terça-feira, novembro 15, 2011

Lúcidos comentários sobre The Walking Dead

Grupo de jovens prepara-se para a reunião semanal do círculo heideggeriano do Magoito


A melhor série de ficção dramática a ser exibida por aí é a The Walking Dead, onde sobreviventes de um apocalipse provocado pelo surgimento de zombies tenta perceber o seu lugar no novo mundo, ao mesmo tempo que se defende da ameaça morta viva. Admito que sempre gostei muito da imagética zombie: os zombies servem apenas de pretexto, em forma de carne putrefacta, para qualquer pessoa poder reflectir sobre uma situação limite como a de o planeta no qual vivemos sofrer uma mudança radical, e ser necessário colaborarmos uns com os outros para termos uma réstia de esperança de perpetuação não só nossa enquanto indivíduos mas principalmente enquanto espécie.


"O Vítor Gaspar tirou-nos os subsídios de Natal e de férias?! Como assim, pá?! Vocês agarrem-me senão como-o!"

Mas, como filmes de zombies atrás de filmes de zombies nos têm ensinado - e eu já vi muitos -, a colaboração entre seres humanos nem sempre é fácil de alcançar. Dissidências são inevitáveis, preconceitos vêm ao de cima, discussões sobre a melhor conduta possível são geradas, debates sobre se a teoria da verdade como redundância faz algum sentido levam os sobreviventes à exaustão e, quando menos esperam, têm um zombie à perna a comer-lhes o cérebro (esta última parte da frase parece não estar bem, mas está! Não me chateiem!!!). Os zombies são, no fundo, uma metáfora da realidade e não apenas da defesa do Sporting que apanhou quatro batatas da selecção angolana aqui há uns dias.

Agência Lusa: Zombie magoa-se com gravidade após tentar imitar o penteado de Justin Bieber

The Walking Dead pega no background zombie e fabrica uma série bastante agradável de seguir. As dúvidas das personagens, os choques de personalidades, a escolha utilitarista sobre que acção trará a melhor consequência ou, em alternativa, a menos má e, claro, a mais valia que é zombies a comer pessoas, isso está tudo lá, e muito bem. O espectador, esse, é levado, episódio após episódio, a identificar-se com aquilo que vê, e pela minha parte digo desde já que estou a identificar-me com os zombies. Eu sei bem o que é ser mal visto (não descortino nenhuma diferença entre "ahhh, vêm aí os mortos vivos, fujam" e, como tantas vezes ouvi, "ahhhh, vem aí o Peter of Pan, salve-se quem puder"), mal interpretado e tratado como um ser inferior, o que acontece sempre que as outras pessoas descobrem que sou sportinguista. Tenho, pois, de ter alguma simpatia por eles, simpatia essa acrescida pela circunstância de os zombies, na realidade, serem a classe mais desfavorecida desde que o Marx e o Engels desenvolveram a tese da luta de classes: os zombies não têm mais nada na vida a não ser o desejo de comer. Tudo o que fazem é para se alimentarem; bem diferente, portanto, dos indignados que se manifestam pelas ruas do mundo defendendo o direito a comprarem iPads, iPods, iPhones, iCoisos e tal.

Se nunca viram um episódio de The Walking Dead, informo que a segunda temporada já está no ar, na Fox, e hoje dá mais um episódio. Eu vou estar pregado ao ecrã, e vocês?!

2 comentários:

João Costa disse...

Eu??? gostei muito da 1ª série, mas a 2ª está uma valente cagada!

gonçalo santos disse...

http://consc.net/zombies.html