a) "Vocês, homens, são todos uns animais"
b) "Vocês, homens, não percebem. Nós mulheres estamos muito mais ligadas à natureza do que vocês"
Sou só eu que vejo aqui uma incoerência? Sou só eu que acho uma coisa não bater com a outra? Sou só eu a julgar que as mulheres não regulam bem quando atacam os homens à conta destes argumentos?! Quer dizer, por um lado, acusam os homens de serem uns animais. Normalmente, elas fazem-no quando nós, machos, desempenhamos uma qualquer acção socialmente menos aceite, mas que, lá por ser socialmente menos aceite, não significa que a acção não seja moralmente correcta nem epistemologicamente certa, ou vice-versa (hã?!?). Coloco neste grupo acções como:
- coçar os tomates em público
- arrotar bem alto
- dizer asneiras durante um jogo de futebol
- etc.
sempre que fazemos uma destas coisas, ou mesmo todas em simultâneo (vá: confessem que é um desafio giro coçar os tomates, dizer asneiras e arrotar, tudo ao mesmo tempo!!!), é inevitável escutarmos "Vocês, homens, são todos uns animais" em jeito de crítica. Mas, por outro lado, quando censuramos alguma coisa às mulheres, do tipo "mas por que é que compras sapatos novos sempre que há lua cheia?", ou "essas velinhas com cheirinhos espalhadas pela casa servem para quê?", ou ainda "o que é isso de rezar o Pai Nosso sempre que o Pedro Passos Coelho aparece na televisão?!", lá vem a outra resposta: "Vocês, homens, não percebem. Nós estamos muito mais ligadas à natureza do que vocês". E é aqui que a porca torce o rabo. Gajas, prestem bem atenção nisto: não é minimamente coerente acusarem os gajos de serem uns animais para, de seguida, acusarem os mesmos gajos de estarem desligados da natureza! Porque se há ser, ou bicho, ou coiso, que está ligado à natureza, esse ser, ou bicho, ou coiso, é precisamente o animal! E assim, fechando o círculo ao raciocínio, não se pode dizer que um ser, ou bicho, ou coiso, está simultaneamente ligado e desligado da natureza! Não dá, porra! Portanto, vamos lá a ver se se deixam de histórias, está bem?!?!
Amanhã, se me apetecer, vou desmistificar uma das mais poderosas parvoíces ditas por pessoas: aquela de que se pode fazer qualquer coisa estúpida porque "mal não faz".
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