quarta-feira, março 26, 2008

Uma boa solução

Um destes dias, aquando de uma viagem por autocarro, esbarrei com algo que considero ser uma boa solução: dois enormes fiscais negros vasculhavam os passageiros do dito autocarro, verificando a validade dos passes e bilhetes de transporte. A reacção das pessoas foi sempre a mesma: rápida e pronta resposta na mostragem dos títulos (menos eu, claro, que não tenho medo de negões, por isso pedi que esperassem enquanto acabava de ler mais um parágrafo do Lobo Antunes que tenho em mãos…). E, observei eu próprio, nem um único passageiro tinha o título inválido, para bem dos seus pecados. Melhor ainda foi a expressão que alguns manifestaram, como o caso de dois velhos sentados no banco... bem, no banco dos velhos: ao mostrarem os respectivos bilhetes, pequenas gotas de suor formaram-se e desceram pelas rugas abaixo, sinal de angústia à espera do veredicto dos negões, a que sucedeu um sonoro suspiro de alívio aquando da apreciação positiva e subsequente comentário “Os bilhete tá válido”.
Efectivamente, trata-se de uma feliz medida. Colocar negros altos e fortes como fiscais traz imensas vantagens. Primeiro que tudo, impõe respeito aos passageiros. Ninguém, no seu pleno juízo, pensará fazer frente a fiscais com tamanha presença física, nem tão-pouco equacionará entrar no transporte público com o bilhete ou passe caducados/falsificados. É que, se alguém for apanhado a prevaricar, o crime claramente não compensará, pois o resultado equivale a apanhar uma valente tareona dos negões. Fiscais deste calibre constituem-se, assim, como uma óptima profilaxia da criminalidade.
Ademais, a utilização de pessoas de cor como fiscais permite ainda que se estabeleça uma melhor comunicação com alguns passageiros, nomeadamente aqueles que também são de cor, sobretudo em zonas delicadas, tipo Amadora ou Damaia. Passo a explicar: quando fiscais ditos “brancos” se aproximam de um indivíduo (ou “indivídua”, isto vale para os dois sexos) de cor, para verificar o título de transporte, por vezes dão-se descoordenações comunicativas, do género:

Fiscal: O seu bilhete, por favor.
Indivíduo: Os quê?!
Fiscal: O seu bilhete, por favor.
Indivíduo: Os meu bilhete os quê?!
Fiscal: Mostre-me o bilhete.
Indivíduo: Mostrar os quê, pula?!
Fiscal: O que é que me chamou? “Pula”?
Indivíduo: Os quê?!

E assim por diante. Ora, a partir do momento em que ambos os lados falam a mesma linguagem, problemas deste tipo desaparecem, o que é francamente bom e mais um ponto a favor do uso de negões.
A última vantagem prende-se com os benefícios, digamos, sociais desta medida. Ao empregar negões neste ofício, está-se a impedi-los que sigam a via do crime ou, pior ainda, que enveredem pela carreira de músicos de hip-hop. Enquanto fiscais, estas minorias étnicas não só fazem algo de produtivo por si próprios, como também beneficiam a sociedade, que só fica a ganhar.
O único senão – porque há um senão – de ter negões como fiscais será o cheiro, mas pronto, a malta também depressa se habitua, não é? (Ok, peço desculpa por este último comentário altamente racista. Juro que a culpa não é minha e sim das más companhias com quem ultimamente me tenho envolvido…)


Tanis

2 comentários:

Ilda disse...

Más companhias??? Essa agora!!!! Essa boca não era para mim pois não? Mas subscrevo o que dizes, eu não me habituo é ao cheiro, não sei qto a ti mas tenta andar todos os dias no comboio da CP, que logo vês!!!
Mas realmente o cheiro tem a sua utilidade pq permite aos invisuais tb serem racistas!!!! Xii patrão!

)0( disse...

:D Não faço ideia que companhias serão essas...