sexta-feira, março 16, 2012

Resumo do jogo de ontem


Quem me conhece, sabe que sou uma pessoa bastante calma e imparcial quando vejo futebol. É raro, muito raro mesmo, chatear-me por causa de um jogo. MAS ONTEM O CORAÇÃO QUASE NÃO AGUENTAVA. E se o coração quase não aguentou, a cabeça, essa, não resistiu mesmo: festejei os dois golos do Sporting como se fosse uma criança perdida num castelo cheio de doces. Mas o pior foi a segunda parte. Aquela segunda parte... filhos da puta! Só sei que disse mal de toda a gente: dos jogadores do City, dos jogadores do Sporting, do Sá Pinto, do Pedro Passos Coelho (ei, eu sei que ele nada tinha a ver com o que se passava, mas é bom não perder o hábito de dizer mal do primeiro-ministro), eu sei lá. Pior foi quando o palhaço do genro do Maradona marcou o terceiro coiso dos bifes: por essa altura, a gaja - que assistia, ao meu lado, ao desenrolar da partida - estava ao telefone com uma amiga. Mas eu, tipo, desliguei. Quando o Aguero fez o 3 a 2, esqueci as convenções sociais e tudo o resto e soltei-me. Explodi. Gritei: "MAS ESTE FILHO DA PUTA MARCA SEMPRE AO SPORTING" (para os menos familiarizados com a história sportinguista, recordo ter sido este mesmo jogador, o qual anda a comer uma das filhas do melhor futebolista de todos os tempos, o principal responsável por o Sporting, aqui há uns anitos, ter caído aos pés do Atlético Madrid). "QUE GRANDA FILHO DA PUTA". "DÊEM UM TIRO NESTE PANELEIRO D'UM CABRÃO". "PALHAÇO". "FILHO DA PUTA!!!". Enfim, foram estas as coisas de que me lembro de ter dito. Ou melhor, gritado. Sou capaz de ter dito, quer dizer, gritado, outras coisas, mas dessas não me recordo. Só sei que a minha gaja ficou bastante envergonhada, porque a sua interlocutora deve ter perguntado o que se estaria ali a passar. Ainda levei uma cotovelada no estômago, seguida de um "schut! Cala-te", só que eu ausentei-me mesmo da realidade. Naquele momento, interessava mandar o Aguero e toda aquela gente para o sítio de onde haviam nascido. Naquele momento, instalavam-se já as dúvidas sobre a capacidade de resistência do Sporting. Naquele momento, comecei a pensar que, afinal, íamos ficar pelo caminho. E depois, já mesmo à beirinha do fim, no último microssegundo de jogo, o rabeta do guarda-redes deles quase marca. Vi todo o lance em câmara lenta: a cabeçada do guarda-redes, o Patrício a tocar no esférico com a pontinha dos dedos, a bola a encaminhar-se para a baliza, e eu a pensar "NÃO, CARALHO, NÃO, NÃO, NÃO, NÃO ENTRES, MINHA PUTA, NÃO ENTRES, EU DURANTE UM MÊS INTEIRO NÃO DIGO MAL DO PAULO PORTAS SE TU NÃO ENTRARES", e a bola cada vez mais próxima das nossas redes, e o cabrão do locutor da SIC a gritar "É GOLO", e eu "FODA-SE ESTA MERDA TODA" enquanto continuo a seguir a trajectória da redondinha, só para verificar que afinal ela não vai entrar, vai passar ao lado, há dois jogadores do City que ainda tentam chegar à bola mas esta escapa-se-lhes, vai sair, saiu, não foi golo, "VAMOS PASSAR, PORRA", digo eu, e o árbitro apita para o fim, os jogadores do Sporting abraçam-se, eu respiro fundo, a gaja continua ao telefone, de repente o mundo parece-me um local habitável, vejo o Sá Pinto agarrado ao Paulinho, se o sírios virem isto, fazem logo as pazes, a crise desapareceu, o Sporting passou, os petrodólares do City não chegaram, embrulhem, bifes, e eu parecendo que não devo ter perdido uns 20 anos de vida nesta brincadeira.

O pior vai ser mesmo mesmo não abrir a boca por causa do Portas.

Hmmmm, sou só eu, ou esta última frase não soa lá muito bem?!?!?

Bom, não importa. SPOOOOOOOOOOOORTING!

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