugar o Segredo de Brokeback Mountain, por exemplo. O que eu quero ver num filme é acção, porrada, cabeças separadas do corpo, sangue a jorrar, tripas, corpos despedaçados, enfim, todos os ingredientes (literalmente!) que fazem uma boa história.

Aliás, foi para este tipo de coisas que o próprio cinema foi criado. Poucos sabem disto, mas eu, que gosto de investigar este tipo de coisas, descobri que os irmãos Lumière gostavam muito de hack 'n slash e que o propósito inicial do La Sortie des usines Lumière à Lyon era que os funcionários se pegassem à porrada no pátio e se estraçalhassem uns aos outros. O problema é que, naquela altura, os actores ainda eram muito amadores, e tiveram alguma dificuldade em decorar o guião que lhes fora dado. Só se lembraram da parte que envolvia sair da fábrica, o que muito desagradou aos dois irmãos Lumière, tendo Louis inclusivamente dito a Auguste: "Merde! Esta gente nunca faz nada daquilo que se lhes manda", nascendo assim o primeiro confito entre actores e realizadores.

Concluo, portanto, com a perspectiva de que As Duas Torres foi o filme que melhor envelheceu na saga d'O Senhor dos Anéis. Exibe porrada vintage, o que é um belo conceito e remete desde logo para a ideia original dos irmãos Lumière de que o cinema deveria ser uma sequência de cenas de batatada entre machos alfa. Quem de mim discordar, o melhor é ir ver filmes com a Barbra Streisand...

3 comentários:

Rafeiro Perfumado disse...

Calma, ainda falta a prequela, o Hobbit. Mas numa coisa concordo contigo, ainda hoje me causa arrepios o olhar que o Sam manda ao Frodo, no fim do primeiro filme, enquanto lhe admirava o cagueiro.

Abraço!

Pulha Garcia disse...

porrada vintage, sim senhor.

(eu curto a personagem do Smigle, esse precious)

Ilda disse...

Eu confesso prestei muito pouca atenção à amizade do Sam com o Frodo, paneleirices... para mim todo o filme é iluminado pelo Aragorn!! My precious!