terça-feira, novembro 08, 2011

Lúcidos comentários sobre as acusações de racismo no futebol

Parece que se instalou a moda. Há poucas semanas, John Terry, do Chelsea, chamou preto ao jogador do Queens Park Rangers Anton Ferdinand, que é efectivamente preto. Dias depois (ou antes, já não me lembro bem) tinha sido Luiz Suarez, do Liverpool, a chamar preto ao Evra, do Man United, sendo que Evra é muito preto. Agora o comportamento viaja até ao campeonato português - infelizmente, o bom futebol, esse, parece que continua pelas ilhas de Sua Majestade, porque cá neste rectângulo à beira mar plantado, só há um clube a jogar bem à bola, e toda a gente sabe que esse clube veste de verde e branco e não é o Vitória de Setúbal.

Foi ontem que vi a notícia: Alan, jogador do Sporting de Braga, veio queixar-se de ter sido insultado por Javi Garcia, o espanholeco do Benfica. Aparentemente, Javi Garcia terá chamado "preto" ao Alan, sendo que Alan é, na verdade, meio preto. Duas coisas merecem ser ditas em relação a isto.

Primeira, qualquer pessoa que, como eu, jogou bastante futebol, viu bastante futebol e pensou bastante em futebol, sabe perfeitamente o que está por detrás destas condutas. Uma visão mais frugal da coisa há-de julgar que estamos perante um caso de racismo, mas esta visão, como digo, mais frugal, não corresponde à realidade das coisas. O que John Terry, Luiz Suarez e agora Javi Garcia quiseram fazer foi, pura e simplesmente, aquilo que em jurisprudência futebolística se chama "provocar a expulsão do adversário", aspecto que atingiu o protagonismo máximo na final do Mundial de 2008, quando Matterazzi, o tresloucado central italiano, chamou "pé preto" ao Zidane e à irmã deste, ambos argelinos de nascimento, tendo como consequência a célebre cabeçada do número 10 francês. Matterazzi conseguiu o que queria e a Itália, recorde-se, foi campeã. É isto que está na base dos insultos racistas: a ideia de que, para obter vantagem em campo tirando um adversário do terreno, vale tudo, inclusivamente chamar preto a quem é meio preto, preto, ou muito preto.

Segunda ideia: costuma-se dizer, entre amigos que, não por acaso, entram a pés juntos na disputa da bola, que o futebol não é para meninas. Significa isto, além da literalidade (o futebol não é mesmo para meninas: as meninas aleijam a sério, pois em vez de acertarem na bola, parece-me fazerem um esforço sincero para apontar às NOSSAS bolas), que para jogar à bola, é preciso alguma virilidade e hombridade para aceitar de bom tom coisas passadas num simples desafio. Quem joga à bola, sabe de antemão que vai levar uns pontapés nas canelas, sofrer umas rasteiras, empurrões, puxões e, claro, apanhar com violência psicológica, cujo exemplo são os insultos. Pela minha experiência pessoal, posso garantir com elevado grau de fiabilidade que fui insultado em todos os jogos nos quais participei. Chamaram-me cabrão, paneleiro, filho da puta, puta, maricas, Francisco Louçã, capado, e um longo etc. E isto só pelos meus próprios companheiros de equipa! (é o que dá não passar a bola a ninguém). Já viram o ridículo que seria eu, no final de cada encontro, vir queixar-me de ter sido insultado? É o mesmo ridículo que estes jogadores de agora, armados em finos, virem para os jornais e televisões queixarem-se de que "aquele menino chamou-me preto, búúúúú, aquele menino é mau". O futebol não foi feito para os queixinhas, pronto, não vale a pena estarem a vitimizar-se: ou estão preparados para todas as envolvências do jogo, ou mais vale ficarem-se pelos balneários.

Para finalizar, uma chamada de atenção: lá por ser esta a minha opinião, acho, de qualquer forma, dever castigar-se o Javi Garcia. Enfim, o gajo é malandro, espanhol, benfiquista e de inclinação sexual duvidosa (só um gajo invertido é que tenta provocar um preto na tentativa de ser por ele agredido. Deve gostar pouco, deve...). Não há lugar para este tipo de gente no futebol, portanto peço desde já a sua suspensão, a começar no próximo jogo do campeonato, que oporá os lamps aos tipos que melhor futebol têm apresentado neste primeiro terço da época. E tenho dito.

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