A primeira está na associação da definição (2) à indefinição (mais de), fazendo deste o número mais volátil da história da aritmética. Diria mais: uma tal mutabilidade dota este valor de algo que eu suspeitava impossível - um certo cunho orgânico.
A segunda qualidade reside em, com este número, se poder passar a bola para o campo do adversário. Essa foi a grande jogada de António Costa: ao responder "mais de duas vezes", deixou deputados, jornalistas, comentadores e até mesmo o Luiz Felipe Scolari a fazer contas, na tentativa de saber se os telefonemas tinham sido 3, 1000000000 ou 2,16 (não é claro que o "mais de dois" seja inteiro).
Deixo para vós as restantes qualidades. Como vêem, já estou a apanhar o jeito... Fico agora à espera que os especialistas se pronunciem. Já estou a ver o Stephen Hawking passar a defender nas suas obras que o Universo tem "mais de dois anos", ou o João Magueijo a sustentar as "mais de duas velocidades" da luz. E, acredito, não tardaremos a ver este "número António Costa" aplicado em distintos campos: Isaltino Morais começará a dizer que a conta do seu sobrinho na Suiça somava "mais de dois euros", Elsa Raposo confessará ter dormido com "mais de dois homens" e João Vieira Pinto passará a contar, à boca pequena, o quanto adora mandar "mais de duas" na Mariza Cruz.
Por tudo isto, não se surpreendam se este ano o nosso Ministro António Costa receber um Prémio Nobel. Quem sabe, até pode ser contemplado com mais de dois!
Eterno Entorno
1 comentário:
Perdoem-me a redundância, mas.... AHAHAHAHAHAHAH!
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