terça-feira, março 23, 2010

Variações sobre o tema do bom selvagem

Diz-se que uma das coisas que separa as pessoas de direita (bestas) das pessoas de esquerda (outras bestas, excepto eu) é a tese do optimismo antropológico. Isso e bolas de Berlim. Mas mais o optimismo antropológico. Em resumo, as pessoas de esquerda, pegando na herança do Jean-Jacques Rousseau, consideram que nós somos todos bonzinhos, e que é a sociedade e o meio que nos corrompe; já as pessoas de direita são mais sensíveis ao legado judaico-cristão e acham que somos todos uns pecadores neste mundo sem salvação, e deixar-nos à solta - sem regras, sem instituições, sem gente a mandar - é o fim da picada. Enfim, como eu disse atrás, tanto as gentes da direita como as gentes da esquerda não passam de umas bestalhonas.

A verdade é que nem uns nem outros têm razão. Há pessoas boas tal como há vasos ruins: dizer-se que somos todos uns inocentezinhos ou dizer-se que somos todos uns pulhas padece da mesma argumentação falaciosa que toma o todo pelas partes. Há indivíduos que são naturalmente maus, tal como há outros que são naturalmente bons. Todos nós conhecemos exemplos de uns e de outros: Adolf Hitler (mau), Mohandas K. Gandhi (bom), Jorge Nuno Pinto da Costa (terrível), São Francisco de Assis (bom), Josef Estaline (péssimo), Monica Bellucci (óptima), Luís Delgado (ruim), Eu (cândido). E sabemos também que juntar maus com maus só provoca mais maldade e que juntar bons com bons em princípio gera mais bondade. Daí a minha opinião de que, se queremos salvar o mundo, basta pegarmos em muitas pessoas boas, sei lá, tipo eu, a Bellucci, a Megan Fox, a Sophie Marceau, a Shakira e mais umas quantas e juntá-los a todos, de preferência num jacuzzi. Infelizmente, esta minha ideia de salvação do planeta não tem tido muitos adeptos para além de mim, a começar pela minha própria mulher, que vê nisto um simples oportunismo. Por mais que eu diga que não, não se trata de oportunismo, é o futuro da Terra a minha preocupação, ela não se deixa convencer. Uma pena...

O bom senso diz-nos, ainda, que além de gente boa e gente má, também há ou pode haver sociedades e meios bons e sociedades e meios maus. Assim, ficamos com as possibilidades seguintes:

a) pessoa boa
b) pessoa má
c) sociedade boa
d) sociedade má

O ideal será sempre ter a + c. Uma pessoa boa num meio bom jamais deixará de ser boa. Ambos se alimentam mutuamente. Porém, isto nem sempre se verifica, se é que alguma vez se verificou: eu não duvido da existência de pessoas boas, mas sou um bocado céptico quanto a haver sociedades boas. Mas pronto, vamos fingir que estou enganado e há, nesse mundo, uma sociedade realmente, pronto, não digo boa mas assim tipo agradávelzinha. A questão que ora se põe é: o que acontece a uma pessoa má numa sociedade boa?! Será ela contagiada pela bondade da sociedade ou, pelo contrário, corroerá esta por dentro como se fosse um cancro? E a situação oposta, como será? Que esperança haverá para uma pessoa boa que esteja no seio de uma sociedade má? Se me permitem partilhar a minha própria experiência, digo que não tem sido fácil a uma pessoa tão boa quanto eu suportar as provocações de uma sociedade tão peste quanto aquela em que vivemos; o que me vale é a existência de pequenos oásis que me dão alento e me indicam que estou no bom caminho, oásis como o meu Sporting, a música heavy metal, os gelados e, acima de tudo, mamocas!

Falta só equacionarmos a pior das combinações, que é b + d, ou seja, uma pessoa naturalmente má inserida num meio também ele mau. Pois bem, uma sociedade má composta apenas de pessoas más vê-se na impossibilidade de obter um antídoto contra a maldade: continuará a ser má, má e má! E uma pessoa má dentro de uma sociedade má não tem qualquer hipóteses de redenção: será má até ao fim, vil até ao mais profundo da sua essência, gerará feitos terríveis e contaminará qualquer outro que consigo se cruze!

Exemplos disto? Há muitos, mas nos nossos dias um se destaca. Este:


Este aqui é a maldade em estado acabado. Como se não bastasse ter nascido mau, teve a agravante de se inserir num meio que é como o inferno na Terra: a equipa de futebol do FCP. Tanta maldade junta deu nisto: um troglodita sem percepção epistemológica do que é a moral, a beleza, a bondade, a filantropia, a amizade. As pessoas de esquerda (mais uma vez: bestas, excepto eu) dirão que não, coitadinho do Bruninho, ele não tem culpa de nada, ele é inocente, a culpa é toda do FCP, esses sacanas. As pessoas de direita (mais uma vez: bestas) dirão uma ova, ele é mau mesmo mau, qualquer paliativo é infrutífero e uma natureza assim não pode ser alterada. Nem que rodeássemos o pobre neandertal de florzinhas, passarinhos e outras coisas fofinhas. Ele é mau e nada o pode mudar.

Qual é a vossa opinião? Estão do lado das bestas de esquerda ou do lado das bestas de direita? Acham que a culpa é do FCP ou tudo se deve ao próprio Bruno Alves? Ou, num exercício de lucidez só comparável ao do autor deste blogue, acham que nem bestas de direita nem bestas de esquerda têm razão e que a culpa é de ambos, FCP e Bruno Alves?

Respondam sem medos, pá. Dependendo do número de respostas parecidas com a minha, eu prometo equacionar a formação de um partido político. Vá, toca a fomentar a minha carreira política...

2 comentários:

Rita disse...

Concordo contigo ele (Cantinflas) é mau como às cobras e o FCP é tão mau tão mau que faz o Inferno parecer uma reunião da Tupperware ou da Mala Vermelha ou algo do género...
Jokas

Henrique Vogado disse...

A culpa é do Nuno. A bola escorregou e o SLB abriu a garrafa de espumante.

Achei o Bruno Alves com uma técnica fraca em Jujitsu. O Aimar não ficou lesionado no chão.

Amanhã o FCP pode mostrar a garra contra o poderoso... Rio Ave!