De modos que comecei a pensar (“pensar” é uma actividade a que me dedico uma ou duas vezes por ano, uma vez que está indexada às vitórias do Sporting): já que fiz porcaria (leia-se: cortar excessivamente a pilosidade capilar), como é que dou a volta ao texto, isto é, como é que disfarço a careca? Colocar uma peruca estava fora de questão: era só o que faltava! Não sou o Donald Trump, embora não me importasse de ter o dinheiro dele. Também equacionei a utilização de um gorro, mas a verdade é que não sou nenhum dread, e o gorro só fica bem nos dreads. Até que, voilá!, fez-se luz: em vez de esconder a cabeça, em particular a careca, poderia isso sim mostrar outra coisa capaz de desviar as atenções. E, deste modo, decidi: “vou deixar crescer a pêra! Nunca ninguém me viu com pêra!” Parecia a solução perfeita, precisava agora de testá-la. Foi o que fiz: inspirado pelos vários anúncios publicitários do género antes/depois, planeei ir para a rua com a barba por fazer (portanto, o “antes”) e com a barba já feita e pêra “plantada” (portanto, o “depois”), e anotar as reacções. Isto foi o que sucedeu:
Antes: Tanis na rua, de cabelo cortado e barba por fazer
Tanis: Lálálálálá…
Amigo do Tanis: Olá, Tanis! Estás porreiro?
Tanis: Oi. Tudo fixe, e tu?
Amigo do Tanis: Tudo bem. Olha lá, cortaste o cabelo?
Tanis: Yap!
Amigo do Tanis: Pá, estás mesmo careca! Fogo!!!!
Tanis: Eu sei…
Amigo do Tanis: Bem, mas é que estás mesmo. Tão novo e já perdeste tanto cabelo!
Tanis: Pois é.
Amigo do Tanis: Vá lá, tu queres é transformar a tua cabeça numa pista de aterragem para mosquitos, heheheh…
Tanis: F*da-se!
Fatela, não é? Não era preciso mais nada: voltei rapidamente a casa, de modo a escapar deste massacre. As repetidas referências à minha careca confirmaram-me que algo tinha efectivamente de ser feito. Barbeei-me, então, deixando ficar a pêra e saí, a ver se alguma diferença se produziria.
Depois: Tanis na rua, de cabelo cortado e pêra – Versão mais simpática
Tanis: Lálálálálá…
Outro Amigo do Tanis: Então Tanis, tudo bem?
Tanis: Tudo, e tu?
Outro Amigo do Tanis: Fixe. Ouve lá, deixaste crescer a pêra?
Tanis: Sim, sim, deixei.
Outro Amigo do Tanis: Fica-te bem e tal.
Tanis: Obrigado.
Outro Amigo do Tanis: Então e o nosso Sporting, hã?
Tanis: F*da-se!
Magnífico, não é? Note-se que não houve sequer um único comentário lançado à minha careca: a pêra assumiu-se imperial e dominou logo o campo visual do meu amigo. Seriam todas as reacções assim? Se o fossem, a minha solução sairia melhor do que a encomenda! Decidi, pois, ficar mais um tempo na rua até me cruzar com outro amigo, o que veio a suceder.
Depois: Tanis na rua, de cabelo cortado e pêra – Versão menos simpática
Tanis: Lálálálálá…
Mais Outro Amigo do Tanis: Olha o Tanis! Então, meu?
Tanis: Olá, pá!
Mais Outro Amigo do Tanis: Tanis, cortaste o cabelo?
Tanis: Sim.
Mais Outro Amigo do Tanis: E… e… deixaste crescer a pêra?
Tanis: Iá.
Mais Outro Amigo do Tanis: Estás diferente!
Tanis: Uma beca, sim.
Mais Outro Amigo do Tanis: Mas agora estou a ver e… Tanis, estás bué careca!
Tanis: Pois.
Mais Outro Amigo do Tanis: E essa pêra está um bocado torta e tal.
Tanis: F*da-se!
Não está mau de todo, não é? Pronto, a versão de cima é melhor que esta última, mas seja como for, qualquer uma delas é mais satisfatória, para mim, do que o “antes”, isto é, do que o meu visual pré-pêra. A pêra é mesmo um excelente artifício e desvia as atenções da careca, nalguns casos até por completo. Funcionou bem, portanto. Agora só falta é conseguir desviar as atenções da pêra que, de acordo com o 3º dos meus amigos, está torta. Para isso, estou a equacionar deixar crescer os pêlos das orelhas. O que acham? Aceito sugestões!
Tanis
5 comentários:
amigo, é só deixares crescer os pelos no nariz consideravelmente e depois fazes rastas. E pronto, nunca mais ninguém repara se estás a ficar ou n careca. É garantido.
Grato pela sugestão, procurarei implementá-la!
ahahah
Não sei se irei gostar... pelo menos do crescimento dos pelos do nariz...
Mas lá que vai atrair as atenções, ah isso vai!!!
Esse é o principal objectivo!
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