quarta-feira, junho 04, 2008

É o devir, é o devir...

Passei há coisa de minutos pela montra de uma livraria e deparei-me, assombrado, com o título do mais recente livro de José Gil: O Imperceptível Devir da Imanência - sobre a filosofia de Deleuze. Tenho algumas observações a fazer relativamente a isto:

1ª observação: não dava para encontrar um título mais rebuscado?! Por que é que, em vez de O Imperceptível Devir da Imanência, não se baptizou a obra com um A Meta-Ontologia Dianóica do Logos Apofântico, ou com um O Inimaginável Fulgor da Crise da Aletheia, ou até mesmo com um A Abertura Fenomenológica do Ser em Questionamento do Sentido Tanatológico da Existência Por Via de uma Impossibilidade Ôntico-Holística? Para mim, estes são títulos tão bons quanto o escolhido por José Gil, e até se percebem melhor!

2ª observação: e porquê uma obra sobre a filosofia de Deleuze? Deleuze?!?! Um tipo que já estava morto ainda antes de morrer? Ou seja, como quer José Gil falar de imanência acerca de um tipo que sempre andou do lado da transcendência? Está José Gil senil? Ébrio? Drogado? Ou anos e anos a lidar com filosofia marada subiram-lhe finalmente à cabeça e deram cabo do resto do seu cérebro?!

3ª observação: juntando as observações 1 e 2, apetece-me dizer o seguinte: ainda bem que José Gil teve coragem para colocar na capa, imediatamente abaixo do seu nome, o título O Imperceptível Devir da Imanência - sobre a filosofia de Deleuze. Fico satisfeito, porque assim o público leitor já sabe ao que vai. Se as pessoas forem minimamente providas de bom senso, ficarão - como eu fiquei - assustadas com o livro e passarão ao lado dele. Talvez até, na sequência do movimento de fuga, se espetem contra uma boa obra de filosofia. É que também há disto por aí, basta ter sorte ou saber onde procurar.

4ª observação: e não, não li o livro (estão parvos?!?!) nem tenho curiosidade em ler (brincamos, ou quê? Tenho mais o que fazer com o meu tempo livre, tipo navegar em sites porno, que no fim de contas sempre me ensinam mais sobre o devir e sobre a imanência do que o José Gil ou o Gilles Deleuze).

5ª observação: a filosofia em Portugal vai mal, mal e mal. Sugiro, à maneira do que se fez com as gasolineiras, um boicote. Nem mais um cêntimo para esses livros da treta! Quem está comigo?

3 comentários:

Ilda disse...

1º Gostei da 3ª opção de titulo que sugeriste!!!
2º Qual filosofia em Portugal?
3ªOs meus cêntimos nunca servirão para essas tretas!!!

Anónimo disse...

Olá, deparei-me com o seu blog na net e não posso evitar deixar aqui umas palavras em jeito de repreensão amigável.
Não gostar de 1. o trabalho do José Gil, 2. palavras rebuscadas e 3. desconhecer por completo a filosofia Deleuziana levou-o/a a dizer uma série de coisas absolutamente erradas como por exemplo que o Deleuze 'sempre esteve do lado da transcendência'.. Acho que se fizer uma pesquisa rápida vai perceber o que lhe estou a dizer. Esteja à vontade para dizer mal, mas de uma forma crítica e não de uma forma ridiculamente inconsequente.

pili disse...

não vou defender nem o autor nem o livro. ainda nem sequer o vi. andava só à procura de informação sobre a edição e no meio de tanto elogio que até cheira a bajulação até foi engraçado encontrar este post mas deixe que lhe diga que a razia que faz de deleuze parece-me um pouco precipitada.