sexta-feira, março 30, 2012

Os eternos descontentes

Se não chove, é porque não chove; se chove, é porque chove. No fundo, nunca estamos contentes com nada. Lembram-se do final do segundo filme da saga Matrix? E não me refiro só às cenas em que aparece a Monica Bellucci. É mais na parte final, quando o Keanu chega ao posto de comando do Arquitecto e este lhe diz que a primeira versão da Matrix falhou redondamente porque era perfeita (numa clara alusão ao Jardim do Éden). Lembram-se?! Se não se lembram, tenho pena, mas adiante. Ainda há poucos dias, li um romance do Julian Barnes em que um dos últimos capítulos foca um mecanismo semelhante: um tipo morre e vai parar ao Céu. Aquilo lá é tão bom, tão fácil, tão perfeito que o gajo acaba por entediar-se e pede para morrer (partindo do princípio de que se pode morrer quando já se está morto), quer dizer, solicita a uma "anja" que lhe termine com aquela existência ausente de pathos.

E, no fundo, é isto. Somos eternos insatisfeitos. Se algo corre bem, como uma vitória do Sporting, há sempre quem venha relativizar a situação, tipo "bela merda, o jogo de ontem. Devíamos ter espetado uns 5 a 0". Mas, se as coisas correm na perfeição - suponham, por exemplo, que o Sporting ganhava tudo com grandes cabazadas. Eu sei que é difícil, mas imaginem lá só um bocadinho, for the sake of the argument -, parece que ainda é pior. É claro que há alternativas a esta psicologia do infinito descontentamento, mas essas alternativas (budismo? ascetismo? não pensar em futebol?) além de serem estúpidas, não resolvem o problema, apenas lhe viram o rabo.

O segredo, se é que há um segredo, está em aproveitarmos as coisas tal como elas são, em vez de fugirmos delas ou desejarmos mais do que aquilo que recebemos. Se não chove, aproveitamos para passear ao ar livre. Se chove, aproveitamos à mesma para passear ao ar livre, e ainda ganhamos uma lavagem grátis aos sapatos. Se o Sporting ganha só por 2 a 1, dizemos mal do árbitro que assinalou um penálti mesmo a acabar o jogo... não esperem, isto é cair na atitude que venho a criticar. Vou fazer isto de novo: se o Sporting ganha só por 2 a 1, ficamos todos contentes e...

...aaaaaaaaahhhhhhhhhhhhhh, porra! Não dá!!! Também sou, infelizmente, humano demasiado humano. Não dá para ficar contente com aquilo. Bolas... Afinal também fui feito à imagem e semelhança do Medina Carreira. Eu, e vocês todos.

quinta-feira, março 29, 2012

Mole. Estou a ficar mole. Tudo culpa do Sá Pinto

Nada de conotações sexuais no título deste post, está bem?! Estou a ficar mole porque há pouquíssimas horas, dois norte-americanos do mais norte-americano que há, estiveram no meu local de trabalho a fazer norte-americanices e eu não reagi. Quer dizer, nem uma cabeçada naquelas trombas mandei. Nem uma cuspidela tentei. E tenho certeza, toda a certeza, de que a culpa desta minha conduta pacifista perante dois cidadãos do país mais norte-americano do mundo não é do Gandhi, do Dalai Lama, da Madre Teresa ou de qualquer outro reputado defensor da convivência interpessoal e da tolerância: a culpa de eu não reagir violentamente contra quem merece é só e apenas do Sá Pinto. Eu, habituado que estava a ver o Sá Pinto a rebentar com quem quer que lhe aparecesse à frente, estou como que sem reacção ao assistir ao "novo" Sá Pinto, que nem no Bruno Paixão espeta um carimbo. Quando eu penso neste Sá Pinto, torna-se difícil fazer o que qualquer pessoa de bem faria: esganar dois norte-americanos.

É este o exemplo que vou dar aos meus filhos?!?


Maldito Sá Pinto...

terça-feira, março 27, 2012

Os adolescentes de hoje estão todos estragados

Sim, está bem, isto é transversal a todos os adolescentes em todas as épocas (menos na minha, claro, a única onde havia pelo menos um adolescente digno), mas sei lá, parece que os adolescentes de hoje conseguem ainda ser mais estúpidos do que os precedentes.

Vem isto a propósito das reportagens sobre as viagens de finalistas a Lloret del Mar, despertadas pela morte de um rapaz de 17 anos. Tais reportagens insistem sempre nos mesmos pontos: os jovens vão para lá beber, consumir drogas, fazer noitadas, beber mais, conviver e cenas afins. Portanto, deve ser giro, penso eu. Porém, eis que uma estação qualquer resolve colocar imagens com entrevistas a alguns desses jovens (desconheço se tais imagens eram de arquivo ou foram feitas nos dias presentes; também não interessa). Umas mostram jovens, com grandes pielas, incapazes de elaborar uma resposta mais refinada do que "Iá, isto é bué da fixe, bluuuuuurrrrghhh!". E garanto que estas são as respostas mais esclarecidas e informadas. As outras, aquelas que realmente me fazem torcer o nariz a esta geração, discursam sobre o valor de fazer uma viagem a Lloret del Mar através de argumentos que fazem tanto sentido quanto as tácticas do treinador do F.C. Porto. Eis uma dessas "opiniões"

Jovem que foi passar uns dias a Lloret del Mar:"Então, o que eu mais gosto daqui é que há muitos portugueses. A gente, tipo, sente-se em casa".

Ora vamos lá a analisar isto. Pelo que eu percebo, os adolescentes portugueses que vão para Lloret del Mar fazem-no porque, em Lloret del Mar, há muitos adolescentes portugueses. Isso significa uma de três coisas: a) em Portugal não há adolescentes portugueses; b) os adolescentes portugueses são estúpidos; c) em Portugal não há adolescentes portugueses porque eles estão todos em Lloret del Mar à espera de encontrar outros adolescentes portugueses, e são todos estúpidos.

Não, a sério, se é para ir a um sítio onde estão magotes de portugueses, então sai-se de Portugal por quê?! Eu quando saio do meu país, rezo dez ou vinte pais-nossos para não encontrar nenhum tuga quando chegar ao meu destino. De todas essas vezes, fui mal sucedido - e isso, acrescento, é mais uma prova de que não há ninguém lá em cima a escutar as nossas preces. Encontrei sempre lusitanos. Sempre! E é algo tão desanimador que dá logo vontade de voltar para casa. Mas, para os adolescentes portugueses, não só esse desânimo não se coloca, como até é um requisito básico para o seu bem-estar. Portanto, os adolescentes portugueses esmifram-se por viajar para fora, para sair de Portugal, um sítio que - não olhem agora, mas é verdade! - tem montes de portugueses, mas só vão para sítios onde, bem, onde tem de estar outro monte de portugueses.

Vá lá um gajo entender isto...

segunda-feira, março 26, 2012

Sempre fui um tipo muito à frente


E tenho razão, não tenho?!? Quer dizer, agora já são quase 40000 tipos a passar a ponte a pé. Parece que, em boa verdade, já há gente que se gaba de só ter atravessado a ponte por ocasião da maratona, sem nunca ter pago uma portagem que fosse. Quer dizer, todo o santo dia a conversa é: "não sei para que serve aquela ponte", "aquilo só é bom para gastar dinheiro", "eu, passar na 25 de Abril? Livra!", "o mamarracho foi mandado construir pelo Salazar", etc., mas chega-se o dia da maratona da ponte, as pessoas esquecem tudo e vão para lá armar-se em atletas junto de outros tugas que tiveram a mesma ideia. Eu também já fui, por várias vezes, mas só quando aquilo ainda era cool. Agora que está muito mainstream, já não tem tanta piada. Dantes, eu podia estar num grupo de amigos e ser o único a ter atravessado a ponte a pé; hoje em dia, já todos o fizeram. Qual é a graça disso, pá?!

terça-feira, março 20, 2012

Hoje não posso, voltarei mais tarde

agora doem-me os dentes e o Sporting, não necessariamente com a mesma intensidade.

segunda-feira, março 19, 2012

Desmistificar parvoíces ditas por pessoas (1)

Ora vamos lá a ver uma coisa. De entre as muitas cenas que as gajas dizem e que não fazem sentido nenhum (e são mesmo muitas), há duas que, para além de não fazerem sentido, entram mesmo em contradição uma com a outra. Essas cenas são (ler isto com voz de mulher que se dirige a um homem):

a) "Vocês, homens, são todos uns animais"

b) "Vocês, homens, não percebem. Nós mulheres estamos muito mais ligadas à natureza do que vocês"

Sou só eu que vejo aqui uma incoerência? Sou só eu que acho uma coisa não bater com a outra? Sou só eu a julgar que as mulheres não regulam bem quando atacam os homens à conta destes argumentos?! Quer dizer, por um lado, acusam os homens de serem uns animais. Normalmente, elas fazem-no quando nós, machos, desempenhamos uma qualquer acção socialmente menos aceite, mas que, lá por ser socialmente menos aceite, não significa que a acção não seja moralmente correcta nem epistemologicamente certa, ou vice-versa (hã?!?). Coloco neste grupo acções como:
  • coçar os tomates em público
  • arrotar bem alto
  • dizer asneiras durante um jogo de futebol
  • etc.

sempre que fazemos uma destas coisas, ou mesmo todas em simultâneo (vá: confessem que é um desafio giro coçar os tomates, dizer asneiras e arrotar, tudo ao mesmo tempo!!!), é inevitável escutarmos "Vocês, homens, são todos uns animais" em jeito de crítica. Mas, por outro lado, quando censuramos alguma coisa às mulheres, do tipo "mas por que é que compras sapatos novos sempre que há lua cheia?", ou "essas velinhas com cheirinhos espalhadas pela casa servem para quê?", ou ainda "o que é isso de rezar o Pai Nosso sempre que o Pedro Passos Coelho aparece na televisão?!", lá vem a outra resposta: "Vocês, homens, não percebem. Nós estamos muito mais ligadas à natureza do que vocês". E é aqui que a porca torce o rabo. Gajas, prestem bem atenção nisto: não é minimamente coerente acusarem os gajos de serem uns animais para, de seguida, acusarem os mesmos gajos de estarem desligados da natureza! Porque se há ser, ou bicho, ou coiso, que está ligado à natureza, esse ser, ou bicho, ou coiso, é precisamente o animal! E assim, fechando o círculo ao raciocínio, não se pode dizer que um ser, ou bicho, ou coiso, está simultaneamente ligado e desligado da natureza! Não dá, porra! Portanto, vamos lá a ver se se deixam de histórias, está bem?!?!

Amanhã, se me apetecer, vou desmistificar uma das mais poderosas parvoíces ditas por pessoas: aquela de que se pode fazer qualquer coisa estúpida porque "mal não faz".

sexta-feira, março 16, 2012

Resumo do jogo de ontem


Quem me conhece, sabe que sou uma pessoa bastante calma e imparcial quando vejo futebol. É raro, muito raro mesmo, chatear-me por causa de um jogo. MAS ONTEM O CORAÇÃO QUASE NÃO AGUENTAVA. E se o coração quase não aguentou, a cabeça, essa, não resistiu mesmo: festejei os dois golos do Sporting como se fosse uma criança perdida num castelo cheio de doces. Mas o pior foi a segunda parte. Aquela segunda parte... filhos da puta! Só sei que disse mal de toda a gente: dos jogadores do City, dos jogadores do Sporting, do Sá Pinto, do Pedro Passos Coelho (ei, eu sei que ele nada tinha a ver com o que se passava, mas é bom não perder o hábito de dizer mal do primeiro-ministro), eu sei lá. Pior foi quando o palhaço do genro do Maradona marcou o terceiro coiso dos bifes: por essa altura, a gaja - que assistia, ao meu lado, ao desenrolar da partida - estava ao telefone com uma amiga. Mas eu, tipo, desliguei. Quando o Aguero fez o 3 a 2, esqueci as convenções sociais e tudo o resto e soltei-me. Explodi. Gritei: "MAS ESTE FILHO DA PUTA MARCA SEMPRE AO SPORTING" (para os menos familiarizados com a história sportinguista, recordo ter sido este mesmo jogador, o qual anda a comer uma das filhas do melhor futebolista de todos os tempos, o principal responsável por o Sporting, aqui há uns anitos, ter caído aos pés do Atlético Madrid). "QUE GRANDA FILHO DA PUTA". "DÊEM UM TIRO NESTE PANELEIRO D'UM CABRÃO". "PALHAÇO". "FILHO DA PUTA!!!". Enfim, foram estas as coisas de que me lembro de ter dito. Ou melhor, gritado. Sou capaz de ter dito, quer dizer, gritado, outras coisas, mas dessas não me recordo. Só sei que a minha gaja ficou bastante envergonhada, porque a sua interlocutora deve ter perguntado o que se estaria ali a passar. Ainda levei uma cotovelada no estômago, seguida de um "schut! Cala-te", só que eu ausentei-me mesmo da realidade. Naquele momento, interessava mandar o Aguero e toda aquela gente para o sítio de onde haviam nascido. Naquele momento, instalavam-se já as dúvidas sobre a capacidade de resistência do Sporting. Naquele momento, comecei a pensar que, afinal, íamos ficar pelo caminho. E depois, já mesmo à beirinha do fim, no último microssegundo de jogo, o rabeta do guarda-redes deles quase marca. Vi todo o lance em câmara lenta: a cabeçada do guarda-redes, o Patrício a tocar no esférico com a pontinha dos dedos, a bola a encaminhar-se para a baliza, e eu a pensar "NÃO, CARALHO, NÃO, NÃO, NÃO, NÃO ENTRES, MINHA PUTA, NÃO ENTRES, EU DURANTE UM MÊS INTEIRO NÃO DIGO MAL DO PAULO PORTAS SE TU NÃO ENTRARES", e a bola cada vez mais próxima das nossas redes, e o cabrão do locutor da SIC a gritar "É GOLO", e eu "FODA-SE ESTA MERDA TODA" enquanto continuo a seguir a trajectória da redondinha, só para verificar que afinal ela não vai entrar, vai passar ao lado, há dois jogadores do City que ainda tentam chegar à bola mas esta escapa-se-lhes, vai sair, saiu, não foi golo, "VAMOS PASSAR, PORRA", digo eu, e o árbitro apita para o fim, os jogadores do Sporting abraçam-se, eu respiro fundo, a gaja continua ao telefone, de repente o mundo parece-me um local habitável, vejo o Sá Pinto agarrado ao Paulinho, se o sírios virem isto, fazem logo as pazes, a crise desapareceu, o Sporting passou, os petrodólares do City não chegaram, embrulhem, bifes, e eu parecendo que não devo ter perdido uns 20 anos de vida nesta brincadeira.

O pior vai ser mesmo mesmo não abrir a boca por causa do Portas.

Hmmmm, sou só eu, ou esta última frase não soa lá muito bem?!?!?

Bom, não importa. SPOOOOOOOOOOOORTING!

quarta-feira, março 14, 2012

Coisas e pessoas muito estranhas a passarem pelo mundo neste momento

  • Duquesa de Alba
  • Declarações do Miguel Relvas
  • Yannick Djaló
  • O livro daquele puto que estava morto, mas depois já não estava, e que diz ter visto o céu, fosse meu filho levava um daqueles enxertos de porrada que era para ver se não se metia nas drogas logo tão novo, e por falar em drogas, e em porrada, por onde anda a Alexandra Solnado?!
  • José Castelo-Branco
  • O recém-adquirido pacifismo do Sá Pinto
  • Apelos a que as pessoas rezem por chuva
  • O meu cabelo

terça-feira, março 13, 2012

Mas quem é que este presidente da República pensa que é?!

Então não é que o Cavaco, que ficou célebre por andar a dizer que não lia jornais, agora exorta o povo português a ler a Constituição por inteiro?!? Ó Cavaco, e se te fosses coiso, hum?!?... Eu já li a Constituição Portuguesa uma vez e não fiquei particularmente fascinado. Se é para escolher uma obra mal escrita, cheia de leis estúpidas e derivada de uma autoridade para lá de questionável, fico-me antes pela Bíblia. Sempre tem mais piada. E cenas com mamas. Mas ó Cavaco, eu até estou disposto a acatar a tua sugestão desde que haja aqui um trade-off: eu releio a porcaria da Constituição, tal como tu pediste, mas em troca quero que leias toda a Crítica da Razão Pura e me apresentes uma recensão, com não mais de 5 páginas, até à próxima segunda-feira. Que tal? Parece justo?! Acho que sim. Então fica combinado...

sexta-feira, março 09, 2012

Fábulas estúpidas do Peter of Pan (2)

No jardim da cidade, a mamã joaninha encontrava-se muito doente. Todas as outras joaninhas da família voaram, algumas de perto, outras de muito longe, para vê-la. Quando a família chegou à flor onde a mamã joaninha vivia, o vizinho aranhiço foi recebê-las.
- Venham, venham - disse o vizinho aranhiço. - Ela tem estado à vossa espera.
- Obrigado - respondeu uma das joaninhas, entrando todas na flor.
Ficaram muito tristes quando olharam para a mamã joaninha deitada, muito fraca, na sua cama. A mamã joaninha levara uma vida de muito trabalho, a voar daqui para ali, dali para aqui, e ninguém da família estava à espera de vê-la agora assim, prostrada. Uma das joaninhas chegou-se à beira da mamã joaninha e perguntou-lhe:
- Mamã joaninha, mas por que não foi ao hospital?
Com muito esforço, a mamã joaninha elevou ligeiramente uma das suas seis patinhas e, com a voz embargada, contou:
- Eu fui ao hospital, minha filha. - pausou por um momento, para recuperar o fôlego. - Mas as taxas moderadoras estão para além do meu orçamento. - fez nova pausa. - E ninguém dá isenção a uma pobre e velha joaninha como eu.
- É verdade. - continuou o vizinho aranhiço. - Até fui eu que a levei ao hospital. Tentei pagar com fios de teia, mas não aceitaram. Tive de trazê-la de volta, coitadinha.
- Oh, o que vamos fazer?! - perguntou, emocionada, uma das joaninhas. - Podíamos levá-la para Cuba, mas e se ela morre pelo caminho?! E se há uma tempestade e temos de voltar para trás? Pior: e se nos cansamos durante o voo e precisamos de fazer escala na Madeira?!
Todas as outras joaninhas abanaram a cabeça. Ninguém parecia saber o que fazer. A família de joaninhas estava consternada, derrotada, patinhas para baixo e até mesmo a cor rubra dos seus dorsos aparentava, agora, estar menos viva.
Foi então que uma das joaninhas mais novas se lembrou de uma ideia:
- E se emigrássemos?! - lançou a pequenina. - Ouvi no outro dia na televisão um senhor importante a falar que devíamos todos emigrar!
- É verdade, eu também ouvi. - completou o vizinho aranhiço.
- Podíamos levar a mamã joaninha connosco. - retomou a petiza. - Escolhemos um sítio bonito, agradável, não muito longe daqui.
O resto da família, agradada pela sugestão, começou a discutir alternativas. Até a mamã joaninha, como se tivesse recuperado forças, deu alguns nomes. Após poucos minutos, a decisão estava tomada: iam voar até um jardim em Lanzarote, onde a mamã joaninha tinha uns primos, os Don Juanillos. Faltava apenas saber como transportar a mamã joaninha, fraca demais para aguentar um voo tão extenso, e foi aqui que mais uma vez o vizinho aranhiço mostrou ser prestável, pois comprometeu-se a fazer um saco de teia à medida da mamã joaninha, fácil de transportar por todas as suas filhas. Todas agradeceram o trabalho que o vizinho aranhiço teve e, assim que o saco de teia ficou pronto, puseram-se a voar. Poucos dias depois, chegaram ao jardim dos Don Juanillos, onde a mamã joaninha foi muito bem tratada e pôde passar, feliz, os últimos anos da sua vida.
Mas esta história não acaba bem. O vizinho aranhiço, que ficou no jardim onde sempre houvera vivido, começou a aperceber-se de que o jardim só ficara a perder com a migração das joaninhas. Os pulgões, que eram em número pequeno, ao verem-se livres das joaninhas, reproduziram-se incontrolavelmente, e bem depressa devoraram as flores mais bonitas do jardim. Não demorou muito para que todo o jardim da cidade, outrora belo, ficasse reduzido a mero pasto para os pulgões. O próprio vizinho aranhiço teve de abandonar o jardim quando viu a sua orquídea devorada pelos pequenos pulgões, e só a custo conseguiu sair de lá com vida. Mas, infelizmente, o vizinho aranhiço morreu não muito tempo depois, esmagado por um carro quando procurava um sítio para morar.

Moral da história: quando se obriga quem tem valor a emigrar, arrisca-se a que só fiquem cá os parasitas.

quinta-feira, março 08, 2012

Blá, blá, blá e não sei quê (sobre o dia da gaja)

As mulheres são mesmo muita queixinhas, pá. Mais queixinhas do que os dirigentes do Sporting, que andam sempre a queixar-se por tudo e por nada. Mais queixinhas do que o Jorge Jesus, o Rui Costa e o Luís Filipe Vieira depois de perderem um jogo por causa de um lance irregular. Mais queixinhas do que o piegas do Passos Coelho. São queixinhas, pronto. Tudo corre como elas querem, têm tudo aquilo de que precisam, e ainda assim não cessam o choradinho. São mesmo tramadas, as gajas.

Elas têm uma dor de cabeça?! Está bem, pronto, não há brincadeira na cama hoje. O macho respeita.
Elas querem massagenzinhas nos pézinhos? O macho dá.
Elas querem miminhos? O macho dá, mas não conta nunca a ninguém, porque dar miminhos é coisa de gaja.
Elas exigem presentes? O macho endivida-se.
Elas gostam de combinar encontros com as amigas? O macho dá essa liberdade e vai beber umas jolas com os amigos.
Elas chegam a casa com 4 novos pares de sapatos e 3 sacos cheios de roupa acabada de comprar? O macho engole em seco, vira as costas e decide não chatear-se com o assunto (chatear-se com estas coisas é o princípio de uma discussão que pode ter consequências gravíssimas, entre as quais dores de cabeça - ver o item acima), ligando antes a televisão para ver a bola.
Elas moem-nos a tola, exigem as vontadezinhas todas feitas, não aceitam negociações, fazem chantagem física e emocional, ameaçam, retaliam, recorrem à violência, gritam, esperneiam, até acabarem por, numa clara inversão dos papéis que a natureza deixou à disposição das espécies, subjugar o pobre macho. E o macho, bem, o macho aguenta-se à bomboca.

Isto é sempre, sempre assim, mas o que é que acontece? AS MULHERES CONTINUAM A QUEIXAR-SE, E NÃO HÁ DIA EM QUE MOSTREM SER MAIS QUEIXINHAS DO QUE NO DIA DA MULHER, tipo "olhem para nós, somos tão coitadinhas, precisamos de muitos miminhos, massagens, sapatos, roupas, presentes vários, estar com as amigas, hoje é o nosso dia, e é melhor vocês gajos entrarem na onda, senão logo à noite ficamos com dor de cabeça". Que vileza, minha gente, que vileza...

Acho tudo isto muito mal. As mulheres são como aquelas crianças que se portam pessimamente mas ninguém diz nada porque pronto, são fofinhas e bonitinhas e têm mamas e isso. Fazem-nos a vida negra, mas nós continuamos a aguentar. Agora, alguém tem de dizer qualquer coisa quando vêm com esta história do Dia da Mulher. Acabado de chegar ao local de trabalho, estavam a distribuir flores a todas as mulheres que entravam. Ou seja: mais uma vez, premeia-se quem não deve ser premiado, oferecem-se dádivas a quem as recebe todos os dias. O que deveria estar a ser oferecido no Dia da Mulher era um copo de vinho do Porto a todos os homens. Porque nós, homens, é que merecemos por tudo o que penamos devido às mulheres. Mas não: ao homem, ninguém liga. Que injustiça, minha gente, que injustiça...

Por isso, desejo um feliz Dia das Mulheres a todos os homens...









Ah, e a todas as mulheres também, em especial à minha, porque afinal onde estaria eu sem a minha gaja?!?!

quarta-feira, março 07, 2012

As cenas em que penso quando vejo episódios do Walking Dead


Sim, eu sei: tenho a cabeça toda avariada...

terça-feira, março 06, 2012

Um gajo, quando vai almoçar, arrisca-se a escutar alarvidades destas

Saído de uma tipa que estava a almoçar junto de mim:

"Ai, não acho que a coisinha e o coisinho continuem a dar-se bem. Aquilo não é para casar. O coisinho tem cá uma cara de traidor"...

Quase me engasguei com a perna de frango que não estava a comer, sendo eu vegetariano. Como é que uma pessoa, seja homem ou mulher, pode ter cara de traidor(a)?!?!? Expliquem-me, que eu não percebo. Ter cara de parvo, percebe-se. Sinais característicos da parvoíce evidenciam-se: um olhar de... bem, de parvo, cabelo desgrenhado, sorriso de... pois, também de parvo... é fácil ver. Ter cara de puta, percebe-se igualmente: lábios pintados (na maior parte das vezes, mal) com cores garridas, olhar penetrante como quem diz "queres-me contra a parede, é?! 50 euros os primeiros 30 segundos, 100 euros a partir dos seguintes", todo o conjunto se torna óbvio. Mas cara de traidor, pá, isso não estou a ver. Que sinais associados à traição podem ser revelados por um simples rosto?!? E sendo que a traição é um engano, como é que alguém pode ser tão sincero que tem o engano estampado na cara?!?! É uma contradição, não é?!? Pois...

Ainda pensei, enquanto dava mais uma garfada no seitan, esclarecer esta dúvida com a tipa que mandou a atoarda, mas ao olhar melhor para ela, percebi que a sujeita tinha cara de assessor do primeiro-ministro na parte esquerda do rosto e cara de estudante de Erasmus que vai à praia a Sintra durante o fim-de-semana na parte direita, e então achei que não valia a pena meter-me em chatices por coisa tão pouca.

Já agora, termino dizendo que o Passos Coelho tem cara de José Sócrates, e isto também se percebe.

segunda-feira, março 05, 2012

Diz-se por aí que o Gordon Ramsay é malcriado

e eu digo que ele é o mocito mais bem comportado do mundo comparado comigo quando cozinho. Nem o Sá Pinto chamou tantos nomes ao Artur Jorge quanto eu chamo aos ingredientes, ao fogão e às panelas.

sexta-feira, março 02, 2012

F¨ck my ass and call me a b¨tch

Acabei de falar com uma personalidade muito importante do nosso espectro comentadeiro político-partidário (não, não digo quem era) e esqueci-me de mandá-lo para a c*na da mãe dele, mais o c*r*lho que o f*da. A última vez que perdi uma oportunidade destas foi com o Durão Barroso, ainda antes de ele ter ido para primeiro-ministro e também muito antes de ele ter ido para a Comissão Europeia. E eu acho que as coisas estão ligadas: tivesse eu mandado o Durão Barroso para a p*ta que o pariu, ou enfiado um bruta calduço naquele cachaço, estaria ele hoje amochadinho a fazer a travessia do deserto político. Não acreditam?! Uma vez, mandei um pisão no Demétrio Alves (antiga figura de destaque do PCP) e pouco tempo depois ele foi mandado embora da Câmara Municipal de Loures; outra vez, dei um encontrão no Marques Mendes (sim, está bem, foi sem querer; na verdade, eu não o vira. Quem lhe manda ser pequininicho?!?) e agora ninguém quer saber dele. Está tudo ligado, está tudo ligado...

quinta-feira, março 01, 2012

Eu percebo: não apareciam há tanto tempo que agora a gente até estranha!

À saída da estação de comboio, uma senhora vira-se para mim:

Senhora: Desculpe, desculpe: pode ajudar-me? Que coisas brancas e cinzentas são aquelas ali no céu?! Estou com tanto medo...
Eu: Nuvens?!?!
Senhora: Ah...