Os tempos de hoje estão maus, bem o sabemos, mas nada que se compare ao que era antigamente. Na Idade Média, então... bem, aquilo era do piorio. Como é que eu sei?! Tenho um antepassado que viveu nessa época e ele conta-me umas coisas durante as sessões espíritas por mim feitas com o propósito de invocar o espírito do Peyroteo. Eram mesmo beras, as coisas. O estrume fazia as vezes de sais de banho, as batatas ainda não existiam, porque os descobrimentos não haviam sido descobertos, de modos que ninguém comia batatas fritas, a mortalidade infantil era elevada, a violência era o pão nosso de cada dia, e já nem falo nos padres, que tinham por hábito abusar de mulheres e crianças. Nada a ver com os nossos dias, portanto... Hã?! Pois...
O meu antepassado já me narrou umas histórias giras. Por exemplo, uma vez estava ele na aldeia e passa um exército de francos que andavam numa demanda por não se sabe bem o quê. Resolveram estacionar ali, comer e beber à conta e que nenhum dos aldeões piasse! O meu antepassado ainda piou um bocadinho: "Ó senhores francos, que chatos, pá. Nós estamos ocupados a ser explorados pelo nosso senhor feudal, não dá jeito nenhum agora perdermos tempo convosco, não é má vontade nossa, é que hoje ainda temos de levar umas colheitas e sermos chicoteados". O resultado foi levar uma bota na tola. Mas pronto, ao menos queixou-se, como eu o compreendo.
Para as mulheres, então, era tudo pior. O meu antepassado conta histórias escabrosas. Como esta: estava uma jovem a lavar a roupa no rio quando surge um soldado navarro. E deu-se este diálogo, que o meu antepassado decorou palavra por palavra enquanto estava acocorado por detrás duns arbustos a aliviar a tripa:
Soldado: Olá, minha menina. Por aqui sozinha?
Moça: Não me incomode, estou a lavar as vestes de meu pai e de meus irmãos e atrasar-me não posso, senão serei punida com severidade.
Soldado: Oh, que pena. Mas olha, bela fémea, a mim estava a apetecer violar alguém.
Moça: Entendo, viril soldado. Deixe-me só acabar de lavar a crespina do meu irmão mais novo.
Soldado: Eu espero, gentil rapariga.
Moça: Já está. Faça então o favor de me violar. Mas seja rápido, não posso mesmo atrasar-me muito. Já fui violada três vezes hoje e só eu sei como isso atrasa o meu trabalho. E depois o meu pai não acredita. "Inventas sempre essas histórias de violação. Sempre desculpas atrás de desculpas. Ah, por que não saíste um rapaz como os teus irmãos?!", está sempre a dizer-me.
Soldado: Serei rápido, serei. O mesmo já não posso dizer dos meus 200 companheiros que vêm lá atrás.
Moça: Oh, f***-se.
Triste retrato, é verdade, mas as coisas eram como eram. Portanto, há que relativizar sempre a ruindade contemporânea. Por muito que o Vítor Gaspar e o Godinho Lopes se esforcem - e todos sabemos quão bem se têm esforçado - estamos longe da negritude da Idade das Trevas.
Espero que este post vos tenha animado. Até amanhã.
O meu antepassado já me narrou umas histórias giras. Por exemplo, uma vez estava ele na aldeia e passa um exército de francos que andavam numa demanda por não se sabe bem o quê. Resolveram estacionar ali, comer e beber à conta e que nenhum dos aldeões piasse! O meu antepassado ainda piou um bocadinho: "Ó senhores francos, que chatos, pá. Nós estamos ocupados a ser explorados pelo nosso senhor feudal, não dá jeito nenhum agora perdermos tempo convosco, não é má vontade nossa, é que hoje ainda temos de levar umas colheitas e sermos chicoteados". O resultado foi levar uma bota na tola. Mas pronto, ao menos queixou-se, como eu o compreendo.
Para as mulheres, então, era tudo pior. O meu antepassado conta histórias escabrosas. Como esta: estava uma jovem a lavar a roupa no rio quando surge um soldado navarro. E deu-se este diálogo, que o meu antepassado decorou palavra por palavra enquanto estava acocorado por detrás duns arbustos a aliviar a tripa:
Soldado: Olá, minha menina. Por aqui sozinha?
Moça: Não me incomode, estou a lavar as vestes de meu pai e de meus irmãos e atrasar-me não posso, senão serei punida com severidade.
Soldado: Oh, que pena. Mas olha, bela fémea, a mim estava a apetecer violar alguém.
Moça: Entendo, viril soldado. Deixe-me só acabar de lavar a crespina do meu irmão mais novo.
Soldado: Eu espero, gentil rapariga.
Moça: Já está. Faça então o favor de me violar. Mas seja rápido, não posso mesmo atrasar-me muito. Já fui violada três vezes hoje e só eu sei como isso atrasa o meu trabalho. E depois o meu pai não acredita. "Inventas sempre essas histórias de violação. Sempre desculpas atrás de desculpas. Ah, por que não saíste um rapaz como os teus irmãos?!", está sempre a dizer-me.
Soldado: Serei rápido, serei. O mesmo já não posso dizer dos meus 200 companheiros que vêm lá atrás.
Moça: Oh, f***-se.
Triste retrato, é verdade, mas as coisas eram como eram. Portanto, há que relativizar sempre a ruindade contemporânea. Por muito que o Vítor Gaspar e o Godinho Lopes se esforcem - e todos sabemos quão bem se têm esforçado - estamos longe da negritude da Idade das Trevas.
Espero que este post vos tenha animado. Até amanhã.
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