quarta-feira, setembro 30, 2009

Fim da Bolha, seguido de Air Guitar

Tenho um comunicado a fazer ao país e, ao contrário do que ocorreu com um certo Presidente da República ontem, o meu possui mesmo conteúdo e é inteligível pelas outras pessoas.

A chata, incomodativa e dolorosa bolha que durante os últimos dias quase me fez enlouquecer desapareceu, dando lugar a uma mistela de pele seca e flácida, sangue pisado, um líquido creme e viscoso que não pode ser qualificado como pus, mas que eu também não sei o que é, e pedaços de tecido muscular. Enfim, uma nojeira, mas muito longe da repugnância provocada por aquela coisa que as mulheres deitam uma vez por mês, e além disso já não me dói o pé!

Aproveito para agradecer ao sapato que esborrachou a bolha e à meia que a asfixiou (nada democraticamente). E, como sou um gajo generoso, estendo os meus agradecimentos a pessoas como os deputados da República do Suriname e aos jogadores de pólo aquático da antiga Samoa Ocidental, que tantas preocupações manifestaram quando souberam que eu tinha uma bolha no pé. Bem hajam!

***

Findo aquele assunto, partilho convosco outro. Já vos oiço a gritar de alegria e a dizer aos vossos colegas de trabalho, "Uau, hoje temos dois temas parvos no Peter of Pan. Dois!!!! Estou tão feliz que nem vou tomar banho durante todo o mês de Outubro!". Calma, rapaziada! Não se excitem. E, sobretudo, tomem banho. Trata-se apenas de um fait-divers, parvo certamente, mas ainda assim de pouca importância.

É o seguinte: aqueles que leram o meu post duplo de ontem sabem que, nestes dias, não caibo em mim de contente, pois ando a apreciar o mais recente disco da minha banda favorita. Ora, um hábito que eu tenho quando escuto música é fazer air guitar! E o que é o air guitar, perguntam-me vocês, com total ignorância?! Pois bem, air guitar é aquele comportamento que se caracteriza por acompanhar a música tocando uma guitarra imaginária. Podem ver uma ilustração de tal demência abaixo:


Então, dizia eu, encontrava-me a fazer exactamente isto enquanto ouvia a última obra-prima dos Paradise Lost quando entra a minha gaja na sala. Reacção dela (e vejam lá até onde pode ir a imaginação de uma mulher): "Ouve lá, ó meu parvalhão, o que é que estás a fazer?!?! Tu estás a bater uma?!?!?!? Olha que não serei eu a lavar a carpete!!!"

Sintomático, não é?! Um gajo já não pode estar sossegado a ouvir música que há sempre quem apareça para lhe estragar o momento... É claro que tive de explicar à gaja que há uma diferença enorme entre esgalhar uma e tocar air guitar, porém acho que a convenci tanto quanto o Cavaco convenceu ontem os portugueses.

Daí ter de lançar um pequeno apelo: solidarizem-se comigo e expliquem, na caixa de comentários, que air guitar e punheta são actividades que nada têm a ver uma com a outra, embora ambas dêem prazer e sejam anatemizadas pelo João César das Neves. Pode ser que ela fique convencida por opiniões exteriores à minha, e deixe de me chamar "tarado" cada vez que eu quero acompanhar com gestos as músicas que meto a tocar na aparelhagem.

Vá lá, façam isso por mim...

terça-feira, setembro 29, 2009

A lei das compensações (2) - Versão para elas

[ver também o post abaixo]

Se leram o longo desabafo que aqui publiquei ontem, cedo entenderam que passei por dois dias de intenso sofrimento. Ora, mas há na consciência ocidental, porventura devido à tradição cristã, a noção de que a dada altura o sofrimento é recompensado. É por esse motivo que se pensa que o céu é feito para os pobres, isto é, aqueles que penam muito nesta vida e neste mundo. Eu, pessoalmente, não ligo lhufas a estas patranhas, porque o que para mim conta é precisamente a felicidade nesta vida e neste mundo, quero lá saber do outro, que mais do que provavelmente nem existe! Achar bem sofrer aqui e agora, ou seja, enquanto somos vivos, só para depois, sabe-se lá quando, ter uma existência agradável depois de mortos, é algo que não entra na minha cabecinha. É como olhar para a lenga-lenga da Floribella "sou pobre em ouro, mas rica em sonhos" e julgar que mais vale ter estes do que aquele. Quem pensa assim, deveria tentar ir ao supermercado fazer as compras da semana só com os sonhos de segunda-feira dentro da carteira. Além disso, a Floribella atura o Djaló, o que já dá para ver que não tem muito juízo naquela mioleirinha.

Bom, mas gostemos ou não gostemos, acreditemos ou não acreditemos, a verdade é que por vezes acabamos por ser recompensados pelo que sofremos. Se eu recentemente passei as passas do Algarve, motivado por um fim-de-semana desastroso, que entre outras coisas me levou a responder sempre à pergunta "Então, como correu o teu fim-de-semana?" com um lacónico "Caguei um pé. Fiquei sem um chinelo. A família da gaja emborcou todo o álcool que havia lá em casa, nem a garrafa de etílico escapou. O Sporting perdeu... com o Porto. O Benfica ganhou... por 5 a 0. Fiquei com uma camisa tingida de cor-de-rosa. Quis sacar um filme porno e já no fim a luz caiu. O Sócrates ganhou as eleições. O CDS/PP também. E por fim nasceu-me uma bolhonga no raio do pé!", ontem quando cheguei a casa não pude senão concluir que tudo valeu a pena!!!! É que, supresa das surpresas, tinha na caixa do correio o novo e brilhante álbum da minha banda predilecta de todos os tempos, e isso fez de mim um homem feliz e levou-me a esquecer tudo.

"Mas", perguntar-me-ão vocês, "que fantástica banda é essa, que som espantoso é que eles executam, e como pode um mero cd fazer esquecer tudo aquilo por que passaste nos dois dias anteriores? Como podes tu achar que uma rodela de plástico contendo uma hora de música é compensação por 48 horas de intenso sofrimento?"
É uma boa pergunta, sem dúvida, e em vez de responder directamente a ela, vou valer-me de uma pequena imagem.

Imaginem que estão a passear pela rua. Nisto, chega-vos o Reynaldo Gianecchini ao pé e convida-vos a irem visitar a casa dele. Pelo caminho, vão flirtando. Chegados a casa dele, são brindados com uma visita guiada. "Aqui é a cozinha", diz o Reynaldo, e mal vocês passam a porta deparam com o Wentworth Miller, só com um avental a cobrir o corpo, a confeccionar uma mousse de chocolate. Cumprimentam-no ao longe, e ele languidamente vira-se, pega na colher de pau, lambe-a e deixa-se salpicar no peito com uns pingos de mousse, enquanto sorri maliciosamente. Depois, são conduzidos pelo Reynaldo ao W.C. "Aqui são os lavabos", explica ele, e apercebem-se de água a correr. Espreitam lá para dentro e entrevêem, na banheira, a silhueta do Ricardo Pereira, despejando sensualmente pelos músculos uma mistura de água e espuma. De seguida, o Reynaldo arrasta-vos para o quarto: "Este é o quarto de dormir", e observam que na cama estão duas figuras masculinas a dormir, nuas em pêlo mas sem conseguirem decifrar os rostos. Perguntam ao Reynaldo de quem se trata e ele responde-vos que são o George Clooney e o Brad Pitt a descansarem após terem arranjado a canalização lá de casa, e que mais tarde juntar-se-ão a eles. Quando pensam que as coisas não podem ficar melhores, o Reynaldo convida-vos a ver a última divisão, uma mistura de sala de estar com sala de jogos. Junto de uma das paredes, encontramos o Robbie Williams e o David Beckham vestidos só com uma cuequinha branca a enfiarem frutos com caroço pelo cu da Carolina Patrocínio acima.

Captaram esta imagem?!? Penso que sim. Não estarei enganado ao afirmar que isto é o sonho de qualquer mulher, o máximo de prazer que qualquer mortal poderá aguentar. Ora, ISTO é o que eu sinto quando ouço os discos destes senhores abaixo:Sim, parece que já vos estou a ouvir "Urgh, que mau aspecto, que horríveis! E TU gostas disto?!?". E eu digo: calem-se, pá! Estes gajos são os maiores. Eu, que sou um heterossexual daqueles que mais heterossexual não há, faria de bom grado um bico a cada um destes gajos se eles por acaso mo pedissem! (pronto, também faria o mesmo ao Liédson. E ao João Moutinho. E ao George Orwell, se ainda fosse vivo. Ah, se apanhar o gajo bem conservado no túmulo, também o faço. Bom, mas adiante. Continuo a ser um heterossexual distinto!) Por isso, sim, valeu a pena passar o fim-de-semana de degredo só para agora ser agraciado com o novo petardo destes génios! A lei das compensações afinal funciona, e saí recompensado por toda aquela dor. Enquanto o cd abaixo não sair da aparelhagem, tudo está bem... Até podem pôr o Santana Lopes novamente como presidente da Câmara de Lisboa, see if I care...
P.S.: Cdzorro do caraças, pá!!!!!!!

A lei das compensações (1) - Versão para eles

[ver também o post acima]

Se leram o longo desabafo que aqui publiquei ontem, cedo entenderam que passei por dois dias de intenso sofrimento. Ora, mas há na consciência ocidental, porventura devido à tradição cristã, a noção de que a dada altura o sofrimento é recompensado. É por esse motivo que se pensa que o céu é feito para os pobres, isto é, aqueles que penam muito nesta vida e neste mundo. Eu, pessoalmente, não ligo lhufas a estas patranhas, porque o que para mim conta é precisamente a felicidade nesta vida e neste mundo, quero lá saber do outro, que mais do que provavelmente nem existe! Achar bem sofrer aqui e agora, ou seja, enquanto somos vivos, só para depois, sabe-se lá quando, ter uma existência agradável depois de mortos, é algo que não entra na minha cabecinha. É como olhar para a lenga-lenga da Floribella "sou pobre em ouro, mas rica em sonhos" e julgar que mais vale ter estes do que aquele. Quem pensa assim, deveria tentar ir ao supermercado fazer as compras da semana só com os sonhos de segunda-feira dentro da carteira. Além disso, a Floribella atura o Djaló, o que já dá para ver que não tem muito juízo naquela mioleirinha.

Bom, mas gostemos ou não gostemos, acreditemos ou não acreditemos, a verdade é que por vezes acabamos por ser recompensados pelo que sofremos. Se eu recentemente passei as passas do Algarve, motivado por um fim-de-semana desastroso, que entre outras coisas me levou a responder sempre à pergunta "Então, como correu o teu fim-de-semana?" com um lacónico "Caguei um pé. Fiquei sem um chinelo. A família da gaja emborcou todo o álcool que havia lá em casa, nem a garrafa de etílico escapou. O Sporting perdeu... com o Porto. O Benfica ganhou... por 5 a 0. Fiquei com uma camisa tingida de cor-de-rosa. Quis sacar um filme porno e já no fim a luz caiu. O Sócrates ganhou as eleições. O CDS/PP também. E por fim nasceu-me uma bolhonga no raio do pé!", ontem quando cheguei a casa não pude senão concluir que tudo valeu a pena!!!! É que, supresa das surpresas, tinha na caixa do correio o novo e brilhante álbum da minha banda predilecta de todos os tempos, e isso fez de mim um homem feliz e levou-me a esquecer tudo.

"Mas", perguntar-me-ão vocês, "que fantástica banda é essa, que som espantoso é que eles executam, e como pode um mero cd fazer esquecer tudo aquilo por que passaste nos dois dias anteriores? Como podes tu achar que uma rodela de plástico contendo uma hora de música é compensação por 48 horas de intenso sofrimento?"
É uma boa pergunta, sem dúvida, e em vez de responder directamente a ela, vou valer-me de uma pequena imagem.

Imaginem que estão a passear pela rua. Nisto, chega-vos a Scarlett Johansson ao pé e convida-vos a irem visitar a casa dela. Pelo caminho, vão flirtando. Chegados a casa dela, são brindados com uma visita guiada. "Aqui é a cozinha", diz a Scarlett, e mal vocês passam a porta deparam com a Monica Bellucci, só com um avental a cobrir o corpo, a confeccionar uma mousse de chocolate. Cumprimentam-na ao longe, e ela languidamente vira-se, pega na colher de pau, lambe-a e deixa-se salpicar no peito com uns pingos de mousse, enquanto sorri maliciosamente. Depois, são conduzidos pela Scarlett ao W.C. "Aqui são os lavabos", explica ela, e apercebem-se de água a correr. Espreitam lá para dentro e entrevêem, na banheira, a silhueta da Cláudia Vieira, despejando sensualmente pelo corpinho uma mistura de água e espuma. De seguida, a Scarlett arrasta-vos para o quarto: "Este é o quarto de dormir", e observam que na cama estão duas figuras em posições muito íntimas. Perguntam à Scarlett de quem se trata e ela responde-vos que são a Salma Hayek e a Shakira na brincadeira, e que mais tarde juntar-se-ão a elas. Quando pensam que as coisas não podem ficar melhores, a Scarlett convida-vos a ver a última divisão, uma mistura de sala de estar com sala de jogos. Junto de uma das paredes, encontramos a Christina Aguilera e a Laetitia Casta vestidas de cabedal a enfiarem pepinos pelo cu do Pinto da Costa acima.

Captaram esta imagem?!? Penso que sim. Não estarei enganado ao afirmar que isto é o sonho de qualquer homem, o máximo de prazer que qualquer mortal poderá aguentar. Ora, ISTO é o que eu sinto quando ouço os discos destes senhores abaixo:

Sim, parece que já vos estou a ouvir "Urgh, que mau aspecto, que horríveis! E TU gostas disto?!?". E eu digo: calem-se, pá! Estes gajos são os maiores. Eu, que sou um heterossexual daqueles que mais heterossexual não há, faria de bom grado um bico a cada um destes gajos se eles por acaso mo pedissem! (pronto, também faria o mesmo ao Liédson. E ao João Moutinho. E ao George Orwell, se ainda fosse vivo. Ah, se apanhar o gajo bem conservado no túmulo, também o faço. Bom, mas adiante. Continuo a ser um heterossexual distinto!) Por isso, sim, valeu a pena passar o fim-de-semana de degredo só para agora ser agraciado com o novo petardo destes génios! A lei das compensações afinal funciona, e saí recompensado por toda aquela dor. Enquanto o cd abaixo não sair da aparelhagem, tudo está bem... Até podem pôr o Santana Lopes novamente como presidente da Câmara de Lisboa, see if I care...


P.S.: Cdzorro do caraças, pá!!!!!!!

segunda-feira, setembro 28, 2009

Não há memória de um fim-de-semana como este...


Qualquer pessoa minimamente decente passa os seus dias úteis a ansiar pelo fim-de-semana, que é aquela altura em que não precisa de fazer um corno, nem de aturar patrões, ou colegas, ou clientes, nem o trânsito ou a fila para as refeições. Os fins-de-semana aparecem para o comum mortal como agradáveis oásis no meio do tormento que são os outros dias, e basta ouvir as singelas palavrinhas "sábado" e "domingo" para que a esse mortal lhe chegue um sorriso nos lábios.

Porém, há fins-de-semana e "fins-de-semana"... por vezes as coisas correm tão mal nos dias de descanso que quase suplicamos por voltar às jornadas de labuta. E foi precisamente isso que ocorreu neste último. Conhecem a lei de Murphy? Aquela coisa que diz: "se algo pode correr mal, então de certeza correrá mal"? Pois... os meus dois últimos dias foram uma sucessão infindável de coisas que correram mal, tão mal que não poderia ser pior. No lo creen?!?! Leiam e chorem, minha gente, leiam e chorem...

Comecemos pelo sábado.

Fui passear o cãozinho pela manhã. Tudo muito agradável, o canito estava feliz, eu estava feliz, os passarinhos que chilreavam nas árvores também estavam felizes, fazendo com que me deleitasse a observar os seus movimentos, e as nuvens estavam tão belas, e o sol tão aprazível, e os pinheiros tão cheirosos, tudo estava bem e no sítio certo...até que piso um cagalhão, olhem que merda! É uma daquelas coisas que não se percebem: como é que um gajo vai pisar um cagalhão no meio de um pinhal?! Deve ter sido algum incivilizado qualquer que ali foi passear o seu bóbi... esta gente que passeia cãezinhos devia morrer toda!
Isto foi o que me veio à cabeça enquanto deixava o Snoopito pular alegremente e me preocupava em limpar o raio do chinelo. Só que esta acção aparentemente tão simples mostrou-se um verdadeiro pesadelo. É que não sei se já tentaram limpar alguma peça de calçado no solo multicultural de um pinhal... NÃO DÁ PARA LIMPAR A PONTA D'UM CORNO!!! Após esfregar, durante vários minutos, a sola do chanato no chão, verifiquei que não só a poia não tinha desaparecido, como se tinha entranhado mais ainda, agora em união com terra, agulhas de pinheiro, bocados de pinha, larvas de mosca, umas quantas centenas de formigas e ainda resina q.b. Tudo isto gerou uma mixórdia mais resistente que cimento.
Desisti assim da limpeza, larguei o agora irremediavelmente perdido chanato, e vim para casa mais o ãoão, soltando ais e uis de cada vez que o meu pobre pé direito desnudado apanhava uma agulha de pinheiro, ou um cardo, ou uma pedra pontiaguda.

Depois deste episódio, só pensava em cair no sofá e descansar pelo resto do dia. Mas nããão... o cabrão do Murphy mais a sua lei estúpida tinham outros planos: parece que a família da gaja ia passar por casa à tarde, o que me obrigava a ir ao supermercado, a preparar comida, a arrumar mesas e cadeiras e a despir a t-shirt com a imagem de uma freira a ser violada por um bode mutante. Lá teve de ir o je tratar destas cenas todas... Mais uma estaca que se me cravava no corpo! Três horas depois, já com tudo feito e arranjadinho, e tendo eu vestido uma t-shirt mais consensual, que mostrava uma tenista a ser violada por uma raquete, fui tentar descansar um bocadinho na companhia de dez jolas. O problema é que a gaja já tinha colocado as garrafas na mesa, e mal assentaram no tampo da mesa, foram logo atacadas pelos sacristas dos familiares. Resultado: não sobrou uma jolazinha que fosse para mim... nem Martini... nem Porto... nem nada! Cambada de bêbedos!

Passado este serão, e depois de tudo devidamente arrumado (o que me valeu mais uns ais e uis, sobretudo nas costas), preparei-me para o grande embate que iria verificar-se: o magnífico Sporting ia defrontar o Frutabol Clube do Porto. Animado, liguei a rádio, pois não tenho essas mariquices de SPORTTV, e pus-me à escuta. Mal tinha eu decorado o onze inicial do Zeportem, pimba, o Porto já havia enfiado um na baliza do Rui Patrício. Desliguei a merda do aparelho e fui chorar para cima da cama até à hora do Benfica-Leixões. Esperava eu por uma derrota dos lamps e eis mais outra desfeita: os jesuítas espetam cinco a zero. Que merda de dia, pensava eu, e fui-me deitar, esperando que o domingo corresse melhor.

E chegou o domingo.

O dia começou logo mal: tinha de ir votar. Pequeno-almoço tomado e bora lá cumprir o dever cívico. Quando cheguei à mesa, não tive coragem de pegar no boletim e escrever coisas como "Voto Liédson"; afinal o Ceportin tinha sido derrotado na noite anterior. Limitei-me a dobrar o raio do papel e a devolvê-lo imaculado, sem desenhar nele um péniszito que fosse.

Regressado a casa, e já com o almoço em cima, era hora de tirar a roupa da máquina de lavar e estendê-la. Foi aí que levei mais uma bala no peito: a minha outrora imaculada camisa branca estava tingida de cor-de-rosa, tudo porque alguém lá colocou um paninho daquela cor mariconça e que acabou por desbotar.

Por raiva, decidi ligar o computador e começar a fazer downloads de filmes pornográficos. Estava já o meu moral a subir (e, por antecipação, outras coisas também subiam...) quando, praticamente no fim do sacanço do Cunts for Tits III - The Revenge of the Anal Seeker, a energia cai e pás, fico sem computador, fico sem download, fico sem moral, sem tesão e sem a mínima vontade de reiniciar tudo de novo.

Contrafeito, resolvo ir para a sala acompanhar o resultado das eleições. Aí, levo mais uma machadada: o Sócrates ganha (atenção: eu não queria uma vitória da MFL. Mas também não queria que o engenheiro vencesse. Bom, na verdade o que eu desejava era que todos perdessem. Infelizmente, e tendo em conta as declarações dos dirigentes dos diversos partidos, e à semelhança do que acontece sempre, parece que todos ganharam. Até o PSD, que não ganhou, ficou contente porque consta que vai ganhar as autárquicas...). Desmotivado, espero ao menos por um prémio de consolação: que os betos do CDS/PP se vejam reduzidos à sua insignificância e fiquem atrás do Bloco e da CDU. E aqui, uma vez mais, o filho da puta do Murphy e da sua lei decidem-se a estragar-me a composição: o CDS obtém uma retumbante vitória, e eu fico a olhar para a televisão com ar de parvo. Foi a cereja no topo da bosta deste fim-de-semana...

Tudo somado, não admira que eu tenha ficado contente pela chegada da segunda-feira, para surpresa da minha gaja que não conseguia compreender os meus pulos de felicidade e os meus gritos de "Iupi, acabou o fim-de-semana, viva!!!!"

A merda é que, de tanto pular, ganhei uma bolha no pé direito que tem mais ou menos o tamanho da Austrália... e como dói, esta cabrona!

sexta-feira, setembro 25, 2009

Acabou-se a pontualidade


Sempre fui um gajo pontual. Estão a ver aquelas pessoas que preferem chegar meia hora adiantadas a um encontro do que meio minuto atrasadas?! Pois, eu sou uma dessas pessoas. Considero uma falta de respeito combinar algo com alguém e depois chegar tarde, inevitavelmente com uma desculpa esfarrapada inventada em cima do joelho, do tipo "Ah, fui raptado por uma nave tripulada por Salmas Hayeks, que me levaram para o seu planeta e me torturaram, seviciaram e maltrataram até há cinco minutos, por isso só consegui chegar agora". São coisas perfeitamente escusadas e que não custam nada a evitar: basta cumprir aquilo a que nos comprometemos. Não é assim tão complicados sermos pontuais... afinal, a pontualidade não é exactamente uma coisa do outro mundo, certo?!

Pelo menos, assim pensava eu antes de passar a viver com a minha gaja!...

Pois, a minha gaja... Atenção, não estou a culpá-la de coisa alguma, calma, vamos lá a ver bem a situação. O que se passa, e o que é, no mínimo, singular, é isto: a acreditar na minha gaja - e eu acredito, até porque ela lê este blogue e eu tenho aquilo a que se costuma chamar "amor à vida" - ela também gozava da mesma ética pontual e gabava-se mesmo, antes de vivermos juntos, de nunca ter chegado a más horas aos compromissos, incluindo aqueles de menor importância.

Mas aqui é que a porca torce o rabo (e não, não me estou a referir à minha gaja. Nem à Salma Hayek. É só uma expressão estúpida que eu gosto de utilizar!): se eu era assim, e se ela era assim, se eu não chegava tarde a nenhum encontro, e se ela não chegava tarde a nenhum encontro, se eu detestava impontualidades, e ela detestava impontualidades, ENTÃO POR QUE CARGA DE ÁGUA AGORA QUE VIVEMOS UM COM O OUTRO NUNCA CHEGAMOS A TEMPO E HORAS A QUALQUER FILHO DA PUTA DE ENCONTRO QUE MARCAMOS?!?!?!?!?!?

Alguém me consegue encontrar uma explicação, por favor?!?!?

quinta-feira, setembro 24, 2009

E se o anúncio da Ferrero Rocher fosse feito pelos partidos políticos??!!


Versão PS:

- Ambrósio, apetecia-me algo...
- Com certeza, senhora. E o que deseja?
- Ambrósio, apetecia-me algo... bom!
- Senhora, tomei a liberdade de lhe trazer um Ferrero Rocher. E já reparou que bem vestido que venho hoje? E que ainda não disse mal daqueles canalhas da oposição, bem que podiam morrer todos?
- Bravo, Ambrósio!

Versão PSD:

- Ambrósio, apetecia-me algo...
- Com certeza, senhora. E o que deseja?
- Ambrósio, apetecia-me algo... bom!
- Senhora, tomei a liberdade de lhe trazer um Ferrero Rocher, um produto da PME italiana Ferrero. Assim, enquanto degusta o bombom, auxilia ao mesmo tempo a economia.
- Bravo, Ambrósio!

Versão CDS/PP:

- Ambrósio, apetecia-me algo, sei lá...
- Com certeza, senhora. E o que deseja?
- Ambrósio, sei lá, apetecia-me algo, sei lá... bom, sei lá, 'tá a ver?
- Senhora, tomei a liberdade de lhe trazer um Ferrero Rocher.
- Ó Ambrósio, que estúpido, que parvo, só isso, sei lá? E que faz esse último botão da sua camisa apertado, ó que possidonite?...
- Madame, se assim o desejar, posso também acorrentar-me todo nu ao capot do Mercedes, de modo a chicotear-me enquanto come o Ferrero, minha ama e senhora.
- Bravo, Ambrósio, sei lá!

Versão CDU:

- Ambrósio, apetecia-me algo...
- E que tal se a burguesinha fosse buscar aquilo que quer? Anda a explorar a classe trabalhadora, não é? Um dia, quando a revolução chegar, ainda vou vê-la contra a parede, ai vou, vou! Paga-me pouco e a más horas e ainda quer que eu lhe faça serviços? Estou aqui, estou a fazer uma greve. E uma manifestação. E a fundar um sindicato. Tudo menos servir o grande capital.

Versão BE:

- Ambrósio, apetecia-me algo...
- [dá uma passa num charro] Iá, o que queres, ó minha?
- Ambrósio, apetecia-me algo... bom!
- [manda outra passa] Mas tipo o quê, ó chavala?
- Ambrósio, e que tal um Ferrero Rocher?
- [mais uma passa] Pá, tu 'tás completamente a leste, ó bacana! Não sabes que essa merda foi nacionalizada? Se queres um, tens de arranjar umas senhas e estar na fila ao primeiro sábado de cada mês, 'tás a topar?

Versão Peter of Pan:

- Ambrósio, apetecia-me algo...
- E se a senhora condessa fosse levar na peida?!?!

quarta-feira, setembro 23, 2009

Ah, a doce ironia...



Regra geral, odeio todas as séries norte-americanas que não sejam de desenhos animados (South Park, Simpsons, Family Guy...). Dentro das séries norte-americanas que detesto, há três grupos que se destacam: as séries sobre polícias e/ou detectives (Balada de Hill Street, CSI...), as séries sobre advogados (As Teias da Lei, Ally McBeal...) e as séries sobre médicos e hospitais (Serviço de Urgência, Anatomia de Grey e, claro, Dr. House). Podem vir com toda a parafernália de elogios para cima de mim que nunca serei capaz de gostar destas merdas. Nunca! Sobretudo desta última!

"Mesmo que a Monica Bellucci apareça toda nua numa sala de operações?" - perguntam-me vocês.

Sim - respondo eu - mesmo que a Monica fosse convidada a aparecer em qualquer uma dessas séries, eu recusar-me-ia a vê-la!

Ora, o que é interessante é que, oh joy oh joy, a série Dr. House encontra-se em risco, segundo notícia do jornal Público, pois (oh, a ironia...) o coxear do médico House está a colocar sérios problemas de saúde ao actor Hugh Laurie!!

(uma pausa para eu me rir um bocadinho: ahahahahahahaahahahahahahahahah)

Sim, é verdade: parece que o feitiço se virou contra o feiticeiro. Por mais respeito que eu tivesse pelo Hugh Laurie, que tantos sorrisos me arrancou com os seus desempenhos na magnífica britcom Black Adder, desde que ele passou a actuar naquela série de médicos só me dá para desprezá-lo. Daí o meu cinismo quando soube da notícia acima. O provável final antecipado de Dr. House é música para os meus ouvidos, e se isso se deve aos problemas dos joelhos do protagonista, tant pis! Ele que vá ao médico, pode ser até que apanhe um doutor tããão simpático quanto a personagem que representa para o pequeno ecrã.

Portanto, a todos vocês que são fãs dos episódios, aproveitem agora, porque aquilo pode não durar muito mais (eu torcerei por isto). Como eu gosto destas pequenas ironias...

terça-feira, setembro 22, 2009

Vamos falar um bocadinho sobre penáltis?!? Vamos!!!!


Anda por aí uma onda de comentários e teorias acerca do penálti que deu ao Benfica a vitória sobre a União de Leiria no passado domingo que é uma coisa doida. Eu, já sabem, como ser superior que sou, orgulho-me de torcer para esse magnífico clube que é o Sporting, o que por acréscimo faz de mim um anti-benfiquista, mas vamos ser sérios: quem é que no seu perfeito juízo nega que aquele lance entre o Aimar e o Mamadou Tall (doravante, para simplificar, "o preto") tinha de ser punido com um pontapé da marca da grande penalidade?

Sim, eu preferia que o árbitro tivesse fechado os olhos e evitasse assinalar a falta, porque isso significaria uma mais-do-que-provável perda de pontos por parte dos lampiões, mas se me perguntarem o que é que eu acho da jogada, tenho de responder sinceramente: é penálti, porra!! Vejamos as coisas como elas se passaram: o Aimar entra na grande-área da União de Leiria, com a bola a meia altura diante de si, e de repente aparece um preto a voar que lhe dá com os pitons no corpo. É verdade que o preto não teve intenção de atingir o parvalhã... desculpem, o lampião?! É! É verdade que o preto tocou primeiro na bola, e só depois mandou um bico no otári..., desculpem, no Aimar?! É! Mas caramba: ninguém pode disputar um lance daquela maneira! Aquilo, mais do que penálti, era razão para se pedir uma intervenção militar à ONU! O Aimar não teve a cabeça arrancada por muito pouco, e ainda há por aí gente (alguns com a mesma simpatia clubística que eu próprio professo - ah, o que não faz o ódio aos lamps...) a alegar que aquilo não foi penálti?!?! Deixem-se de tretas!

Por muito que custe admiti-lo (e a mim custa), temos de dizer que foi mesmo penálti. Não há volta a dar! Não se pode achar que é normal um preto voar de encontro a um gajo, mesmo que esse gajo jogue no Benfica, mandar-lhe um porradão com as chuteiras, mesmo que ele mereça, e não se marcar penálti. Qualquer dia, também acharão normal que um tipo que não é engenheiro, que não cumpre promessas, que faz falcatruas com outlets e que passa mais tempo a experimentar fatos do que a resolver os problemas do país merece ser primeiro-ministro...

Tenham juízo, pá!

P.S.: Sim, também admito: aquele penálti assinalado ontem contra o Olhanense não foi penálti. Mas e daí? O Sporting continua a ser o maior!

segunda-feira, setembro 21, 2009

Lúcidos comentários acerca de Steven Seagal, esse garanhão


Ahahahahah, o Porto tornou a levar nas orelhas e...

...peço desculpa. O assunto hoje é o Steven Seagal, e vem a propósito de eu ter ficado assombrado por mais um desempenho do homem quando me encontrava a fazer zapping pela televisão ontem. É que a RTP1, num claro sinal de competição com a SIC, que à mesma hora apresentava um especial Gato Fedorento, resolveu exibir esse marco da história do cinema que dá pelo nome de O Homem que Brilha, cujo protagonista é precisamente o nosso Steven Seagal.

Qualquer pessoa minimamente inteligente, ou até mesmo o Marcelo Rebelo de Sousa, concordará que basta ver dois segundos de um filme com o Steven Seagal para se saber que a coisa é péssima. Steven Seagal é tão, mas tão mau que faz qualquer outro action hero (Arnold Schwarzenegger, Sylvester Stallone, Jackie Chan, Chuck Norris, Dolph Lundgren, Michael Dukakis, Vin Diesel... bem, a lista é infindável) parecer o Robert de Niro. Quem, como eu, já passou pela infeliz experiência de ver coisas como Duro de Roer ou Nico à Margem da Lei sabe do que estou a falar... ficamos com a ideia de que S.S. estaria melhor a vender peixe na praça ou na feira, e a ser chateado pelo Paulo Portas, do que a fazer filmes made in Hollywood.

O que mais salta à vista nos filmes do Steven Seagal é isto: como é possível que um gordalhufo daqueles faça filmes de porrada?!?! O Steven Seagal está para o cinema como o Rochemback estava para o futebol do Sporting! Convenhamos: qualquer gajo, quando está numa de ver filmes de porrada, quer ver tudo menos um bando de chineses a lutar contra um barril. Por isso é que não se percebe o sucesso de que o senhor tem desfrutado. Ver o Steven Seagal a fazer filmes atrás de filmes de acção, e saber que esses filmes até têm público, é tão estranho quanto ver a Heloísa Miranda actuar em películas produzidas pela Private (quem tem uma cultura cinéfila abrangente, percebe de certeza esta referência).

Mas não é só a gordura que atrapalha nos filmes do S.S. Não! Aquilo que irrita mesmo é a sua condescendência com o sexo oposto. Steven Seagal é macho, daqueles à antiga, com noções muito tradicionais de cavalheirismo e etiqueta e respeito pelas mulheres, que são bem visíveis quando não está a aviar dois ou três delinquentes ao mesmo tempo, sem despentear o rabo de cavalo ou suar que nem um porco (o que até lhe faria bem, tendo em conta o excesso de peso que evidencia nas suas prestações). O filme em que melhor podemos observar o paternalismo de Steven Seagal é no primeiro Força em Alerta. Não vos vou contar o enredo, apenas vos digo que aquele filme é uma merda e o Steven Seagal irrita como nunca antes irritara. Portanto, aos que ainda não viram, não aconselho o seu visionamento.

E o Força em Alerta e o Steven Seagal irritam solenemente porquê? Porque, a dada altura, a boazonazérrima da Erika Eleniak sai de um bolo revelando a majestosidade das suas mamas, e o que é que o cabrão do Steven Seagal faz?! Dá porrada nos mafiosos que querem fazer mal à menina? Não! Parte os braços a um exército de ninjas? Também não! Dispara rajadas de metralhadora contra terroristas islâmicos? Não! Ele faz aquilo que qualquer ser humano com um pénis e dois testículos julgaria impensável: pede à boazonazuda da Erikinha para se vestir!!!!

E isto, minha gente, mais do que não saber representar, mais do que ser bucha, mais do que ter um cabelinho seboso, isto, bom, isto é decididamente imperdoável!...

sexta-feira, setembro 18, 2009

Isto tem de ser dito, porque não pode continuar a ser ignorado!


Este SENHOR, sim, "SENHOR" em maiúsculas, porque é de um indivíduo sobre-humano que se trata, é o melhor jogador português do mundo, quiçá de todo o sempre. A sua simples existência justifica o dinheiro que Portugal jogou à água com as caravelas que se fizeram à terra de Vera Cruz, justifica o genocídio da população indígena, justifica o tráfico de escravos africanos, justifica as bulhas com espanhóis, ingleses, holandeses, perdoa sermos bombardeados com novelinhas da Globo, perdoa a IURD, perdoa o João Kleber, perdoa o Iran Costa, mais a Daniela Mercury, e o Leandro e Leonardo, Roberto Carlos, Roberto Leal, Roberta Close, e toda, toda, toda a porcaria que o Brasil tem lançado para cá. Esta figura notável supera Eusébio, supera Futre, supera Figo, supera Cristiano Ronaldo, supera todo e qualquer outro tipo cuja forma de vida passa pelo pontapé numa bola. Este autêntico deus vestido de verde e branco merecia uma estátua em cada canto dos estádios por onde pisa. Merece que se crie um culto em sua volta. Justifica que se mude o nome do emblema que enverga para Sporting Clube do Liédson. Este gajo é O MAIOR, e ponto final.

Tenham um bom fim-de-semana e sonhem com o Liédson a marcar golos nas vossas balizas.

quinta-feira, setembro 17, 2009

O café, essa m...

O café é aquela porcaria que, originalmente, se encontra em porcarias de grãos, que são porcariamente moídos e aos quais se junta uma porcaria de porção de água quente, preparando assim uma mistela que é uma porcaria.

Sim, eu pertenço ao muito restrito grupo de pessoas que odeiam café! E nunca, jamais, em tempo algum serei capaz de entender como é que existem seres abjectos, como vocês, que simplesmente idolatram essa estúpida composição. O que vêem vocês naquilo?! O café cheira mal! Sabe ainda pior! Como pode alguém dar-se ao luxo de ingerir umas 10 chávenas por hora?! Eu sou incapaz de meter um golo sequer cá para dentro!...

E há outra coisa no café que me faz evitá-lo mais do que os políticos evitam o bom senso. Refiro-me aos efeitos que me provoca. Imaginem vocês que tomam todos os comprimidos do mais poderoso laxante existente à face da Terra. Imaginem vocês que têm de ir a correr o mais rápido possível para a sanita com o cu nas mãos, receosos de que a vossa peida expluda nas calças. Imaginem vocês, ainda, que depositam na casa de banho uma imensa quilometragem de dejectos.

Já imaginaram isto, enquanto bebem a vossa ultrajante chávena de café e olham para o monitor com ar de "este Peter of Pan está louco"?! Se sim, então ficaram com uma ideia aproximada do que me acontece quando, por azar, distracção ou crueldade alheia, bebo um bocadinho dessa coisa horrível. Se eu tomasse tanto café quanto uma secretária, quanto um professor, ou quanto um CEO de uma pequena e média empresa, podem acreditar que já há muito tempo que não tinha cu! Porque o café é o melhor laxativo natural que conheço e é aquele que melhor interage com o meu frágil sistema intestinal.

Daí que eu ache o café uma merda. Se quiserem ter um serão animado a limpar os azulejos da vossa casa de banho, deitem-me café para o esófago e verão... Se quiserem explicar aos vossos filhos qual o percurso que os alimentos fazem desde a boca até ao ânus, dêem-me café e aguardem dois minutos... Se quiserem fazer como os suecos e começar a reciclar energia a partir da merda, botem-me café e vão ver se não têm uma fonte que vos dá para mais de dois anos... Se quiserem morrer com originalidade e estilo, enfiem-me um bule inteiro para a goela, metam-se no carro e depois aguardem pelos resultados, que não deverão andar longe disto:


(imagem: esse grande momento da cultura popular que é o embate do carro de Biff Tanen no camião de estrume em Regresso ao Futuro)

Se acham que estou a exagerar, experimentem convidar-me para tomar um café...

quarta-feira, setembro 16, 2009

Olh'ó Passarinho!!

Quem nunca esteve naquelas máquinas automáticas presentes nas estações ou nos centros comerciais para tirar umas quantas fotografias, que atire a primeira Manuela Ferreira Leite. Já todos fizemos isso, pelo menos uma vez na vida, e todos sabemos qual o resultado: as fotografias saem horríveis. As máquinas automáticas, por um qualquer motivo desconhecido, conseguem sempre extrair a nossa veia assassina e tresloucada. Ninguém sai daquelas fotografias sem se parecer com o Josef Fritzl ou com a Lizzie Borden... ninguém!

Mas há uma situação em que as pessoas ficam pior na fotografia. Sim, há algo que, em matéria de arrancar o pior que há no ser humano e espetá-lo numa foto, supera a crueldade das máquinas automáticas. Falo dos mugshots! E o que é um mugshot, perguntam vocês, que nunca foram presos por tentativa de sodomia à estátua do D. Pedro IV? Ora, um mugshot é precisamente aquele retrato tirado pela polícia aos detidos, de frente e de perfil. Os que se formaram culturalmente nos anos 90 recordam-se, certamente, do mugshot abaixo, consequência de uma brincadeira do actorzeco inglês com uma tal negra divina que aparentemente fazia uns divinos bicos:



Porém, há mais! Ó, se há! Porque o musghot é uma arte e uma ciência, este simpático site revela-nos os 20 mugshots mais incrivelmente marados, e merece a vossa visita. Porque lá encontram disto:


e disto:

e ainda disto:


Giro, não é? Duvido que encontrem uma maneira melhor de passar uma quarta-feira...

terça-feira, setembro 15, 2009

Não sabem em quem irão votar? Então votem no Partido do Futebol!

Nestes dias, dois temas ocupam a mente dos portugueses: a mama esquerda da Rita Pereira e a mama direita da Rita Pereira. Mas nos intervalos de tão profundas reflexões, o povo português não se furta ao zeitgeist, e o zeitgeist, porque começou o campeonato nacional e porque estão aí a bombar as eleições legislativas, obriga a que se fale de futebol e de política. Basta irmos aos cafés, às repartições públicas, aos bares de alterne: futebol e política estão na ordem do dia, e se o primeiro tema nunca de lá saiu, já o segundo espanta um bocadinho. Quem é que se lembra da última vez que discutiu temas políticos com um conhecido ou desconhecido? Quem é que alguma vez andou à porrada com um grupo de pessoas só por causa do papel do Estado na economia? Quem é que já mandou à fava a mulher por ela ter dito bem dos óculos do Louçã?!

Eu digo: ninguém! Mas basta observar o que se passa à nossa volta nestes dias para atentarmos no que mudou. Agora, qualquer um fala de política, e não apenas os taxistas. Toda a gente tem uma opinião sobre o TGV, sobre o RSI, sobre o PEC. Qualquer gato pingado consegue apresentar um gráfico sobre o aumento do desemprego, o aumento do défice, o decréscimo da competitividade ou até sobre o número de parolices ditas pela Carolina Patrocínio. Os temas da política vieram decididamente para ficar...

...e é com o propósito de capitalizar este novo interesse dos portugueses pela política, bem como manter o eterno interesse pelo futebol, que me decidi pela criação do Partido do Futebol, debaixo do mandamento "Política e bola sempre andaram de mãos dadas, está na altura de os casarmos de uma vez por todas!" O programa que elaborei é, creio, forte e adequado aos tempos que vivemos, e exorto todos à sua leitura. Espero ainda ir a tempo para colocar o meu partido nos boletins de voto do dia 27 de Setembro...

Programa do Partido do Futebol

Declaração de princípios

Caros concidadãos: estamos a passar por uma fase de merda. O nosso país atravessa uma crise lixada, à qual os partidos políticos com assento parlamentar não sabem, ou não querem, responder. Por esse motivo, decidimo-nos pela criação de um novo movimento político. Um movimento que quer estar próximo dos portugueses. Um movimento que quer marcar um golo na baliza da dificuldade. Um movimento cujo losango funciona! Um movimento que, em resumo, associa as duas actividades mais importantes para o funcionamento de Portugal: a política e o futebol. Pedimos a todos que se juntem ao nosso projecto e que façam da nossa a vossa força. E que dia 27 todos saibamos por que ninguém fica em casa. Força Portugal, allez!

Propostas

1 - O Partido do Futebol promete um apoio sem precedentes aos pequenos e médios clubes. Basta da supremacia dos três grandes! O Estado tem sido pródigo na atribuição de fundos e apoios aos três maiores clubes do futebol português, à custa do esquecimento dos pequenos e médios clubes, que tanto fazem pelo futebol e pela economia nacionais. Não esqueçamos que são os pequenos e médios clubes que empregam jogadores, treinadores e dirigentes medianos - que são, no fundo, a maioria. Para onde iria esta gente se não fossem os pequenos e médios clubes? Para o desemprego, agravando assim, do ponto de vista económico e social, o país. Portanto, apoiar os pequenos e médios clubes é um desígnio nacional!

2 - O Partido do Futebol bate-se pela subida de Portugal no ranking da UEFA. O actual governo, em conúbio com os partidos da oposição, deixou que Portugal caísse para o 10º lugar do ranking da UEFA, atrás por exemplo de Ucrânia e Roménia, e ligeiramente à frente da Turquia. Ora, isto não pode continuar! Exigimos que Portugal esteja no lugar que merece, junto das grandes potências como Espanha, França, Itália ou Inglaterra. Não se pode pactuar com estes números: Portugal tem, actualmente, menos de metade dos pontos daqueles bifes d'um raio. É olhar para os números: a Inglaterra conta com 67.285 pontos, já Portugal fica-se pelos 29.962. Esta situação não pode continuar!

3 - O Partido do Futebol quer que se retire o Rendimento Social de Inserção aos profissionais que vivem à custa deste subsídio em lugar de contribuirem para o desenvolvimento do país. Não admitimos que senhores como Yannick Djaló, Nuno Gomes, Jorge Ribeiro, Nuno Espírito Santo, entre tantos outros, continuem a usufruir de benefícios que podem ser melhor aplicados noutras áreas. Se o Yannick Djaló ou o Nuno Gomes não conseguem dominar uma bola, nada mais justo que os rendimentos de que beneficiem sejam reconvertidos para, por exemplo, a formação de talentos. Ou para outro sítio qualquer!

4 - O Partido do Futebol promete que, em 5 anos, todos os portugueses terão rendimentos suficientes para comprar um árbitro e duas prostitutas a cada 15 dias. O Partido do Futebol proporá, ainda, que tais aquisições possam ser deduzidas no IRS.

5 - O Partido do Futebol promete nacionalizar todos os avançados brasileiros com qualidade, a fim de os colocar a jogar pela selecção. Porque esses avançados, afinal, são de todos, e devem actuar em benefício de todos.

6 - O Partido do Futebol criará um subsídio a favor da ocupação dos estádios em dia de encontro. Consideramos que os estádios vazios são algo que nos envergonha perante a Europa. Um país moderno, progressista e cosmopolita, como queremos que seja Portugal, deve ter 95% dos seus estádios a rebentar pelas costuras. Assim, propomos um pequeno incentivo: cada cidadão terá direito, por mês, a 150€ para poder ver jogos da 1ª liga ou, em opção, 200€ para assistir a encontros das 2ª, 2ªB, III divisão, distritais e regionais.

7 - O Partido do Futebol promete que, em jogos internacionais, a selecção portuguesa vencerá todos os jogos por mais de três golos de diferença. Prometemos também conquistar os campeonatos do mundo de 2014 e 2018, os campeonatos da Europa de 2012 e 2016, a taça das confederações em 2013 e 2017, a taça da nações africanas em 2010, 2012, 2014 e 2016 e a copa América em 2011 e 2015. Se tivermos tempo, também conquistaremos a taça das nações da Ásia em 2011, mas só se os seleccionados quiserem ir ao Qatar.


Com este programa, fico à espera da vossa cruzinha no dia 27... Bem hajam.

segunda-feira, setembro 14, 2009

Já basta!


Há várias desvantagens em ter nascido em Portugal, e uma delas é ter de conviver com benfiquistas. Segundo as famosas estatísticas, os benfiquistas são cerca de 60% da população portuguesa, o que implica, inevitavelmente, levarmos com uns quantos na família, no emprego, no círculo de amigos. Quer queiramos ou - o que é pelo menos um sinal de inteligência - quer não!

Normalmente, os adeptos/simpatizantes benfiquistas até são aturáveis. A arrogância/bazófia lampiã é como a socrática: quando estão calados, suportam-se bem. O problema é quando começam a cantar de galo... aí é que a porca torce o rabo!

E há quatro grandes razões para os benfiquistas começarem a cantar de galo, que passarei a expor:

1 - Aquando do defeso. É no defeso (para os menos entendidos: aquela fase da época em que ainda não se iniciou a competição, e que é dedicada a preparar e a reforçar a equipa) que o bando lampião mais se mostra activo! Qualquer jogador medíocre cuja contratação esteja para ser anunciada é elevado a novo ídolo da Luz, salvador da Pátria, futuro Eusébio. E quando o jogador até é razoávelzinho, já se sabe: ninguém cala os elogios à direcção do clube, ao treinador e à equipa, que - antes de qualquer jogo sequer começar - já naquelas distorcidas mentes venceu o campeonato por 346326 pontos de vantagem.

2 - Aquando de uma vitória sobre o Frutabol Clube do Porto. Quando o Benfica vence o Porto, é foguetes, é rojões, é declarações de amor eterno ao bigode do Luís Filipe Vieira, é fotografias do Nuno Gomes no limpa pára-brisas, é tudo aquilo que se pode ver numa parada gay.

3 - Aquando de uma vitória sobre o maior, isto é, o majestoso Sporting Clube de Portugal. Quando o Benfica vence o Sporting (99% das vezes, ajudado pelo árbitro. E pelo professor Karamba. E pela Prisa. E pelos alcaides espanhóis), ocorre sensivelmente o mesmo quando a vitória é sobre o armazém da fruta, desculpem, o FCP. Com a diferença de doer muito mais, porque se é verdade que me estou a marimbar para o Porto, custa ver o meu clube perder com a equipa que tem nas suas fileiras um gajo como o David Luiz (que cabelinho é aquele, por Liédson?!?!).

4 - Aquando de uma fase positiva de exibições. Quando o Benfica passa dois jogos seguidos a jogar bem e a marcar golos, está tudo estragado: a propaganda diz logo que é o melhor do mundo, que este ano ninguém os pára, que o futebol espectáculo é que é bonito, e essas patranhas todas.

Esta é a tipologia do cantar de galo lampião. Se vocês, os que me estão a ler do lado de lá, forem lampiões, com certeza se revêem nisto. E decerto que estão a cantar de galo, fruto do ponto 4. Se, por outro lado, vocês forem umas pessoas instruídas, educadas, inteligentes e formosas, então não pertencem àqueles 60%, mas infelizmente têm de os aturar. O que, claramente, denota mais uma daquelas injustiças em que o mundo é pródigo!

Como podemos nós, não-lampiões, obviar o cantar de galo lampião derivado do ponto 4? É complicado, porque o único argumento de que me recordo para contrapor ao "Ehhhh, somos muita bons, espetámos 8-1 ao Setúbal e agora 4-0 aos velhos do Restelo, vamos ganhar o campeonato, vamos ganhar a taça, quando vier o Sporting vão ser meia dúzia, sim, porque o Sporting não está a jogar um peido, vence os jogos a sofrer, enquanto nós é às cabazadas, e a jogar bem, ehhhhhh, pam pam pam, Benficaaaaa", é a história do tenham calma, o primeiro milho é para os pardais, no fim é que se fazem as contas, blá blá blá, o Sporting ainda só está a aquecer (sim, estou só a falar na perspectiva de um lagarto: estou-me a lixar para os todos os outros que sofrem os efeitos da propaganda lampiã!), ainda vamos melhorar, nós é que vamos ganhar tudo, fon fon fon, etcaetera e coiso.

O problema é que, vendo as coisas com olhos de ver, nem eu acredito nisto... e portanto, toca de levar com o cantar de galo benfiquista, até que o pio lhes doa. (só espero que não demore muito). Que cabrões...

sexta-feira, setembro 11, 2009

What does Manuela Ferreira Leite look like? Does she look like a bitch?


O facto mais relevante dos debates para as eleições legislativas ocorreu ontem, no frente-a-frente entre Paulo Portas e Manuela Ferreira Leite. E a razão foi muito simples: pela primeira vez nestes recontros televisivos, Manuela Ferreira Leite apareceu maquilhada! E porque é este mero facto mais importante do que o entalado Louçã a tentar explicar o programa do Bloco ou do que o ar bonacheirão de Jerónimo?! É que, contrariando tudo aquilo que julgávamos saber sobre as mulheres, e contrariando aquilo que eu próprio defendera noutro post, curiosamente intitulado Sem Maquilhagem, a Manuela Ferreira Leite fica mais horrível com do que sem maquilhagem, e dizer isto é dizer tudo! Quer dizer: se a beleza da Manuela Ferreira Leite já bate no chão quando ela se apresenta "normal", quando se pinta consegue cavar ainda mais fundo. Perdoem-me a imagem que de seguida utilizarei, mas ao ver a Manuela ontem no debate com Portas, não pude evitar pensar que ela se parecia com uma zombie prostituta! Sim, é um desenho horripilante, mas foi aquilo que me veio à cabeça.

Como é óbvio, não preguei olho a noite toda. Fiquei perturbado com a nova imagem da líder do PSD. Tive pesadelos com ela a ameaçar saltar-me para a espinha, comer-me o cérebro e obrigar-me a ter lições de democracia com o Alberto João Jardim. Cenário terrível, terrível, terrível!...

A nova versão da Manuela Ferreira Leite é tão, mas tão má que fui obrigado, durante o debate, a desviar os olhos para o Paulo Portas. E caramba, como é deprimente ter de olhar para o Paulo Portas... mas ou era isso ou a Manuela Ferreira Leite, e um tipo minimamente pragmático acabará sempre por, entre dois péssimos, escolher o péssimo menor. Por isso é que lanço as perguntas: qual foi a ideia da MFL? Que queria ela com aquilo? Quem são os conselheiros de imagem do PSD? Quando ficaram eles cegos? Ter-lhes-á alguém do CDS/PP administrado Avastin marado? Valerá a pena processar o Hospital de Santa Maria? Em síntese, quem foi o responsável pela passagem da Manuela Ferreira Leite dama-de-ferro para a Manuela Ferreira Leite zombie prostituta? Quem conseguiu essa façanha que foi transformar um ser já de si nada sexy numa coisa que provocaria calafrios ao próprio Freddie Krueger?! E quem terá sido a luminária a achar que aquela salganhada meio fauve, meio kitsch, iria beneficiar o PSD?

Se foi para estas coisas que se fizeram os debates televisivos, eu vou ali e já venho... prefiro ouvir os confrontos via rádio, como faço a respeito dos jogos de futebol.

quinta-feira, setembro 10, 2009

E o cartão vermelho vai para...


O Papagaio desafiou este blogue a mostrar o cartão vermelho àquilo que lhe apetecesse. Por sorte, não sou árbitro nem tenho poder de expulsão, pois se o tivesse nem todos os cartões vermelhos do mundo chegariam para mandar tomar banho mais cedo todos aqueles que, na minha óptica, mereceriam. Mas às vezes é bom fingir que somos o Pierluigi Collina ou o Martins dos Santos (ahhh, estas ilustres referências culturais pós-modernas...) e pimba, sacar da cartolina com o aprumo de quem tem autoridade para mandar à merda quem ou o que lhe apetece.

Não podendo eu, por notórias razões de espaço e tempo (e também - lá está! - porque o número de cartões existentes no mundo não é suficiente), mandar o vermelhão a tudo o que me irrita, optei por "brindar" apenas 10 coisas que considero dignas de expulsão. Não deixa de ser um exercício interessante...

1 - Mostro o cartão vermelho às pequenas burocracias que lixam a vida de um gajo neste país, e que nem com o simplex se mostram mais dóceis. Ter de esperar várias semanas por um papel que tem de ser assinado pela senhora do 1º andar, depois aprovado pelo chefe de repartição do 4º andar, depois carimbado pelo subchefe do 3º andar à esquerda e finalmente rubricado pela funcionária do rés-do-chão é uma treta que, além da expulsão, merecia um castigo para todo o sempre.

2 - Mostro o cabrão do cartão vermelho aos canais televisivos que exibem touradas, aos palhaços que as organizam, aos acéfalos que se dizem aficionados e a todos os otários que as admitem. Estes é que são os verdadeiros bois, e faziam melhor se passassem a mandar cornadas uns nos outros.

3 - Mostro o filho da puta do cartão vermelho ao Futebol Clube do Porto e ao Sport Lisboa e Benfica. Um, porque acha divertido ganhar roubando, em vez de ganhar limpinho; o outro, porque acha motivo de orgulho invocar que 6 milhões de portugueses são benfiquistas, quando esse facto é, isso sim, motivo de vergonha, quer para portugueses, quer para benfiquistas!

4 - Mostro a besta do cartão vermelho a todos os partidos políticos com e sem assento parlamentar e aos seus energúmenos líderes, por discutirem coisas sem nexo em lugar de debaterem política a sério.

5 - Mostro, com todo o vigor, o cartão vermelho à cavalgadura do Vincent Cassell, por estar casado com a Monica Bellucci.

6 - Mostro o cartão vermelho e ainda apito com força no ouvido, a todos os americanos e pró-americanos deste mundo, por acharem que o mundo começa e acaba entre o México e o Canadá, e que tudo o resto deve comer (preferencialmente, McDonalds) e calar.

7 - Mostro o cartão vermelho e ainda espeto um biqueiro no cu aos directores das televisões deste país por passarem telenovelas até às tantas da madrugada, cada uma com um enredo mais mal amanhado que a outra, mas têm vergonha de exibir filmes pornográficos por não os considerarem suficientemente honrados. Pois, como se houvesse muita honra e dignidade nas novelinhas da Globo, da Record, da Teresa Guilherme ou da Nicolau Breyner Produções, e que giram quase todas à volta de relações psicóticas ou de gémeas que não sabem que são gémeas, ou de tipas que pensam ser filhas de árvores...

8 - Mostro, e remostro, o cartão vermelho aos ceguetas dos árbitros que não assinalam penálties a favor do Sporting nem mesmo quando o Liédson ou o João Moutinho têm as pernas arrancadas. Mesmo que seja junto da linha do meio-campo, qualquer falta sobre estes jogadores tem de ser punida com um pontapé da marca de grande penalidade, pois só assim se faz justiça futebolística.

9 - Mostro o panasca do cartão vermelho aos homofóbicos que alegam ser a homossexualidade um crime (no Iraque, e noutros países tãããão respeitadores, pode-se matar um gajo só porque leva no rabo...) ou um atentado à sociedade, à família, aos bons costumes e essas merdas que ninguém sabe o que são e muito menos como pode um rabeta prejudicá-las. Os homossexuais só atacam o stock de vaselina nas farmácias, e estão mais preocupados em fazer coisas horríveis na cama, na mesa, na despensa, na banheira e no Frágil do que em fazer mal às pessoas heterossexuais casadas e com filhos.

10 - Mostro o sacana do cartão vermelho à FNAC por andar a brincar com os preços dos dvds. O Saló do Pasolini custa 25 euros, a caixa com os episódios d'O Tal Canal são 35 euros, e tudo o que é minimamente interessante anda por preços escandalosos! E depois querem impedir uma pessoa com arraigados princípios éticos de sacar essas tretas pela internet! Enfiem mas é os dvds e os euros pelo cuzinho acima!

E pronto, já está. Agora, diz-me a boa educação que devo passar este desafio a outros cinco lunáticos, quer dizer, indivíduos. Está bem, eu faço-o, porque sou mesmo bem educado como o caralho. Tomem lá e mandem o cartão vermelho a quem quiserem:

A Minha Vida Dava Um Blog
Circus
Coisas Eventualmente do Catano
Praeclara Sunt Rara
Peixe Frito

quarta-feira, setembro 09, 2009

Das coisas imprevisíveis

Há fenómenos e acontecimentos que, por mais que os tentemos prever, fogem ao nosso controlo e têm a fabulosa capacidade de nos surpreender. Os episódios meteorológicos são um desses casos. Quem andasse ontem pela rua, sem uma única nuvem visível no céu, dificilmente poderia imaginar a poderosa trovoada que caiu esta manhã. O mais provável seria que hoje o tempo estivesse calmo, soalheiro e ameno tal como esteve ontem. E a verdade é que - agora - está, mas no meio do bom tempo de ontem e do bom tempo de agora, encaixou-se um mau tempo de fugir.

É claro que as coisas imprevisíveis não surgem por acaso. O mau tempo de há pouco teve uma causa, da qual foi o efeito. O que sucede é que nós não possuímos os instrumentos conceptuais ou mesmo tecnológicos para captar as subtis mudanças atmosféricas. Escapa-nos o quadro completo, porque só temos acesso a parte da realidade, seja porque os nossos sentidos e as nossas capacidades cognitivas são limitados (um cão consegue cheirar melhor do que nós, embora cheire mal, sobretudo se não tomar banho...), seja porque ainda não desenvolvemos mecanismos suficientemente precisos (sim, temos barómetros, termómetros, altímetros, pichómetros e afins... mas não chega!).

Em suma, nós somos supreendidos com ocorrências que não conseguimos prever porque, quer queiramos quer não, somos uns totós! E porque somos uns totós, aquilo que não sabemos ou conhecemos, inventamos! A tempestade desta manhã não estava no programa? Epá, então como é que apareceu? Hmmm, terá sido por causa do debate entre o Sócrates e o Louçã?! Ou é um presságio do que irá suceder hoje à selecção portuguesa?! Será um sinal dos céus? Ou de extraterrestres? E o que os illuminatti têm a ver com isto? Alguma coisa, certamente. E a Opus Dei também. E, já agora, a Opus Gay. A trovoada, no fundo, foi provocada por uma conspiração, com a Maçonaria e a Máfia napolitana à cabeça. E a Manuela Moura Guedes também está lá metida, tal como o Fidel Castro!!!

Mas se certos fenómenos são imprevisíveis, o que dizer das pessoas?! No que toca ao elemento humano, a nossa ignorância é igual, se não maior. Afinal, que instrumentos temos nós para "medir" as pessoas? É essa ausência que nos leva a não compreender como é que o preto, num momento, é preto, e no momento a seguir já é branco! (atenção, esta merda não é nenhuma boca ao Michael Jackson) As pequenas transições fogem-nos porque somos feitos de tal forma que não as conseguimos captar. Por isso é que não conseguimos compreender quando uma líder partidária acusa o primeiro-ministro português de asfixia democrática devido às suas tentativas de calar um jornal televisivo e logo a seguir a mesma líder partidária elogia um presidente do governo regional quando este é conhecido por tentar calar a comunicação social mais crítica. Uma pessoa normal não consegue atingir estas merdas porque não é capaz de perceber de onde elas vieram. O que faria sentido, racionalmente falado, era que hoje estivesse um tempo impecável como o de ontem, e não que ocorresse uma tempestade tropical; da mesma forma, o que faria sentido era a líder da oposição mandar uma chicotada no Sócrates e mandar uma no Alberto João ou, pelo menos, abster-se de o elogiar do ponto de vista democrático.

Só que as coisas não são como nós esperamos que sejam. As coisas, lá está, são uma caixinha de surpresas, e muitas vezes parecem-nos racionais e ilógicas apenas porque nós somos ignorantes das causas. Porém, essas causas estão lá e não ligam à nossa constitutiva incapacidade ("incapacidade" é um eufemismo. A palavra que aqui deveria estar era "burrice"!). A trovoada aconteceu porque x, y e z se deram. Eu, que não sou meteorologista, aposto que foi uma baixa pressão na estratosfera provocada pelo afluxo do vento norte nas zonas austrais marítimas (vá, admitam ao menos que esta explicação sempre tem mais estilo do que invocar os illuminatti). E as declarações da Manuela Ferreira Leite na Madeira ocorreram não porque alguém a obrigou, não porque ela tenha bebido demais (uma coisa comum naquela ilha, a avaliar pelos comícios do PSD), não porque ela estivesse drogada mas pura e simplesmente porque é estúpida. E se nós não reconhecemos isto, então é porque também nós somos estúpidos!

terça-feira, setembro 08, 2009

A televisão que eu gostaria de ver: MTV Cribs, versão RTP África

Já todos estão familiarizados com o programa Cribs que passa na MTV, certo?! Para os desconhecedores, eis do que se trata: uma equipa de filmagem vai até à residência de uma qualquer personalidade famosa (músicos, actores, essas merdas...) e convida-a a mostrar os cantos da casa aos telespectadores. Incluindo as extravagâncias, tipo 5000 armários só para os sapatos (no caso das gajas) ou ténis (no caso dos gajos), os 31 plasmas por cada divisão, a sala de jogos com toda a parafernália que se possa imaginar, a banheira que faz bolhinhas e até bate uma punheta (no caso dos gajos) ou esfrega o clito (no caso das gajas) ao se carregar num botão, a cama ultra XPTO que relaxa, excita, lava os lençóis e até serve para dormir, etc. e tal.

Normalmente, este programa só serve para uma coisa: encher de inveja e raiva os espectadores que assistem, impunemente, ao desfilar de casas espectaculares possuídas por gente cujo Q.I. é tão, mas tão baixo que não seriam sequer capazes de treinar o Benfica, o que dá uma boa ideia do nível de burrice que ali se atinge. Desde os habituais wannabes dos hip hop, até à megaestrela do wrestling, Batista (ele é burro, mas por favor não se lhe chibem. É que aquele caparro assusta...), passando pela Mariah Carey ou o Gene Simmons, é um fartar de mediocridade, só que eles cagam-se de bem alto, porque por mais medíocres que sejam, vivem em casas que são autênticos palácios e nós, que vivemos neste cantinho à beira-mar plantado, ficamos a chuchar no dedo.

Ora, para tornar o conceito do Cribs mais interessante, e menos dado ao despertar de invejas, pensei nesta mescla. O Cribs realizado em África!!! É genial, não concordam?! Tudo no programa ficava igual: uma equipa deslocava-se, sei lá, ao Chibango, à Katunga Mulemba, ou até mesmo à Bandulé do Patongango e pedia a um ou outro residente que nos fizesse uma visita guiada ao seu barraco. Além de etnograficamente irrepreensível, pois permitir-nos-ia conhecer o modo de vida das gentes africanas, seria em termos artísticos e decorativos bastante exótico. E quiçá nos ensinasse qualquer coisa sobre como sobreviver em tempos difíceis (quem não acha mais educativo saber como se brinca só com um pau e um arame - que têm de dar para toda a família africana, normalmente constituída por um pai, cinco mães e trezentos e vinte e quatro filhos - em vez de olhar à distância para uma divisão com máquinas de jogos, bilhar, bowling, dardos e todas essas mariquices que os americanos usam para se divertir?).

As possibilidades seriam infinitas! O Cribs da MTV ficaria claramente a perder em comparação com o Cribs RTP África. Notem o potencial televisivo que é chegar-se junto da cabana de 2 metros quadrados do Sr. Xacué Djibundundo e ele guiar-nos por aqueles acolhedores espaços, enquanto nos abria também as portas da sua vida: " Tché, este é os meu barraco, onde vivo com os meu 52 filho. Aqui é os cozinha e os quarto, e os casa-de-banho são lá fora nos bosque. Os telhado é de palha e os parede é de madeira podre, ué. Ali aquelas damas dançando uma morna são os irmãs dos minha mulé, uélélé, uéléle!"

Coisa mais linda, não acham?!?! Eu acho... e ainda dizem que não há boas ideias para programas de televisão!

segunda-feira, setembro 07, 2009

E onde estará a MMG daqui a 5 anos?!

(sim, eu podia até ter escolhido uma foto menos horrível da gaja, mas não seria a mesma coisa...)

Vendo as coisas como elas são, eu devo ter sido a única pessoa que ainda não se pronunciou sobre o caso Manuela Moura Guedes. E não me pronunciei porque prefiro focar-me nas coisas realmente importantes e decisivas para o país, como por exemplo no facto de o Louçã não ter usado gravata no debate com o Jerónimo. Quanto ao que se passou na TVI durante a última semana, não tenho propriamente opinião formada: não sei se aquilo foi uma cabala montada pelo PS para lixar o Moniz e a Manuela, não sei se se tratou de uma cabala engendrada pelo CDS/PP e pelo PSD para lixar o Sócrates e o PS, não sei se foi apenas uma decisão normal tomada pela administração do canal televisivo. Aquilo que eu sei é que a MMG vai acabar por se juntar às estatísticas de desempregados! E isso é que é grave, pois Portugal ainda atravessa um período de crise, crise essa que afecta a produtividade, a economia e os atacantes (basta atentarem no último Dinamarca-Portugal...).

Daí a minha pergunta inicial: agora que a MMG vai ser corrida da TVI, onde aplicará ela os seus talentos, em particular aquele talento que só ela e mais ninguém tem, que é o de possuir uma boca com o diâmetro de cinco quilómetros? Não, não vou recorrer à insinuação fácil e javarda e alegar que onde ela estaria bem era a fazer de blowjob counsellor para a indústria pornográfica mundial. Haja respeito! A MMG é profissional para voos muito mais altos! Mas quais?!

Deixo aqui algumas sugestões, e peço-vos que se associem a mim. Botem, na caixa de comentários, funções para as quais julguem adequada a Manuela Moura Guedes. Se possível, façam-lhe chegar os resultados do que aqui se está a propor. Porque dar trabalho a uma cidadã com tanto ainda para oferecer é fazer avançar o país! Mais, o mundo! Vá, puxem pela mioleirinha, que eu fiz o mesmo.

Iniciativa PETER OF PAN: Vamos arranjar um trabalho para a MMG!

Sugestão nº1: Servir o Dias Loureiro na função de depósito secreto.

Sugestão nº2: Trabalhar para a NASA como buraco negro.

Sugestão nº3: Colaborar com o Banco Privado Português como buraco financeiro.

Sugestão nº4: Substituir a fossa das Marianas no Oceano Pacífico.

Vá, fico a aguardar as vossas propostas. Tenho certeza que serão melhores que as minhas...

sexta-feira, setembro 04, 2009

Holy Crap!!!! What the Fuck?!?!? (ou: o sapato de saltos altos black metal!)


A porcaria representada na foto acima dá à expressão "pontapé nos tomates" todo um novo significado! A sério, quem é que se lembrou de criar isto?! Quem foi a mal comida, feminista e misógina ou o palhaço traidor da causa masculina que desenhou esta peça de calçado?!?! Qual foi a ideia, caraças?! E que tipo de mulher gostará de usar isto?! [leitoras deste blogue: abstenham-se de responder "Eu, Eu, Eu!", está bem?!]


Dói-me tudo cá em baixo só de olhar para o raio da fotografia... urgh... até canto fininho!

Bom fim-de-semana, e um conselho às gajas: por favor, NUNCA calcem sapatos destes, 'tá?!

quinta-feira, setembro 03, 2009

Tenham medo, mesmo muito medo! (eu próprio estou todo borrado!!!)


Qualquer acção, por mais insignificante que pareça, produz consequências. Já Edward Lorenz, nome peregrino daquilo a que se veio chamar de "teorias do caos", advogava que o mero bater de asas de uma borboleta no Cacém poderia provocar uma tempestade no outro lado do mundo, por exemplo, na Brândoa. Queria o cientista com isto dizer que mesmo a coisinha mais pequena e sem importância poderia originar grande destruição, e vai daí e chama a esta tese "Efeito Maria de Lurdes Rodrigues"!


Bom, e por que estou eu com esta exposição culta e inteligente? Porque lá em casa estou a viver aquilo de que Lorenz falava! Uma pequenina coisa gerou ondas de choque cujas consequências são, neste momento, imprevisíveis, mas certamente terríveis.


Tudo começou há duas semanas na Fnac do Vasco da Gama. Eu e a gaja passeávamos pela loja até que deparamos com a caixa "O Padrinho - O Restauro de Coppola" (4 dvds, 1 só com extras = 25€). Comecei a salivar de excitação, mas fui interrompido: "Oh, nunca vi nenhum destes filmes! São bons?", perguntou-me ela, e eu em resposta babei-me para cima dos dvds em exposição. "Então", continuou, "e que tal se eu te oferecesse esta caixa? Depois deixas-me ver, certo?!", e em resposta a minha saliva soltou-se em cataratas para o chão da Fnac (ainda devem estar a limpar esta porcaria). Lá voltámos então para casa, com os três Godfathers debaixo do braço, e eu todo contente.


Na passada semana, decidimo-nos a ver toda a saga de empreitada. Eu próprio já não me recordava de algumas cenas, em particular do 2º e 3º filmes, por isso revi tudo com imenso prazer. Porém, estava longe de imaginar o efeito que as películas do Coppola estavam a ter na mente muito susceptível da minha miúda! Sim, ela adorou os filmes, o que é bom, mas o lado mau é que toda aquela máfia está a influenciar a sua conduta! Isto é: A MINHA GAJA ESTÁ, AOS POUCOS, A TRANSFORMAR-SE NUMA AUTÊNTICA PASSIONATA DA COSA NOSTRA!!!


As coisas começaram subtil e inocentemente. Primeiro, começou por se identificar com a personagem do Michael Corleone (Al Pacino), defendendo a sua conduta com unhas e dentes. Depois, abriu uma conta no Facebook só para jogar ao Mafia Wars, e agora passa lá os seus tempos livres. Simultaneamente, pediu-me para sacar o tema musical do Padrinho para ela poder pô-lo como toque do telemóvel (eu assusto-me de cada vez que ela atende a porcaria do aparelho... tinininini ni ninini ni ni niiiiiiii... creepy!!!). Mais tarde, exigiu que a começasse a tratar por "Donna" e lhe beijasse a mão direita. Já a quem vai lá a casa, não admite que limpe os pés ao tapete da entrada sem antes lhe dizer, respeitosamente, "Buonanotte, cara Madrinha". E hoje de manhã começou, como quem não quer a coisa, a falar da vontade que tem em visitar a Sicília e de aprender a falar italiano!


Eu estou aterrorizado, porque mais cedo ou mais tarde sei que irei acabar com uma cabeça de cavalo ao meu lado na cama! Mais cedo ou mais tarde, a nossa casa começará a ser frequentada por capos, consiglieris e políticos corruptos, e eu temo aquilo que possam fazer aos meus cds! Vou andar o resto da minha vida com o coração aos saltos, tudo porque a gaja viu O Padrinho!


E se eu tenho razões para estar todo cagado, vocês também terão. Acreditem... o pior está para vir!


quarta-feira, setembro 02, 2009

Acerca de se ser obrigado a fazer coisas que não se quer

Uma das cenas mais repugnantes da vida é ser forçado a ter de fazer coisas contra a própria vontade. Ninguém gosta disto, simplesmente porque fazer uma coisa quando não se quer fazê-la significa uma violação da autonomia e do livre-arbítrio individuais. E quando se tem simpatias anarquistas, como é o meu caso, esse sentimento de "violação" atinge o seu zénite.

Contudo, mesmo o mais feroz adepto da liberdade de escolha tem de admitir que, por vezes, sermos obrigados a fazer coisas que não queremos acaba por ser um mal que vem por bem (em inglês, "a blessing in disguise"; em alemão, "wolfenreichschtrumpfelgang", ou lá o que é!). Por exemplo: ir à escola. Quem é que gostava de ir à escola? Eu não!!! Sempre odiei aquela vida, exceptuando os momentos de recreio, nos quais ocupava o tempo a jogar à bola, a apalpar as miúdas, a andar à porrada com outros putos que apalpavam miúdas, a chatear as contínuas e a fazer xixi nas paredes traseiras dos blocos. Mas as aulas, oh, as aulas eram uma estopada, uma seca infindável que parecia quase sugar a minha força vital.

Só que, mais cedo ou mais tarde, um gajo compreende que ser obrigado a ir à escola foi uma coisa boa. Aprender a ler e a escrever ou até mesmo levar faltas a vermelho por chamar ao professor de matemática "paneleiro trigonométrico" são coisas que nos preparam para a vida e nos dão vantagem sobre aqueles pobres coitados que não tiveram oportunidade de frequentar o ensino. A coacção, portanto, acabou por revelar-se benéfica, e se hoje continuo a abominar os estabelecimentos de ensino, tenho de admitir que sem eles eu seria muito menos eu do que sou hoje. O mesmo se passa com o trabalho: um gajo não gosta de ir trabalhar, é chato, seria preferível ficar em casa a dormir, mas ao final do mês a coisa até sabe bem, pois é o facto de estar a trabalhar que permite a aquisição de fabulosos cds, livros e dvds (além do sempre útil material pornográfico).

Outra situação em que fui obrigado a fazer algo que, por minha vontade jamais faria, foi durante a minha licenciatura. Para uma cadeira do curso, fui obrigado a ler a Ética, do filósofo holandês descendente de portugas Baruch de Espinosa. Juro que ao fim das primeiras três páginas, estava a pensar para mim "Fosga-se, que porra é esta?!?! Eu não vou ler esta merda! Não percebo a ponta de um pénizito cujo prepúcio esteja ensanguentado! Acabou!", mas depressa fui chamado à realidade, pois se não lesse aquilo tudo, os meus resultados em testes e trabalhos seriam equivalentes às capacidades intelectuais da ministra Maria de Lurdes Rodrigues. Forcei-me, então, a ler o livro. E o que sucedeu?!? Aquela primeira impressão sumiu-se por completo! Por iniciativa própria, duvido que alguma vez conseguisse ler a Ética, mas ao ver-me coagido, por motivos académicos, a lê-lo, acabei por ter uma das maiores recompensas da minha vida. Hoje em dia, considero a Ética o livro mais importante já escrito, e posso até vangloriar-me de, passado aquele impacto inicial, o ter relido várias vezes (em português e, pasme-se, em francês), sempre com imenso prazer.

A Ética do Espinosa, aliás, é tão, mas tão importante que já comecei a doutrinar o afilhado da minha gaja. Da última vez que o bebé de seis meses esteve lá em casa, li-lhe metade do primeiro capítulo do livro! É um ensaio para aquilo que farei se algum dia tiver filhos: obrigá-los-ei, ainda antes de completarem 3 anos de idade, a fazer aquelas coisas que, mais cedo ou mais tarde, se revelarão compensadoras. Nomeadamente, terão de saber a Ética de trás para a frente, aprender a sacar álbuns de bandas black metal satânico do norte da Nova Zelândia, jogar futebol como o Messi e dizer mal dos políticos como se eles fossem a coisa mais asquerosa à face da Terra, o que não deixa de ser verdade! (também treinei isto com o afilhado da gaja, mas as coisas não correram muito bem: quando lhe disse "O Paulo Portas gosta de ir às feiras para poder enfiar pepinos no próprio rabo", o puto bolsou-se. Não sei que mensagem política ele quis transmitir com isto...).

Em conclusão, que já me alonguei demasiado, muitas vezes não há mal nenhum em sermos obrigados a fazer o que não queremos ou em obrigarmos os outros a fazerem aquilo que não querem. É que os resultados podem ser bons, mesmo quando não damos por isso logo.

P.S.: este post foi inspirado num episódio pessoal. É que ontem a gaja obrigou-me a limpar o pó. Eu resisti até onde pude, mas acabei por ficar convencido das vantagens de realizar aquilo que a companheira exigia: primeira, é menos prejudicial para a saúde residir numa casa limpinha e asseada em vez de caminhar sobre camadas de crostas de pó; segunda, é preferível andar com o paninho para cá e para lá do que levar umas valentes vassouradas se me recusasse a fazê-lo...

terça-feira, setembro 01, 2009

Pela primeira vez na história deste blogue (e, já agora, na história da minha vida), defende-se o José Sócrates!

Depois do título, já sei que ninguém vai ler este post, mas mesmo assim escrevê-lo-ei. Não, não tomei qualquer substância psicotrópica. Não, não me foi prometido um cargo no governo. E não, também não enlouqueci. Mas então por que carga de água venho aqui, hoje e agora, defender o Sócrates?!?!

Porque alguém com bom senso e independência política tem de responder àquelas idiotices lançadas recentemente por aquela coisa esquisita que lidera o PSD. A avózinha criticou há dias o primeiro-ministro, acusando-o (e cito de memória) de "estar a destruir a família, esse pilar da sociedade"! A Manecas proferiu estas palavras sem vergonha alguma na cara, ou lá o que é aquilo que ela possui acima dos ombros, em vez de se preocupar em fazer alguma coisa de jeito àquele cabelinho.

[um aparte: na vossa opinião, quem possui um penteado mais ridículo? A MFL, o David Luiz, o Miguel Veloso ou o Nuno Gomes?!]

Vamos lá então ver uma coisa: eu desconfio sempre de alguém que garante ser a família o pilar da sociedade. E sim, torço sempre o nariz aos paladinos e defensores dessa categoria; não sei se é por ter visto muitos filmes e séries do género quando era mais novo, mas ficou sempre cá muito bem interiorizado na minha cabecinha que "Família" é coisa de mafioso, e portanto desejar que isto seja o pilar da sociedade é algo muito corleonesco. Bem sei que o PSD teve o Isaltino, o Valentim, e ainda tem o Dias Loureiro, entre outros, mas quero acreditar que nem toda a gente neste partido alinha pelo diapasão siciliano. A começar pela Manecas Ferreira Leite, que pode ser idiota (e é), incompetente (e é), burra (e é), conservadora (e é), infernalmente horrível e horrivelmente infernal (e é), mas não me parece ser mafiosa...

Além dos mafiosos, há outra classe de gente que adora defender a família: os padrecos e as freirinhas católicos. Paradoxalmente, esta classe NÃO tem família, uma vez que não lhes é permitido contrarir matrimónio ou gerar descendência. Quando um padre ou uma freira vêm defender a família, é um pouco como se o Bruno Alves viesse defender o fair play ou a Elsa Raposo a monogamia. Não joga bem, pronto!

Mas vamos dar de barato que sim, a Manecas, os mafiosos e os padrecos têm razão e a família é mesmo o pilar da sociedade, devendo ser defendida com unhas e dentes. Em que ponto é que as ideias do Sócrates atacam, como defende aquele cruzamento de uma marciana com um jericó mutante, a família? Mais explicitamente: as bandeiras sociais do PS, nomeadamente o casamento entre pessoas do mesmo sexo e a nova lei sobre as uniões de facto, constituem o fim da família?!?

Qualquer pessoa minimamente racional e com um cabelo normal terá de responder não. Dois nilas que resolvam casar-se atacam tanto a noção de família quanto o bigode do Luís Filipe Vieira afecta os dentes da Carolina Patrocínio. Um gay, quando pretende juntar-se com outro gay, está a querer atacar algo, sem dúvida, mas não é a família e sim a anilha do companheiro! E uma lésbica que se junte com outra lésbica faz mais pelo meu "pilar" do que todo o programa de governo do PSD! Portanto, a MFL que se lixe!

Por último, as uniões de facto são tão lesivas para a família quanto a decisão de uma pessoa em morar sozinha. Um gajo ou gaja que queiram morar sozinhos não constituem família, pois não?!? Mas é isto ilegal?! Claro que não! Não vejo a Manecas a querer, à força, que se impeça alguém de viver sozinho. Mas viver sozinho é menos "família" do que duas pessoas que pretendem levar uma vida juntos sem contrair matrimónio! Ou do que duas pessoas do mesmo sexo que queiram casar-se. Se a Manuela Ferreira Leite fosse coerente e tivesse tomates (e eu sei que, algures naquele amontoado de ossos, músculos e nervos que só por boa vontade se pode chamar "corpo", existem tomates), estaria, em lugar de mandar javardices sobre o casamento gay e a união de facto, a lançar ataques a esses misantropos que escolhem viver sozinhos, evitando assim discussões conjugais, chatices com filhos, divisão de patrimónios, partilha de espaços, e etc! Cambada de cabrõezecos...