Se não chove, é porque não chove; se chove, é porque chove. No fundo, nunca estamos contentes com nada. Lembram-se do final do segundo filme da saga Matrix? E não me refiro só às cenas em que aparece a Monica Bellucci. É mais na parte final, quando o Keanu chega ao posto de comando do Arquitecto e este lhe diz que a primeira versão da Matrix falhou redondamente porque era perfeita (numa clara alusão ao Jardim do Éden). Lembram-se?! Se não se lembram, tenho pena, mas adiante. Ainda há poucos dias, li um romance do Julian Barnes em que um dos últimos capítulos foca um mecanismo semelhante: um tipo morre e vai parar ao Céu. Aquilo lá é tão bom, tão fácil, tão perfeito que o gajo acaba por entediar-se e pede para morrer (partindo do princípio de que se pode morrer quando já se está morto), quer dizer, solicita a uma "anja" que lhe termine com aquela existência ausente de pathos.
E, no fundo, é isto. Somos eternos insatisfeitos. Se algo corre bem, como uma vitória do Sporting, há sempre quem venha relativizar a situação, tipo "bela merda, o jogo de ontem. Devíamos ter espetado uns 5 a 0". Mas, se as coisas correm na perfeição - suponham, por exemplo, que o Sporting ganhava tudo com grandes cabazadas. Eu sei que é difícil, mas imaginem lá só um bocadinho, for the sake of the argument -, parece que ainda é pior. É claro que há alternativas a esta psicologia do infinito descontentamento, mas essas alternativas (budismo? ascetismo? não pensar em futebol?) além de serem estúpidas, não resolvem o problema, apenas lhe viram o rabo.
O segredo, se é que há um segredo, está em aproveitarmos as coisas tal como elas são, em vez de fugirmos delas ou desejarmos mais do que aquilo que recebemos. Se não chove, aproveitamos para passear ao ar livre. Se chove, aproveitamos à mesma para passear ao ar livre, e ainda ganhamos uma lavagem grátis aos sapatos. Se o Sporting ganha só por 2 a 1, dizemos mal do árbitro que assinalou um penálti mesmo a acabar o jogo... não esperem, isto é cair na atitude que venho a criticar. Vou fazer isto de novo: se o Sporting ganha só por 2 a 1, ficamos todos contentes e...
...aaaaaaaaahhhhhhhhhhhhhh, porra! Não dá!!! Também sou, infelizmente, humano demasiado humano. Não dá para ficar contente com aquilo. Bolas... Afinal também fui feito à imagem e semelhança do Medina Carreira. Eu, e vocês todos.
E, no fundo, é isto. Somos eternos insatisfeitos. Se algo corre bem, como uma vitória do Sporting, há sempre quem venha relativizar a situação, tipo "bela merda, o jogo de ontem. Devíamos ter espetado uns 5 a 0". Mas, se as coisas correm na perfeição - suponham, por exemplo, que o Sporting ganhava tudo com grandes cabazadas. Eu sei que é difícil, mas imaginem lá só um bocadinho, for the sake of the argument -, parece que ainda é pior. É claro que há alternativas a esta psicologia do infinito descontentamento, mas essas alternativas (budismo? ascetismo? não pensar em futebol?) além de serem estúpidas, não resolvem o problema, apenas lhe viram o rabo.
O segredo, se é que há um segredo, está em aproveitarmos as coisas tal como elas são, em vez de fugirmos delas ou desejarmos mais do que aquilo que recebemos. Se não chove, aproveitamos para passear ao ar livre. Se chove, aproveitamos à mesma para passear ao ar livre, e ainda ganhamos uma lavagem grátis aos sapatos. Se o Sporting ganha só por 2 a 1, dizemos mal do árbitro que assinalou um penálti mesmo a acabar o jogo... não esperem, isto é cair na atitude que venho a criticar. Vou fazer isto de novo: se o Sporting ganha só por 2 a 1, ficamos todos contentes e...
...aaaaaaaaahhhhhhhhhhhhhh, porra! Não dá!!! Também sou, infelizmente, humano demasiado humano. Não dá para ficar contente com aquilo. Bolas... Afinal também fui feito à imagem e semelhança do Medina Carreira. Eu, e vocês todos.
2 comentários:
Já o outro dizia: Sé estamos bem aonde não estamos!
* Só
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