Em cada 10 vezes que jogo xadrez, perco 9. E as minhas derrotas derivam menos da incompreensão das regras do jogo, e mais dos meus preconceitos de classe.
Vou passar a explicar. O xadrez, como sabem, tem nas suas peças a simbolização dos três estratos da sociedade clássica: há a nobreza (rei, rainha), há o clero (bispo) e há o povo (peões). Acontece que eu, como bom esquerdista que sou, olho para as peças de xadrez de modo vertiginosamente distinto do que elas significam no jogo. Para mim, as peças relativas à nobreza e ao clero são desprezíveis; só tenho interesse verdadeiro no povo (os tais "preconceitos de classe" a que acima aludi). Por isso, quando jogo xadrez, jogo-o ao arrepio de tudo o que o senso comum ditaria a um outro jogador qualquer. Eu não sacrifico um peão para conquistar, sei lá, uma rainha adversária. Sacrifico, isso sim, a minha rainha (essa puta que anda para todos os lados!) para dar cabo de um peão, isto é, um membro do povo adversário, que um azar histórico o tornou meu inimigo (tradução de "azar histórico": um "tirar à sorte" que me coloca com as brancas e o outro jogador com as pretas... algo me diz que não foi exactamente isto que aconteceu com Napoleão e Wellington). Também nunca uso os meus peões para proteger as outras peças, por exemplo, um bispo ou o rei. Não: os meus peões são as minhas peças mais importantes e são as outras que os devem proteger!
Como é óbvio, a realidade do jogo de xadrez nada quer saber da minha ideologia proletária e disto deriva o facto de, em pouco mais de 10 minutos, eu me ver reduzido a quatro ou cinco peões e ao rei, que acaba de levar um xeque-mate de um complot de peças adversárias onde se contam a rainha, as duas torres, um bispo cabrão e pedófilo, e os dois cavalos. E é então que eu percebo ter a minha estratégia falhado redondamente. Sim, tenho todos os peões adversários em meu poder, e muitos dos meus continuam de pé, mas não é isto que conta no xadrez.
Isto merece-me uma reflexão. Ou eu aprendo a viver dentro do sistema e passo a agir de acordo com as regras, explícitas e implícitas, compreendendo nesse processo que as hierarquias estabelecidas devem ser respeitadas, e que o povo estará hoje e sempre abaixo do clero e da nobreza, ou então uma revolução social e popular é precisa, uma revolução que coloque o povo, as pessoas, como alfa e ómega dessa nova sociedade, esmagando a aristocracia e a beataria!
Ou então deixo-me destas coisas e abandono de vez o xadrez, que me faz mal à cabeça...
Vou passar a explicar. O xadrez, como sabem, tem nas suas peças a simbolização dos três estratos da sociedade clássica: há a nobreza (rei, rainha), há o clero (bispo) e há o povo (peões). Acontece que eu, como bom esquerdista que sou, olho para as peças de xadrez de modo vertiginosamente distinto do que elas significam no jogo. Para mim, as peças relativas à nobreza e ao clero são desprezíveis; só tenho interesse verdadeiro no povo (os tais "preconceitos de classe" a que acima aludi). Por isso, quando jogo xadrez, jogo-o ao arrepio de tudo o que o senso comum ditaria a um outro jogador qualquer. Eu não sacrifico um peão para conquistar, sei lá, uma rainha adversária. Sacrifico, isso sim, a minha rainha (essa puta que anda para todos os lados!) para dar cabo de um peão, isto é, um membro do povo adversário, que um azar histórico o tornou meu inimigo (tradução de "azar histórico": um "tirar à sorte" que me coloca com as brancas e o outro jogador com as pretas... algo me diz que não foi exactamente isto que aconteceu com Napoleão e Wellington). Também nunca uso os meus peões para proteger as outras peças, por exemplo, um bispo ou o rei. Não: os meus peões são as minhas peças mais importantes e são as outras que os devem proteger!
Como é óbvio, a realidade do jogo de xadrez nada quer saber da minha ideologia proletária e disto deriva o facto de, em pouco mais de 10 minutos, eu me ver reduzido a quatro ou cinco peões e ao rei, que acaba de levar um xeque-mate de um complot de peças adversárias onde se contam a rainha, as duas torres, um bispo cabrão e pedófilo, e os dois cavalos. E é então que eu percebo ter a minha estratégia falhado redondamente. Sim, tenho todos os peões adversários em meu poder, e muitos dos meus continuam de pé, mas não é isto que conta no xadrez.
Isto merece-me uma reflexão. Ou eu aprendo a viver dentro do sistema e passo a agir de acordo com as regras, explícitas e implícitas, compreendendo nesse processo que as hierarquias estabelecidas devem ser respeitadas, e que o povo estará hoje e sempre abaixo do clero e da nobreza, ou então uma revolução social e popular é precisa, uma revolução que coloque o povo, as pessoas, como alfa e ómega dessa nova sociedade, esmagando a aristocracia e a beataria!
Ou então deixo-me destas coisas e abandono de vez o xadrez, que me faz mal à cabeça...
1 comentário:
A torre simboliza o quê, a opressão do sistema judicial?
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