sexta-feira, dezembro 28, 2007

Kenneth Koch - Some General Instructions

[...]
The problem of being good an also what one whishes
is not as difficult as it seems. It is, however,
Best to get embarked early on one's dearest desires.
Be attentive to your dreams. They are usually about sex,
But they deal with other things as well in an indirect fashion
And contain information that you should have.
You should also read poetry. Do not eat too many bananas.
In the srpingtime, plant. In the autumn, harvest.
In the summer and winter, exercise. Do not put
Your finger inside a clam shell or
It may be snapped off by the living clam. Do not wear a shirt
More than two times without sending it to the laundry.
Be a bee fancier only if you have a face net. Avoid flies,
Hornets and wasps. Clasp other people's hands firmly
When you are introduced to them. Say "I am glad to meet you!"
Be able to make a mouth and cheeks like a fish. It
Is entertaining. Speaking in accents
Can also entertain people. But do not think
mainly of being entertaining. Think of your death.
Think of the death of the fish you just imitated. Be artistic, and be unfamiliar
Think of the blue sky, how artists have
Imitated it. Think of your secretest thoughts,
How poets have imitated them. Think of what you feel
Secretly, and how music has imitated that. Make a moue.
Get faucets for every water outlet in your
House. You may like to spend some summers on
An island. Buy woolen material in Scotland and have
The cloth cut in London, lapels made in France.
Become religious when you are tired of everything
Else. As a little old man or woman, die
In a fine and original spirit that is yours alone.
When you are dead, waste, and make room for the future.
Do not make tea from water which is already boiling.
Use the water just as it starts to boil. Otherwise
It will not successfully "draw" it. Byron
Wrote that no man under thirthy should ever see
An ugly woman, suggesting desire should be so strong
It affected the princeliest of senses; and Schopenhauer
Suggested the elimination of the human species
As the way to escape from the Will, which he saw as monstrous
Demon-like force which destroys us. When
Pleasure is mild, you should enjoy it, as far as
You can, to enjoy you. Pain should be
Dealt with as efficiently as possible. To "cure" a dead octopus
You hold it by one leg and bang it against a rock.
This makes a noise heard all around the harbor.
But it is necessary, for otherwise the meat would be too tough.
Fowl are best plucked by humans, but machines
Are more humanitarian, since extended chicken
Plucking is an unpleasant job. Do not eat unwashed beets
Or rare pork, nor should you gobble uncooked dough.
Fruits, vegetables, and cheese make an excellent diet.
You should understand some science. Electricity
Is fascinating. Do not be defeated by the
Feeling that there is too much for you to know. That
Is the myth of the oppressor. You are
Capable of understanding life. And it is yours alone
And only this time. Someone who excites you
Should be told so, and loved, if you can, but no one
Should be able to shake you so much that you wish to
Give up. The sensations you feel are caused by outside
Phenomena and inside impulses. Whatever you
Experience is both "a person out there" and a dream
As well as unwashed electrons. It is your task to see this through
To a conclusion that makes sense to all concerned
And that reflects credit on this poem, your species, and yourself.
Now go. You cannot come back until these lessons are learned
And you can show that you have learned them for yourself.

domingo, dezembro 23, 2007

O Natal que se foda

O natal é provavelmente a melhor expressão da mediocridade das vidas que levamos.

Cão

sexta-feira, dezembro 21, 2007

Está quase! Preparem-se!!!!

O Peter of Pan pensa apresentar, neste mesmíssimo blogue, uma super-mega-produção, nunca antes vista em Portugal ou no Suriname. Trata-se da adaptação do Rei Édipo para a geração Morangos com Açúcar! Iniciativa arrojada, sem dúvida: Vasco Graça Moura, quando soube de tal projecto, confessou que se trata “do maior acontecimento cultural previsto para 2008, juntamente com a não publicação de qualquer livro do Carrilho!”
Portanto, preparem-se. Esta cena está quase a entrar em cena. Esperem por enredos manhosos! Crime! Violência! Sexo! Conflitos! Drogas! Música foleira! Roupas ridículas! Teenagers angustiados! Teenagers chatos! Teenagers teenagers! A estrear na primeira semana de 2008!


Eterno Entorno

P.S.: Aproveito para desejar a todos um muito bom Natal e um excelente 2008. Portem-se bem!

quinta-feira, dezembro 20, 2007

Estranhas Fobias

Em Castro D’Aire, conta-se a história de João Pedro, um rapaz de 16 anos que tem medo de queijos, mas só às terças-feiras, e ninguém percebe porquê. As reacções do moço quando depara com um queijo às terças evidenciam estarmos perante uma grave patologia: corre durante 8 exactos minutos, depois pára, senta-se onde calhar e desata a cantar o “Ser Benfiquista”, do Luís Piçarra, em falsetto. Alguns psicólogos que estudaram o caso admitem não saber o que fazer; limitam-se a adiantar que, se o João Pedro tivesse esta fobia aos domingos, talvez fosse possível encontrar uma cura, mas sendo às terças, aparentemente não há qualquer solução.

*

Susana Costa, uma empregada doméstica de 41 anos residente em Massamá, convivia até há bem pouco tempo com o seguinte problema: aterrorizava-se sempre que diante de si surgiam duas ou mais baratas a dançar o fandango. E se, por sinal, os insectos envergassem barretes de campino, era mais do que certo que a pulsação da pobre senhora ultrapassaria as 250 batidas por minuto! A Dª. Susana, no entanto, conseguiu libertar-se desta fobia após seis meses de sessões de psiquiatria. O seu médico, o Dr. Fiel Castro, explica-nos:
- Bem, na verdade foi tudo muito simples. Limitei-me a sugerir à Dª. Susana que, quando voltasse a ver baratas a dançar o fandango, imaginasse antes que estavam a dançar o corridinho. Ela assim procedeu, e desde então nunca mais voltou a ter chatices.

*

Paulo Silva, um fervoroso adepto do F.C. Porto, deixou de poder assistir aos jogos do seu clube do coração desde que o Ricardo Quaresma foi contratado para o plantel azul-e-branco. O motivo prende-se com a fobia do Paulo: golos marcados de trivela. Segundo Joaquim, o irmão mais velho (que não teme nada, excepto peúgas pretas), a origem da fobia do Paulo está numa partida de futebol entre amigos, disputada há coisa de 15 anos. Paulo era o guarda-redes quando o Ciço, atacante adversário, driblou meia equipa e chutou de trivela para a baliza. A bola entrou e nesse preciso momento a trave da baliza caiu, o terreno de jogo abateu, um trovão soou, deu-se um golpe de estado num país qualquer da América Latina e o téni direito do Paulo rasgou-se. Os especialistas defendem que o Paulo ficou marcado por esta estranha coincidência de acontecimentos, e que só conseguirá curar-se caso se dê a seguinte combinação: o Ciço marca outro golo de trivela ao Paulo e nesse momento o Paulo ganha o Euromilhões, aparece a Angelina Jolie no céu toda nua, o Miguel Sousa Tavares desiste de escrever e o Luís Filipe Vieira casa-se com o José Veiga. Bem, boa sorte, Paulo! Ficamos a torcer por ti!!!

*

Eterno Entorno, um parvalhão qualquer que escreve num blogue chamado Peter of Pan, morre de medo da fenomenologia alemã. Quando depara com um texto proveniente desta corrente filosófica, embrulha-se-lhe o estômago, enche-se de suores frios e põe-se a recitar o canto VII d’Os Lusíadas em húngaro até ficar com a boca seca. Enfim, é maluco, coitado…

Eterno Entorno

quarta-feira, dezembro 19, 2007

Extractos do Diário de um singelo aspirante a filósofo

19/12/2007
Iniciei hoje, cerca das 2 da tarde, a leitura de Ser e Tempo, por Martin Heidegger. Passada meia-hora, decidi ligar o gás e enfiar a cabeça no forno. Infelizmente, a minha empregada romena de limpeza deu por tudo e chamou os bombeiros. Assim que regressar do hospital, despeço-a!

20/12/2007
Uma jovem e atraente aluna veio ter comigo e pediu que lhe explicasse a diferença entre uso e menção de um termo. Respondi à solicitação da maneira seguinte: “Olha lá, se eu disser: 1º, Tu és uma puta; 2º, Puta tem quatro letras, onde é que usei e onde é que mencionei o termo «puta»?” Ela não percebeu, portanto ficou de vir jantar hoje cá a casa, a ver se eu consigo explicar-lhe melhor…

21/12/2007
Esta manhã, no supermercado, lembrei-me de mandar uma graçola à rapariga da caixa. Disse-lhe: “Estes bollycaos detêm uma essência informe que é como um noema para a noese do meu paladar!” A sacanita chamou logo o segurança e este telefonou à ASAE. Com tudo isto, não me deixaram levar os bollycaos!

22/12/2007
No almoço com um grupo de amigos, veio à liça a questão da alma. Debatíamos se a alma poderia efectivamente sobreviver à morte do corpo. Argumentei que sim, poderia, mas os meus colegas não me pareceram muito convencidos. Proferi então duas palavras: “Lili” e “Caneças”, e a discussão terminou logo ali.

23/12/2007
Apesar de ser judeu xintoísta, decidi comprar prendas de Natal aos familiares e amigos próximos.

24/12/2007
Afinal, o Ser e Tempo, enquanto livro, não é assim tão mau. Há pouco, durante o jantar de consoada, o meu primo de Loulé alvitrou que, se um dia a UEFA resolvesse criar uma Champions League com os escalões infantis de clubes do distrito de Setúbal e convidasse a equipa sénior do Sporting para participar, nem assim esta passaria da fase de grupos. Ora, se não fosse o livro do Heidegger, eu não teria nada para lhe atirar aos cornos! Obrigado, Martin! Amanhã, não posso esquecer-me de readmitir a romena.

25/12/2007
Passei pelo diário só para dizer que hoje não me apetece escrever.

26/12/2007
Passei pelo diário só para pedir desculpas por ontem não me ter apetecido escrever.

27/12/2007
Convidaram-me para redigir um artigo acerca do melhor e do pior que ocorrera em 2007. Neguei-me a tal, uma vez que sou relativista, excepto quando a análise axiológica se debruça sobre os discursos do Alberto João Jardim.

28/12/2007
O Alberto João Jardim soube do meu comentário de ontem (alguém deve ter-lhe contado, e aposto que foi o meu arqui-inimigo ontológico, o Prof. Paiva Antunes, que dá Ética Semi-Metafísica na Universidade de Sernancelhe) e escreveu no Jornal da Madeira que eu sou uma lésbica continental ao serviço da Maçonaria Cubana. Não, são sou, mas não me importava de conhecer uma.

29/12/2007
Julgo que a empregada romena está apaixonada por mim. Se não for isto, então por que motivo estava ela sentada à minha secretária, toda nua (a romena, não a secretária!), a ler o meu ensaio sobre Wittgenstein enquanto exclamava, em português correcto, “Sim, sim, oh sim, é mesmo isto!!!”?!?!

30/12/2007
Ao jantar hoje com a minha futura ex-mulher, a fim de decidirmos os termos da separação, sofri um ataque de soluços que quase me mandou desta para a matéria informe. O flagelo só terminou quando a minha comensal me pregou um daqueles sustos ao sussurar-me, ao ouvido, a expressão “coisidade da coisa”! Fico-lhe eternamente grato, mas nem assim vou incluir os dvds dos D’zrt, que ela tanto aprecia, na partilha de bens!

21/12/2007
A Teresa, a aluna que no outro dia me pediu esclarecimentos sobre uso e menção de um termo, ligou-me hoje de manhã. Parece que ela quer que eu lhe faça uma exposição, ao domicílio, acerca da importância da linguistic turn na Filosofia do séc. XX! Fiquei contente em saber que ela quer explorar a fundo o sentido da viragem linguística… ou muito me engano, ou a minha passagem de ano vai ser de arromba!

Eterno Entorno

segunda-feira, dezembro 17, 2007

Voldemort: breve retrato psicológico

Terminei recentemente a leitura do último volume da saga Harry Potter, e confirmei duas suspeitas que já há muito possuía: 1, Harry Potter era o derradeiro Horcrux; 2, Voldemort é (ou melhor, era) gay. Os fãs da série podem verificar com facilidade o primeiro ponto, até porque o livro explicita-o, mas o segundo aparece de forma menos óbvia, sendo então preciso um hermeneuta dotado de impecável inteligência e notável argúcia, além de uma capacidade de análise psicológica capaz de fazer inveja a um médico do Júlio de Matos, para pôr a nu as tendências larilas evidenciadas por Lord Voldemort (aka Senhor das Trevas, aka Voldy, a Maluca), no decisivo Harry Potter e os Talismãs da Morte. Ou seja, é preciso um Eterno Entorno, e como ele sou eu, aqui vai.
Baseio a minha tese da homossexualidade do Voldemort em 4 argumentos capitais, que qualquer leitor atento poderá confirmar junto das páginas redigidas por aquela gaja inglesa que levou porrada do companheiro em Portugal. Podiam ser só 3 argumentos, e já bastava, mas como gosto de ser chato, resolvi inventar mais um. Têm algum problema com isto, ou querem que eu chame os criadores dos Morangos com Açúcar? Não? Bem me parecia… Bom, aqui estão esses argumentos:

Argumento nº 1: Voldemort passa metade do livro agarrado à cobra (a serpente Nagini). Quando não está agarrado à cobra, está a dar miminhos à cobra; quando não está a mimar a cobra, está a passear com a cobra; e assim por diante. Ora, a cobra é, por excelência, um símbolo fálico (nunca ouviram a expressão “cobra zarolha”?), e o facto de o Voldemort só com muita dificuldade se conseguir separar da sua reptiliana amiga já diz tudo! Perceberam, ou tenho de vos comprar as obras do Freud para chegarem à mesma conclusão que eu?

Argumento nº 2: Naquele pouco tempo em que não está preocupado com a cobra, Voldemort envida os seus esforços mariconços em busca de uma tal Varinha de Sabugueiro, ou, como também é apelidada, Pau da Morte (foi a J.K. que escreveu isto, juro!!!). Quer dizer, quando se farta de agarrar a cobra, ao maluco do Voldy só dá vontade de agarrar o Pau, que ainda por cima é da Morte, e todos nós conhecemos, creio eu, os incríveis efeitos do rigor mortis. No fundo, aquilo que este rabilóide pretende é uma espécie personalizada de vibrador, mas parece que lá na terra dos feiticeiros chamam àquilo “varinha mágica”. Bem, para falar a verdade, nesta terra também há pessoas que lhe dão esse nome, portanto se calhar aqui não há propriamente nada de novo.

Argumento nº 3: Quando não está entretido nem com a cobra nem com o Pau (que é da Morte, não se esqueçam), Voldemort só fala em Harry Potter, um jovenzinho de 17 anos que é a obsessão daquela parva que alega ser o maior de todos os feiticeiros negros. O mero facto de Voldemort querer apanhar o Harry a todo o custo já deixa antever uma certa bichisse (“Ó Harry, vem cá ao paizinho, vem! Deixa cá ver a tua varinha! Olha, por acaso não tens uma cobra, pois não?”), mas pior ainda é ele querer apanhar o jovenzito para posteriormente o matar. Mais uma vez, lá está, é aquela tara com o rigor mortis (Veja-se o argumento nº 2)! Caramba, já não lhe chegava o Pau da Morte? E a cobra Nagini? Bolas, é mesmo um tarado, este Voldy!...

Argumento nº 4: A única pessoa que, em toda a história, ama o Voldemort é uma gaja, a feiticeira Bellatrix Lestrange (que, dizem as más línguas, é uma autêntica doida na cama!). Mas pensam que o Voldemort lhe dá trela? Nem pó! Nada! A tipa é mais desprezada do que o bom futebol nos jogos do Benfica! Voldemort prefere outro tipo de fruta, e é por vezes dramático assistir aos avanços da Bellatrix e vê-la sair sempre frustrada. Se quisesse, Voldemort paparia a moça sem a mínima dificuldade, mas não! Ele só pensa é no Harry, no Pau e na cobra! E a Bellatrix, coitada, só se lixa! Depois admiram-se por ela se ter voltado para o lado do mal…

Pronto, espero que tenham ficado devidamente esclarecidos através de toda esta exposição. Penso ter ficado mais do que provado que o Voldemort, Aquele Cujo Nome Não Pode Ser Pronunciado Mas Cujo Esfíncter Está Mais do Que Alargado, era gay. Não que eu seja homofóbico, pois não sou, mas as verdades são para ser ditas.

Eterno Entorno

sexta-feira, dezembro 14, 2007

Reacções à reabertura do Peter of Pan

Desde que decidimos reactivar o blogue, muitos foram aqueles que quiseram deixar o seu comentário. A boa educação impede-me de transcrever todas as asneiras e ofensas neles inscritas, mas posso garantir-vos que cerca de 90% das mensagens que li diziam, carinhosamente, "(...) e voltem a fechar essa m*rda, ó br*chistas do c*ralho!" Porém, uns poucos até foram simpáticos e são esses testemunhos de solidariedade com o Peter of Pan que partilho agora convosco:

Cristiano Ronaldo
Pá, lindo! Peter of Pan é bué fixe! Mas... já não metem fotos de putas? Como é, 'tá mal!...


José Sócrates
Peter of Pan, sim, gosto muito, embora não saiba bem o que signifique. Não dei isso na minha cadeira de Inglês Técnico...


Paulo Bento
Sempre apreciei o vosso blogue, dá-me muita tranquilidade. E digo já que o Eterno Entorno daria um óptimo treinador-adjunto.


Ricardo Araújo Pereira
Peter of Pan?! O que tu queres sei eu!


Juan Carlos
Peter of Pan, porqué no te callas? Ahahaha, estoy bromeando, coños!!!


José Mourinho
Sou o melhor treinador do mundo, tenho classe, inteligência e beleza. Sou fantástico, não há dúvida. I'm the Special One.


Pacheco Pereira
O que eu gostava era que o meu Abrupto fosse como o vosso Peter of Pan.


Siuvia Auberto
Ouá, amigos do Peter of Pan! O vosso buogue é uindo e eu vou uer-vos com muita auegria.


Bono Vox
Peter Pan has done more in order to end poverty than most governments. Thank you, I'll dedicate you a song in U2's forthcoming album. [Ó Bono, deixa estar, não te incomodes. A sério...]


George W. Bush
Peter of Pan, where is Tinker Bell?


Eterno Entorno

quinta-feira, dezembro 13, 2007

Destruição de ilusões comunistas

Em conversa com um amigo com tendências marxistas-trotskistas-leninistas-stalinistas-chavezistas-guevaristas-cunhalistas-brejnevistas-e-até-krutschevistas (olá, Spiegelman!):


Eterno Entorno: - Pá, o comunismo é muito bonito e isso tudo, mas não há nada como receber carcanhol ao fim do mês. É por isso que não sou materialista dialéctico: sou apenas materialista.
Spiegelman: - Queres com isso dizer que o projecto do Marx não te diz nada...
Eterno Entorno: - Exacto, pá!
Spiegelman: - Pois, se calhar o Marx até nem tinha razão. No fundo no fundo, somos todos uns burgueses.
Eterno Entorno: - Sim, e aqueles que não o são, querem sê-lo!


É claro que o nosso diálogo foi informal e tal, e não passou de simples palhaçada sarcástica, mas... vejam lá se, a brincar a brincar, não fomos dizendo umas verdadezinhas!?!

Eterno Entorno


P.S.: Não que eu não partilhe de certos pontos da utopia socialista, que até são muito giros e tal, por exemplo aquela coisa da sociedade sem classes, pois, mas... como posso eu apoiar uma ideologia que nunca veria com bons olhos a minha aquisição compulsiva de cds? Responde lá a isto, Jerónimo de Sousa!!!

quarta-feira, dezembro 12, 2007

Raio de maniazinhas irritantes...

Hoje, enquanto aguardava na estação do Metro pela chegada da minha carruagem, tive um daqueles ataques de raiva. Então não é que um senhor, já para o entradote, embora não possa precisar completamente a idade, mas penso que devia andar à volta dos 55 anos, 6 meses, 17 dias e - pareceu-me - 5 horas e 3 quartos, estava irritantemente a bater os tacões dos sapatos um no outro?!?
Certo, isto dito assim parece que não é nada, mas imaginem-se na minha posição (ou seja, façam de conta de que são um gajo giro, inteligente e viril): durante cerca de 7 ou 8 minutos, tive de aturar um contínuo "Toc... toc... toc... toc...", compassado e repetitivo (é, o senhor em questão devia ser adepto fanático dos devaneios minimalistas de, sei lá, um Philip Glass, um Michael Nyman, um Jorge Lima Barreto...). Não que não estivesse bem tocado, pois até estava, e nem uma única vez as peças de calçado falharam o ritmo, mas - caramba! - se eu quisesse ouvir coisas bem tocadas e chatas, ia para casa meter o último cd do Rodrigo Leão na aparelhagem!
Por isso, lanço daqui o apelo: o Metro tem daqueles avisos a pedir às pessoas para não fumarem dentro da estação, não tem? Ora, o que eu pretendo é que a administração coloque também sinais a exigir aos passageiros que não batam os tacões dos sapatos um no outro. Nem para tocar algo de jeito, como a abertura da 5ª Sinfonia do Beethoven ou o primeiro álbum completo das Spice Girls.
E tenho dito, porra!

Eterno Entorno

segunda-feira, dezembro 10, 2007

Monty Python, Filosofia, Buba

Já que o assunto é Monty Python, aqui fica uma canção que os Mestres fizeram a "homenagear" a filosofia e a piela:

Bruces' Philosophers Song

Immanuel Kant was a real pissant
Who was very rarely stable

Heidegger, Heidegger was a boozy beggar
Who could think you under the table

David Hume could out-consume
Wilhelm Freidrich Hegel

And Wittgenstein was a beery swine
Who was just as schloshed as Schlegel

There's nothing Nietzche couldn't teach ya
'Bout the raising of the wrist
Socrates, himself, was permanently pissed

John Stuart Mill, of his own free will
On half a pint of shandy was particularly ill

Plato, they say, could stick it away
Half a crate of whiskey every day

Aristotle, Aristotle was a bugger for the bottle
Hobbes was fond of his dram

And René Descartes was a drunken fart
I drink, therefore I am

Yes, Socrates, himself, is particularly missed
A lovely little thinker
But a bugger when he's pissed

Eterno Entorno, citando os Mestres

God Save the Terry (Ele está no meio de nós)!

Terry "Two Sheds" Jones...

Vénias, muitas vénias, meus amigos! Encontra-se por estes dias em Lisboa um dos Mestres Imortais, Terry Jones, ex-membro dos magistrais Monty Python, a melhor coisa que aconteceu ao humor desde que o primeiro naendertal se escangalhou a rir ao ver que um australopiteco havia tropeçado e batido com os cornos no chão.
Muita gente compara a revolução provocada pelos Monty na comédia àquela que os Beatles fizeram na música, mas eu discordo. Acho que os pythonianos estão mais para Jesuses Cristos da comédia, para Messias da palhaçada desbragada. E, se John Lennon afirmou serem os Beatles mais importantes que o J.C., a minha opinião é que os Monty são mais importantes (e divertidos) que o J.C., que os Beatles, que o Camões, que o Gutenberg, que el-rey Juan Carlos (ok, admito, a sua frase de efeito "Porqué no te callas" quase rivaliza, em piada, com uma "Nobody expects the Spanish Inquisition" ou "And now, for something completely different"), que o Cristiano Ronaldo e etc. e tal.
Portanto, prestemos o respeito que é devido ao Sr. Jones! São visitas destas que prestigiam o nosso país, em vez daqueles patetas mal vestidos que vêm cá por causa de cimeiras e afins.
Eterno Entorno

sexta-feira, dezembro 07, 2007

Problemas da cimeira UE-África: o caso Mugabe

Pois é, boa gente: está aí o importantíssimo encontro que irá juntar líderes europeus tontos a tontos líderes africanos. E esse encontro, claro, só poderia ter lugar na tontíssima cidade de Lisboa, que é povoada em sua grande maioria por portugueses tontos (pleonasmo!), um povo que não é bem europeu nem bem africano, é alguma coisa mas os relatórios da ONU, da UNICEF, da UNESCO, da OCDE e do Marcelo Rebelo de Sousa não dizem propriamente o quê.
Ora, uma das – senão a – grandes preocupações da organização é a questão da segurança. Mas é aqui que reside o problema! O cidadão comum poderia ser levado a pensar: “Sim, sim, a segurança, claro. Com tanto líder junto, não é de excluir a hipótese de atentados e ataques terroristas”. Isto é o que o comum cidadão pensaria. Porém, não é o que os responsáveis pela cimeira pensam. Segundo eles, o grande receio são as eventuais manifestações por parte da extrema-esquerda.
Quando soube disto, exclamei: “Mau! Enganaram-se na linha política, de certeza!”. É que, afinal, isto vai estar cheio de dirigentes africanos, não é? E esses dirigentes, além de africanos, são, pelo menos a maior parte, o quê mais? (se alguém aí está a pensar dizer “amigos do Mantorras”, tirem daí a ideia, pois está errada!). A resposta é: pretos, claro! (hmm… que raio de frase contraditória “pretos, claro”?!?!?) Sendo assim, faria muito mais sentido, creio, a segurança preocupar-se com militantes de extrema-direita, e não tanto com os de extrema-esquerda ou, como são também conhecidos, “bloquistas charrados”. Faria, mas não faz. É que estamos a esquecer-nos de um pequeno e, já agora, negro pormenor: Robert Mugabe, o presidente do Zimbabwe (ou, como eu digo, zimba bué).
É por causa de Mugabe que a extrema-esquerda pensa insurgir-se. Mugabe, como todos sabemos, é um tirano autocrata, um déspota e, como também sabemos, a malta com tendências esquerdistas não vai à bola com gente desse tipo, a não ser que essa gente seja também de esquerda, caso em que “tirano autocrata” é substituído por “amigo do povo” e “déspota” por “governante com sentido de Estado”.
Portanto, a organização está de sobreaviso em relação a estes militantes. Porém, isso não basta, e é fácil perceber porquê. Porque, admitamo-lo, continua a haver a forte possibilidade de também a extrema-direita participar no espectáculo. É que, se os esquerdistas tentarão fazer ver a Portugal e ao Burkhina Faso que o regime de Mugabe é autoritário e anti-direitos humanos, a malta mais virada para as tendências nacional-socialistas procurará demonstrar aquilo que é evidente a todos: que Mugabe é preto! Assim, enquanto a extrema-esquerda enverga cartazes e grita palavras de ordem contra as políticas de Mugabe, a extrema-direita fará a saudação nazi e mandará o chefe do Zimbabwe de volta ao sítio donde veio.
Isto, claro, se tudo correr bem. Porque, infelizmente, há outra possibilidade: o choque de ideologias dentro do próprio seio neo-nazi.(1) Confusos? Passo a explicar. Por um lado, Mugabe é preto, e qualquer NS que se preze tem de odiar pessoas de cor negra pelo menos 3 vezes ao dia. A questão é que, por outro lado, Mugabe é racista, e o racismo é condição sine qua non para se ser nacional-socialista. Portanto, esta malta enfrenta um seríssimo dilema, que pode mesmo atingir proporções graves: ou fica contra Mugabe por este ser preto, ou fica a favor dele por ser racista. E é aqui que vamos ver de que massa são feitos os nossos partidários de extrema-direita. Por que linha ideológica se deixarão eles conduzir? Um militante, digamos, mais dado à supremacia branca quererá dar cabo dos cornos ao Mugabe; já outro, mais inclinado para o racismo, procurará oferecer-lhe um pin com a cruz suástica. Meus amigos, podemos estar aqui perante confrontos sérios que, provavelmente, mudarão a face da extrema-direita, e mais ainda a face dos seus militantes!
Hmmm, ou então não, se calhar estou a ser demasiado dramático e pessimista. Talvez as coisas tomem outro rumo, até porque a malta NS é conhecida pelo seu pacifismo e apelo ao diálogo. O máximo que se pode dar é, sei lá, alguma breve altercação entre o NS supremacista branco e o NS que é só racista. Talvez, lá no fundo, após um salutar debate feito à base de coturnos, eles encontrem algum ponto em comum e sejam capazes de conciliar pontos de vista tããão opostos. E quem sabe se isto não animará a própria recepção ao Mugabe? Enquanto os adeptos da extrema-esquerda lançam os seus “assassino” e “ditador”, os da extrema-direita entoam cânticos de “Mugabe, racista amigo, os skins estão contigo! Volta para a tua terra, ó preto do c*ralho!” Bonito, não é?


Eterno Entorno
_______________________________
(1) Neste ponto, a extrema-direita não difere muito dos nossos partidos com assento parlamentar, por exemplo. No PS, há socratistas, soaristas, guterristas e o Carrilho; no PSD temos menezistas, santanistas, marcelistas; já o PP conta com os portistas-antes-de-2007 e os portistas-a-partir-de-2007; no PC, já sabemos, temos a linha marxista-leninista, a tendência estalinista, a trotskista e outras igualmente actuais; quanto ao BE, a tendência depende do lado de que vem o cheiro a charro.